terça-feira, 18 de junho de 2019

COLUNA ESPLANADA DO DIA 18/06/2019


O bom aluno

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini




O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, de apenas 37 anos, é cria da escola Daniel Dantas, do Banco Opportunity - por onde já passou -, e em especial de André Esteves, dono do BTG Pactual. Até ontem, ele era funcionário-sócio de Esteves, que tem ótima relação com o presidente da República, Jair Bolsonaro. Como deputado, Bolsonaro já fez palestras para os funcionários do BTG no Rio e em São Paulo, a pedido do amigo banqueiro – e, na plateia, lá estava o atento Montezano.
Versões
Um livro de Geografia da plataforma Eleva, para a 7ª série, causa a ira discreta de civis e militares do atual governo. Elogia Lula e cita que Dilma Rousseff sofreu golpe.

Cidadania 1
A Secretaria Nacional do Idoso, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos (MDH), entregou o Programa Vida Ativa e Envelhecimento Saudável para 35 municípios.
Cidadania 2
Os imigrantes venezuelanos acolhidos no Brasil vão receber a partir de hoje um guia, em língua espanhola, de deveres e direitos, organizado pelo MDH e pela ONU.
Sem impressão
Amparado na decisão do Supremo Tribunal Federal pela desobrigação do voto impresso, a despeito da lei, o Tribunal Superior Eleitoral não vai instalar impressoras nas urnas para a eleição municipal de 2020, segundo informou à Coluna. A necessidade do voto impresso foi uma das gritas do então candidato a presidente Jair Bolsonaro.
Alertinha básico
A direção do Whatsapp ficou tão preocupada com o escândalo dos vazamentos do Telegram no Brasil que passou a enviar mais notificações e alertas aos celulares de usuários sobre login em outros dispositivos.

Memória
O senador Fernando Collor marejou os olhos, há dias, ao receber uma foto do pai, então senador Arnon de Mello, de 1939, em jantar de homenagem na Embaixada do Brasil em Lisboa. Foi arrematada num leilão pelo presidente do Patriota-DF, Paulo Fernando Melo, que presenteou o senador e dele recebeu um cartão de agradecimento.

Jaleco & Justiça
A 2ª Vara Criminal do Rio de Janeiro adiou o julgamento do ex-presidente do Conselho Federal de Enfermagem Gilberto Linhares, acusado de duplo homicídio qualificado. Ele já foi preso pela PF, suspeito de desvios de verbas do Cofen, e é réu na ação como suposto mandante do assassinato do casal Marcos e Edma Valadão, então diretores do conselho estadual no Rio. Hoje, Linhares vive em Sergipe.

Tendler escreve
O cineasta Silvio Tendler escreve sua biografia para comemorar seus 70 anos de vida e 51 de carreira. O livro contará com fotos e depoimentos do autor de 75 filmes. Ele vai lançar em breve o documentário ‘Nas Asas da Panam’.

Voo alto
Os setores de drone e geotecnologia movimentam juntos R$ 1,5 bilhão no mundo, com a geração de mais de 100 mil empregos. O Brasil possui mais de 100 mil aparelhos (35% para uso profissional) - 70 mil deles cadastrados na Anac. De 25 a 27 deste mês, a ‘DroneShow’ terá 52 expositores e 200 palestrantes no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

Digitai$
O Banco de Brasília (BRB) vai lançar um banco digital ainda neste ano, revelou o presidente, Paulo Henrique Costa, no programa ‘Ponto e Vírgula’, da Rádio JK FM. Num momento de economia estagnada no país, o novo concurso da instituição virou chamariz. Até sexta passada, foram 36 mil inscritos.
Esplanada
# Sueli Voltarelli, que comandou com sucesso o CCBB paulista, voltou ao Rio como gerente-geral da filial carioca do Centro Cultural.
# A Embaixada do Brasil em Londres promoveu o “Festival Nelson Rodrigues”, idealizado pelo neto Sacha Rodrigues, com direção de Ramiro Silveira e apoio da Fundação Cesgranrio.
Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste

MÉTODO DE DEMISSÕES DO BOLSONARO DESAGRADA ALIADOS


Método de 'fritura' de Bolsonaro causa constrangimento no governo e no mercado

Grasielle Castro

                                                                                                 



                                                                                                                                                                                                       © EVARISTO SA via Getty Images À imprensa, Bolsonaro ameaçou Levy de demissão sem pedir o aval de Paulo Guedes. 

Três dias separaram as demissões do general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, na última quinta (13) e de Joaquim Levy, da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico), no domingo (16). Nos dois casos - assim como na demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria Geral em fevereiro -, a “fritura” - exposição pública do funcionário - foi o método adotado pelo presidente Jair Bolsonaro para consolidar sua decisão.
No caso de Levy, ele pediu demissão após sofrer ataques públicos de Bolsonaro, o que causou constrangimento no governo e no mercado. Há nos dois setores críticas à maneira como o mandatário tem lidado nos seus primeiros meses de governo com questões delicadas da administração pública.
O método passou, inclusive, a ser considerado um entrave para futuros candidatos ao governo. Antes que Gustavo Montezano fosse anunciado para suceder Levy nesta segunda-feira (17), pelo menos um dos cotados para o cargo se queixou do possível mal-estar, segundo políticos e agentes do mercado.
Dessa vez, o desgaste do presidente do BNDES começou no sábado. Bolsonaro se queixou à imprensa de que Levy defendia um petista na diretoria de Mercado de Capitais do banco.
“Eu já estou ‘por aqui’ com o Levy. Falei para ele: ‘Demita esse cara [Marcos Barbosa Pinto] na segunda-feira ou demito você sem passar pelo [ministro da Economia] Paulo Guedes’”, disse.
Logo em seguida, o advogado Marcos Pinto pediu para sair do BNDES. No domingo, foi Levy quem entregou a carta de demissão.
Ainda no sábado, Guedes afirmou entender o presidente. “É natural ele se sentir agredido quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT”, disse. Além de Marcos Pinto, Levy também trabalhou na gestão petista, tendo sido ministro da Fazenda do governo Dilma e secretário do Tesouro no governo Lula.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), reagiu. Afirmou que a demissão de Levy foi “uma covardia sem precedentes”. Para Maia, é uma pena o Brasil ter perdido dois quadros da qualidade de Levy e Marcos Pinto.
“Levy veio de Washington [onde ocupava cargo de diretor do Banco Mundial] para trabalhar no governo. Está errado [sair assim], não pode tratar as pessoas deste jeito. Se é para demitir, chama e demite. Ninguém é obrigado a ficar com um servidor de confiança se deixou de ser de confiança. Agora tratar da qualidade dos dois desta forma, eu achei muito ruim”, disse.
A demissão acelerou a votação do pedido de convocação para Levy prestar esclarecimentos na CPI do BNDES. Ao HuffPost, a deputada Margarida Salomão (PT-MG), uma das autoras do pedido, considerou a atitude do presidente “uma brutalidade”. “O jeito como ele foi demitido demonstra incapacidade do governo de manter qualquer estabilidade”, afirmou.
No mercado financeiro, também ficou a mesma queixa em relação ao processo de fritura. “O setor já começa a ter noção de que o presidente tem um jeito peculiar de tratar as coisas, que foge da liturgia do Executivo”, diz o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.
O economista, entretanto, ressalta que, neste caso específico, chegou a haver uma tensão infundada de que a decisão pudesse ter interferência do guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho ou dos filhos do presidente. A informação inicial que permaneceu foi a de que o processo de demissão teria ocorrido por ambos terem ligações com gestões petistas.
“Mas foi um processo dentro do banco. Ele [Levy] já não estava bem. Pode ser que o presidente tenha se precipitado, mas não foi algo solitário do presidente. Investidores entenderam com expressão reduzida essa demissão”, analisa o economista. Para ele, a troca tem perspectiva “positiva”.
O sucessor
Gustavo Montezano deixa o cargo de secretário especial adjunto de Desestatização e Desinvestimento do Ministério da Economia para suceder Joaquim Levy no BNDES.
Montezano é engenheiro, mestre em Economia e foi um dos sócios de Paulo Guedes no BTG Pactual, responsável pela divisão de crédito corporativo e estruturados.
Um dos objetivos de Bolsonaro com o BNDES é “abrir a caixa preta” do banco e desvendar empréstimos feitos a países da América Latina e Africa.