As três facetas dos 'bonzinhos'
Simone Demolinari
Muitas vezes, o
nobre ato de ajudar pode não ser tão nobre assim. As aparências enganam. “Tal
qual as questões físicas, as psíquicas não são necessariamente aquilo que
parecem ser”, disse Freud. É preciso enxergar além do óbvio. Para avaliar
melhor, podemos dividir a conduta generosa em três partes: altruísmo, fraqueza
e manipulação.
1- Altruísmo: é a generosidade feita espontaneamente sem pretensão de ser reconhecido ou de receber recompensa. Pessoas altruístas são genuinamente boas. Fazem o bem sem olhar a quem.
2- Fraqueza: o bonzinho por fraqueza é vitima de si mesmo. Se tornou bonzinho pela dificuldade em falar a verdade ou por medo julgamento alheio. Algumas situações que estimulam este comportamento:
- Dificuldade em falar não: essa dificuldade está diretamente ligada à culpa. Negar um pedido de alguém pode gerar em algumas pessoas um sentimento de culpa, como se houvesse uma obrigatoriedade em fazê-lo. Há quem chegue à situação de comprar coisas das quais não gostou só pela dificuldade em dizer “não” ao vendedor. Se prejudicam para não desagradar o outro.
- Medo da rejeição: viver evitando a rejeição é um caminho curto para se tornar um “bonzinho”. A lógica é: quanto mais eu agradar, menor a possibilidade do outro me largar. Equivocam-se!
- Necessidade de ser aceito: não basta evitar rejeição, é preciso ser aceito. Receber aval do outro faz surgir um sentimento de mais valia. Por isso, quanto mais “bonzinho” maior a chance de ser imprescindível na vida do outro.
- Insegurança: pessoas inseguras, além de não confiarem em si, se sentem, por vezes, inadequadas. Costumam se tornar “boazinhas”, divertidas e solícitas; uma maneira inconsciente de compensar sua insegurança.
- Carência afetiva: os carentes tentando “comprar” afeto através da sua bondade, por isso se tornam exímios doadores. O tamanho da carência é proporcional à doação. Ofertar ao outro, nesse caso, revela uma tentativa de “garantir” uma retribuição em forma de afetividade.
3- Manipulação:
- Levar vantagem: algumas pessoas se tornam boazinhas para receber benefícios. Se especializam em puxar-sacos, fazer fofoca em tom de confidência. São os famosos “lava e traz”. Tentam, através desse comportamento, se valer de benefícios.
- Autopromoção: existem os “bonzinhos” por vaidade. São aqueles que praticam o bem, fazem favores, ofertam ajudas, lideram campanhas sociais não pela ajuda em si, mas para ser aplaudidas. Aliás, nunca foi tão fácil jogar confete em si mesmo quanto na era da rede social.
Se reconhecer “bonzinho” por fraqueza ou por manipulação, não é tarefa fácil. Alias, é muito difícil. A vaidade inebria a visão, tornando turva a capacidade de estabelecer uma autocrítica honesta. Para piorar, a anomalia se desenvolve à espreita, despojando o afetado de lucidez e o deixando acreditar que ele é altruísta. Mas nem tudo é altruísmo no reino dos bonzinhos.
1- Altruísmo: é a generosidade feita espontaneamente sem pretensão de ser reconhecido ou de receber recompensa. Pessoas altruístas são genuinamente boas. Fazem o bem sem olhar a quem.
2- Fraqueza: o bonzinho por fraqueza é vitima de si mesmo. Se tornou bonzinho pela dificuldade em falar a verdade ou por medo julgamento alheio. Algumas situações que estimulam este comportamento:
- Dificuldade em falar não: essa dificuldade está diretamente ligada à culpa. Negar um pedido de alguém pode gerar em algumas pessoas um sentimento de culpa, como se houvesse uma obrigatoriedade em fazê-lo. Há quem chegue à situação de comprar coisas das quais não gostou só pela dificuldade em dizer “não” ao vendedor. Se prejudicam para não desagradar o outro.
- Medo da rejeição: viver evitando a rejeição é um caminho curto para se tornar um “bonzinho”. A lógica é: quanto mais eu agradar, menor a possibilidade do outro me largar. Equivocam-se!
- Necessidade de ser aceito: não basta evitar rejeição, é preciso ser aceito. Receber aval do outro faz surgir um sentimento de mais valia. Por isso, quanto mais “bonzinho” maior a chance de ser imprescindível na vida do outro.
- Insegurança: pessoas inseguras, além de não confiarem em si, se sentem, por vezes, inadequadas. Costumam se tornar “boazinhas”, divertidas e solícitas; uma maneira inconsciente de compensar sua insegurança.
- Carência afetiva: os carentes tentando “comprar” afeto através da sua bondade, por isso se tornam exímios doadores. O tamanho da carência é proporcional à doação. Ofertar ao outro, nesse caso, revela uma tentativa de “garantir” uma retribuição em forma de afetividade.
3- Manipulação:
- Levar vantagem: algumas pessoas se tornam boazinhas para receber benefícios. Se especializam em puxar-sacos, fazer fofoca em tom de confidência. São os famosos “lava e traz”. Tentam, através desse comportamento, se valer de benefícios.
- Autopromoção: existem os “bonzinhos” por vaidade. São aqueles que praticam o bem, fazem favores, ofertam ajudas, lideram campanhas sociais não pela ajuda em si, mas para ser aplaudidas. Aliás, nunca foi tão fácil jogar confete em si mesmo quanto na era da rede social.
Se reconhecer “bonzinho” por fraqueza ou por manipulação, não é tarefa fácil. Alias, é muito difícil. A vaidade inebria a visão, tornando turva a capacidade de estabelecer uma autocrítica honesta. Para piorar, a anomalia se desenvolve à espreita, despojando o afetado de lucidez e o deixando acreditar que ele é altruísta. Mas nem tudo é altruísmo no reino dos bonzinhos.