Falta de
leitos preocupa: pesquisa encomendada pela União alerta para essa possibilidade
Renata Galdino
Governador Romeu Zema visita instalações do
Hospital da Baleia, em BH, que podem ser usadas para atender pacientes com
Covid-19
Enquanto o governo
mineiro elabora edital para contratar 2 mil leitos de CTI destinados a
pacientes com Covid-19, estudo da Universidade de Harvard (EUA) sugere que vão
faltar vagas em hospitais de capitais brasileiras a partir de 21 de abril. A
projeção coincide com a estimativa de pico da doença em Minas que, segundo a
Secretaria de Saúde (SES), deve ocorrer entre o fim de abril e o início de
maio.
A pesquisa internacional,
publicada como prévia na plataforma MedRxiv (dedicada a artigos ainda não
divulgados em revistas científicas), também é assinada por cientistas
brasileiros, entre eles, da UFMG e do Ministério da Saúde. Como resultado, os
profissionais apontaram preocupação principalmente com quem depende da rede
pública de saúde.
Ontem, o secretário
nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, disse que o levantamento
foi um pedido da União, feito na última semana, à universidade americana, para
identificar a necessidade de leitos, UTIs e respiradores. O gestor garantiu que
o documento foi distribuído aos estados para ajudar nas estratégias de combate
à enfermidade.
Por e-mail, a
pesquisadora Márcia Castro, de Harvard, informou ao Hoje em Dia que o estudo é
baseado nos casos de coronavírus no país reportados até 28 de março. Foram
considerados 12 cenários possíveis da doença no Brasil.
As análises apontam
que “o curso clínico da Covid-19 coloca sérios desafios para a sistema de saúde
e pode exigir decisões drásticas de racionamento”. A maior escassez será de
leitos de CTI, principalmente no SUS – que atendecerca de 80% da população.
Nas áreas de maior
vulnerabilidade, a transmissão do vírus deve ocorrer mais rapidamente, sinaliza
o estudo. “Uma alternativa para aliviar o problema é colocar temporariamente os
hospitais privados sob a controle do Estado, medida adotada pela Espanha”,
sugerem os pesquisadores.
A SES foi procurada
para comentar a pesquisa, mas disse que não dispunha de tempo hábil para uma
fonte se inteirar do assunto.
Em coletiva on-line
ontem, o secretário de Saúde de Minas, Carlos Eduardo Amaral, antecipou que o
edital para contratar leitos deve ser publicado em breve. O alvo é a rede de
prestadores de serviços da SES.
Segundo o gestor,
300 leitos de enfermaria estão atendendo a casos de Covid-19. Outros 50 de UTI
foram realocados para a demanda.
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