Para Brasil,
prioridades no G20 são comércio, clima e trabalho
Agência Brasil
O comércio
internacional, as mudanças climáticas e o futuro do trabalho são as prioridades
para o Brasil durante as negociações da Cúpula do G20, que vai reunir os
líderes das 20 maiores economias do mundo, entre 30 de novembro e 1º de
dezembro, em Buenos Aires.
O presidente Michel
Temer desembarcará na Argentina com uma comitiva de ministros e chegou a
convidar o presidente eleito, Jair Bolsonaro, para acompanhá-lo.
O diretor do
Departamento de Assuntos Financeiros e Serviços do Ministério das Relações
Exteriores, ministro Luiz Cesar Gasser, destacou a importância dos temas
escolhidos pelo Brasil. “Comércio internacional é um tema que preocupa o
governo brasileiro. É de extrema relevância", disse na semana passada.
Umas das
preocupações é em relação à Organização Mundial do Comércio (OMC). Desde o ano
passado, os Estados Unidos têm resistido a liberar a nomeação de novos juízes
para o Órgão de Apelação da OMC, composto por sete membros. Atualmente, o
tribunal tem apenas quatro juízes, o que acarreta atrasos na análise de
disputas comerciais entre os países.
Há cerca de um mês o
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, alertou para os
riscos de paralisação do mecanismo de solução de controvérsias do organismo
multilateral. O Brasil foi um dos 12 países convidados pelo Canadá para
discutir o futuro da organização.
Segundo o Itamaraty,
o G20 tem importância central para o Brasil por se tratar de um foro de
governança global que reúne as principais economias do mundo, em formato
flexível, que facilita o debate e a formação de consensos, o que se torna
especialmente relevante no momento atual em que o multilateralismo é
questionado.
Bolsonaro
defendeu não realizar COP-25 no Brasil
Agência Brasil
Bolsonaro também
defendeu o uso da tecnologia para fazer um pente-fino nos benefícios do Bolsa
Família
O presidente eleito
Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (28) que teve participação na decisão
do governo brasileiro de retirar sua candidatura para sediar a COP-25
(Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), destinada a
negociar a implementação do Acordo de Paris, que ocorrerá de 11 a 22 de
novembro de 2019. O Itamaraty informou nessa terça-feira (27) sobre a decisão
ao Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima da
Organização das Nações Unidas. Bolsonaro disse que queria evitar controvérsia
entre o seu governo e setores ambientalistas sobre a criação do corredor ecológico
internacional Triplo A e ainda alegou restrições orçamentárias.
"Houve
participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro [Ernesto Araújo,
indicado para o Ministério das Relações Exteriores], eu recomendei para que
evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque, eu peço que
vocês [jornalistas] nos ajudem, está em jogo o Triplo A. Esse acordo, que é uma
grande faixa, que pega a [Cordilheira dos] Andes, Amazônia, Atlântico, de 136
milhões de hectares, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, que poderá
fazer com que percamos nossa soberania nessa área. Se isso for o contrapeso,
nós teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de
acordo com o pensamento nacional. Então, não quero anunciar uma possível
ruptura dentro do Brasil, além dos custos, que seriam, no meu entender, bastante
exagerados tendo em vista o déficit que temos no momento", disse o
presidente eleito.
A ideia do corredor
ecológico Triplo A propõe a construção de um corredor ecológico ligando a
região da Cordilheira dos Andes ao Atlântico, com uma extensão de mais de 200
milhões de hectares. O projeto envolveria a região amazônica de oito países
(Colômbia, Brasil, Peru, Equador, Venezuela, Guiana Francesa, Guiana e
Suriname), afetando mais de 30 milhões de pessoas, incluindo 385 povos
indígenas. No Brasil, abrangeria os estados do Amazonas, de Roraima e do Amapá,
representando 62% do território geral do corredor.
Questionado se a
decisão de suspender a COP-25 poderia trazer prejuízos à imagem do Brasil no
exterior, Bolsonaro voltou a criticar a atual política ambiental e defendeu uma
mudança de rumo no setor. "O país que mais preserva no mundo somos nós,
agora não pode uma política ambiental atrapalhar o desenvolvimento do Brasil,
nós queremos uma política ambiental de verdade. Todos nós queremos preservar o
meio ambiente, mas não dessa forma que está aí. Hoje, a economia, quase está
dando certo apenas na questão do agronegócio e eles estão sufocados por
questões ambientais, que não colaboram em nada para o desenvolvimento e a
preservação do meio ambiente. Isso é um contraponto, mas uma verdade, por isso
a demora na escolha do ministro do Meio Ambiente", disse.
Bolsa Família
Bolsonaro também
defendeu o uso da tecnologia para fazer um pente-fino nos benefícios do Bolsa
Família. Mais cedo, o deputado federal Osmar Terra, indicado para o futuro
Ministério da Cidadania, havia sinalizado a necessidade de fiscalização no
programa.
"Hoje eu tive
acesso a uma nova ferramenta, na busca de fraudes, é até um alerta para quem
está fazendo coisa errada, de pessoas que recebem Bolsa Família e tem um
rendimento acima de X por ano ou de acordo com os bens. O número foi
assustador. Então, com essa nova ferramenta, nós vamos fazer um grande pente
fino nesses projetos sociais, que nós queremos preservar, mas com saúde",
disse o presidente eleito.
Reforma da
Previdência
Sobre a reforma da
previdência, Bolsonaro admitiu que nada deve ser encaminhado este ano, mas que
uma proposta do seu governo será apresentada ao Congresso Nacional. "No
corrente ano, será muito difícil [a aprovação]. Com toda certeza, alguma
reforma a gente vai propor para o Parlamento discutir e aprovar a partir do ano
que vem", disse.