Brasil e Paraguai anunciam negociação de acordo
automotivo
Agência Brasil
O ministro das
Relações Exteriores do Paraguai, Antonio Rivas Palacios e o ministro Ernesto
Araújo, no palácio do Itamaraty
O Brasil e o
Paraguai anunciaram nesta sgeunda-feira (9), em Brasília, o início das
negociações de um acordo bilateral automotivo. A informação foi dada pelo
chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, após reunião com o ministro das Relações
Exteriores do Paraguai, Antonio Rivas Palacios, que chegou ao Brasil
acompanhado de uma delegação de funcionários do governo do país vizinho.
Para Ernesto
Araújo, os dois países "vivem momento de grande convergência de políticas
e de visão do mundo”. “Estamos em momento ideal para colocar em prática
uma política estratégica para Brasil e Paraguai”, afirmou o chanceler
paraguaio.
Os ministros
ressaltaram que um dos marcos do bom relacionamento entre os dois países é a
construção de três pontes entre Brasil e Paraguai. As obras, de acordo com
Ernesto Araújo, vão “aumentar dramaticamente a conectividade a competitividade
das regiões beneficiadas” pelos projetos.
Para Antonio
Palacios, a construção das pontes é importante porque significa que
os dois países saíram do discurso para a prática. Ele citou especificamente o
caso da ponte a ser construída pelo lado paraguaio da Itaipu Binacional. Essa
ponte, a ser construída entre o município sul-mato-grossense de Porto Murtinho
e a cidade paraguaia de Carmelo Peralta, vai servir de base para o corredor
rodoviário bioceânico que irá unir o litoral brasileiro à costa chilena. A via
passará pelo Centro-Oeste do Brasil e posteriormente pelo Chaco paraguaio;
daí, o corredor segue pelo noroeste argentino antes de chegar ao Chile.
Venezuela
Os dois ministros
mostraram preocupação com a situação da Venezuela. Para Antonio Palacios, a
América do Sul vive um momento delicado devido ao êxodo
de venezuelanos em direção a outros países. “Mais de 4 milhões de
pessoas saíram do país em direção ao Brasil, Colômbia, Equador e Peru. Temos de
solucionar isso com a democracia”, disse.
Segundo Ernesto
Araújo, “Brasil e Paraguai estão empenhados em tudo fazer para ajudar a
Venezuela a recuperar a sua democracia”.
Em meio ao crescente
protecionismo pelo mundo, acordos de livre comércio entre blocos como o da
União Europeia com o Mercado Comum do Sul (Mercosul, formado por Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai) garantem acesso a mercados, avaliou a economista
franco-britânica Emily Rees, ex-adida da França no Brasil, no 7º Fórum de
Agricultura da América do Sul - Da Produção ao Mercado – Global e
Sustentável.
O acordo
entre União Europeia e Mercosul foi fechado em junho.“Em um mundo com
protecionismo crescente, tem que buscar esses contratos de comércio entre os
blocos. Isso assegura o acesso, a abertura de mercados que estão se fechando”,
disse.
Para Emily Rees, o
acordo de livre comércio dará impulso ao comércio exterior. Entretanto, ela
destacou também as negociações, já avançadas, do Mercosul com Canadá, Cingapura
e Coreia do Norte, além das expectativas de negociação com o Japão. A
economista considera “um avanço” a conclusão das negociações de acordo de
livre comércio entre o Mercosul e o EFTA, bloco de países europeus formado
por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Emily Rees lembrou
que a União Europeia e o Mercosul representam 25% do Produto Interno Bruto
(PIB) global. “São 773 milhões de pessoas com variedade de demandas e de
produtos”, ressaltou. Outro aspecto destacado pela economista é que a União
Europeia é um “mercado qualificador”. “O produto exportado para o Mercosul
‘ganha um selo de qualidade’ para exportar para o mundo inteiro, ou seja, abre
outros mercados”, ressaltou.
A representante da
Conselho Agropecuário da América do Sul (CAS), formado pelos ministros de
Agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, Maria
Noel Ackerman, afirmou que a União Europeia é um parceiro comercial
estratégico. “A União Europeia é um dos principais demandantes de produtos de
bens de base agrária – 18% das vendas de bens base agrária do Mercosul vão a
esse destino. Há alto grau de complementariedade entre as regiões”.
O moderador do
painel, coordenador-geral de Acesso a Mercados da Secretaria de Comércio e
Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Gustavo Cupertino
Domingues, destacou que o acordo vai ajudar a diversificar a pauta de
exportações brasileiras, mas ponderou que deve estimular também as importações.
“O acordo vai abrir uma frente muito importante de comércio, mas vai crescer
muito em importação também”, disse.
Guerra comercial
Ainda na
apresentação do painel, Emily Rees, destacou que o protecionismo no mundo está
crescente e vai além da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.
“95% do comércio
internacional ocorre entre outros países [sem a participação de Estados Unidos
e China]. Em 2018, três quartos das novas barreiras e distorções não tinha nada
a ver com a guerra comercial”, disse no painel com o tema União Europeia e
Mercosul – Produção sul-americana conectada com a Europa.
No fórum, que
começou nessa quinta-feira (5), especialistas debateram sobre a guerra
comercial e destacaram que ganhos do Brasil com ela são
temporários, a exemplo do aumento das exportações da soja.
Para encontrar
soluções para os conflitos comerciais, o diretor da Divisão Agrícola e de
Commodities da Organização Mundial do Comércio (OMC), Edwini Kessie, defendeu
nessa quinta-feira (5) a necessidade do fortalecimento da Organização, passando
por sua reformulação. “Precisamos nos reinventar de uma forma mais pró-ativa,
países estão assinando acordos bilaterais devido à frustração que eles têm com
a OMC”, afirmou. Para Kessie, essa reformulação é essencial para que os
sistemas multilaterais sejam mais efetivos.

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