quarta-feira, 11 de setembro de 2019

TRUMP DEMITE O SEU ASSESSOR DE SEGURANÇA


Quem é John Bolton, assessor de segurança nacional demitido por Trump
 

         © AFP/Getty Images Bolton foi a primeira autoridade do governo americano a apertar as mãos de Bolsonaro


Um dos principais nomes do governo de Donald Trump foi demitido nesta terça-feira (10/9).
John Bolton, conselheiro nacional de segurança do presidente dos EUA, deixará o governo em meio a relatos de discordância em torno de um plano (já cancelado) de convidar o grupo radical afegão Talebã para um encontro em solo americano.
A demissão do membro do círculo de conselheiros próximos foi anunciada pelo próprio Trump pelo Twitter. "Informei a John Bolton na noite passada que seus serviços não são mais necessários na Casa Branca. Eu discordei veementemente de muitas de suas sugestões, assim como outros no governo, e portanto pedi sua renúncia, que ele me concedeu nesta manhã. Agradeço muito por seu trabalho. Nomearei um novo conselheiro de segurança nacional na semana que vem", afirmou o presidente americano.
Bolton se opunha a negociações de paz com o Talebã, grupo convidado por Trump para dialogar. O plano, abandonado no último final de semana, foi alvo de críticas sobretudo por causa do timing: a proximidade com o aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001, realizados pela Al-Qaeda, organização extremista que o Talebã permitiu operar no Afeganistão.
Bolton foi o terceiro conselheiro de Trump na função, depois de Michael Flynn e HR McMaster.
Um ex-funcionário sênior do governo disse à BBC, em condição de anonimato, que Bolton "operava separadamente em relação à Casa Branca", sem comparecer a reuniões.
Segundo a publicação Foreign Policy, Bolton se opunha à visita do Talebã também porque receber um grupo considerado radical "abriria um terrível precedente", em sua opinião.
Isso alimentou uma já crescente discordância com o secretário de Estado, Mike Pompeo, que defendia a reunião com o grupo afegão.
"Se você vai negociar a paz, tem muitas vezes de lidar com agentes do mal", defendeu Pompeo em entrevista à rede ABC.
Bolton também chegou a ser embaixador temporário dos EUA nas Nações Unidas (abandonou o posto quando percebeu que não teria sua nomeação ratificada pelo Senado americano) e ocupou cargos nos últimos três governos conduzidos por políticos republicanos, desde a gestão de Ronald Reagan (1981-1989).
A maioria dos postos foi nos departamentos de Justiça e de Estado (este último, o equivalente americano ao Ministério das Relações Exteriores).
É um árduo defensor do direito ao porte de armas por cidadãos comuns - Bolton é ligado à NRA (Associação Nacional do Fuzil, principal grupo de lobby pró-armas dos EUA), onde comandou o Subcomitê de Assuntos Internacionais em 2011.
No primeiro semestre de 2018, após assumir o cargo no governo Trump, um vídeo gravado em 2013 veio à tona e ganhou manchetes nos EUA. No filme, patrocinado pela NRA, Bolton pede que a Rússia garanta o porte de armas em sua Constituição, como acontece nos EUA.
"Isso criaria uma parceria entre o governo nacional russo e seus cidadãos, que poderiam proteger melhor mães, crianças e famílias sem comprometer a integridade do Estado russo", afirmou.
Encontro com Bolsonaro
Bolton esteve no Brasil em novembro passado para um encontro com Jair Bolsonaro, na época presidente eleito do Brasil. Foi a primeira autoridade americana com quem Bolsonaro se encontrou, e a portas fechadas.
Pouco antes da visita, Bolton classificou o governo do brasileiro como uma "oportunidade histórica".
"O encontro com o presidente eleito Bolsonaro surgiu como resultado da ligação do presidente Trump na noite das eleições no Brasil para parabenizar o presidente eleito. O telefonema foi realmente excelente. Acho que criou um relacionamento pessoal, mesmo de forma remota. O presidente Trump foi o primeiro líder estrangeiro a telefonar ao presidente eleito Bolsonaro", afirmou.
O então assessor de segurança nacional continuou: "Então, pensamos que seria bom e certamente muito útil para os EUA ouvirem do presidente eleito quais são suas prioridades e o que ele está procurando no relacionamento. Do nosso ponto de vista, vemos isso como uma oportunidade histórica para o Brasil e os Estados Unidos trabalharem juntos em uma série de áreas: economia, segurança e várias outras."
Especula-se sobre a vinda de Donald Trump para a posse de Bolsonaro, mas as chances ainda são remotas© Reuters Especula-se sobre a vinda de Donald Trump para a posse de Bolsonaro, mas as chances ainda são remotas
Militarismo e guerras
Bolton é conhecido especialmente por sua linguagem diplomática heterodoxa: já defendeu o "fim da Coreia do Norte" e foi chamado pelo país, em resposta, de "sanguessuga", e teceu críticas à ONU.
"O prédio do Secretariado (da ONU) em Nova York tem 38 andares. Se perdesse 10, não faria diferença alguma. As Nações Unidas são uma das organizações intergovernamentais mais ineficientes em atividade (...) Não existe isso de Nações Unidas", declarou em 1994, na que seria por anos sua frase mais conhecida.
Mais tarde, em 1º de novembro do ano passado, outra frase ganhou protagonismo.
"A 'troika da tirania', esse triângulo de terror que se estende de Havana (Cuba), a Caracas (Venezuela) e a Manágua (Nicarágua), é a causa do imenso sofrimento humano, motivo de enorme instabilidade regional e a origem de um sórdido berço do comunismo no hemisfério ocidental", afirmou Bolton em discurso em Miami.
"Os Estados Unidos estão ansiosos para ver cada vértice deste triângulo cair. A troika vai desmoronar."
Os comentários mostravam a sintonia entre o emissário do governo americano e o presidente brasileiro – que disse durante a campanha que a ONU "não serve para nada" e constantemente critica os governos de esquerda dos países vizinhos latino-americanos, a quem classifica como "ditaduras corruptas e assassinas".
Bolton foi um dos principais articuladores da invasão americana no Iraque, durante o governo de George W. Bush, sob o argumento de que o então regime de Saddan Hussein mantinha um programa secreto de armas de destruição em massa.
Em 2005, porém, dois anos após o ataque, um relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) desmentiu a informação.
O Irã também esteve entre os alvos preferidos do então assessor de Trump, que defendeu bombardeios americanos contra o país árabe em 2008 e em 2015, enquanto o então presidente Barack Obama costurava um acordo de paz entre os dois países – desfeito neste ano por Trump.
Durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Bolton ameaçou o governo do aiatolá Ali Khamenei sobre "sérias consequências" caso o país desafiasse os EUA - aspas descritas como as mais agressivas da diplomacia americana contra o Irã "em décadas".
A postura diplomática de Bolton fica clara em seu livro de memórias, publicado em 2007.
Em Surrender is nota an option (A redenção não é uma opção, em tradução livre), ele defende que organizações multilaterais como a ONU vão além de reger relações entre países e interferem na soberania nacional.
Ativistas de esquerda "incapazes de vencer uma luta justa dentro do sistema de governo representativo agora buscam fóruns internacionais para discutir suas posições", diz a publicação.


terça-feira, 10 de setembro de 2019

O PRIMEIRO-MINISTRO DO REINO UNIDO PRETENDE DIVORCIAR DA UNIÃO EUROPEIA EM OUTUBRO


Parlamentares britânicos rejeitam pedido de Johnson para realizar eleições antecipadas

Por William James e Kylie MacLellan 




                                                                            © Reuters/REUTERS TV .

LONDRES (Reuters) - O Parlamento britânico rejeitou nesta terça-feira o pedido do primeiro-ministro, Boris Johnson, para a realização de uma eleição parlamentar nacional.

Para convocar uma eleição, o governo precisava de 434 votos --dois terços dos 650 parlamentares da câmara baixa. Já na madrugada de terça-feira (horário local), apenas 293 apoiaram a proposta do governo.
Após os parlamentares rejeitaram pela segunda vez sua tentativa de realizar uma eleição antecipada, Johnson prometeu garantir um acordo de divórcio com a União Europeia em uma cúpula crucial em outubro.
Johnson queria realizar uma eleição em meados de outubro, antes da cúpula da União Europeia em 17 de outubro e antes da data prevista para o país deixar o bloco, 31 de outubro.
"Este governo continuará negociando um acordo, enquanto se prepara para sair sem um", disse Johnson ao Parlamento.
"Eu irei a essa cúpula crucial em 17 de outubro e não importa quantos dispositivos este Parlamento invente para amarrar minhas mãos, eu me esforçarei para conseguir um acordo no interesse nacional.
"Este governo não adiará mais o Brexit."
ÚNICA OPÇÃO
Antes da votação, Johnson disse que uma eleição seria a única maneira de romper o impasse em relação ao Brexit.
“Senhor presidente da Câmara, estou reapresentando uma moção para uma eleição geral antecipada, eu não a quero, esperava que esta medida não fosse necessária”, disse.
“Mesmo assim, aceito a realidade de que uma eleição é a única maneira de romper o impasse na Câmara (dos Comuns) e servir ao interesse nacional ao conceder a quem quer que seja o primeiro-ministro o mais forte mandato possível para negociar pelo nosso país no conselho europeu do mês que vem.”
Mas o líder do Partido Trabalhista, de oposição, Jeremy Corbyn, disse que o partido não votará a favor de uma eleição até que a possibilidade de um Brexit sem acordo ao fim de outubro seja descartada.
“Até que... o Brexit sem acordo seja descartado... não votaremos para apoiar a dissolução desta Casa e por uma eleição geral”, disse Corbyn ao Parlamento.
“Estamos ansiosos por uma eleição. Mas, por mais que estejamos, não estamos preparados para arriscar infligir o desastre de um não-acordo a nossas comunidades.”

ACORDOS COMERCIAIS SÃO NECESSÁRIOS AOS PAÍSES


Brasil e Paraguai anunciam negociação de acordo automotivo

Agência Brasil








O ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Antonio Rivas Palacios e o ministro Ernesto Araújo, no palácio do Itamaraty

O Brasil e o Paraguai anunciaram nesta sgeunda-feira (9), em Brasília, o início das negociações de um acordo bilateral automotivo. A informação foi dada pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, após reunião com o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Antonio Rivas Palacios, que chegou ao Brasil acompanhado de uma delegação de funcionários do governo do país vizinho.
Para Ernesto Araújo, os dois países "vivem momento de grande convergência de políticas e de visão do mundo”. “Estamos em momento ideal para colocar em prática uma política estratégica para Brasil e Paraguai”, afirmou o chanceler paraguaio.
Os ministros ressaltaram que um dos marcos do bom relacionamento entre os dois países é a construção de três pontes entre Brasil e Paraguai. As obras, de acordo com Ernesto Araújo, vão “aumentar dramaticamente a conectividade a competitividade das regiões beneficiadas” pelos projetos.
Para Antonio Palacios, a construção das pontes é importante porque significa que os dois países saíram do discurso para a prática. Ele citou especificamente o caso da ponte a ser construída pelo lado paraguaio da Itaipu Binacional. Essa ponte, a ser construída entre o município sul-mato-grossense de Porto Murtinho e a cidade paraguaia de Carmelo Peralta, vai servir de base para o corredor rodoviário bioceânico que irá unir o litoral brasileiro à costa chilena. A via passará pelo Centro-Oeste do Brasil e posteriormente pelo Chaco paraguaio; daí, o corredor segue pelo noroeste argentino antes de chegar ao Chile.
Venezuela
Os dois ministros mostraram preocupação com a situação da Venezuela. Para Antonio Palacios, a América do Sul vive um momento delicado devido ao êxodo de venezuelanos em direção a outros países. “Mais de 4 milhões de pessoas saíram do país em direção ao Brasil, Colômbia, Equador e Peru. Temos de solucionar isso com a democracia”, disse.
Segundo Ernesto Araújo, “Brasil e Paraguai estão empenhados em tudo fazer para ajudar a Venezuela a recuperar a sua democracia”.
Em meio ao crescente protecionismo pelo mundo, acordos de livre comércio entre blocos como o da União Europeia com o Mercado Comum do Sul (Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) garantem acesso a mercados, avaliou a economista franco-britânica Emily Rees, ex-adida da França no Brasil, no 7º Fórum de Agricultura da América do Sul - Da Produção ao Mercado – Global e Sustentável.
O acordo entre União Europeia e Mercosul foi fechado em junho.“Em um mundo com protecionismo crescente, tem que buscar esses contratos de comércio entre os blocos. Isso assegura o acesso, a abertura de mercados que estão se fechando”, disse.
Para Emily Rees, o acordo de livre comércio dará impulso ao comércio exterior. Entretanto, ela destacou também as negociações, já avançadas, do Mercosul com Canadá, Cingapura e Coreia do Norte, além das expectativas de negociação com o Japão. A economista considera  “um avanço” a conclusão das negociações de acordo de livre comércio entre o Mercosul e o EFTA, bloco de países europeus formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Emily Rees lembrou que a União Europeia e o Mercosul representam 25% do Produto Interno Bruto (PIB) global. “São 773 milhões de pessoas com variedade de demandas e de produtos”, ressaltou. Outro aspecto destacado pela economista é que a União Europeia é um “mercado qualificador”. “O produto exportado para o Mercosul ‘ganha um selo de qualidade’ para exportar para o mundo inteiro, ou seja, abre outros mercados”, ressaltou.
A representante da Conselho Agropecuário da América do Sul (CAS), formado pelos ministros de Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Maria Noel Ackerman, afirmou que a União Europeia é um parceiro comercial estratégico. “A União Europeia é um dos principais demandantes de produtos de bens de base agrária – 18% das vendas de bens base agrária do Mercosul vão a esse destino. Há alto grau de complementariedade entre as regiões”.
O moderador do painel, coordenador-geral de Acesso a Mercados da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Gustavo Cupertino Domingues, destacou que o acordo vai ajudar a diversificar a pauta de exportações brasileiras, mas ponderou que deve estimular também as importações. “O acordo vai abrir uma frente muito importante de comércio, mas vai crescer muito em importação também”, disse.
Guerra comercial
Ainda na apresentação do painel, Emily Rees, destacou que o protecionismo no mundo está crescente e vai além da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
“95% do comércio internacional ocorre entre outros países [sem a participação de Estados Unidos e China]. Em 2018, três quartos das novas barreiras e distorções não tinha nada a ver com a guerra comercial”, disse no painel com o tema União Europeia e Mercosul – Produção sul-americana conectada com a Europa.
No fórum, que começou nessa quinta-feira (5), especialistas debateram sobre a guerra comercial e destacaram que ganhos do Brasil com ela são temporários, a exemplo do aumento das exportações da soja.
Para encontrar soluções para os conflitos comerciais, o diretor da Divisão Agrícola e de Commodities da Organização Mundial do Comércio (OMC), Edwini Kessie, defendeu nessa quinta-feira (5) a necessidade do fortalecimento da Organização, passando por sua reformulação. “Precisamos nos reinventar de uma forma mais pró-ativa, países estão assinando acordos bilaterais devido à frustração que eles têm com a OMC”, afirmou. Para Kessie, essa reformulação é essencial para que os sistemas multilaterais sejam mais efetivos.


AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...