domingo, 5 de abril de 2020

COLUNA ESPLANADA DO DIA 05/04/2020


Máscaras no micro-ondas

Coluna Esplanada – Lendro Mazzini







Não bastasse os problemas desafiadores à saúde pública com a pandemia do coronavírus, no Brasil ainda pode piorar. A Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos (Disque 100 e 180) já recebeu até ontem mais de 3.500 denúncias envolvendo o tema “Covid”. São ligações de profissionais da saúde, pacientes e trabalhadores de diferentes áreas com os mais diversos relatos. Desde negligência de atendimento a idosos, passando por inclusão de “Covid” no laudo causa mortis para omitir outra doença até – acreditem – a reutilização de máscaras em hospitais, lavadas em pias e secadas em microondas. Há também denúncias dos que são obrigados pelos patrões a irem às empresas.
]Tem mais
]Boa parte de denúncias também envolve violência contra pessoa vulnerável (criança ou idosos), violência por restrição de liberdade e conflito de ideias.

Bisturi na conta
Alunos de Medicina da Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro reclamam que a instituição se recusa a reduzir as mensalidades (R$ 10,4 mil por mês!), mesmo sem aulas há semanas.

Subindo
Engana-se quem pensa que os preços das passagens caíram com as aéreas no chão. As companhias apostam na retomada dos voos para o fim do mês. E seu bolso vai rasgar.
Vendeta..
Treze dias após o deputado Eduardo Bolsonaro atacar a China nas redes sociais e virar alvo do Embaixador no Brasil – que lembrou em nota para que não subestimassem seu país – as fábricas chinesas com contrato assinado com Ministério da Saúde deixaram de entregar material e direcionam para os Estados Unidos, seu principal rival comercial.
..chinesa?
Há no Governo quem aposte em retaliação comercial: Quem vê apenas coincidência nesse episódio, dormiu na cena da vendeta e não sabe do que China e EUA são capazes por dinheiro. No capitalismo, manda quem paga mais.
Viva o brasileiro!
O complexo hospitalar da UFRJ recebeu R$ 453.515,69 de 654 doadores até ontem à tarde. Dinheiro será usado para compra de equipamentos de proteção individual de uso médico das nove unidades da universidade, entre elas o Hospital Universitário do Fundão. Os dados são da Coppetec, comandada por Fernando Peregrino.
Banco Docente
A campanha foi criada há 11 dias e 90% dos recursos foram doados pela comunidade acadêmica. Dinheiro para adquirir máscaras, aventais e toucas, entre outros itens.
Mar no sertão
Pelo menos 15 barragens no sertão e agreste de Pernambuco atingiram o limite e a água escorre para cidades como Afogados da Ingazeira, Garanhuns e Caruaru. Religioso, o morador do interior apela para que a profecia não se concretize sobre o sertão virar mar.

Brasil da Burocracia
O presidente da Fenapef, Luís Boudens, lembra que esbarra na Constituição a ideia de cortar salários dos servidores públicos – o que não causaria efeito a médio prazo para combate ao coronavírus. Tem de passar por PEC, e o Congresso está vazio.
Santas Casas na UTI
Os hospitais das Santas Casas, que já estavam com as contas na UTI há anos, agora respiram por aparelhos em meio à pandemia. As 2.172 unidades da confederação precisam urgente de doações para comprar itens como máscaras e respiradores. Por serem filantrópicos, os hospitais não têm recursos para suportar a alta de preço global.
Alô, empresários!
A Confederação é responsável por mais de 50% dos atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares no SUS. E sobrevive de emendas parlamentares. A Bionexo e a sócia de Cingapura Temasek doaram 250 mil máscaras cirúrgicas (R$5 milhões).
Volta ao mundo
Veja o sacrifício de quem mora em Macapá, hoje ilhada sem companhias aéreas operando. Um empresário teve voo cancelado pela quarta vez pela Latam. A Azul sumiu da rota há duas semanas – a exemplo da Gol. Ele vai viajar por 24 horas num navio até Belém, e de lá pegar um ônibus para chegar (em três dias) a Brasília.
Tesourada consciente
As agências que atendem o Governo do Rio de Janeiro, entre elas Artplan e Binder, receberam o recado: campanhas terão que sofrer corte drástico de valores no orçamento de produção e veiculação. A orientação é do novo chefe da Secom, Mario Marques.
Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste
reportagem@colunaesplanada.com.br



MINISTRO DA ECONOMIA PAULO GUEDES SUGERE PASSAPORTE DE IMUNIDADE DO COVID-19


Guedes sugere “passaporte de imunidade” na “2ª onda” de impacto da covid-19
Hanna Yahya 




© Sérgio Lima/Poder360 Ministro Paulo Guedes (Economia) durante anúncio de medidas para combater o impacto econômico da covid-19

O ministro Paulo Guedes (Economia) disse que o Brasil passará por uma 2ª onda do impacto do coronavírus –a 1ª de saúde e esta outra, econômica. Sugeriu que, para lidar com essa nova etapa, o país deverá utilizar 1 “passaporte de imunidade”.
Segundo Guedes, haverá “testes em massa”, o que possibilitará que 1 número maior de pessoas saiba se está ou não com a doença. Dessa forma, quem não estiver com o vírus, poderá circular. “Tem o passaporte de imunidade. Está negativo? Pode circular. As pessoas vão sendo testadas semanalmente. Quem estiver livre [do vírus], continua trabalhando normalmente.”
Guedes disse que conversou com “1 amigo”, residente no Reino Unido, que se dispôs a dar para o Brasil 40 milhões de testes por mês. A proposta já foi comunicada ao ministro Henrique Mandetta (Saúde), disse Guedes.
A declaração foi feita em videoconferência promovida pela CNDL (Câmara Nacional de Dirigentes Lojistas). Participaram representantes do IDV (Instituto de Desenvolvimento do Varejo), da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do País), da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), entre outras. Leia aqui a lista completa. Assista ao vídeo completo (2h34min):
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O ministro foi questionado por 1 dos representantes do setor sobre o fim das recomendações de isolamento social no país. Guedes afirmou que não sabe se durará 1 mês ou 2 meses, mas que “vale o que a ciência diz”. Voltou a citar a “2ª onda”: “O presidente já deu alerta que a 2ª onda está vindo. Em vez de vir com negação, que só saúde é importante, sabemos que a 2ª onda está aí e temos que estar preparados”, afirmou.
FERIADOS NACIONAIS
O chefe da pasta da Economia foi questionado por 1 dos varejistas sobre a possibilidade de antecipar os feriados nacionais para o período de quarentena. A iniciativa já está na MP 927 de 2020, editada pelo governo em 22 de março. Respondeu que achava uma “excelente sugestão” e informou que já havia tomado a atitude – mas não detalhou a medida.
“Depois desse período, o Brasil seria reaberto, poderíamos sair para trabalhar. Já estamos passando os sábados e os domingos juntos. Nós vamos precisar disso, do comércio funcionando nos feriados quando essa fase passar, até do ponto de vista de uma ressurreição espiritual”, disse.
“CULTURA DO CALOTE”
O ministro disse que a crise provocada pelo coronavírus não deve estimular uma “cultura do calote” no país. Aos varejistas, afirmou que é preciso “manter a economia brasileira respirando e oxigenada”“Não podemos cair na atração fatal da inadimplência, da falta de pagamento, da moratória, do vale-tudo. Isso descontinua a rede nacional de pagamentos.”
Em algumas ocasiões, dirigia mensagens à população. Pediu que os brasileiros não deixem de pagar as contas para evitar “destruir, descapitalizar e descontinuar” os serviços.
Aos varejistas, defendeu a retirada dos encargos trabalhistas. Disse que são “armas de destruição em massa de empregos”. Também sugeriu a retirada de outros impostos “disfuncionais”.
BANCO CENTRAL
Guedes relembrou as recentes medidas econômicas tomadas pelo governo nas últimas 3 semanas –que, segundo ele, já chegaram a casa dos R$ 800 bilhões. Afirmou que foi lançada uma “camada de proteção aos mais frágeis”. Mas avisou que o Banco Central liberará mais recursos para que instituições financeiras deem mais crédito ao mercado.
O chefe da pasta de Economia disse que o BC avalia liberar crédito ao varejo pelas “maquininhas”.
“Tanto os aplicativos quanto as maquininhas são viáveis e já estamos estudando. E eu sei que BC está conversando. Tem falado com o Caffarelli da Cielo [CEO], 1 outro da Rede e outro da PagSeguro. Estamos conversando com essa turma toda. A ideia do Banco Central é sair do cercadinho, não ficar só negociando com os bancos, abrindo para outros canais”, declarou.
De acordo com Guedes, há a possibilidade do BNDES aumentar para R$ 300 milhões a linha de capital de giro.
“DINHEIRO NA PONTA”
A expressão foi bastante usada pelo ministro da Economia durante a videoconferência com os varejistas. Afirmou que os recursos disponibilidades por bancos estão “empoçados no sistema financeiro” e que, agora, o governo está “dando dinheiro na veia, direto para as empresas”. E complementou: o dinheiro deve “sair de Brasília” e ir “onde o povo está“.
Segundo Guedes, o governo está se preocupando 1º com os mais “vulneráveis”“Os R$ 98 bilhões do programa para informais e microempresários são mais do que o [orçamento] discricionário de 2020″.
TRÊS PODERES
O ministro elogiou o trabalho dos congressistas em relação aos projetos que vêm sendo discutidos nas Casas legislativas. Mas alertou sobre 1 possível “ativismo regulatório”. Disse que conversa com deputados e senadores para “resistir a tentação de fazer 1 pequeno conserto que, na verdade, vai destruir” o futuro.
Também elogiou a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal). “O protocolo da crise está sendo seguido. Os presidentes dos Poderes estão se entendendo”. Afirmou que o governo trocou seu “eixo de atuação“. Antes, estava focado nas reformas estruturantes. Agora, o objetivo são as medidas emergenciais.
Disse que estar seguindo as determinações do Ministério da Saúde. Afirmou que bloqueou todas as exportações de produtos médicos e hospitalares, além de ter travado em aeroportos máscaras, ventiladores pulmonares, remédios e outros produtos médicos hospitalares. Também citou a retirada das alíquotas de importações de álcool gel, máscaras e respiradores.