terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

BRUMADINHO-MG E OUTRAS TRAGÉDIAS HUMANAS


As tragédias humanas

Manoel Hygino 








A cada dia, chegam– do Brasil e do exterior – mensagens de dor e de indignação pela tragédia de Brumadinho, que evolui para um mês. O escritor mineiro Ronaldo Cagiano, residente em Lisboa, encaminha-me sua palavra: “aqui temos acompanhado mais esse passivo ambiental, fruto da criminosa exploração capitalista das nossas reservas pelos barões da mineração, que negligenciam vidas e sacrificam trabalhadores em nome de cifras”.
O fato me impele ao livro que procurava, em minhas estantes atulhadas: “Miscelânea”, de Pedro Sérgio Lozar, um autor que não aparece muito nas reuniões sociais e literárias. Desejava eu simplesmente reler o capítulo em que se descreve a fuga de Paris da família real francesa, depois da revolução, deflagrada em 1789 mas em marcha. Assim, se podavam “gradualmente os privilégios da aristocracia e do clero”, limitando a autoridade do rei; este, confinado com a família no palácio das Tulherias, depois de obrigados pelos revolucionários a deixar Versalhes, morada da realeza havia mais de um século.
Um soberano sumir não era algo tão fácil, embora não existisse televisão. A população queria, a todo meio, fazer justiça por suas próprias mãos. Luís XVI queria porque queria fugir e fazia planos, a despeito da dura vigilância, extensiva a Maria Antonieta e todos os seus.
Lozar conta que, “no dia aprazado, os personagens deviam proceder como se nada de extraordinário estivesse por acontecer; Luís se ocupou com seus afazeres habituais, almoçou copiosamente, jogou bilhar com a rainha; Maria Antonieta passeou à vista do público no jardim com os filhos, o herdeiro do trono o delfim Luís Carlos, de 6 anos, e Maria Teresa, chamada de Madame Royale, de 12”. A fuga fora organizada pelo conde Hans Axel Von Persen, militar sueco a serviço da França, amigo dedicado dos soberanos. Tudo urdido nos mínimos detalhes, para que a longa viagem através do território fosse bem sucedida.
Este o capítulo mais estudado e relatado da Revolução Francesa, a respeito do qual muito se escreveu. É “A fuga de Varennes”, de que há numerosos depoimentos, os mais desencontrados, contraditórios, discordantes. De todo modo, aí reside exatamente o que mais desperta interesse do leitor, do curioso, do pesquisador, se bem que presentemente não há tanta gente desejando saber mais sobre o episódio.
Lozar não teve “intenção de esgotar o assunto”, mas eu me interessei por ele em seu livro, editado em 2017. Aprende-se bastante, embora não tenha encontrado referência ao local e dia em que Maria Antonieta se desvencilhou de suas joias para evitar caíssem em mãos dos revolucionários ou espertalhões.
A empreitada não deu certo e o rei não conseguiu ultrapassar a fronteira, que ficava bem perto. O soberano foi preso com toda a comitiva e levado à torre do Templo. Todos foram submetidos a humilhações e maus-tratos. O herdeiro do trono, já com 10 anos, morreu pela violência com que foi tratado. A princesa Maria Teresa se salvou, trocada por franceses detidos na Áustria. E as joias? Delas fiquei sabendo por pequena nota em jornal, em 15 de novembro passado: Antes de tentar fugir, Maria Antonieta enviou suas joias para Bruxelas, onde reinava sua irmã, Maria Cristina. Depois, foram confiadas ao imperador da Áustria, sobrinho de Maria Antonieta, de origem austríaca. Detidos em Varennes, Luís XVI e Maria Antonieta foram guilhotinados em outubro de 1793.
Algumas das fabulosas joias de Maria Antonieta, entre elas um anel de diamantes com uma mecha de seu cabelo, foram leiloados, 14 de novembro do ano passado, em Genebra, depois de passar séculos longe do olhar do público. As dez preciosas peças faziam parte de uma coleção da família Bourbon Parma e foram colocadas à venda no Sotheby’s. Também foram leiloados objetos que pertenciam ao rei Carlos X, aos Arquiduques da Áustria e aos duques de Parma. O item mais caro era um pingente de diamante com uma pérola natural.
Paris, 1793; Brumadinho, 2019. Sic transit gloria mundi

COLUNA ESPLANADA DO DIA 12/02/2019


O delegado aliado

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini









O ministro da Justiça, Sérgio Moro, encontrou no deputado federal João Campos (PRB-GO), delegado civil licenciado, o aliado para tentar emplacar na íntegra os textos dos projetos no pacote anticrime apresentado ao Congresso Nacional - que já encaram resistência diante do eventual endurecimento das leis. Moro e Campos têm se falado muito, pessoalmente ou por telefone. Campos é relator do novo Código de Processo Penal em comissão especial na Câmara e, aliado do presidente Jair Bolsonaro, vai compor a comissão especial do pacotão. Caberá ao federal e tropa governista consolidar um texto aceito pelos pares, mas dentro dos anseios do presidente da República.
Tão perto
Bernardo Paz, dono do belo Museu Inhotim, em Brumadinho, já foi minerador. Vendeu em 2010 para grupo chinês a Itaminas, em Sarzedo (MG), por U$ 1,2 bilhão. A Itaminas tem barragens de rejeitos.
Fui
O general Paulo Chagas, que disputou o governo do DF pelo PRP, pediu desfiliação da legenda. Foi convidado para trabalhar no Palácio do Planalto, mas declinou.
Subindo 
Governador do DF, Ibaneis Rocha articula para se eleger em breve presidente nacional do MDB. Com aval do padrinho Tadeu Filippelli, ex-deputado ligado a Michel Temer.
Riscos 
Com uma aproximação política local com o PCdoB, a turma do PSL da Bahia não tem medo do perigo de intervenção. Jair Bolsonaro deixou o PSC há dois anos por discordar da aliança do partido com os comunistas no governo de Flávio Dino no Maranhão. A diferença é que, agora, Bolsonaro pode fazer o que bem entende.

Ela vem
Juan Guaidó está tão seguro como autoproclamado presidente interino da Venezuela que nomeou Maria Teresa Belandria embaixadora no Brasil. Contato da Coluna que acompanha a situação indica que é questão de dois meses para Nicolás Maduro ceder.
Peso do currículo
Futuro presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz está sob fogo cruzado nas redes sociais por ser ligado ao PT – tentou vaga de vereador no Rio de Janeiro, sem sucesso. Outra crítica entre gabinetes de advogados é a de não haver nenhuma mulher nos principais cargos da nova composição da Ordem.
Calma, gente
Ele nem tomou posse – será dia 19 de março – mas advogados do Ceará já lançaram campanha por seu impeachment.
Dos gabinetes 
Circula em Brasília que os governadores João Dória (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio, disputam o estrelato estadual para vitrine nacional.
Café no bule
O Brasil continua o país do café, no quesito bebida. O consumo cresceu 4,8% em 2018 - e junto a procura por grãos especiais. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café. Em 2016, os cafés tradicionais respondiam por 91% da exposição na praça, enquanto os especiais eram 6%. Os índices hoje são 81% e 12%, respectivamente.
Só na arte
Na Feijoada dos Embaixadores do Rio no sábado, Philippe Seigle, diretor do segmento luxo da rede Accor, anunciou que pretende sair da hotelaria, em maio, para dedicar-se às artes plásticas. A tradicional confraternização de carnaval promovida por Bayard Boiteux teve a presença da cantora Hanna e show de samba da escola São Clemente.
CPI e a Lama
Dezenove deputados da Assembleia de Minas Gerais já assinaram requerimento para instalação da CPI das Mineradoras. Resta saber se a lama de Brumadinho vai chegar à porta dos gabinetes.


(*)Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

NOTÍCIAS DE BRUMADINHO-MG PALCO DA TRAGÉDIA DA BARRAGEM ROMPIDA


Sobe para 165 o número de mortos na tragédia de Brumadinho

Paula Machado











Há 17 dias, os bombeiros fazem buscas na região atingida pela lama


Sobe para 165, o número de mortos com o rompimento da Mina do Feijão, na cidade de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Desses, 156 foram identificados pelo Instituto Médico Legal em Belo Horizonte.
O total de desaparecidos, neste 17º dia de buscas, é de 160, sendo 38 funcionários da Vale e 122 terceirizados ou pessoas da comunidade.
Já o número de sobreviventes localizados permanece em 393, sendo 224 empregados da Vale e 169 terceirizados ou pessoas da comunidade.
Duas vítimas resgatadas ainda se encontram hospitalizadas, enquanto 138 atingidos estão desabrigados.
Neste domingo (10), os focos das buscas estão na Usina ITM, na ferrovia, na área administrativa, que abrange refeitório, casa e estacionamento e em locais com acúmulo de rejeitos. Em campo, atuam 35 equipes.
O efetivo conta ainda com 35 máquinas, 11 aeronaves e 19 cães.

Uma reportagem especial sobre o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho estampa a capa do jornal americano The New York Times neste domingo (10). Segundo a matéria, uma outra tragédia desta magnitude poderá acontecer novamente, uma vez que o Brasil possui outras 88 barragens do mesmo tipo da barragem da Mina do Córrego do Feijão.

"Há 88 barragens de mineração no Brasil construídas como a que falhou - enormes reservatórios de lixo de mineração retidos por pouco mais que muros de areia e limo. E todas, exceto quatro das barragens, foram classificadas pelo governo como igualmente vulneráveis ou piores", apontou o jornal.

O The New York times destaca ainda outro dado mais alarmante: que pelo menos 28 delas ficam diretamente em cima de cidades ou vilas, com mais de 100 mil pessoas vivendo em áreas especialmente arriscadas se as barragens romperem.

"No desastre do mês passado, todos os elementos para a catástrofe estavam lá: um reservatório básico de lixo de mineração construído a baixo custo, assentado acima de uma grande cidade aninhada embaixo. Avisos negligenciados de problemas estruturais que poderiam levar a um colapso. Equipamento de monitoramento que não funcionou", informou o jornal americano.

A reportagem aponta também sobre a falta de regulação no setor de mineração no Brasil, destacando que "a segunda tragédia mortal no Brasil em três anos deixa claro que nem o setor de mineração nem os reguladores têm a situação sob controle".

O NYT diz que embora a Vale tenha afirmado que a barragem tinha um fator de segurança de acordo com as melhores práticas do mundo e que a estrutura era inspecionada regulamente, "as questões sobre a segurança da barragem foram deixadas de lado por anos. Além disso, a empresa conseguiu que seu plano de expansão do complexo de mineração em Brumadinho fosse acelerado para aprovação das autoridades locais", mostra o jornal.

"Quando você tem esse tipo de estrutura a montante próximo a um centro populacional, isso gera todos os tipos de bandeiras vermelhas", disse William F. Marcuson III, ex-presidente da Sociedade Americana de Engenheiros Civis.

De acordo com especialistas, esse tipo de barragem - a montante - é conhecida pela engenharia como "uma das mais assustadoras", que precisa ser projetada, construída e monitorada com grande atenção nos detalhes.

"Como qualquer barragem, elas podem falhar de várias maneiras não surpreendentes. Elas podem se romper se forem preenchidas muito rapidamente. Elas podem provocar um vazamento ou sofrer danos em um terremoto. Ou elas podem ser vítimas de uma construção ou manutenção desleixada", pontua o jornal.

De fato, "a estrutura de Brumadinho forçou a própria definição de barragem. Não tinha parede de concreto ou metal separada para conter seu conteúdo. Em vez disso, a estrutura, conhecida como represa de rejeitos a montante, dependia do lago de lama para permanecer sólida o suficiente para se conter. Basicamente, eles são como aterros, mas aterros molhados", disse Gregory B. Baecher, membro da Academia Nacional de Engenharia e professor da Universidade de Maryland.

BALANÇO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA NAS AMÉRICAS


Brasil, EUA e México lideram produção de energia eólica nas Américas

Agência Brasil










Continente americano instalou 11,9 GW de capacidade em 2018


O Brasil, os Estados Unidos e o México despontam como líderes na produção de energia eólica nas Américas, segundo dados recentes do Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council – GWEC, na sigla em inglês). Como um todo, as Américas do Norte, Sul e Central responderam por 25% do total da capacidade instalada global dessa energia em 2018.
Segundo o GWEC, a capacidade instalada total de energia eólica nas Américas agora totaliza 135 GW – aumento de 12% em relação a 2017. A expectativa é que a procura por esse tipo de energia na região continue, e a organização prevê a adição de 60 GW em novas capacidades eólicas entre 2019 e 2023.
Sediado em Bruxelas, na Bélgica, o GWEC é um órgão que representa o setor de energia eólica global, reunindo mais de 1,5 mil empresas e organizações em mais de 80 países, incluindo fabricantes, institutos de pesquisa, associações nacionais de energia eólica, fornecedoras de energia, empresas financeiras e seguradoras.
No Brasil
Líder em energia eólica na América do Sul, o Brasil adicionou 2 GW de capacidade eólica à sua matriz energética em 2018 e leiloou capacidade desse tipo de energia a preços competitivos em nível global de U$ 20 por MWh, segundo o GWEC.
A informação é confirmada pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia, Reive Barros. Segundo ele, o Brasil tem hoje capacidade instalada de produção de energia eólica de 14,7 GW. “Isso representa, na matriz energética brasileira, cerca de 8% do total. A meta é que daqui a 10 anos este percentual suba para 13%.”
O secretário disse que a Região Nordeste responde por 85% da produção de energia eólica brasileira, com destaques para os estados do Piauí, Rio Grande do Norte e Bahia, nesta ordem. “Num prazo mais longo, contudo, a Bahia deverá assumir a liderança, por suas dimensões territoriais e potencialidades.”
Para este ano, Barros diz que estão previstos dois leilões para implantar parques eólicos no país. Um no primeiro semestre, a ser implantado em quatro anos, e outro no segundo semestre, com prazo de implantação de seis anos. “Nossa meta para a energia eólica no Brasil é crescer 2,2% ao ano.”
Américas
Os dados mais recentes divulgados pelo GWEC mostram que em 2018 a capacidade instalada de energia eólica das três Américas foi de 11,9 GW – aumento de 12% em relação a 2017. Na América do Norte (Canadá e EUA), houve aumento de 10,8% na capacidade adicionada em relação a 2017. Já na América Latina, a adição de capacidades cresceu 18,7% em relação a 2017.
Segundo o GWEC, na América Latina, o compromisso com leilões serviu para impulsionar o desenvolvimento do setor. A expectativa é que a região continue a crescer na área eólica em 2019, com expansão maior da cadeia de suprimentos.
“O desenvolvimento do mercado de energia eólica na América Latina se mostra bastante positivo. O Brasil realizou novamente leilões de grande escala e esperamos que o primeiro leilão na Colômbia ocorra este mês de fevereiro. Outros investimentos na cadeia de suprimentos por parte das principais fabricantes de equipamentos originais na Argentina comprovam o potencial do mercado no longo prazo”, disse Ben Backwell, diretor do GWEC.
Por causa de sua forte caracterítica ecológica, a geração de energia eólica contribui de forma significativa para ajudar os países a cumprirem com suas metas previstas em acordos internacionais sobre o clima. O crescimento desse tipo de energia é parte fundamental da solução para reduzir emissões de gases, fortalecer a segurança energética, reduzir custos e aumentar o investimento em economias locais.
De acordo com Karin Ohlenforst, diretora de Inteligência de Mercado do GWEC, “o crescimento da energia eólica na América do Sul, em particular, comprova como essa fonte energética é competitiva nos mercados de leilão".


ORAÇÃO PROFÉTICA DE UM PASTOR DOS EUA

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