terça-feira, 18 de junho de 2019

TRUMP VAI ENFRENTAR A SUA REELEIÇÃO COM NÚMEROS DESANIMADORES



EUA 2020: Trump se lança à reeleição em meio a números desanimadores

*Carlos Gustavo Poggio 







                                                                                                                                                                                                        © Leah Millis/Reuters O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: republicano lançará campanha para a reeleição em 2020

Em março de 1991, o então presidente dos Estados Unidos Bush, recém-saído de uma vitória na Guerra do Golfo, tinha o apoio de quase 80% do eleitorado. Bush era considerado tão imbatível para sua reeleição em 1992 que os Democratas tiveram dificuldade em garantir nomes de peso para suas primárias. Àquela altura, o governador de Nova Iorque Mario Cuomo (pai do atual governador Andrew Cuomo) era considerado favorito para a nomeação pelo partido Democrata. No ano seguinte, Bush perdeu as eleições para o Democrata Bill Clinton.
A eleição de 1992 é apenas um entre tantos outros exemplos para ilustrar como o clima político nos Estados Unidos pode mudar entre hoje e as eleições. Ao lançar oficialmente sua campanha para reeleição na Florida, Trump se vê diante de números pouco auspiciosos.
Praticamente todas as pesquisas mais recentes mostram o Republicano perdendo para quaisquer dos principais candidatos Democratas nas eleições americanas em 2020. Ao contrário de 1991, em 2019 um presidente que jamais atingiu mais de 50% de aprovação serviu como estímulo para que um séquito de candidatos Democratas se apresentasse para ter a chance de enfrenta-lo nas eleições presidenciais. Atualmente, somam 24 os principais rivais, um recorde histórico.
Um outro aspecto importante da eleição de 1992 é que a não-reeleição de Bush foi surpreendente não apenas por causa da sua enorme popularidade 20 meses antes. Desde que a 22ª emenda à constituição dos Estados Unidos – permitindo apenas uma reeleição – foi aprovada em 1947, onze presidentes foram eleitos. Desses, Bush foi apenas o terceiro a não ser reeleito.
Se excluirmos o caso de Gerald Ford em 1976, que assumiu com a renúncia de Nixon em 1975 (e nunca foi efetivamente eleito nem como vice-presidente já que não estava na chapa de 1972), apenas Jimmy Carter e Bush não conseguiram se reeleger. Portanto, se Trump não for bem-sucedido na sua campanha em 2020, irá contrariar uma tendência histórica.
Mais do que George Bush pai, Trump deve estar mirando em George Bush filho. Com a popularidade em queda após ter atingido um recorde histórico de 90% com os atentados de 11 de setembro de 2001, a reeleição de Bush em 2004 era incerta. Todos os presidentes que haviam sido reeleitos desde a segunda metade do século XX, tinham taxas de aprovação bem acima dos 50% em junho do ano da eleição. Clinton em 1996 tinha 58%, Reagan tinha 54% em 1984, e Nixon 56% em 1972.
Aqueles que foram derrotados, por outro lado, estavam bem abaixo desse patamar. Ford, Carter e Bush pai tinham respectivamente 45%, 32% e 37% na mesma altura de suas campanhas. Com 48% de aprovação em junho de 2004, a situação de Bush era incerta. As pesquisas de então mostravam o Democrata John Kerry à frente por 50% a 44%. Quando as urnas foram abertas em novembro de 2004, Bush venceu Kerry por 50,73% a 48,27% e foi reconduzido a um segundo mandato com uma margem de vitória mais robusta do que a obtida na contestada eleição de 2000, quando, assim como Trump, Bush perdeu no voto popular mas levou no Colégio Eleitoral.
Entretanto, ao contrário de Bush e todos os demais presidentes, um aspecto bastante característico da presidência de Trump tem sido a inédita constância com que ele tem permanecido na faixa dos 40-45% de aprovação. O atual mandatário é o único presidente desde que as pesquisas de aprovação presidencial foram estabelecidas nos Estados Unidos na década de 1930 a jamais ter superado os 50% de aprovação. Tirando o recorde de Bush filho em 2001, 4 presidentes em algum momento atingiram entre 70%-80% e 6 atingiram entre 60%-70%. O pico histórico mais baixo registrado desde Roosevelt até Obama foi os 66% de Nixon em janeiro de 1973.
Trump, que costuma tuitar festivamente cada vez que aparece na sua mesa uma pesquisa que lhe dá 50% de aprovação, pode apenas sonhar com números como esse. Nesse sentido, caso o Republicano não consiga melhorar seus índices de aprovação consideravelmente nos próximos 12 meses, lhe restará apenas um único exemplo histórico como inspiração: Harry Truman que, apesar dos 39% de aprovação em junho de 1948, conseguiu uma das mais surpreendentes vitórias da história das eleições americanas, em novembro daquele ano.
Mesmo um dia antes das eleições, as pesquisas mostravam a derrota de Truman para o Republicano Thomas Dewey, e alguns jornais famosamente chegaram a estampar a vitória de Dewey nas suas manchetes.  A foto de Truman sorridente segurando a primeira página do jornal Chicago Tribune na manhã seguinte das eleições onde se lia em letras garrafais “DEWEY DEFEATS TRUMAN” imortalizou a gafe. Trump, é bom lembrar, venceu as eleições de 2016 contra todos os prognósticos.
Tal como a manchete do Chicago Tribune, a estimativa do New York Times no dia das eleições de que Hillary Clinton tinha 85% de chances de vitória serve como uma lembrança de que, ainda que pesquisas sejam importantes, é sempre mais seguro esperar a apuração dos votos.
EUA 2020: Trump se lança à reeleição em meio a números desanimadores

*Carlos Gustavo Poggio

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: republicano lançará campanha para a reeleição em 2020                                                                                                                 © Leah Millis/Reuters O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: republicano lançará campanha para a reeleição em 2020

Em março de 1991, o então presidente dos Estados Unidos Bush, recém-saído de uma vitória na Guerra do Golfo, tinha o apoio de quase 80% do eleitorado. Bush era considerado tão imbatível para sua reeleição em 1992 que os Democratas tiveram dificuldade em garantir nomes de peso para suas primárias. Àquela altura, o governador de Nova Iorque Mario Cuomo (pai do atual governador Andrew Cuomo) era considerado favorito para a nomeação pelo partido Democrata. No ano seguinte, Bush perdeu as eleições para o Democrata Bill Clinton.
A eleição de 1992 é apenas um entre tantos outros exemplos para ilustrar como o clima político nos Estados Unidos pode mudar entre hoje e as eleições. Ao lançar oficialmente sua campanha para reeleição na Florida, Trump se vê diante de números pouco auspiciosos.
Praticamente todas as pesquisas mais recentes mostram o Republicano perdendo para quaisquer dos principais candidatos Democratas nas eleições americanas em 2020. Ao contrário de 1991, em 2019 um presidente que jamais atingiu mais de 50% de aprovação serviu como estímulo para que um séquito de candidatos Democratas se apresentasse para ter a chance de enfrenta-lo nas eleições presidenciais. Atualmente, somam 24 os principais rivais, um recorde histórico.
Um outro aspecto importante da eleição de 1992 é que a não-reeleição de Bush foi surpreendente não apenas por causa da sua enorme popularidade 20 meses antes. Desde que a 22ª emenda à constituição dos Estados Unidos – permitindo apenas uma reeleição – foi aprovada em 1947, onze presidentes foram eleitos. Desses, Bush foi apenas o terceiro a não ser reeleito.
Se excluirmos o caso de Gerald Ford em 1976, que assumiu com a renúncia de Nixon em 1975 (e nunca foi efetivamente eleito nem como vice-presidente já que não estava na chapa de 1972), apenas Jimmy Carter e Bush não conseguiram se reeleger. Portanto, se Trump não for bem-sucedido na sua campanha em 2020, irá contrariar uma tendência histórica.
Mais do que George Bush pai, Trump deve estar mirando em George Bush filho. Com a popularidade em queda após ter atingido um recorde histórico de 90% com os atentados de 11 de setembro de 2001, a reeleição de Bush em 2004 era incerta. Todos os presidentes que haviam sido reeleitos desde a segunda metade do século XX, tinham taxas de aprovação bem acima dos 50% em junho do ano da eleição. Clinton em 1996 tinha 58%, Reagan tinha 54% em 1984, e Nixon 56% em 1972.
Aqueles que foram derrotados, por outro lado, estavam bem abaixo desse patamar. Ford, Carter e Bush pai tinham respectivamente 45%, 32% e 37% na mesma altura de suas campanhas. Com 48% de aprovação em junho de 2004, a situação de Bush era incerta. As pesquisas de então mostravam o Democrata John Kerry à frente por 50% a 44%. Quando as urnas foram abertas em novembro de 2004, Bush venceu Kerry por 50,73% a 48,27% e foi reconduzido a um segundo mandato com uma margem de vitória mais robusta do que a obtida na contestada eleição de 2000, quando, assim como Trump, Bush perdeu no voto popular mas levou no Colégio Eleitoral.
Entretanto, ao contrário de Bush e todos os demais presidentes, um aspecto bastante característico da presidência de Trump tem sido a inédita constância com que ele tem permanecido na faixa dos 40-45% de aprovação. O atual mandatário é o único presidente desde que as pesquisas de aprovação presidencial foram estabelecidas nos Estados Unidos na década de 1930 a jamais ter superado os 50% de aprovação. Tirando o recorde de Bush filho em 2001, 4 presidentes em algum momento atingiram entre 70%-80% e 6 atingiram entre 60%-70%. O pico histórico mais baixo registrado desde Roosevelt até Obama foi os 66% de Nixon em janeiro de 1973.
Trump, que costuma tuitar festivamente cada vez que aparece na sua mesa uma pesquisa que lhe dá 50% de aprovação, pode apenas sonhar com números como esse. Nesse sentido, caso o Republicano não consiga melhorar seus índices de aprovação consideravelmente nos próximos 12 meses, lhe restará apenas um único exemplo histórico como inspiração: Harry Truman que, apesar dos 39% de aprovação em junho de 1948, conseguiu uma das mais surpreendentes vitórias da história das eleições americanas, em novembro daquele ano.
Mesmo um dia antes das eleições, as pesquisas mostravam a derrota de Truman para o Republicano Thomas Dewey, e alguns jornais famosamente chegaram a estampar a vitória de Dewey nas suas manchetes.  A foto de Truman sorridente segurando a primeira página do jornal Chicago Tribune na manhã seguinte das eleições onde se lia em letras garrafais “DEWEY DEFEATS TRUMAN” imortalizou a gafe. Trump, é bom lembrar, venceu as eleições de 2016 contra todos os prognósticos.
Tal como a manchete do Chicago Tribune, a estimativa do New York Times no dia das eleições de que Hillary Clinton tinha 85% de chances de vitória serve como uma lembrança de que, ainda que pesquisas sejam importantes, é sempre mais seguro esperar a apuração dos votos.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

PRESIDENTE DO BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO PEDE DEMISSÃO


Presidente do BNDES confirma pedido de demissão após declarações de Bolsonaro

Agência Brasil






Levy enviou o pedido ao ministro da Economia, Paulo Guedes

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, pediu neste domingo (16) demissão do cargo. Em mensagem enviada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, Levy solicitou desligamento da presidência do banco e disse esperar que o ministro aceite.
"Solicitei ao ministro da Economia, Paulo Guedes, meu desligamento do BNDES.  Minha expectativa é que ele aceda. Agradeço ao ministro o convite para servir ao País e desejo sucesso nas reformas", disse.
Levy agradeceu ainda os funcionários do BNDES, "que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco, possibilitando que ele responda plenamente aos novos desafios do financiamento do desenvolvimento, atendendo às muitas necessidades da nossa população e confirmando sua vocação e longa tradição de excelência e responsabilidade".
No sábado (15), Bolsonaro disse que Levy estava "com a cabeça a prêmio há algum tempo. Estou por aqui com o Levy”, afirmou o presidente em frente ao Palácio da Alvorada, pouco antes de embarcar para um evento no Rio Grande do Sul.
O motivo do descontentamento, afirmou Bolsonaro, foi a nomeação do advogado Marcos Barbosa Pinto para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do BNDES, responsável pelos investimentos do BNDESPar, braço de participações acionárias do banco de fomento, que administra carteira superior a R$ 100 bilhões.
O presidente pediu que Levy demitisse o diretor. Para Bolsonaro, o nome não era de confiança, e “gente suspeita” não poderia ocupar cargo em seu governo.  Ainda na noite desse sábado, Barbosa Pinto entregou sua carta de renúncia ao cargo. Ele foi chefe de gabinete de Demian Fiocca na presidência do BNDES, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.