Aliada de Bolsonaro, Bia Kicis vai comandar CCJ da Câmara
Deputada é investigada no inquérito das Fake News que tramita no Supremo Tribunal Federal
Vinícius Valfré, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – A deputada Bia Kicis (PSL-DF) vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara. É a CCJ que analisa a legalidade de projetos de lei, de propostas de emenda à Constituição, podendo até mesmo “segurar” denúncias por lacunas jurídicas e barrar o andamento de cassações de parlamentares e processos de impeachment.
A deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) Foto: Dida Sampaio/Estadão
Bolsonarista de carteirinha, investigada no inquérito das Fake News – que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e apura a disseminação de notícias falsas contra ministros da Corte –, Kicis anunciou nesta terça, 2, pelo Twitter, que substituirá o deputado Felipe Francischini (PSL-PR) na presidência da CCJ.
“É uma grande honra para mim e muita responsabilidade, para a qual meus 24 anos como procuradora, um ano como primeira vice-presidente da CCJ e meu amor pelo Brasil me habilitam, com fé em Deus!”, escreveu a deputada.
A escolha de Kicis, que foi procuradora do Distrito Federal, faz parte de um acordo pelo qual o deputado Luciano Bivar (PE), presidente do PSL, fica com a primeira secretaria da Mesa Diretora, colegiado responsável por decisões administrativas e até políticas da Câmara.
Bivar é da ala do PSL rompida com Bolsonaro. Kicis, por sua vez, representa o bolsonarismo mais radical. É negacionista e em várias ocasiões usou as redes sociais para manifestar posição contrária a medidas de isolamento para combater o novo coronavírus.
Em maio do ano passado, por exemplo, a deputada apareceu no plenário da Câmara usando uma máscara de proteção com a inscrição “E daí?” A pergunta virou o símbolo do descaso quando, em 28 de abril, Bolsonaro afirmou não ter o que fazer em relação ao recorde de mortes na pandemia.
Em setembro, Kicis também chegou a prestar depoimento na Polícia Federal no inquérito aberto para apurar o financiamento de atos antidemocráticos. “Foi tranquilo mas fica aquela sensação de que a valorosa Polícia Federal deveria estar empregando seu tempo e o dinheiro dos contribuintes na investigação de bandidos”, disse ela, na ocasião, em mensagem postada no Twitter.
Brasil tem ‘tropa cibernética’ de desinformação política, diz estudo
Pesquisa de Oxford coloca País no mapa das fake news políticas; grupos atacam opositores e aumentam polarização
Wilson Tosta, O Estado de S.Paulo
RIO – Uma pesquisa da Universidade de Oxford divulgada em janeiro apontou que 81 países – entre eles o Brasil – foram em 2020 cenários de ações de “propaganda computacional” e “desinformação industrializada” sobre temas políticos. Essas iniciativas foram promovidas profissionalmente por agências governamentais e outros atores institucionais ou privados – empresas, partidos e influenciadores digitais. No estudo, o País aparece com “tropas cibernéticas” dedicadas a atacar opositores do governo e aumentar a polarização na sociedade, entre outras metas. Em seu repertório de instrumentos, estavam as fake news. Essas notícias falsas, inventadas para manipular a opinião pública, foram massificadas por robôs nas redes sociais.
Pesquisadora vê atuação da indústria da desinformação: ‘É replicada narrativa de que covid não é preocupante’ Foto: Werther Santana / Estadão
“Na indústria da desinformação global, o Brasil está posicionado como um país com ‘tropas cibernéticas’ de capacidade média”, afirmou ao Estadão, em entrevista por e-mail, a pesquisadora Antonella Perini. Ela integra o Projeto de Pesquisa de Propaganda Computacional do Oxford Internet Institute (OII). O grupo de pesquisadores constatou que, em relação a 2019, houve crescimento no número de países com esse tipo de atividade. Foi de 15,7%, 81 ante 70.
Ranking
O Brasil “garantiu” sua presença na lista de Oxford, posicionado entre países com média capacidade de desinformação industrializada, apontou a pesquisa Industrialized Disinformation 2020 – Global Inventory of Organized Social Media Manipulation, lançada em 13 de janeiro. As ações de suas “tropas” foram marcadas por atividade recente, em caráter permanente, com alguma centralização, emprego de recursos financeiros e existência de uma coordenação central. O País está ao lado de Armênia, Austrália, Bolívia, Cuba, Hungria, Polônia, México, Síria, Turquia. Ao todo, são 37 países nesse grupo. Empregam gente em tempo integral. Promovem ações “para manipulação de mídia social”. Algumas operam até fora de seus respectivos territórios nacionais, diz o relatório.
“As mais utilizadas estratégias no Brasil foram mensagens pró-governo, ataques à oposição e polarização”, disse Antonella Perini. “Mais frequentemente, os ataques são voltados contra jornalistas e meios de comunicação que são críticos ao governo, contra políticos e contra funcionários públicos.”
Classificação
Em primeiro lugar nesse ranking, a pesquisa da universidade britânica aponta um grupo com 17 outros países. Suas “tropas”, afirma, têm “alta capacidade” de desinformar. Estão lá Estados Unidos, China, Reino Unido, Índia, Rússia, além de Arábia Saudita, Venezuela, Irã, Iraque. Para “iludir” o público, usam notícias falsas e outros truques. Recorrem a contas automatizadas, campanhas organizadas de denúncia e até a perfis roubados. Suas atividades envolvem muita gente e grandes despesas. O dinheiro vai para operações psicológicas e guerra de informações.
“Essas equipes não operam apenas durante eleições, mas envolvem funcionários em tempo integral dedicados a moldar as informações”, prossegue o relatório. “Equipes de tropas cibernéticas de alta capacidade focam operações domésticas e no exterior. Também podem dedicar fundos à mídia patrocinada pelo Estado, para campanhas de propaganda aberta.”
O terceiro grupo tem baixa capacidade no campo da propaganda computacional. Estão lá 27 integrantes – Argentina, Colômbia, Espanha e África do Sul são alguns deles. Suas ações envolvem “equipes que podem estar ativas durante eleições ou referendos, mas param suas atividades até o próximo ciclo eleitoral”.
Segundo o estudo, desde 2009, em todo o mundo, quase US$ 60 milhões (mais de R$ 300 milhões) foram gastos em serviços de desinformação. Eles foram prestados por empresas privadas, em todo o mundo. O número de campanhas de “propaganda computacional” dirigidas por governos ou partidos, cresceu constantemente ao longo dos anos pesquisados, aponta o trabalho.
“Em 2020, encontramos empresas privadas operando em 48 países, implantando propaganda computacional em nome de um ator político”, diz o texto. “Essas empresas costumam criar contas-marionete, identificar públicos para microdirecionamento ou usar robôs ou outras estratégias de amplificação para estimular a tendência de certas mensagens políticas.”
O mesmo relatório lembra como grandes plataformas de comunicação intervieram recentemente nesse cenário. Elas tiraram do ar contas aparentemente gerenciadas por “tropas cibernéticas”, para ataques políticos.
Entrevista: ‘Produção de fake news se tornou profissionalizada’
Integrante do Projeto de Pesquisa sobre Propaganda Computacional do Oxford Internet Institute, Antonella Perini atribuiu a ações de “desinformação industrializada” a grande quantidade de informação falsa disseminada no País durante a pandemia. Segundo ela, durante momentos “críticos”, como eleições, ações desse tipo “emergem ou aumentam”.
O relatório do Oxford Internet Institute aponta que, em 2020, havia 81 países com a chamada desinformação industrializada. O que é isso e como funciona?
A desinformação industrializada refere-se a um cenário em que a desinformação tornou-se mais profissionalizada. Os atores políticos estão cada vez mais contratando empresas privadas, que produzem desinformação em escala industrial.
Poderia citar exemplos de ações de desinformação industrializada no Brasil em 2020?
Nos primeiros meses de disseminação do coronavírus, tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto membros do governo disseminaram uma grande quantidade de informações falsas. A principal ação foi observada depois que Bolsonaro demitiu o ministro da Saúde (Luiz Henrique) Mandetta. O que se seguiu foi uma campanha difamatória e de desinformação rapidamente difundida nas redes pró-Bolsonaro.
O relatório menciona a ação dos partidos na desinformação industrializada em 2020.
Observamos estratégias organizadas de manipulação de mídias sociais no Brasil desde 2010. Foi durante a campanha de 2018 que elas ganharam destaque. Os candidatos usaram contas falsas, mensagens em massa e/ou disseminaram desinformação em todo o espectro político. Quanto a 2019 e início de 2020, encontramos evidências de uma estrutura organizada dentro do governo Bolsonaro, surgida durante a campanha de 2018 do PSL.
Como a indústria da desinformação age no País na pandemia?
Observamos grande quantidade de desinformação replicando a narrativa do governo sobre a covid-19 não ser uma ameaça preocupante. Isso foi complementado por ataques a atores políticos que se opunham a essa visão, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal.
No Brasil, começa-se a falar em impeachment. O que podemos esperar em termos de desinformação industrializada aqui?
Operações de propaganda computacional emergem ou aumentam durante eventos politicamente cruciais, como eleições, escândalos de corrupção, impeachment. Não seria uma surpresa se víssemos intensas e organizadas campanhas pró-Bolsonaro e ataques a atores que são críticos a ele.
Análise: O retorno do presidencialismo de coalizão
Vitória de Arthur Lira na Câmara revela a opção de Bolsonaro por fazer política
Rafael Cortez*, O Estado de S.Paulo
Aos olhos dos críticos do governo resultado do “toma lá da cá”. Sob a ótica dos seus defensores, mais um sinal do pragmatismo do presidente. De todo modo, a vitória de Arthur Lira (Progressistas–AL) é mais um passo ao retorno do presidencialismo de coalizão. O próprio presidente externou a disposição em afetar o resultado para presidência da Câmara. O discurso refratário à política tradicional ficou na memória política brasileira, o interregno da nova política teve pouca duração. O presidente e seu núcleo político aprenderam que sob administração minoritária, a estabilidade política se torna uma commodity escassa, flutuando ao sabor da conjuntura.
O deputado Arthur Lira vence a eleição para a presidência da Câmara Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO
Em boa medida, a busca por uma coalizão estável parece refletir não apenas ensinamentos do passado, mas especialmente a antecipação de um quadro político turbulento. O debate sobre a interrupção sobre possível processo de impeachment e os entraves da agenda do governo, de fato, sugerem a metade final da administração bastante instável, especialmente diante de um perverso quadro de pandemia. O governo tinha uma decisão a tomar: mitigar tais pressões por meio da mobilização direta da base de apoio bolsonarista nas redes sociais ou partilhar o poder com as lideranças legislativas. Dito de modo mais direto: escolher entre o presidencialismo plebiscitário ou o presidencialismo de coalizão. A vitória de Lira revela a opção por fazer política.
O projeto de Lira está associado ao governo. O deputado alagoano pertence ao partido cujo presidente nacional abriu as portas da legenda à filiação do presidente Bolsonaro, o que serve de interpretação de ganhos expressivos de governabilidade no biênio final do mandato. As reformas econômicas, enfim, seriam destravadas.
O deputado do Progressistas defende a “Câmara do nós”, ou seja, a Câmara que representa a maioria do plenário, sem ação estratégia do presidente no controle da agenda. Dito de outro modo: o governo do “Centrão”, rótulo defendido por Lira como força moderadora.
Um governo do Centrão, basicamente, representa decisões de legendas e líderes com baixo capital reputacional e pouca ambição de um projeto nacional. Assim, a implicação efetiva em termos de governabilidade depende das preferências dessa maioria e das intenções do governo ao mobilizar seus recursos para Lira.
O objetivo central da aproximação parece ser política, expresso na busca pela proteção do mandato e pela desidratação do projeto eleitoral rival na centro-direita. Lira não foi eleito como o mandato para implementar reformas liberais.
O presidencialismo de coalizão em si mesmo não define qualidade das políticas e depende da liderança presidencial. O desafio é transformar um acordo reativo em um projeto de reeleição comum, fazendo essa maioria legislativa votar temas espinhosos em nome de mais votos em 2022.
*Rafael Cortez é sócio da Tedências Consultoria e doutor em Ciência Política (USP)
Capaz de fazer promessas grandiosas e incapaz de cumpri-las, Paulo Guedes agora aposta no novo comando do Congresso para destravar sua agenda.
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
Já entrou para o anedotário da política nacional a capacidade do ministro da Economia, Paulo Guedes, de fazer promessas grandiosas e também sua incapacidade de cumpri-las. A “revolução liberal” anunciada por Guedes desde a campanha eleitoral de 2018 não chegou nem ao ensaio geral – a ponto de alguns dos expoentes da vanguarda revolucionária do ministro terem deixado o governo, frustrados com a prevalência da parolagem sobre a ação. Nada disso parece desanimar o ministro, que agora aposta suas fichas no novo comando do Congresso para destravar sua agenda.
O governo, seja por meio de Paulo Guedes, seja pela voz do próprio presidente Jair Bolsonaro, atribuía ao deputado Rodrigo Maia, até ontem presidente da Câmara, o atraso na tramitação das reformas. Removido esse alegado obstáculo, a expectativa da equipe econômica, segundo noticiou o Estado, é que os projetos deslanchem.
Nada mais falso. A Câmara sob a presidência de Rodrigo Maia apresentou uma notável feição liberal. Havia genuína disposição para tocar adiante não somente as propostas de reformas espinhosas, como a tributária e a administrativa, mas também a privatização de estatais importantes, como a Eletrobrás. Pode-se dizer que, para um governo que se dizia liberal, era uma chance de ouro.
Como se sabe, a chance foi desperdiçada, e nada garante que a nova direção da Câmara terá a mesma disposição demonstrada por Rodrigo Maia. Ainda que o sucessor de Maia se apresente disposto a tocar a agenda liberal, contudo, o problema principal permanece: é Jair Bolsonaro quem não quer nem reformas nem privatizações.
Por mais habilidoso que o ministro da Economia seja – e ainda esperamos que ele revele ter essa qualidade –, reformas constitucionais não deslancham se o presidente da República não se envolve pessoalmente na articulação para aprová-las. Jair Bolsonaro, ao contrário, muitas vezes age como oposição, e nisso é mais competente do que a maioria de seus opositores jamais será.
Antes da eleição para o comando da Câmara, o presidente dizia apostar que a nova direção, se alinhada ao governo, ajudaria a “destravar a pauta” de interesse do Palácio do Planalto. Para os que acreditam nas promessas de Paulo Guedes, isso significa o avanço dos projetos que, ao modernizar o Estado e o sistema tributário, farão o País superar a profunda crise que já se avizinhava mesmo antes da pandemia de covid-19; para quem tem um pouco de bom senso e jamais se deixou enfeitiçar pelas falsas juras liberais bolsonaristas, no entanto, isso significa dar impulso à agenda “conservadora” que Bolsonaro prometeu a seus devotos.
Ou seja, Bolsonaro, como sempre, só se interessa por aquilo que tem potencial eleitoral e que nem de longe deveria ser prioridade neste momento tão grave da história nacional. O presidente se anima quando fala em facilitar a compra de armas pela população, em acabar com o “comunismo” nas escolas e em combater a “ideologia de gênero” na cultura. Mas, quando é chamado a liderar o País no enfrentamento da pandemia e da crise econômica e social, Bolsonaro lava as mãos e repele a responsabilidade intrínseca ao exercício da chefia do governo.
Milhões de compatriotas estão à míngua, sem renda, mas Bolsonaro desestimula a discussão sobre um novo auxílio emergencial, porque, segundo diz, vai “quebrar o Brasil”. Nada oferece no lugar, pois nada tem a oferecer, a não ser bravatas e palavrões que excitam seus camisas pardas. Os brasileiros que se virem – para conter o coronavírus, para comer e para respirar.
Assim, mesmo que conte com a boa vontade da nova direção da Câmara, o ministro Paulo Guedes terá que demonstrar qualidades políticas até agora inéditas para conciliar a emergência nacional em razão da pandemia, a conta a pagar pelos votos nos candidatos governistas ao comando do Congresso e os impasses sobre o Orçamento, tudo isso em meio às sabotagens de Bolsonaro. Salvo um milagre, que, de uma hora para outra, ponha Bolsonaro e o Centrão a trabalhar pelo bem do País, restará à Nação continuar ouvindo promessas que não serão cumpridas.
No curso da pandemia, vidas poderão ser salvas se bobagens deixarem de ser cometidas.
Notas & Informações, O Estado de S.Paulo
O desastre de Manaus, uma tragédia dentro da tragédia, foi construído por uma sucessão de ações e omissões das autoridades locais, do governo federal e de parte da população. Se os erros fatais que lá foram cometidos não forem prontamente reparados, não apenas a situação da capital amazonense piorará muito antes de começar a melhorar, como Manaus será apenas o prenúncio do que pode acontecer no restante do País.
E nada indica que as chamadas autoridades passaram a agir com mais cuidado diante da situação calamitosa.
Veja-se a espantosa decisão da juíza Jaiza Fraxe, da 1.ª Vara Federal do Amazonas. Diante de alguns casos de desrespeito à fila de vacinação no Estado, a magistrada ordenou a suspensão de todo o envio de vacinas para Manaus até que o governo local passasse a publicar uma lista diária com os dados dos vacinados. Também proibiu que os fura-filas recebam a segunda dose da vacina. Seria inacreditável se este país não fosse pródigo em decisões judiciais que desafiam o bom senso e até mesmo a lei.
Por qualquer ângulo que se a analise, a decisão da juíza Fraxe é um descalabro. Em primeiro lugar, obviamente, é consenso que apenas a ampliação do número de vacinados no País, o mais rápido possível, é capaz de conter o avanço do novo coronavírus e diminuir o número de casos e mortes por covid-19. Interromper uma campanha de vacinação em seus primeiros estágios, ainda que por alguns dias, ou mesmo por horas, é jogar a favor do vírus e contra a vida dos cidadãos. É tão simples quanto isso. Segundo, exigir uma lista com dados dos vacinados viola o sigilo do prontuário médico. A rigor, não importa se os pacientes que terão seus dados divulgados furaram ou não a fila de vacinação, são pacientes. A magistrada deveria ser a primeira a saber que não se corrige um erro cometendo outro.
No dia 27 passado, a mesma juíza determinou que a vacinação de idosos tivesse início “imediatamente” no Amazonas após a apresentação de um plano do governo para aplicação de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, importadas pela Fiocruz. A elaboração da tal lista consta deste plano.
Mas decisões absurdas não são privilégio do Poder Judiciário. O Poder Executivo também faz das suas. Está em plena circulação no Amazonas uma nova cepa do coronavírus, a chamada variante P.1, que é mais infecciosa do que as cepas já conhecidas (ver editorial A tempestade perfeita, de 1/2/2021). Hoje, a variante P.1 já é detectada em cerca de 90% dos casos de covid-19 no Estado da Região Norte.
E o que faz o governo local? Transfere os pacientes mais graves para outros Estados da Federação, elevando o risco de disseminação da nova cepa pelo restante do País. Não por acaso, governos de nações desenvolvidas já manifestaram profunda preocupação com a falta de cuidado das autoridades brasileiras para lidar com a variante P.1. É preciso ficar claro de uma vez por todas que uma pandemia, por definição, não é um problema local.
Evidentemente, seria muito mais seguro para todos – sobretudo para os enfermos – que o governo estadual e a prefeitura trabalhassem para que a ajuda médica fosse enviada a Manaus, e não que os pacientes fossem levados para outras cidades. Transferências de doentes em condições críticas são sempre arriscadas.
Não menos importante, está-se diante de uma nova cepa que ainda está sendo estudada, mas que já é reconhecida como mais transmissível e também pode ser mais mortal. Com base em dados de registro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) do Ministério da Saúde, o Estado tabulou que 20% do número de mortos por covid-19 no Amazonas não apresentavam qualquer fator de risco associado. No restante do País, apenas 7,4% dos mortos não tinham as chamadas comorbidades.
No curso da pandemia no Brasil, muitos erros foram cometidos pelo poder público e por cidadãos. Não se chega a um total de quase 230 mil mortes por acaso. Vidas poderão ser salvas se bobagens deixarem de ser cometidas.
Mundo começa a celebrar o centenário do músico argentino Astor Piazzolla
Trafegando entre os mundos erudito e popular, Piazzolla está para o tango como Tom Jobim para a música brasileira
João Marcos Coelho, Especial para o Estado
O mundo já começa a comemorar o centenário de nascimento de Astor Piazzolla, um dos maiores músicos do século 20, responsável por uma revolução no tradicionalíssimo tango argentino. A data exata é 11 de março de 1921. Mal comparando, Piazzolla está para o tango como Tom Jobim para a música brasileira – um divisor de águas, responsável por uma revolução artística raríssima: transformou um gênero totalmente estratificado em laboratório de pesquisas para novos vôos instrumentais. De repente, o tango propiciou improvisos, como o jazz (e também a bossa nova por aqui).
O músico argentino Astor Piazzolla Foto: ARQUIVO/ESTADÃO – 14/2/1989
Não por acaso, ele nasceu na Argentina mas passou a meninice e adolescência em Nova York, com a família. Eles retornaram a Buenos Aires em 1937. Dois anos depois, já atuava na orquestra de Anibal Troillo. Depois de uma passagem por Paris, onde estudou com Nadia Boulanger, empreendeu a partir de 1955, com seu Octeto Buenos
Aires, uma encarniçada guerra com os tradicionalistas da qual saiu plenamente vitorioso. Estudou com o compositor Alberto Ginastera e compôs música erudita. Aventurou-se com sucesso até numa ópera-tango, Maria de Buenos Aires, Mas, como Jobim, Piazzolla é imortal por temas emblemáticos e popularíssimos como Adiós, Nonino, Oblivion, Libertango (uma música-manifesto do “nuevo tango”), Milonga del Angel e a incrível Balada para un Loco (1968), sobre versos de Horacio Ferrer e performance memorável de sua mulher Amelita Baltar. Suas Cuatro Estaciones Porteñas já foram gravadas dezenas de vezes alternando-se cada estação com as arquiconhecidas barrocas de Antojio Vivaldi. Assim como a sensacional História del Tango, obra da maturidade, de 1986, que recebeu variadíssimas versões e arranjos.
Qual o maior diferencial de grandes músicos como Tom e Astor? Com certeza, sua concepção inclusiva da música. Eles trafegaram com a mesma sabedoria e expertise pelo mundo dito erudito e também pela música popular. Ampliaram o alcance de suas criações, sem abrir mão da qualidade de invenção. Afinal, todo músico não-nascido na Europa convive com estas duas tradições: de um lado, a europeia branca, estratificada por séculos de domínio que lhe deram espaço para enfiar nos corações e mentes do público e dos músicos dos demais continentes de que aquela – e só aquela – era a grande música. Quem olha com atenção para o seu entorno não pode limitar-se a colocar como maçã de ouro no pau-de-sebo a música clássica europeia. Ao contrário, acaba operando uma fusão virtuosa em que “nuestras buenas cualidades” ultrapassam confrontos oriundos de um nacionalismo estrito, tosco, e passam a dialogar com outras tradições musicais, não só europeias, em pé de igualdade.
Uma corda bamba sobre a qual é obrigatório caminhar. Alguns momentos-chaves de suas vidas nos ajudam a entender melhor sua grandeza. No caso de Piazzolla, foram duas epifanias.
A primeira aconteceu em 1933, em Nova York. Emocionado, o menino de 12 anos entrou no apartamento penthouse de Carlos Gardel em 28 de dezembro de 1935. Levava uma escultura em madeira de um gaúcho tocando violão feita por seu pai Vicente, coisa de fã, para o grande astro do tango que viera a Nova York para gravar programas para a NBC. Começava ali uma curta porém intensa amizade entre eles. Gardel não falava inglês e pediu-lhe que o acompanhasse em passeios por Manhattan. Foi assim que Astor tocou seu bandoneón para o ídolo e o ajudou a comprar na Saks da Quinta Avenida uma batelada de 20 camisas listradas multicoloridas, as suas preferidas. Como intérprete de inglês, o menino tirou nota 10. Mas Gardel não gostou do modo como tocava tango: “Mira, pibe, el fueye lo tocas fenómeno, pero el tango lo tocas como un galego”, em autêntico lunfardo, gíria portenha. O menino chegou a atuar em 1935 como jornaleiro em El día que me quieras, terceiro filme de Gardel em Hollywood. Não sei se o menino presenciou, mas deve ter ouvido a então muito divulgada observação de um executivo de Hollywood ao ouvir Gardel: “Ele tem uma lágrima na garganta”.
Talvez a chave para entendermos a essência não só do tango, mas da música revolucionária de Piazzolla, seja esta: ele transportou para a música instrumental o poder inigualável de um gênero essencialmente popular, nascido e nutrido no baixo mundo portenho. As letras são melancólicas, trágicas até o épico (um épico meio brega, reconheça-se), que nos adentram alma feito punhais de sentimentos, diria um poetastro parnasiano. Pois me atrevo a afirmar que Piazzolla cultiva uma lágrima em seu bandoneón, como Gardel na garganta.
Lágrimas, entretanto, não significam necessariamente música de qualidade. Aqui, Astor teve uma dupla epifania: primeiro, adolescente conviveu com o blues e as big bands na Nova York dos anos 1930. A volta a Buenos Aires marcou o mergulho mais fundo no universo do tango portenho, por meio do trabalho com o grande Anibal Troillo, para o qual fez arranjos e com quem, aliás, tocou em 1952 no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, sua Sinfonietta para orquestra de câmara opus 19 foi escolhida pela crítica argentina como melhor obra erudita. Graças a outro prêmio, também ganhou bolsa de estudos do governo francês. Lá encontrou a célebre professora francesa Nadia Boulanger (1887-1979). Foi sua epifania final – e mais significativa. Nadia foi a maior parteira dos grandes músicos do século 20 – e não só eruditos. Pierre Boulez e Leonard Bernstein, Aaron Copland e Egberto Gismonti, Almeida Prado e Quincy Jones – todos a idolatraram. Ela sabia encaminhá-los para suas verdadeiras vocações. “Foi como estudar com minha mãe”, disse Astor amorosamente. Depois de ouvir sua Sinfonietta citada acima, ela foi direta: “É música bem escrita, mas falta-lhe sentimento”. Ele caiu em depressão por alguns dias. Nadia então perguntou-lhe que música tocava na Argentina. “A contragosto, admitiu que era tango”, escreve Maria Suysana Azzi, co-autora com Simon Collier do livro Le Grand Tango – the life and music of Astor Piazzolla, 2000). “Mas eu adoro tango. E em que instrumento você toca tango? Imagino que não seja o piano”. Mesmo sabendo que era o bandoneón, pediu-lhe que tocasse um tango ao piano . No oitavo compasso, interrompeu-o: “Isto é Piazzolla!”. Em entrevistas posteriores, Astor reconheceu a epifania:”Ela me ajudou a me encontrar comigo mesmo”,
A lágrima jamais lhe abandonou os dedos, fosse ao bandoneón ou compondo e arranjando música da mais alta qualidade.
Em 1990, antes de sofrer um AVC que o levaria à morte dois anos depois, no dia 4 de julho de 1992, Astor “previu” o futuro glorioso de sua música: “Tenho esperança que minha obra será ouvida em 2020. E no ano 3000 também. Às vezes tenho certeza disso, porque a música que faço é diferente… Terei um lugar na História, como Gardel… Minha música pode agradar ou não, mas ninguém pode negar que ela é boa: é bem orquestrada, é nova, é deste século, e tem o perfume do tango, que é o que a torna atraente no mundo inteiro”.
5 performances para conhecer a diversidade da música de Piazzolla:
Piazzolla y Noneto – 1h07’ – um desfile de suas mais conhecidas criações
Concerto duplo para violão, bandoneón e cordas, com Yamandu Costa e Richard Galliano (solistas) e seção de cordas da Orquestra. de Paris, regência de Alondra de la Parra – Paris, 15 de julho de 2015
Eight Seasons – as “Quatro Estações” de Vivaldi e as “Cuatro Estaciones Porteñas”, de Piazzolla, com o violinista Gidon Kremer & Kremerata Baltica. Álbum Nonesuch,(2006)
“Maria de Buenos Aires” (álbum duplo Warner, 2018) – relançamento de gravação liderada por Gidon Kremer e Horácio Ferrer, com solistas, Coral Lírico de Buenos Aires e Kremerata Baltica,
Como fazer muito mais com muito menos (tempo, gente e dinheiro):
Segredo para ter mais tempo
Mauro Condé
Acabo de voltar de uma excelente viagem rumo ao conhecimento, utilizando como meio de transporte excelentes livros sobre matemática aplicada.
Eles me transportaram para a Itália ,no ano de 1906, onde fui recebido por um pensador chamado Vilfredo Pareto.
Fui logo pedindo para ele: Por favor, me ensine algo que eu ainda não saiba e que tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.
– “Aprenda o segredo para ter mais tempo e produzir mais resultado:
Faça analises de dados mais inteligentes aplicando o Princípio 80/20, que eu criei depois de observar que 80% da riqueza estava concentrada nas mãos de 20% das pessoas.
Fiquei ainda mais fascinado quando comecei a perceber a repetição desse padrão nos eventos mais comuns do nosso cotidiano.”
Simples e genial, essa teoria desenvolvida no início do século passado, ainda cai como uma luva nos tempos modernos de tecnologia avançada.
Perceba como o Princípio de Pareto está em tudo o que nos cerca:
20% das terras produzem mais de 80% dos alimentos;
20% das nuvens produzem 80% das chuvas.
Até nos negócios aplicamos a análise de Pareto:
20% dos clientes respondem por 80% dos lucros; e
20% dos vendedores por 80% das vendas.
Outro dia percebi que Jack Welch, o maior administrador de todos os tempos, inspirou-se em Pareto para criar a famosa curva de avaliação de funcionários, na qual 20% são promovidos e 80% melhor avaliados (70% mais treinados e orientados e 10% afastados).
No futebol , 20% dos times mais bem classificados no campeonato de um ano repetem suas performances na mesma região da tabela no ano seguinte, alternando apenas as suas posições.
Na Geografia, 80% da economia brasileira está incrivelmente concentrada em áreas localizadas em até 200 km da costa.
O que está por trás desse conceito é a lógica que separa os pouco vitais (os 20%) dos muito triviais (os 80%) em todas as áreas.
Ao conhecer a regra 80/20 um famoso presidente dos Estados Unidos exclamou que “o mais importante é raramente urgente e o mais urgente raramente é importante”, dando origem à Matriz Eisehnhower de Gestão de Tempo, que nos ensina a priorizar sempre as tarefas mais importantes antes das tarefas simplesmente urgentes.
Faça como Pareto e aplique a regra 80/20 em sua vida, afinal o segredo para ter mais tempo é fazer menos coisas com mais resultado.
*Palestrante, consultor e fundador do Blog do Maluco
Para inspirar ainda mais o seu dia, eu deixo você na companhia dessa obra de arte :
1-Visual – Aprecie a pintura :
Paisagem com a Parábola do Semeador
Pintura a óleo sobre tela de 1557 de Pieter Bruegel, mestre flamengo da Renascença.
A pintura é inspirada na passagem do Evangelho de Mateus (Mateus 13:3-8) em que Jesus narra a parábola do semeador. Jesus está representado ao longe, em segundo plano, num barco ancorado na margem de um rio próximo da foz (em detalhe), a pregar para um ajuntamento de pessoas.
Curioso detalhe nessa obra prima : os três planos em perspectiva da obra são realçados pela predominância de cores diferentes:
Castanho no primeiro plano,
Verde num segundo plano, e
Azul em fundo.
A paisagem deriva de vistas locais flamengas com excepção das montanhas distantes que foram inspiradas pela visão que Breugel teve dos Alpes na viagem que fez aproximadamente em 1552.
2-Literária – Leia o livro:
O poder 80/20: Como aplicar as Leis da Natureza em sua vida e nos negócios
Apoiados por Bolsonaro, Lira e Pacheco vão comandar o Congresso
Em disputas marcadas pela forte interferência do Planalto, Arthur Lira é eleito para a presidência da Câmara dos Deputados e Rodrigo Pacheco para o comando do Senado
Felipe Frazão, Vinicius Valfré, Camila Turtelli, Daniel Weterman, Anne Warth e Vera Rosa, O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – O Palácio do Planalto interferiu na disputa do Congresso e obteve importante vitória nesta segunda-feira, 1º, com a eleição do deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) para a presidência da Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-RJ) ao comando do Senado. Lira conquistou 302 votos no primeiro turno, após uma disputa marcada por traições e denúncias de compra de votos. A escolha representa o triunfo do presidente Jair Bolsonaro, que venceu a queda de braço com o agora ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Centrão. Réu em duas ações penais, Lira também é condenado por improbidade administrativa. O Supremo Tribunal Federal já firmou entendimento de que réus em ações penais não podem substituir o presidente e o vice interinamente.
Conhecido pela prática do “toma lá, dá cá”, o Centrão volta a ganhar protagonismo na cena política após cinco anos, desde que Eduardo Cunha (MDB-RJ) deixou a presidência da Câmara e foi para a prisão, em 2016. A eleição de Lira e Pacheco também significa um novo capítulo para o governo de Bolsonaro, que aposta em uma agenda mais conservadora do que liberal para conquistar novo mandato.
A nova configuração da cúpula do Congresso também muda a correlação de forças políticas para a disputa de 2022. Após quatro anos e sete meses à frente da Câmara, Maia sofreu uma derrota política ao não conseguir eleger Baleia Rossi (MDB-SP) como sucessor e ver o DEM, seu partido, se reaproximar de Bolsonaro. Baleia teve 145 votos.
O deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) é eleito presidente da Câmara dos Deputados Foto: Dida Sampaio/Estadão
“O plenário deve ser a voz de todos, e não a voz de um”, afirmou Lira, após a eleição. Seu primeiro ato, porém, foi anular uma decisão de Maia e dissolver o bloco de apoio a Baleia para a composição da Mesa Diretora da Câmara. Lira anunciou que um novo cálculo de proporcionalidade será feito hoje, o que pode excluir adversários da Mesa. Na noite desta segunda, partidos de oposição já falavam em “golpe”.
No Senado, Pacheco fez um discurso de pacificação e prometeu independência em relação ao Planalto. “Comprometo-me a ouvir todas as forças políticas”, afirmou o senador, que teve o apoio de Bolsonaro e de Davi Alcolumbre (DEM-AP), hoje ex-presidente do Senado.
O governo comemorou o resultado da disputa. Bolsonaro postou mensagem à noite nas redes sociais, informando sobre a eleição de Lira, junto com uma foto na qual ele aparece cumprimentando o deputado. Os dois estão sorridentes.
O desfecho da queda de braço no Congresso ameaça deixar cicatrizes no projeto de uma frente ampla de partidos, articulada por Maia e da qual o DEM fazia parte, para derrotar Bolsonaro. Agora o presidente quer ver a Câmara e o Senado com outra agenda: pautas armamentista e de costumes são prioridade. Bolsonaro está muito mais interessado nesses temas do que em privatizações e reforma administrativa. Lira e Pacheco também se comprometeram a barrar a criação de uma CPI para investigar falhas na condução da crise de covid-19.
A votação ocorreu em clima tenso na Câmara, com cabines apelidadas de “covidário”. Em seu discurso de despedida, Maia chorou. “A partir desta eleição, o passado ficou para trás e nós precisaremos, unidos – eu na planície, no plenário, com muito orgulho – com cada um de vocês, construir o futuro do Brasil. Não pelos próximos dois anos, mas para os próximos 20 anos”, disse Maia, tirando a máscara de proteção para enxugar as lágrimas.
Ao ocupar a tribuna da direita, antes de proclamado o resultado, Lira mandou recados a Maia, que estava a poucos metros de distância. “Por favor, olhem para a cadeira da presidência. Por acaso há aí um trono?”, provocou o candidato do Progressistas, insinuando que Maia se comportava como imperador. O trecho foi incluído de improviso no discurso. “A Câmara não pode continuar sendo a Câmara do ‘eu’. Tem de ser a Câmara do ‘nós’, insistiu ele.
Baleia, por sua vez, destacou reportagens do Estadão, mostrando que o governo interferiu na disputa do Congresso ao liberar, no fim de dezembro, R$ 3 bilhões em recursos “extras” do Ministério do Desenvolvimento Regional para 250 deputados e 35 senadores destinarem a obras em seus redutos. Presidente do MDB, Baleia disse que isso ocorria enquanto muitos estavam atrás de verbas para os municípios, “com o pires na mão”, e dinheiro para a saúde. “Que país é esse que não se sensibiliza com 220 mil mortes?”, perguntou Baleia, que ocupou a tribuna da esquerda.