Economistas
defendem inserção de idosos no mercado de trabalho
Agência Brasil
Economista destaca a
importância da requalificação digital dos idosos para ter acesso ao mercado de
trabalho
A maioria das
empresas no Brasil ainda resiste a contratar pessoas com mais de 50 anos, mas
essa realidade terá de mudar porque a tendência é de aumento gradativo da
população idosa e de faltarem jovens para o mercado de trabalho. A
afirmação foi feita nesta sexta-feira (30) pelo presidente do Conselho de
Emprego e Relações do Trabalho da Federação do Comércio do Estado de São Paulo
(FecomercioSP), José Pastore, durante encontro que discutiu a atual e a futura
situação do idoso no mercado.
Segundo o
economista, por enquanto, a sociedade não se deu conta da desproporção entre o
envelhecimento dos profissionais e a oferta da mão de obra juvenil. Porém, à
medida que a economia for retomando o crescimento, isso será mais facilmente
constatado, já que “haverá dificuldade em preencher vagas”.
Pastore manifestou
preocupação com o fato de os parlamentares federais estarem postergando a
reforma da Previdência. “As pessoas estão envelhecendo muito depressa no Brasil
e, daqui a alguns anos, vamos ter mais idosos do que jovens, e a Previdência
não vai ter condições de sustentar as pessoas idosas, que vão durar mais tempo.
Isso é inexorável, e temos de acompanhar o que já ocorre em sociedades
avançadas: fazendo com que o idoso trabalhe por mais tempo.”
De acordo com o
economista, algumas empresas já desenvolvem atividades para absorver empregados
nessa faixa etária, mas não pelo sistema convencional,e sim por meio de
empreendedores, autônomos ou à distância, modalidade em que os trabalhadores
prestam serviços na própria casa. Esse tipo de trabalhadores aumenta no mundo
todo, "e aqui não deve ser diferente”, afirmou Pastore. Ele alertou, no
entanto, que, para se manterem ativos no mercado, os mais velhos terão que se
requalificar, principalmente, no que se refere à tecnologia. Pastore lembrou,
inclusive, que muitos fornecedores de ferramentas digitais vêm simplificando os
aplicativos, o que ajuda nessa inserção.
Também presente no
evento, o economista Hélio Zylberstajn disse que três quartos dos idosos no
Brasil contam com algum tipo de cobertura, como aposentadoria ou pensão, ou, às
vezes, com os dois, simultaneamente, no caso de viúvos, por exemplo. Na
avaliação de Zylberstajn, os idosos recebem mais assistência do que as
crianças pobres.
Para o economista, ainda
é muito baixa a participação dos idosos no mercado de trabalho, em torno de
25%, enquanto o desemprego nessa faixa é de apenas 4%. Ele reconhece, porém,
que muitos nem vão atrás de trabalho por temer o preconceito das empresas.
“Precisamos atuar em duas frentes: abrir espaço para eles nas empresas e
encorajá-los a trabalhar.”
Diante disso,
Zylberstajn defende o projeto de lei que cria o Regime Especial de Trabalho do
Aposentado (Reta), proposto em conjunto pelo Instituto de Longevidade Mongeral
Aegon e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A
flexibilização das regras seria aplicada sobre os aposentados do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e do funcionalismo público.
A ideia é empregar
esse contingente, que teria apenas o salário mensal sem os demais direitos
trabalhistas, como férias e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Com o
estímulo da isenção da contribuição previdenciária e do FGTS para o empregador,
a projeção é que, em 10 anos, poderiam ser incorporados ao mercado de trabalho
1,8 milhão de aposentados.
Na opinião do
presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Nilton Molina, toda a
sociedade deveria ser conscientizada sobre o desafio da longevidade. “As
empresas que hoje dificultam a admissão de uma pessoa da terceira idade vão ter
que pedir perdão, porque daqui a 15 ou 20 anos teremos muito poucos jovens para
trabalhar."
Dados apresentados no encontro mostram que, em 2015, havia 16,1% de pessoas com mais de 60 anos inseridas no mercado de trabalho, percentual que deve subir para 58,4% em 2060, ou seja, dentro de quatro décadas, mais da metade da população será idosa.
Dados apresentados no encontro mostram que, em 2015, havia 16,1% de pessoas com mais de 60 anos inseridas no mercado de trabalho, percentual que deve subir para 58,4% em 2060, ou seja, dentro de quatro décadas, mais da metade da população será idosa.