sábado, 4 de julho de 2020

TRUMP EM TEMPO DE CRISE

Opinião: Trump em tempo de crise

 

Oliver Sallet

 

 

No Dia da Independência, os EUA registram um aumento recorde das infecções com o coronavírus, enquanto despenca o índice de popularidade do presidente. Mas a eleição ainda não está decidida, alerta Oliver Sallet, da DW.

 

© Getty Images/AFP/S. Loeb Trump discursa no Dia da Independência dos EUA

Onde sequer começar? O fulgor com que esta nação exemplar antes brilhava esmaece rapidamente. A liberdade de imprensa vem sendo castigada; a própria democracia está ameaçada; uma pandemia que poderia ter sido mais bem gerida, caso houvesse vontade para tal, contamina dezenas de milhares a cada dia; os Estados Unidos se encontram em estado de agitação civil há semanas devido ao homicídio de um homem negro pela polícia – e o presidente instiga o ódio e incita à violência, em vez de buscar reconciliação e unidade.

O índice de aprovação de Donald Trump está no fundo do poço. Ele mereceu essa desaprovação, e é o único responsável pela situação. É a primeira vez que parece estar pagando um preço considerável por sua presidência errática. Mas ele também é um sobrevivente político, e ainda faltam meses para a eleição.

A maioria das estatísticas situa a aprovação de Trump em torno de 40%: pouco popular quando assumiu o mandato, o é ainda mais agora. Mas ele também se arrastava muito atrás de Hillary Clinton pela maior parte da campanha em 2016, e no fim a controvérsia em torno dos e-mails acabou por causar a inesperada derrota da democrata.

No entanto, uma coisa é clara: 2020 não é 2016. O adversário de Trump não é Clinton, mas Joe Biden, e uma ampla parcela do eleitorado americano o considera muito mais interessante do que a ex-candidata, na época desprezada por muitos. Contudo Biden também traz sua própria carga e, no fim das contas, ele próprio também é o seu pior inimigo.

Durante a pandemia de covid-19, Biden decidir ficar quieto e não fazer nada. Ao que tudo indica, a tática é não interromper Trump enquanto este destrói a própria reputação, dia após dia. O veterano democrata permaneceu atocaiado em casa, no estado de Delaware, emitindo ocasionais declarações em vídeo a partir de seu subsolo. O plano tem funcionado, e seus índices sobem continuamente.

Contudo o dia das eleições se aproxima, cresce a pressão para o político de 78 anos sair do basement e entrar na trilha da campanha. A pandemia foi um motivo válido para ficar na retaguarda, mas o estilo de campanha passiva não funcionará por muito mais tempo. E quando Biden retornar à esfera pública e aparecer diante das câmeras, virá acompanhado por suas constrangedoras gafes.

Esses momentos ocorrem com regularidade, fazendo os apoiadores se encolherem, com um sentimento entre pena e vergonha. Que presidente Biden serviu como vice? O nome é Superterça ou Superquinta? Ao tropeçar e gaguejar com esse tipo de pergunta, o veterano parece, no melhor dos casos, confuso, no pior, senil, como se simplesmente não estivesse mais à altura da tarefa.

E aí há também as mulheres que o acusaram de tocá-las de modo inapropriado, com uma até mesmo o acusando de agressão sexual. Biden é mesmo o melhor candidato que os democratas têm a oferecer? Ele tem realmente ascendência moral para dizer o que Trump deve fazer?

A equipe de reeleição trumpista já está aquecendo as turbinas com ataques na TV e redes sociais nos estados-chave de Joe Biden. E o presidente antecipa com prazer especial um aspecto da briga: os debates televisados. Ele conseguiu colocar em apuros uma Hillary Clinton bastante desenvolta nessa arena, durante a corrida de 2016. É difícil imaginar como Biden fará frente ao mandatário, quando o dia chegar.

Donald Trump pode estar na defensiva no momento, mas a eleição ainda não está perdida para ele.

GOVERNO SOFRE PRESSÃO PARA NÃO NOMEAR O NOVO MINISTRO DA EDUCAÇÃO ESCOLHIDO POR BOLSONARO


Olavistas e militares fazem pressão para Bolsonaro desistir de Feder para o MEC

Renata Cafardo e Jussara Soares 






SÃO PAULO E BRASÍLIA - Alas ligadas a Olavo de Carvalho e aos militares no governo pressionam o presidente Jair Bolsonaro a reverter o convite feito ao atual secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, para o Ministério da Educação (MEC). Antes mesmo de ser anunciado oficialmente, Feder já virou alvo do grupo ideológicos e da base bolsonarista nas redes sociais.
Olavistas têm um histórico de sucesso em frituras iniciadas nas redes sociais que terminaram em demissão, como a ex-secretária de Cultura, Regina Duarte, e os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo). Eles chamam a atenção para a ligação dele com o governador João Doria (PSDB) e dizem que a escolha foi feita para agradar empresários e apaziguar a guerra ideológica.

© Divulgação/Secretaria da Educação do Paraná O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder.
Já os militares foram surpreendidos com o convite do presidente e querem um nome ligado a eles, que acreditam ter mais força política. Passaram a divulgar também supostas incoerências em seu currículo.
Feder é formado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Seu currículo na plataforma Lattes indica que ele tem um "mestrado em andamento" desde 2002 em Economia pela Universidade de São Paulo (USP). Mas o site da secretaria da educação do Paraná informa que ele é "mestre em Economia". O Estadão procurou a USP e a institução confirma que ele terminou, sim, o mestrado em 2005.
Inconsistências no currículo, como uma suspeita de fraude na dissertação no mestrado na FGV e a conclusão de um doutorado desmentido pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), estão entre os fatores que levaram à queda do economista Carlos Alberto Decotelli, que nem chegou a tomar posse.
O que mais incomoda os opositores é a possível ligação com o Centrão, já que Feder teve o apoio do governador do Paraná, Ratinho Jr (PSD), partido do ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, também é do PSD e entrou recentemente no governo. Ao anunciá-lo para o cargo em junho, Bolsonaro disse que se tratava-se de uma escolha pessoal.
Para os militares, Feder é um empresário que quer fazer carreira na política, mas não tem experiência. A secretaria do Paraná é uma das várias no País que têm parceiria em projetos com a Fundação Lemann, o que estaria também incomodando os militares. O nome também não agradou aos evangélicos, cujos líderes no Congresso também têm pressionado o presidente. O mesmo ocorreu com o educador Mozart Neves, que chegou a ser convidado para ser ministro no início do governo Bolsonaro, mas depois o presidente voltou atrás por causa das pressões.
Por outro lado, educadores e entidades elogiam a escolha de Feder, por ele ter experiência na gestão da educação pública. O Semesp, entidade que reúne universidades particulares de São Paulo, soltou nota dizendo que a indicação "renova as expectativas de que sob sua gestão o MEC consiga superar os difíceis desafios que vêm sendo enfrentados pela educação brasileira" já que ele já teria "manifestado sua inclinação para políticas públicas mais eficientes, consistentes e objetivas e estratégias pedagógicas mais inovadoras".

sexta-feira, 3 de julho de 2020

MOTOBOYS ENTREGADORES DE COMIDA PROTESTAM EM BH

Greve de fome: centenas de entregadores de comida protestam em BH; categoria prevê novas ações

Luciano Dias

 


Motoboys se concentraram na Praça da Assembleia, de manhã; classe reivindica aumentos em taxas, seguro e canais mais ágeis de comunicação com aplicativos

“É o início de uma jornada”. Assim o coordenador do Movimento Luta de Classes, Pedro Vieira, resumiu, ontem, o inédito protesto que reuniu centenas de motoboys e entregadores de aplicativos de Belo Horizonte.

Cerca de 300 profissionais participaram do movimento, iniciado pela manhã, na Praça da Assembleia, e depois transformado em caravana pelas ruas da região Centro-Sul. A greve e os protestos dos entregadores também aconteceram em outros estados e países da América do Sul.

Os alvos do movimento foram aplicativos como iFood, Uber Eats e Rappi. Entre outros direitos e melhorias, a classe reivindica aumento das taxas mínimas e do valor básico por quilômetro rodado e um canal de comunicação com as empresas, 24h por dia. “Outra pauta importante é termos apoio das empresas em caso de acidentes e mortes”, disse Pedro Vieira.

“Nós não paramos em momento nenhum. A alimentação (delivery) chegou possibilitando que as pessoas ficassem em casa, mas, mesmo assim, não temos o respeito que deveríamos ter”, desabafou o também motoboy Alexandre Brandão Santos.

Já Waldir Santos, que concilia as entregas na moto com o trabalho de serralheiro, destacou que se sente tão vital quanto profissionais de saúde, que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus. “O nosso trabalho já era essencial, mas com a pandemia ficou ainda mais. Somos importantes como os médicos, já que a gente tem o papel de manter as pessoas em casa”.

Jogada
De acordo com Pedro Vieira, durante o protesto de ontem, algumas empresas praticaram a taxa dinâmica, valores acima dos habituais, para enfraquecer o movimento. “Teve grana extra. Eles jogaram baixo. Mas, também, foi uma prova de que é possível pagar valores mais altos para os trabalhadores”, disse.

Os profissionais também reclamam de retaliação das empresas – não necessariamente no protesto de ontem. “Se você rejeita alguma corrida, ou se não roda no fim de semana, os aplicativos não te direcionam chamadas. A gente não tem como se defender”.

Próximos passos
Os motoboys e entregadores de aplicativos de BH criaram uma comissão para organizar as cobranças junto às empresas. O grupo vai oficializar as propostas no Ministério Público do Trabalho (MPT). Se a classe não receber respostas objetivas, novos movimentos não estão descartados. 
Após o protesto, o Uber Eats voltou a explicar critérios usados para remunerar entregas. O Rappi reiterou a defesa à livre manifestação dos colaboradores e listou benefícios oferecidos a todos.

Já o iFood, por meio de seu site, afirmou que 70% dos pedidos no país são entregues por contratados diretos dos restaurantes e que os motoboys que usam o app têm seguro contra acidentes, inclusive na volta para casa.

 

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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