Senado deve votar amanhã socorro de R$ 60 bi a Estados
Daniel Weterman e Marlla Sabino
BRASÍLIA - O presidente do Senado,
Davi Alcolumbre
(DEM-AP), apresentou o parecer do projeto que estabelece um
socorro financeiro a Estados e municípios durante a pandemia do novo coronavírus.
Como contrapartida, o texto obriga os governos locais ao congelar o
salário dos servidores públicos até 31 de dezembro de 2021. A
votação foi marcada para sábado, 2. O projeto dependerá de aval da Câmara na sequência.
Alcolumbre estipulou em R$ 60 bilhões o socorro
emergencial da União para Estados e municípios durante quatro meses.
Nesse período, serão feitos repasses diretos a prefeitos e governadores para
amenizar os efeitos da covid-19. O valor foi considerado alto pelo Tesouro Nacional,
mas o governo concordou diante da pressão dos senadores.
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Dida Sampaio/Estadão Projeto de Alcolumbre foi feito em cima de um texto do
Senado e teve o aval da equipe econômica.
A proposta suspende o pagamento das dívidas com a
União e permite a renegociação dos débitos com bancos públicos e instituições
privadas com aval do Tesouro até o fim deste ano. O parecer também dá aval para
alívio de débitos com instituições multilaterais de crédito no Brasil
e no exterior.
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
citou que o impacto total do projeto fica entre R$ 120 e R$ 130 bilhões por
incluir também suspensão dos pagamentos de dívidas de Estados e municípios com
a União neste ano, além de permitir a renegociação de dívidas com bancos
públicos e organismos internacionais.
Alcolumbre elaborou o parecer em cima de um texto do
Senado, deixando na gaveta o texto aprovado pela Câmara anteriormente. Dessa
forma, os senadores darão a palavra final sobre alterações.
Sem cheque em branco
A equipe econômica classificava o texto da Câmara,
que garantia compensação das perdas com ICMS (estadual) e ISS (municipal), como
um “cheque em branco”. Em relação ao texto da Câmara, sete Estados vão acabar
recebendo menos com a proposta do Senado, de acordo com cálculos do governo: São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais,
Distrito Federal, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Do total, R$ 50 bilhões serão distribuídos para
serem gastos livremente por governos estaduais e municipais. Metade do valor
será para governos estaduais e a outra metade para prefeituras. O rateio foi
feito com valores fixos, sem apresentação dos cálculos de equação. A
distribuição foi tema de debate entre técnicos do governo e assessores do
Senado, no fim da tarde da última quinta-feira, 30.
“Eu sei que tem um fórmula paramétrica, só que ele
(Alcolumbre) não revelou para o Tesouro. Ele disse que o tema era político e
que a Tesouro não tinha que se meter”, relatou a subsecretária de Relações
Financeiras Intergovernamentais da Secretaria do Tesouro Nacional, Pricilla
Maria Santana, na reunião.
De acordo com Alcolumbre, o cálculo foi feito
levando em conta o Fundo de Participação dos Estados (FPE), o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a população,
além de ICMS e ISS.
Além disso, o Senado estipulou no parecer um
repasse extra de R$ 10 bilhões para uso exclusivo no combate ao coronavírus.
Desse montante, R$ 7 bilhões serão entregues para Estados e Distrito Federal,
assim distribuídos: 60% conforme taxa de incidência da covid-19 divulgada pelo Ministério da Saúde, apurada mensalmente, e 40% de acordo
com a população. Os municípios, por sua vez, terão R$ 3 bilhões conforme a
população.
O projeto diz que a União, os Estados, o Distrito
Federal e os municípios afetados pela calamidade pública decorrente da pandemia
da covid-19 ficam proibidos de dar aumentou ou criar cargos até o fim de 2021.
Somente contratações temporárias para o combate específico da doença poderão
ser feitas. Os reajustes ficam liberados em 2022, ano de eleição para
presidente da República e governador.