segunda-feira, 15 de julho de 2019

O MAIOR ICEBERG DO MUNDO ESTÁ SE MOVIMENTANDO


Para onde vai o A68, o maior iceberg do mundo, que se desprendeu da Antártica?


© Mario Tama/Getty Images O iceberg A68 tem quatro vezes o tamanho de Londres
Faz dois anos que um bloco monstruoso de gelo conhecido como A68 se desprendeu da Antártica.
Imagens de satélite mostram que o iceberg – o maior do mundo – girou nas água do Mar de Weddell e agora está se movendo para o norte ao longo de uma península da Antártica.
Por um tempo, pareceu que a massa de água congelada de 160 km de comprimento tinha ficado presa em uma área onde o mar é mais raso. O A68 corria o risco de se tornar a maior ilha de gelo do mundo.
Mas o iceberg voltou a se movimentar – e aumentou sua velocidade.
"Para um objeto que pesa cerca de um trilhão de toneladas, o iceberg A68 parece ser um tanto quanto ágil", diz o professor de geologia Adrian Luckman, glaciologista da Universidade de Swansea, no Reino Unido.


© BBC

"Depois de um ano ficando próximo ao bloco de gelo do qual se desprendeu, em meados de 2018 o A68 foi atingido pela Weddell Gyre, uma corrente oceânica que o girou em 270 graus e o carregou 250km ao norte", diz Luckman à BBC News.
"O iceberg tem 160km de comprimento e apenas 200 metros de grossura – proporção equivalente à de um cartão de crédito – então é surpreendente que ele tenha sofrido tão pouco dano em sua viagem até agora."
O A68 se desprendeu da beirada da plataforma de gelo conhecida como Larsen C em julho de 2017. Luckman faz parte do projeto Midas, que acompanha o Larsen C, e também tem seguido o progresso do A68 desde então, usando os satélites europeus Sentinel-1.
Os dois satélites Sentinel-1 passam sobre a região onde está o iceberg de pouco em pouco tempo. Eles são equipados com sensores de radar que conseguem ver a superfície da Terra independentemente das condições do tempo ou de iluminação. No momento, a Antártica está em meio à escuridão do inverno.

© British Antarctic Survey A pesquisadora Ella Gilbert foi a primeira cientista a filmar o A68

Embora o A68 tenha em geral se mantido inteiro, ele perdeu alguns pedaços consideráveis de gelo. Uma parte caiu logo depois do iceberg se desprender – um pedaço grande o suficiente para receber sua própria designação: A68b.
Com cerca de 13km por 5km, o bloco "filho" está agora a cerca de 110km ao norte da península.
Como a maioria dos icebergs do Mar de Weddell, o A68 e o A68b vão eventualmente ser jogados na Corrente Circumpolar Antártica, que vai jogá-los no Atlântico Sul, em um caminho que ficou conhecido como "iceberg alley" (passagem do iceberg).


© BAS/P.BUCKTROUT Muitos icebergs acabam indo parar na costa da ilha de Georgia do Sul

Essa corrente – e seus ventos – é a mesma que o famoso explorador Ernest Shackleton usou em 1916 para escapar da Antártica depois de perder seu navio no gelo polar. Shackleton mirava a ilha de Geórgia do Sul, bem a leste da costa da Argentina.

Nessa ilha é possível ver enormes icebergs tabulares parados na costa. Como eles tem uma profundidade muito maior do que aparenta a parte que está na superfície, eles tendem a ficar presos no leito próximo a ilha, que é um território britânico.
Quem acompanha o A68 se pergunta: será esse seu destino, ancorar da Geórgia do Sul e derreter no seu "cemitério de icebergs"?

sábado, 13 de julho de 2019

VERBAS PROMETIDAS PARA OS PARLAMENTARES DURANTE A VOTAÇÃO DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA SÓ SAIRÁ NO ANO QUE VEM


Sem dinheiro, governo deve liberar emendas prometidas só em um ano

Estadão Conteúdo 




                                                                                                                                                                                                     © Adriano Machado/Reuters Orçamento: Ministério da Economia já está sob “forte estresse”, devido ao bloqueio de R$ 30 bilhões em vigor e ao próximo contingenciamento

O Palácio do Planalto garantiu, nas negociações da reforma da Previdência na Câmara, um crédito suplementar para irrigar recursos para obras de interesse dos deputados. A falta de dinheiro no Orçamento, no entanto, vai dificultar o cumprimento da promessa dos articuladores políticos do presidente Jair Bolsonaro.
Um técnico experiente da Secretaria de Orçamento informou, sob condição de anonimato, que não há reserva suficiente para cobrir a promessa. O prazo estimado para o atendimento das demandas dos parlamentares é calculado entre um ano e um ano e meio.
O estado apurou que o governo prometeu liberar R$ 40 milhões em emendas e recursos extraorçamentários, ainda neste ano, para os líderes das bancadas que votassem a favor das mudanças na aposentadoria. Também foram prometidos R$ 20 milhões a cada parlamentar que se posicionasse favoravelmente à reforma. O pacote incluiu até os novatos, que não teriam direito a emendas orçamentárias.
No entanto, fontes do Ministério da Economia revelaram que o Orçamento está sob “forte estresse” devido ao bloqueio de R$ 30 bilhões que já está em vigor e ao próximo contingenciamento, que deve ser anunciado no fim do mês.
Os ministérios terão até de preparar “planos de contingência” para enfrentarem o risco de recursos básicos para o seu funcionamento acabarem antes do final do ano. Algumas ações dos ministérios poderão ser desativadas para evitar um “apagão” de serviços em áreas de serviços essenciais.
Numa clara sinalização do quadro de extrema dificuldade, a equipe econômica anunciou nesta sexta-feira, 12, uma queda da previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, que aponta um agravamento da crise das contas públicas. A estimativa caiu de 1,6% para próximo de 0,8%, o mesmo projetado pelo Banco Central e o mercado financeiro.
Não é muito comum a equipe econômica anunciar os parâmetros de indicadores usados no relatório bimestral de receitas e despesas antes do prazo. O prazo para o envio ao Congresso do próximo relatório é somente no dia 22 de julho. Mas esse será uma praxe daqui para frente da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O crescimento menor vai derrubar as receitas previstas até o final do ano e deve exigir um novo contingenciamento de despesas até o final do ano.
O ingresso de R$ 2,5 bilhões de devolução de dinheiro da corrupção retomada pela Lava Jato vai dar um alívio. Também será cancelada boa parte da despesa prevista de R$ 2,7 bilhões para o pagamento do subsídio do diesel, que não foi feito. Mas o governo não poderá cancelar todo o valor porque ainda há demandas na justiça de distribuidoras cobrando o pagamento.
Para fazer valer um projeto de um crédito suplementar, o governo terá de cortar despesas dos ministérios, de tal forma que o efeito fiscal seja nulo. Ou seja, sem aumento efetivo do volume global de gastos.
O problema, aponta um integrante da equipe econômica, é que o grau de liberdade para esse tipo de procedimento é muito baixo, principalmente porque mais da metade da reserva de contingência do Orçamento foi gasta em maio passado para evitar um bloqueio maior de despesas. Além disso, cortar despesas de outros ministérios para acomodar a demandas dos deputados fará muitos deles “morrerem” por falta de recursos antes de setembro.
A decisão sobre o cancelamento de despesas para acomodar o crédito suplementar aos parlamentares caberá aos ministérios setoriais, e não ao ministério da Economia. Depois de aprovado o projeto, a mesma portaria autorizando o crédito tem de mostrar o cancelamento de outros despesas para o atendimento da Lei Orçamentária.
Saúde
Na semana em que trabalhava para garantir a aprovação da reforma da Previdência, o governo federal liberou R$ 1,6 bilhão em emendas parlamentares na área de saúde. Na quarta-feira, 10, dia da votação da reforma da proposta na Câmara, foram liberados R$ 480 milhões.
Emendas parlamentares são recursos previstos no Orçamento da União cujas aplicações são indicadas por deputados e senadores. O dinheiro tem de ser empregado em projetos e obras nos Estados e municípios. Com a aprovação do Orçamento impositivo, o governo passou a ser obrigado a liberar todo ano a verba prevista para as emendas. No entanto, o Palácio do Planalto pode decidir como fará a distribuição ao longo dos meses.
Na terça-feira, 9, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconheceu ao site Jota que a liberação de emendas era um esforço pró-reforma. As portarias autorizam o repasse, a municípios, de recursos que foram incluídos no Orçamento da União por meio de emendas parlamentares.

BOLSONARO É ACUSADO DE NEPOTISMO


Calero acusa presidente de nepotismo por sinalizar que Eduardo assumirá embaixada

Estadão Conteúdo






Calero afirmou ainda que Eduardo Bolsonaro é um político sem consolidada experiência diplomática

O deputado Marcelo Calero (Cidadania-RJ) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro irá praticar nepotismo se ele realmente indicar o seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para assumir a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos. Ele disse também que a questão vai contra as promessas de campanha do presidente.

"Ele Eduardo integra uma família que ganhou atenção do País e do eleitorado justamente por ter um discurso de retidão, rechaço aos malfeitos e da valorização da meritocracia. A indicação representa uma aliança espúria com o nepotismo e é um desprestígio instantâneo para a carreira diplomática", disse em discurso no plenário da Câmara.

Calero, que é o único diplomata na Casa, afirmou também que a hierarquia do Itamaraty não pode ser quebrada "por um capricho do presidente". "Por mais competente que o deputado Eduardo seja, trata-se de nepotismo e temos que chamar as coisas como elas são", disse.

"É um dos postos mais relevantes da nossa rede de representações no exterior. ... Os diplomatas dedicam uma vida inteira de estudo e trabalho, com muito suor e dedicação para que o servidor tenha os atributos de excelência necessários para a representação diplomática. A indicação de políticos e aliados raramente ocupou lugar de dignidade na história da diplomacia", disse.

Calero afirmou ainda que Eduardo Bolsonaro é um político sem consolidada experiência diplomática. "Imagina se o filho do presidente fosse designado a chefiar um batalhão porque tem apreço aos temas de Defesa ou a comandar um navio porque gosta do mar. É isso que o senhor está propondo ao sugerir a indicação do seu filho para comandar a embaixada brasileira de Washington", afirmou.

O deputado, no entanto, elogiou os esforços políticos que Eduardo tem desempenhado em relação à política externa. "Isso é saudável e desejável", disse.

Calero contou que apresentou um projeto de lei e uma proposta de emenda à Constituição para impedir que pessoas de fora da carreira diplomática possam assumir o comando das embaixadas brasileiras e pediu apoio dos colegas para aprovar as propostas.