sexta-feira, 3 de abril de 2020

BOLSONARO BRIGA COM O SEU MINISTRO DA SAÚDE DEVIDO O SEU PROTAGONISMO


Descontentamento na Esplanada: Bolsonaro dispara contra Mandetta

Renato Souza 





© Isac Nóbrega/PR O protagonismo de Mandetta, muito elogiado por todos os setores da sociedade, tem incomodado o presidente No mais claro sinal de descontentamento com Luiz Henrique Mandetta, o presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas ao ministro da Saúde, que vem ganhando destaque em meio ao combate à pandemia de coronavírus. Há semanas, nos bastidores do Planalto, interlocutores apontam uma tentativa do comandante do Executivo de fritar a imagem do médico que atua na linha de frente das medidas adotadas em razão da disseminação da Covid-19 no país. Ontem, em entrevista à Rádio Jovem Pan, o chefe de Estado afirmou que o subordinado “extrapolou em algum momento”, e completou declarando que Mandetta “não tem humildade”. Apesar das críticas, ele ressaltou que não pretende demitir o ministro neste momento.
“O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo. Eu não pretendo demitir o ministro no meio da guerra. Agora, ele é uma pessoa que, em algum momento, extrapolou”, acusou, confessando abertamente a existência de atritos entre os dois que, até então, negava. “Ele sabe que tem uma hierarquia entre nós. Eu sempre respeitei todos os ministros, o Mandetta também. Ele montou o ministério de acordo com sua vontade. Eu espero que ele dê conta do recado.”
O “desabafo” de Bolsonaro aconteceu após ele ser perguntado se demitiria Mandetta para escolher um ministro da Saúde que concordasse que a medida de controle à pandemia mais efetiva para o momento seria o isolamento vertical, em que apenas as pessoas do grupo de risco, como idosos, deveriam cumprir confinamento. O presidente tem reiterado esse desejo diariamente, enquanto o ministro cobra cautela.
“O Mandetta quer fazer valer muito a vontade dele. Pode ser que ele teje (sic) certo, pode ser. Mas tá faltando um pouco mais de humildade dele para conduzir o Brasil neste momento difícil que nós nos encontramos e que precisamos dele para que a gente vença essa batalha com o menor número de mortes possível”, enfatizou.
O presidente ainda reclamou que, no Ministério da Saúde, alguns profissionais se contagiaram pelo clima de “histeria” e de “pânico” em razão da pandemia e ordenou que “já está no momento de todos botarem o pé no chão”. “Se destruir o vírus e destruir também os empregos, nós vamos destruir o Brasil. É isso que nós temos de entender. É como numa guerra. Numa guerra, infelizmente, você perde soldados, e soldados são seres humanos”, argumentou. “E, aqui, você também vai perder gente, nessa luta contra o vírus. Mas se você fizer dessa forma que alguns governadores e prefeitos estão fazendo, até por orientação do Ministério da Economia (na verdade, da Saúde), o preço vai ser muito alto a ser pago lá na frente.”
Mandetta não polemizou com Bolsonaro. Às críticas do mandatário, disse apenas “ok” e acrescentou que não comenta o que o presidente da República fala. “Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, resumiu, em entrevista à Folha de S. Paulo. “Nunca fiz nenhum comentário sobre as ações dele. Não se comenta o que o presidente da República fala.”
AtritosDesde os primeiros casos de coronavírus no Brasil, Mandetta defende distanciamento social, compra de suprimentos médicos, criação de leitos de UTI, hospitais de campanha e investimento em pesquisa científica para conter a tragédia provocada pela doença na maioria das nações atingidas. Na contramão disso, Bolsonaro descumpre recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do ministro e sai às ruas, juntando aglomerações e anunciando tratamentos que ainda não foram comprovados cientificamente.
A postura técnica de Mandetta agrada parlamentares tanto do governo quanto de oposição e arranca elogios de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), a ponto de o presidente da Corte, Dias Toffoli, afirmar, em uma das sessões, que ele é “inamovível” no governo. No entanto, o protagonismo do titular da Saúde incomodou Bolsonaro, que agiu para reduzir a presença dele em coletivas de imprensa, comunicados e boletins sobre a situação epidemiológica do país. Além de os informes terem sido transferidos para o Planalto, a presença de integrantes da área militar do governo nas conferências foi reforçada, mesmo sem ligação direta com o combate à epidemia.
DivisãoNos bastidores, outros ministros têm mostrado apoio às medidas definidas por Mandetta. Até mesmo parte da ala militar entende a gravidade da crise de saúde pública, social e econômica e defende a postura estratégica do titular da Saúde.
Enquanto outras nações acordaram para a necessidade de isolamento social e a importância de medidas econômicas para socorrer os mais vulneráveis e as empresas, Bolsonaro ainda duvida da gravidade da situação. No entanto, acreditava-se que o atrito no centro do Executivo, que opõe ideologia e realidade científica, não seria levado a público. “A preocupação minha é o vírus e o desemprego, que não pode ser tratada de forma dissociada. No domingo, eu, como chefe de Estado, como comandante, fui a Ceilândia e Taguatinga ver o povo. É triste e desesperador o que a gente vê, em especial junto aos informais”, frisou. “Esses levaram uma paulada no meio da testa, com as medidas tomadas por alguns governadores. O que foi, ao meu entender, uma série de medidas exageradas. De 0 a 30 anos, tem 0% de óbito no Brasil; de 30 a 39, tem 3,3% de óbito”, frisou. A saída pelas ruas da capital, no domingo, provocou críticas de Legislativo, Judiciário e entidades da sociedade civil.
Jejum contra a pandemiaO presidente Jair Bolsonaro disse que vai definir um dia de jejum contra a Covid-19: “Paz, tranquilidade. Para quem tem fé, Papai do céu está conosco, acredite em Deus. E vamos brevemente, de acordo com o que evangélicos e católicos têm pedido para mim, marcar um dia de jejum de todo o povo brasileiro para a gente ficar livre deste mal o mais rápido possível”, afirmou.
Volta do comércio por decretoO presidente Jair Bolsonaro reforçou que as questões do "vírus e desemprego não podem ser tratadas de forma dissociada" no Brasil e defendeu o afrouxamento das regras de quarentena. Segundo o presidente, se, a partir da próxima semana, "não começar a voltar o emprego, vou ter de tomar uma decisão". Entre as alternativas, Bolsonaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan, sugeriu "numa canetada" autorizar o retorno às atividades dos comerciantes. "Eu tenho um projeto de decreto pronto para ser assinado, se for preciso, que considera como atividade essencial toda aquela indispensável para levar o pão para casa todo dia", afirmou o presidente. Segundo ele, "enquanto o Supremo ou o Legislativo não suspender os efeitos do meu decreto, o comércio vai ser aberto. É assim que funciona".

quinta-feira, 2 de abril de 2020

FALTA DE LEITOS PREOCUPA O SISTEMA DE SAÚDE PARA O COMBATE AO CORONAVÍRUS


Falta de leitos preocupa: pesquisa encomendada pela União alerta para essa possibilidade

Renata Galdino 








Governador Romeu Zema visita instalações do Hospital da Baleia, em BH, que podem ser usadas para atender pacientes com Covid-19
Enquanto o governo mineiro elabora edital para contratar 2 mil leitos de CTI destinados a pacientes com Covid-19, estudo da Universidade de Harvard (EUA) sugere que vão faltar vagas em hospitais de capitais brasileiras a partir de 21 de abril. A projeção coincide com a estimativa de pico da doença em Minas que, segundo a Secretaria de Saúde (SES), deve ocorrer entre o fim de abril e o início de maio.
A pesquisa internacional, publicada como prévia na plataforma MedRxiv (dedicada a artigos ainda não divulgados em revistas científicas), também é assinada por cientistas brasileiros, entre eles, da UFMG e do Ministério da Saúde. Como resultado, os profissionais apontaram preocupação principalmente com quem depende da rede pública de saúde.
Ontem, o secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, disse que o levantamento foi um pedido da União, feito na última semana, à universidade americana, para identificar a necessidade de leitos, UTIs e respiradores. O gestor garantiu que o documento foi distribuído aos estados para ajudar nas estratégias de combate à enfermidade.
Por e-mail, a pesquisadora Márcia Castro, de Harvard, informou ao Hoje em Dia que o estudo é baseado nos casos de coronavírus no país reportados até 28 de março. Foram considerados 12 cenários possíveis da doença no Brasil.
As análises apontam que “o curso clínico da Covid-19 coloca sérios desafios para a sistema de saúde e pode exigir decisões drásticas de racionamento”. A maior escassez será de leitos de CTI, principalmente no SUS – que atendecerca de 80% da população.
Nas áreas de maior vulnerabilidade, a transmissão do vírus deve ocorrer mais rapidamente, sinaliza o estudo. “Uma alternativa para aliviar o problema é colocar temporariamente os hospitais privados sob a controle do Estado, medida adotada pela Espanha”, sugerem os pesquisadores.
A SES foi procurada para comentar a pesquisa, mas disse que não dispunha de tempo hábil para uma fonte se inteirar do assunto.
Em coletiva on-line ontem, o secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, antecipou que o edital para contratar leitos deve ser publicado em breve. O alvo é a rede de prestadores de serviços da SES.
Segundo o gestor, 300 leitos de enfermaria estão atendendo a casos de Covid-19. Outros 50 de UTI foram realocados para a demanda.


COLUNA ESPLANADA DO DIA 02/04/2020


Calote ou adiamento?

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini










As grandes bancas de advocacia especialistas em direito empresarial, tributário e arbitragem mergulharam há dias em estudos na Constituição e de casos concretos sobre o ítem “força maior” nos contratos. Há bilhões de reais em jogo Brasil adentro. Empresas estão recorrendo à cláusula para postergar pagamentos – e os credores estão com medo de calotes. Quem conhece o setor aposta que haverá uma enxurrada de ações judiciais e questões de arbitragens nos Tribunais de Justiça nos próximos meses. O governo federal não escapa do assombro, no caso das concessões de portos, aeroportos e rodovias.
Coronacrise
O Estado de São Paulo registrou 8.906 pedidos de fechamento de empresas em fevereiro, antes de a coronacrise estourar. O número de março deve aumentar, e muito.

Covid Bank
]Os bancos começaram a se movimentar. Caixa mandou comunicados e BB criou área no gerenciador financeiro do computador para pedido de adiamento de pagamentos.

Check-out carioca
Pelo menos 42 hotéis 4 e 5 estrelas do Rio de Janeiro seguem de portas fechadas, sem qualquer hóspede, há duas semanas, e assim vão ficar até dia 15.

Homeschooling vem aí
Após editar a Medida Provisória 934 ontem, com normas excepcionais para o Ano Letivo (reconhecendo o adiamento do calendário), o Palácio prepara o texto da MP sobre o homeschooling, a educação dos filhos pelos país. O assunto é polêmico, motivo de debates há dois anos no Congresso, e existe em países de 1º mundo como nos Estados Unidos. Já existe um projeto de lei em tramitação na Câmara, de autoria do deputado Lincoln Portela (PL-MG).

Sr. Escavadeira
A Polícia está perto de descobrir quem atirou no senador Cid Gomes no rocambolesco episódio da escavadeira jogada contra policiais amotinados em Sobral (CE). A investigação segue a cargo do Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte.

Volta pra casa 
O Governo estima em 7.380 os brasileiros aguardando um jatinho da FAB para repatriação, distribuídos em 80 países; 8.600 já voltaram desde o início da coronacrise.

Reféns do medo
Há centenas de argentinos acampados na alfândega da fronteira do lado brasileiro, em Foz do Iguaçu (PR). São ajudados pelo Exército do Brasil, que leva água e comida.

Cheguei
O Republicanos, ligado à bancada evangélica em Brasília, vai se fortalecendo devagar para a eleição municipal. Além dos filhos de Bolsonaro, também conquistou o prefeito sensação de Colatina (ES), Sérgio Meneguelli – famoso por suas aparições nas ruas.

Queimadas 
A despeito da pandemia do virus, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade vislumbra um desafio daqui 10 meses, quando começa o verão, para não virar um problema. Acaba de abrir inscrições para brigadistas e chefes de esquadrão temporários nas Unidades de Conservação federais. Para combater queimadas.

Facada no $istema
A MP 932 prevê o corte de 50% na arrecadação compulsória do Sistema S durante três meses – é sonho antigo do presidente Jair Bolsonaro. Em Goiás, o impacto pode fechar 17 unidades do Sesc e do Senac e limar 67 mil atendimentos. Segundo o presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, o prejuízo estimado é de R$ 25 milhões.

Povo quer alugar
Levantamento de Fevereiro do Imovelweb, um dos maiores portais imobiliários do País, aponta que 62% das buscas foram para locações, e 38% focadas em imóveis para venda. Houve uma leve inversão. No mesmo mês de 2019, a procura por aluguel ficou em 56%, contra 44% que buscavam comprar imóveis.

João (em casa)
A volta de João de Deus para casa, em Anápolis (de tornozeleira) animou muito empresário graúdo que se trata de saúde com o médium – não com o tarado. Silvio Santos esporadicamente mandava um jatinho buscar o amigo para lhe curar a garganta.
Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste
reportagem@colunaesplanada.com.br




TRUMP ACABA COM A CENSURA NOS ESTADOS UNIDOS

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