quinta-feira, 13 de junho de 2019

REINO UNIDO VAI ESCOLHER O SEU NOVO PRIMEIRO MINISTRO





A estranha forma que o Reino Unido adota para escolher o sucessor de Theresa May


© Getty Images Em 24 de maio, Theresa May expôs seu plano de renunciar ao cargo de primeira-ministra

A corrida para se tornar o próximo primeiro-ministro do Reino Unido tomou um rumo inesperado - muitos dos candidatos ao cargo não conseguem parar de falar sobre quando foi a última vez que usaram drogas.
É a mais recente reviravolta do estranho processo que envolve uma parte ínfima da população, mas que tem em jogo o futuro do Brexit - e a futura relação do Reino Unido com a União Europeia.
Mas por que está havendo essa eleição agora?
Em resumo, porque a atual primeira-ministra, Theresa May, teve muita dificuldade no cargo.
Quando assumiu o posto, então ocupado por David Cameron - que renunciou depois que o Reino Unido votou a favor da saída da União Europeia - ela parecia ter chegado para liderar o país durante anos.
Seu partido, o Conservador, tinha maioria na Câmara dos Comuns (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) e o líder da oposição, Jeremy Corbyn, havia levado o Partido Trabalhista politicamente para a esquerda - um movimento visto por muitos como suicídio eleitoral.
Depois de vários meses afirmando que não convocaria uma eleição geral, May mudou de ideia e levou o país às urnas em 2017.
Ela queria aumentar o número de assentos de seu partido, para dar solidez a seu mandato com foco nas negociações com a União Europeia pela saída do país do bloco, por isso, causou surpresa ao antecipar eleições.
Sua aposta, no entanto, deu errado.
O Partido Conservador, liderado liderado pela primeira-ministra britânica, ganhou as eleições gerais, mas perdeu sua maioria absoluta no Parlamento.

© Getty Images O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, surpreendeu com sua performance contra Theresa May nas eleições gerais de 2017
A crença de que a campanha de esquerda de Jeremy Corbyn espantaria os eleitores estava errada - os trabalhistas ganharam 30 assentos e o partido Conservador perdeu 13.
May conseguiu se agarrar ao poder contando com o apoio do muito menor Partido Democrático Unionista (DUP, da sigla em inglês), da Irlanda do Norte, mas a muito custo.
A Irlanda do Norte tem a única fronteira terrestre do Reino Unido com a União Europeia, e as exigências do partido em relação a isso ataram as mãos da primeira-ministra quando o Brexit deveria estar na reta final.
O DUP detestou o acordo que May negociou com a União Europeia - assim como muitos no próprio Partido Conservador.
Como resultado, ela foi derrotada três vezes na Câmara dos Comuns - uma das vezes por um placar de 432 votos contra 202, a maior derrota de um governo na história.
Depois de perder a maioria de seu partido em uma eleição geral, sem conseguir um acordo para o Brexit e com o perfil público abalado, May renunciou oficialmente como líder do partido em 7 de junho.
Isso desencadeou a atual corrida pela liderança que fará com que o próximo primeiro-ministro britânico tome posse no final de julho.


© BBC

Por que muitos candidatos continuam dizendo às pessoas que usaram drogas?

Há atualmente dez pessoas na corrida para virar o próximo líder do Reino Unido, e sete delas já admitiram usar drogas ilícitas.
Isso é um pouco incomum para um grupo de pessoas que busca assumir o controle da quinta maior economia do mundo e de Forças Armadas equipadas com armas nucleares.
Entre as admissões mais exóticas dos últimos dias estão as de Rory Stewart (atualmente ministro do Desenvolvimento Internacional) dizendo que fumou ópio no Irã, de Michael Gove (ministro do Meio Ambiente) admitindo cheirar cocaína e de Jeremy Hunt (o ministro das Relações Exteriores) descrevendo como tomou uma bebida à base de iogurte com a adição de uma pequena quantidade de maconha na Índia.
O nome apontado como favorito para substituir May, Boris Johnson, já afirmou em um programa de TV em 2005 que "tentou, sem sucesso," consumir cocaína "há muito tempo", mas espirrou e a droga acabou se dissipando.
Ninguém sabe muito bem o quão seriamente podem ser tomadas uma admissão ou negação parcial como essas.
Os três outros candidatos que admitiram o uso de substâncias psicoativas dizem que fumaram maconha quando eram mais jovens.
Para alguns políticos, a pressa em abordar o assunto parece ser alimentada por uma tentativa de antecipação, porque estariam prestes a ser expostos por um jornal. Para outros, a estratégia tem sido vista como uma tentativa de se distanciar do estereótipo de político formal, socialmente conservador e desconectado da realidade.
É aqui que as coisas voltam a Theresa May.
Durante a campanha eleitoral catastrófica que fez, ela tentou evitar dizer qualquer coisa controversa, pensando que passaria a imagem de líder séria, estável e confiável.
Em vez disso, ela pareceu, na visão de muitos, como distante e robótica.
Quando questionada "Qual foi a pior coisa que já fez", ela titubeou várias vezes antes de responder "... quando eu e meus amigos costumávamos atravessar os campos de trigo, os fazendeiros não ficavam muito satisfeitos com isso".
(Se você está completamente confuso em relação a isso, não se preocupe - quase ninguém no Reino Unido também tinha a menor
Enfrentando questões semelhantes, os candidatos a substitui-la estão tendo que encontrar respostas mais interessantes para o público britânico, composto em cerca de um terço por pessoas entre 16 e 59 anos que admitem já ter usado drogas.
Para Rory Stewart, ter revelado que fumou ópio em um casamento no Irã 15 anos atrás ("alguém passou o tubo pela sala e eu o fumei", disse ele) provavelmente aumenta seu apelo como dissidente com uma história de vida muito diferente da maioria dos políticos.
Ele teve uma passagem rápida pelo Exército Britânico antes de ingressar no serviço diplomático, tornando-se vice-governador de duas províncias do Iraque após a invasão em 2003, e posteriormente atravessando o Irã, o Afeganistão, o Paquistão, a Índia e o Nepal, em uma jornada de 21 meses.
Seu pai era o controlador do Extremo Oriente para o Serviço Secreto de Inteligência do Reino Unido.
Para outros candidatos, porém, o uso de drogas tem sido um problema político.
A confissão de Michael Gove de que usou cocaína quando era jornalista foi confrontada com a época em que ocupou o cargo de ministro da Educação e seu departamento expulsaria professores pegos usando a droga.
Ele acabou, com isso, acusado de hipocrisia

Por que apenas 124 mil pessoas terão direito a voto?

Uma vez que os candidatos tenham terminado de admitir suas infrações relacionadas ao uso de entorpecentes no passado, e possivelmente até de definir algumas políticas, uma votação começará a decidir quem se tornará líder do Partido Conservador e, consequentemente, o próximo primeiro-ministro do Reino Unido.
Este não é um processo em que o país inteiro terá voz.
Nos primeiros turnos, somente os membros conservadores do Parlamento podem votar, com os candidatos que receberem o menor número de votos eliminados em rodadas sucessivas.


© BBC
Quando a disputa afunilar e tiver apenas dois candidatos, todos os membros do Partido Conservador votam por correspondência para decidir o vencedor.
Mas esse eleitorado é de apenas 124 mil pessoas (de acordo com uma pesquisa acadêmica do ano passado), de um total de 47 milhões de eleitores do Reino Unido - 0,26% do total.
Embora tenha havido reclamações no Reino Unido, esta é uma maneira bastante comum de escolher um novo primeiro-ministro.
Nos últimos 45 anos, metade dos oito líderes do país foram escolhidos por seus partidos políticos, e não pelo público em geral.
Isso se deve em parte ao fato de que, no sistema político britânico, os chefes de governo são muito suscetíveis ​​a serem destituídos por seus partidos, caso percam popularidade, ao contrário de sistemas presidenciais, como os Estados Unidos.
Mas os membros dos partidos políticos não são representantes do país como um todo.
Do total, 97% dos membros do Partido Conservador são brancos.
Isso significa que "...as minorias étnicas, que representam bem mais de 10% da população britânica, estão muito sub-representadas na hierarquia e na base dos conservadores", segundo o professor Tim Bale, da Universidade Queen Mary, em Londres.
"Os membros conservadores estão consideravelmente em melhor condição que a maioria dos eleitores", acrescenta ele, afirmando que a idade média dos membros do partido é de 57 anos.
Quando um novo primeiro-ministro é escolhido, são os jovens, os pobres e as minorias étnicas que terão menos voz.

© BBC

Como isso afetará o Brexit?

A saída do Reino Unido da União Europeia é a grande questão que domina a política britânica, então não é surpresa que esteja na frente e no centro da eleição de liderança.
Os dez candidatos atualmente na corrida têm uma grande variedade de propostas disponíveis sobre essa questão.
Dominic Raab tem uma das políticas mais rígidas. Ele diz que vai forçar a União Europeia a se curvar e assumir compromissos que anteriormente, nas negociações, disse que nunca assumiria, ou ele vai retirar o Reino Unido do bloco sem qualquer tipo de acordo.
Se os deputados britânicos tentarem impedi-lo, ele afirma que encerrará a sessão do Parlamento que estiver em curso e que não vai iniciar uma nova, para que não tenham a chance de frustrar seus planos.
Mas isso lançaria o Reino Unido em uma crise constitucional.
No outro extremo do espectro está Sam Gyimah, que entrou na corrida nos estágios iniciais.
Ele estaria aberto à possibilidade de um segundo referendo sobre se o Reino Unido deve deixar a União Europeia caso as negociações do Brexit continuem enfrentando problemas.
No entanto, ele já teve que desistir da disputa por falta de apoio, e qualquer candidato bem sucedido provavelmente terá que ceder aos membros do Partido Conservador, que é fortemente eurocético, ou seja, contra o aumento dos poderes da União Europeia.
Talvez o maior problema seja que todos os candidatos estão em modo eleitoral, vendendo esperanças e sonhos aos apoiadores, que devem se mobilizar e ganhar votos.
Isso é muito diferente do árduo trabalho duro de negociações detalhadas que terão de ocorrer com a União Europeia para garantir qualquer acordo do Brexit.
Essas conversas estão suspensas e só serão reiniciadas quando um novo líder tomar posse no final de julho.
Independentemente de quem vença, será uma corrida frenética para retomar as negociações e concluí-las até a data limite para o Brexit ser efetivado, que, após adiamentos, é prevista agora para 31 de outubro.



quarta-feira, 12 de junho de 2019

COLUNA ESPLANADA DO DIA 12/06/2019


No rastro

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini




A Polícia Federal escalou seus melhores peritos de tecnologia e delegados e já está atrás de quem violou os dados do celular do procurador Deltan Dallagnol ou do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Há suspeita de hacker, arapongagem profissional ou pessoa próxima que teve acesso e quis lucrar com as informações. Tudo é levado em conta. Até uma possível conexão com a escuta ambiental instalada debaixo da mesa do então ministro Joaquim Barbosa, do STF, descoberta desativada pelo sucessor no gabinete, ministro Luís Roberto Barroso, conforme a Coluna revelou em 2015. Barbosa, como se sabe, foi relator da AP 470, o Mensalão do PT, e incomodou muitos poderosos.
Aliás...
... os peritos da PF são elogiados pelo FBI e Interpol, e fazem intercâmbios constantes - para ensinar também. As próximas semanas serão dignas de script de filme de ação.

Pergunte aos russos
A empresa que criou o Telegram alega que o aplicativo é inviolável, mas indicou que terceiros podem ter tido acesso aos celulares. Cresce a teoria de que um deles vacilou.

Leite derramado
O Palácio se mobiliza para apresentar uma emenda ao Código Penal que endureça penas contra crimes de invasão de aplicativos de celular e divulgação. A lei está defasada.

Guerra milenar...
A presidência da Câmara Federal cancelou sessão solene em homenagem ao Dia de Jerusalém, que a comunidade árabe em Brasília faria hoje na Casa, a pedido do deputado Evandro Roman (PSD-PR). A direção da Câmara informou à Coluna apenas que “será realizada em momento oportuno”, mas fontes informam que foi forte a pressão de judeus amigos do governo contra a sessão.

... na Câmara
Participariam os embaixadores do Estado da Palestina e do Irã no Brasil. Como notório, o presidente Jair Bolsonaro decidiu abrir um escritório diplomático da Embaixada do Brasil em Israel na cidade de Jerusalém, em homenagem aos judeus - que disputam com os palestinos a milenar cidade como sua capital.

Muro jurídico
Caso o ministro da Justiça, Sérgio Moro, queira se afastar da política para advogar, terá um paredão regimental pela frente, para conseguir a eventual carteirinha da Ordem dos Advogados do Brasil. É que a OAB aprovou, ano passado, um provimento que dá condições à entidade de barrar o ingresso de quem tenha desrespeitado prerrogativas.

Revelações
Moro é suspeito de prevaricação como juiz federal, ao se meter a dar recados e orientações à Força Tarefa da Lava Jato, conforme revelado pelo site The Intercept.

Pior cenário
A fragilidade de Sérgio Moro hoje é tudo o que a criminalidade queria. Lula da Silva, com todas as provas contra ele, sai de inocente; os bandidos do Congresso travam o pacote anticrime do ministro; os bandidos da Lava Jato ganham fôlego e argumentos para deixar o então juiz sob suspeição; e o caso ameaça tirar Sérgio Moro do STF - onde uma turma de togados adora censurar e perseguir jornalistas.

Dia dos Namorados
O Portal Sugar Mommies ofereceu assinatura Platinum vitalícia para a ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, tentar arrumar um par. Vai economizar mensalidade de R$ 799. Recentemente, ela revelou que procurava um amor.

Crianças do Brasil
Dados do Ministério Público do Trabalho: nos últimos quatro anos, foram registradas 21.551 denúncias de exploração do trabalho infantil no país.

Fazendeiros na rota
Os ruralistas derrubaram o presidente da Funai, Franklimberg de Freitas, general da reserva e homem mais sério e competente que a entidade teve nos últimos anos.
Esplanadeira
# Carlos Alberto Serpa dirige o show em homenagem a Liza Minelli, que será lançado dia 19, na Casa de Julieta Serpa, com direção musical de Cirano Sales e figurinos de Beth Serpa. # Liderada majoritariamente por mulheres, a In Press Oficina foi eleita a melhor na área de comunicação do país, no prêmio Top Mega Brasil, entre 79 que disputaram.

CONGRESSO APROVA CRÉDITO SUPLEMENTAR PARA O GOVERNO USAR


Congresso aprova crédito suplementar de R$ 248 bi por unanimidade

Daniel Weterman e Idiana Tomazelli 




© Dida Sampaio/Estadão Crédito evita que o governo descumpa a regra de ouro.

O Congresso aprovou por unanimidade nesta terça-feira, 11, a autorização de um crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões solicitada pelo governo. A aprovação aconteceu após as votações da Câmara e do Senado.
Os 450 deputados presentes no Congresso também haviam aprovado a medida por unanimidade na noite desta terça. Os senadores, em seguida, deram 61 votos a favor da medida.
O crédito extra evita o descumprimento da chamada regra de ouro do Orçamento - mecanismo previsto na Constituição que impede ao governo contratar dívidas para pagar despesas correntes, como salários e benefícios sociais. De acordo com o governo, sem a aprovação do projeto, os pagamentos do Benefício de Prestação Continuada (BPC) seriam interrompidos neste mês e os do Bolsa Família, em setembro.

LULA JÁ NÃO GOVERNA. É GOVERNADO PELAS REDES SOCIAIS

  Brasil e Mundo ...