segunda-feira, 9 de março de 2020

PRESSÃO SOBRE O GOVERNO DO ORÇAMENTO E DA ECONOMIA


Congresso tenta resolver projetos do Orçamento impositivo para avançar agenda





© Jefferson Rudy/Agência Senado Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional, em dezembro

Na semana que se inicia, o Congresso Nacional ainda precisa resolver pendências da semana anterior para poder avançar com a agenda. Tratam-se dos 3 PLNs (Projetos de Lei do Congresso Nacional) enviados pelo Executivo como parte do acordo pela manutenção dos vetos a trechos da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que tratam do Orçamento impositivo.
O Orçamento aprovado pelo Congresso Nacional destinava R$ 30,1 bilhões para as emendas do relator, o deputado Domingos Neto (PSD-CE). O presidente Jair Bolsonaro vetou trechos da lei que tratavam do tema.
Na 3ª feira (3.mar.2020), o governo enviou 3 PLNs (como são chamados os projetos no jargão do Legislativo) regulamentando o Orçamento impositivo –1 dispositivo que obriga o governo a liberar as chamadas emendas, verbas cujo destino é decidido por deputados e senadores.
O Ministério da Economia apresentou na tarde do dia seguinte, 4ª feira (4.mar), como ficarão as despesas discricionárias (que incluem custeio e investimento) com as possíveis mudanças. Essas despesas somam R$ 126,3 bilhões em 2020. Leia as propostas do governo aqui (18 MB), aqui (377 KB) e aqui (1 MB).
Se os projetos forem aprovados, o Poder Executivo volta a ter o poder de R$ 93 bilhões sobre as despesas discricionárias, ante os R$ 81,6 bilhões autorizado pelo Congresso.
Desta forma, os congressistas aceitaram votar para manter os vetos presidenciais. A manutenção do veto contou com o apoio de 398 deputados. Outros 2 defenderam sua derrubada. Para que o veto caísse, era preciso ao menos 257 votos contrários na Câmara. Uma vez que é necessário o aval de ambas as Casas do Congresso para derrubar 1 veto, os senadores nem precisaram votar.
Os projetos, que chegaram em cima da hora, seguirão seu rito natural. Passarão 1º pela CMO (Comissão Mista de Orçamento), onde poderão sofrer alterações e enfrentarão uma votação. Só depois devem chegar ao plenário do Congresso. A votação das matérias ficou marcada para a próxima 3ª feira (10.mar).
Congressistas ouvidos pelo Poder360, contudo, contestam as chances de isso acontecer. Isso porque é quase consenso que os textos enfrentarão resistência em passar pela comissão sem nenhuma alteração. E também pelo fato de a última sessão do Congresso não ter conseguido limpar a pauta. Há 10 vetos trancando a pauta.
Outros projetos
Enquanto essa situação não se resolve, outras matérias têm chance de avançar seja na Câmara ou no Senado. Entre elas está o projeto do chamado Brasduto –o Fundo de Expansão dos Gasodutos de Transporte e de Escoamento da Produção- na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa Alta. Entre os deputados, é o novo  Fundeb que pode tramitar.
Na 4ª feira (11.mar), o ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende entregar ao Legislativo o plano da reforma tributária idealizado pelo governo. A apresentação seria feita na comissão especial mista sobre o tema, composta por deputados e senadores. Mas tudo dependerá da aprovação, no dia anterior (10.mar), dos projetos de lei sobre o Orçamento impositivo.
Na Câmara, a comissão especial deve votar a PEC que transforma o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Rodrigo Maia apoia a proposta.
projeto do governo que flexibiliza –outra vez– as leis sobre armas pode ser analisado pelo plenário da Câmara ao longo da semana. A matéria está em regime de urgência e passará a trancar a pauta já nesta 2ª feira (9.mar).
BRASÍLIA - Após a confirmação de mais um ano de crescimento do Brasil em torno de 1%, o diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal, Felipe Salto, faz um alerta de que o governo erra ao diminuir o papel do BNDES para ajudar na retomada do Produto Interno Bruto (PIB). “Da mesma forma que se errou lá em 2014, ao colocar R$ 500 bilhões na mão do banco, sem contabilizar no Orçamento e fazendo dívida pública, agora está errando muito rapidamente. Isso também explica o PIB”, diz.
Para ele, o banco pode e deve ajudar mais na retomada. Em sua opinião, no momento a prioridade na agenda é aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da emergência fiscal, que aciona no curto prazo gatilhos de ajuste nas contas. “Mas, no lugar do presidente Bolsonaro falar sobre a PEC fiscal, ele fala dos pontos da carteira do motorista”, diz.
© Pedro França/Agência Senado Preocupação. Para Salto, governo não mostra o empenho que deveria com a PEC fiscal

O PIB baixo de 2019 foi surpresa?

O que tínhamos de projeção era muito similar ao resultado. O mercado de trabalho está tendo uma retomada muito gradual e focada em empregos precários e intermitentes. O processo de crescimento tem uma explicação complexa e não é só culpa do governo atual. Isso vem de longe. Tivemos erros sucessivos de política econômica, mas não vemos do governo de plantão uma estratégia clara em prol do crescimento.

O Brasil vai ter de esperar mais para crescer num patamar mais alto?

Infelizmente todos os estudos sobre produtividade, que é aquilo que faz crescer de maneira sustentada, mostram que os seus vetores não estão sendo impulsionados, como educação de qualidade, investimento em infraestrutura. Nessa área, o ministro Tarcísio (de Freitas, da Infraestrutura) parece estar avançando. Mas precisamos de mais. Precisa ter aceleração. O que me preocupa é que o BNDES está perdendo o papel que tinha nessa área de investimento. Estamos fazendo errado, jogando o bebê junto com a água suja do banho. Não é pecado nem palavrão dar subsídio. O problema é que isso foi feito ao largo do Orçamento. O BNDES pode e deve ter uma atuação transparente e intensa para estimular o desenvolvimento.

O BNDES pode ajudar mais na retomada?

O BNDES pode e deve. A minha preocupação é que se diminua o BNDES a algo irrelevante. É um erro. Da mesma forma que se errou lá em 2014 de colocar R$ 500 bilhões na mão do banco sem contabilizar no Orçamento e fazendo dívida pública, agora está errando muito rapidamente. Isso também explica o PIB. Não estou dizendo que se deva voltar ao padrão anterior. É preciso encontrar um meio do caminho.

Corremos o risco de uma escalada de ruptura econômica?

Na economia não há um quadro de ruptura. É um quadro de anomia.

A pressão do câmbio não está além dos fundamentos econômicos do País?

Sob esse aspecto, não é só colocar na conta do governo. O quadro econômico internacional é muito grave. Tem um movimento de “flight to quality” de capitais na direção dos Estados Unidos. É muito difícil brigar com isso. Os dólares que estão sendo movimentados no mundo, quando tem um quadro de crise maior, vão para a qualidade, o que faz com que as moedas fiquem desvalorizadas em relação ao dólar. O que o BC pode fazer em relação a isso? O que está fazendo: gerenciar os riscos, atuar no mercado futuro e eventualmente no mercado à vista. Ajudaria muito se o ministro (da Economia, Paulo) Guedes não desse palpite sobre câmbio todo dia.

Como aumentar investimentos públicos para ajudar no crescimento? O sr. defende mudança no teto de gastos?

O teto de gastos, por si só, já é inviável. Ele será descumprido no ano que vem. Mas o teto de gastos não pode ser descumprido. A emenda 95, que o cria, foi redigida de uma forma que impede que a lei orçamentária seja enviada com descumprimento do teto. Isso nos leva à PEC da emergência fiscal. Ela precisa de correções, burilada pelo Congresso, mas sem ela, sem uma medida correlata, o teto fica inviabilizado. Isso me preocupa porque o governo, que deveria ser o principal preocupado com essa situação, mandou para o Congresso essa PEC e ela não avançou.

Qual o risco maior para a economia? O cenário piorou?

A sensação é que o governo não tem projeto. Não tem um plano estratégico. Para quem não sabe aonde quer ir, todos os ventos são desfavoráveis. Preocupa porque, para gerar crescimento, é preciso de medidas complexas que se complementam. Não tem só uma bala de prata. Agora, no curtíssimo prazo, o prédio ainda está pegando fogo. Como você vai apagar o incêndio? Tem nome e sobrenome: PEC da emergência fiscal. Mas o próprio autor da PEC, o governo federal, não mostra empenho em avançar com isso.


NOTÍCIAS DO DIA 09/03/2020


Agenda do dia: veja o que você precisa saber hoje

https://img-s-msn-com.akamaized.net/tenant/amp/entityid/BB10W74K.img?h=516&w=799&m=6&q=60&o=f&l=f© Foto: Adriano Machado/Reuters


POLÍTICA

- Bolsonaro volta a convocar às manifestações do dia 15

- Regina Duarte denuncia ataques 'de facção'
Na primeira entrevista como nova secretária da Cultura, Regina Duarte afirmou neste domingo (8) ter sido alvo de ataques 'de uma facção'. 'Lamento ter perdido tanto tempo desfazendo intrigas, fake news', afirmou a atriz ao 'Fantástico', da TV Globo, em referência indireta à campanha de difamação orquestrada por Olavo de Carvalho na internet. Duarte ainda concordou com a demissão de Roberto Alvim, seu antecessor no cargo, devido à divulgação de um vídeo com referências ao nazismo: 'Gravíssimo'. (Via Estadão)

ECONOMIA
- Petróleo: preço cai ao menor nível desde a Guerra do Golfo
As cotações do petróleo caíram quase 30% nesta segunda-feira (9) e registraram o menor nível desde a Guerra do Golfo em 1991, depois que a Arábia Saudita provocou uma guerra de preços com grandes descontos em seu produto. Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), liderada pela Arábia Saudita, e seus sócios, liderados pela Rússia, não alcançaram um acordo para reduzir a produção e apoiar os preços, em um contexto de queda da demanda provocada pelo coronavírus. (Via AFP)

BRASIL
- MG: lancha explode e deixa 12 feridos

MUNDO
- Brasil assina acordo de cooperação de Defesa com os EUA
No dia seguinte ao jantar entre os presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro, o assessor especial da Presidência, Filipe Martins, anunciou em rede social um acordo com os Estados Unidos para projetos de pesquisa e tecnologia na área da Defesa. Ele afirma que o acordo vai permitir acesso a fundos de investimentos no setor que totalizam 100 bilhões de dólares. Ainda haverá colaboração na troca de informações e em exercícios militares. (Via Poder 360)

- Ronaldinho: MP apura possível lavagem de dinheiro
Preso no Paraguai com passaporte falso, o caso de Ronaldinho Gaúcho começou a tomar outras direções desde a última sexta-feira (6). A pedido da promotoria, o Ministério Público apura uma possível conexão do caso com lavagem de dinheiro. O advogado do ex-jogador, Sergio Queroz, afirma que a detenção é ilegal. (Via Estadão)
CORONAVÍRUS
- Casos de Covid-19 sobem para 25 no Brasil
O Ministério da Saúde atualizou neste domingo (8) o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no Brasil: 25. Há 16 casos em São Paulo, 3 no Rio de Janeiro, 2 na Bahia e 1 em Alagoas, Espírito Santo, Distrito Federal e Minas Gerais. Ainda há 663 casos suspeitos, sendo 632 já descartados. O caso do DF é o mais grave. (Via Estadão)


O mundo "simplesmente não está preparado" para enfrentar a epidemia de coronavírus, afirmou nesta terça-feira o especialista que comandou a missão conjunta Organização Mundial da Saúde - China. O vírus contaminou 77 mil pessoas na China, das quais 2.600 morreram. Além desse país asiático, outras nações registraram cerca de 2.500 casos e dezenas de mortos.
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O deputado capixaba Felipe Rigoni (PSB-ES) declara-se liberal na economia, mas progressista nas políticas sociais
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ESPORTES
- Botafogo vence e aumenta má fase do São Paulo
Depois de perder na estreia da Libertadores na última quarta-feira, o São Paulo levou seu time reserva a Ribeirão Preto e viu a má fase aumentar. O time de Fernando Diniz foi derrotado pelo Botafogo neste domingo (8) por 1 a 0 pelo Campeonato Paulista. A vitória foi apenas a segunda do time do interior, lanterna do torneio até o início da rodada. O São Paulo volta a campo na próxima quarta (11), quando recebe a LDU em novo jogo pela Libertadores. (Via ESPN)
- Juventus vence Inter de Milão e retoma liderança
No milésimo jogo profissional de Cristiano Ronaldo, a Juventus derrotou a Inter de Milão por 2 a 0 neste domingo (8), no Allianz Stadium em Turim. Com gols de Ramsey e Dybala, a Juve voltou à liderança do Campeonato Italiano em sua 26ª rodada. A Inter fica em terceiro lugar, com a Lazio na vice-liderança. (Via ESPN)

GOVERNO LULA ESCOLHEU SEU INIMIGO NÚMERO UM AS BIG TECHS

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