sexta-feira, 9 de novembro de 2018

NOVAS DESCOBERTAS INDICAM QUE "LUZIA" NÃO VEIO DA ÁFRICA E SIM DA ÁSIA


Pesquisa desmonta teoria de uma Luzia 'africana'

Malú Damázio









Estudo foi feito a partir de amostras de esqueletos encontrados em Lagoa Santa

Esqueça a Luzia com traços marcadamente africanos. O fóssil mais antigo encontrado nas Américas, na década de 1970, em Lagoa Santa, na Grande BH, tem outra identidade. A personagem mais conhecida da pré-história do Brasil não veio da África ou Austrália. Pesquisadores apontam que o grupo que iniciou a ocupação do continente, há cerca de 20 mil anos, é, na verdade, oriundo da Ásia.
A descoberta foi anunciada ontem por estudiosos das universidades de São Paulo (USP) e de Harvard (EUA) e do Instituto Max Planck (Alemanha), que analisaram o DNA dos fósseis encontrados na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O feito lança luz sobre a história dos povos ameríndios – os habitantes da América antes da chegada dos europeus –, que passa a ser recontada a partir das novas constata-ções científicas.
A extração do material genético é inédita. Há duas décadas se tentava, sem sucesso, acessar o genoma do grupo que tem Luzia como personagem principal. O obstáculo era o ambiente tropical, de difícil preservação, em que os esqueletos foram encontrados. As áreas, conforme os estudiosos, acumulavam grande fragmentação dos ossos e alta possibilidade de contaminação.
Publicada ontem na revista científica internacional Cell, a pesquisa elimina a hipótese de o Povo de Luzia ter aparência semelhante a de indivíduos africanos ou aborígenes australianos. A imagem de uma Luzia negra, inclusive, foi eternizada pela famosa reconstrução facial feita pelo especialista britânico Richard Neave, na década de 1990.
Essa primeira representação, mais artística do que científica, como afirmam especialistas, se baseou na teoria do antropólogo brasileiro Walter Neves, conhecido como “pai” de Luzia. Segundo ele, o grupo teria chegado ao continente antes dos ancestrais dos indígenas atuais, que vieram da Ásia.
A tese do professor aposentado da USP tinha como ponto central o fato de os crânios dos indivíduos encontrados em Minas Gerais serem anatomicamente muito diferentes das ossadas dos ancestrais dos índios. Porém, agora o DNA comprovou que todos os indivíduos que povoaram as Américas descendem de apenas uma população que chegou até o continente pelo estreito de Bering, que ligava a Sibéria, na Rússia, ao Alasca, nos Estados Unidos.
Confiabilidade
O bioarqueólogo André Strauss, um dos coordenadores do estudo, reforça que o mapeamento genético é mais confiável que a comparação dos esqueletos feita anteriormente. “
Se uma pessoa quer fazer um teste de paternidade, ela tira o DNA, que é infinitamente mais seguro, ainda que o crânio tenha informação genética. Agora, podemos ver que a população de Lagoa Santa é totalmente ameríndia. São da mesma linhagem que um povo Tupi, por exemplo”, diz o pesquisador, que também é professor do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), da USP.
Próximos passos
A análise genética do Povo de Luzia é considerada a “abertura da caixa de Pandora” da arqueologia das Américas, na visão de André Strauss. Além das ossadas de Lagoa Santa, o Instituto Max Planck, da Alemanha, verificou sambaquis (depósitos de material orgânico) na costa brasileira. Foram analisados quatro sítios arqueológicos: um mineiro, dois paulistas e um catarinense.
“A ideia é mapearmos o DNA. Com isso, podemos descobrir como essas populações se relacionavam, se eram grupos de famílias, quais povos já tinham genes selecionados, e entenderemos melhor os fluxos migratórios”, explica o pesquisador.
Traços genérícos
Com a descoberta, Luzia ganha um novo rosto, afirma o bioarqueólogo André Strauss. A representação facial atual, com traços generalizados e indistintos, foi feita a partir de um esqueleto masculino pela professora Caroline Wilkinson, da Liverpool John Moores University, na Inglaterra, especialista em reconstrução forense. “Por trás dessa face estão diferentes histórias dos ameríndios”, frisa Strauss.
A fisionomia mais genérica está ligada à grande diversidade de povos ameríndios, que se estabeleceram por milênios.
As feições dos indivíduos de Lagoa Santa são classificadas pelos pesquisadores como um “ameríndio ancestral”, das quais se derivaram outras variantes que se espalharam pelo continente, explicando a diferença entre os crânios. “Naquela época não tinha ninguém com a mesma ‘cara’ que as pessoas têm atualmente”, observa o bioarqueólogo.
Ancestralidade
Geneticista e professor da UFMG, Fabrício Santos ressalta que o fato de as ossadas terem aparências distintas se deve à ancestralidade dos povos. “As fisionomias mudam com o tempo, pouco a pouco, e essa alteração ocorre em todas as populações”.
O especialista diz, ainda, existir “certa continuidade entre os povos”. “O de Luzia era, provavelmente, muito mais parecido com as comunidades indígenas do Brasil de hoje do que com as demais. Os índios atuais representam muito mais essas populações, inclusive em termos culturais, sociais, na maneira de caçar e de produzir alimentos”, completa Santos.
Conexão
A análise do DNA das ossadas de Lagoa Santa também mostrou que o Povo de Luzia tem conexão com a cultura Clóvis, que reunia indivíduos produtores de pontas de lança feitas em pedra e que viveram na América do Norte há 12 mil anos. Com os dados genéticos foi possível constatar ter havido uma expansão populacional desse grupo.
No movimento migratório, essas pessoas se misturaram aos habitantes locais e deixaram descendentes, incluindo os indivíduos da Grande BH. No entanto, 2 mil anos após a chegada na cidade mineira, os herdeiros da cultura Clóvis deixaram de existir e foram substituídos por ancestrais dos indígenas que habitaram o Brasil colonial.
Reconstrução
Comparar os ossos mais antigos encontrados nas Américas do Sul, Norte e Central. Esse foi o objetivo de outro estudo publicado ontem, dessa vez na revista científica Science.
A pesquisa, que tem o geneticista e professor da UFMG Fabrício Santos entre os autores, analisou materiais escavados pelo dinamarquês Peter Lund, considerado o “pai da arqueologia brasileira”.
A ideia, conforme o pesquisador, é reconstruir a história de populações antigas do continente. “Com isso, também iremos remontar a história da humanidade a partir do ponto de vista dos povos indígenas. Nós sabemos dos europeus, fenícios, romanos e gregos, mas essas narrativas sozinhas compõem a maior parte dos conteúdos dos livros de história”, afirma o cientista.
Fabrício Santos lembra ser possível, a partir da arqueologia, da genética e da linguística, apresentar novas evidências sobre os povos indígenas. “Quando os europeus chegaram aqui, não havia escrita. Estamos buscando dados, ferramentas, cerâmicas e ossadas para fazermos essa recomposição”, explica o especialista.



DEPOIS DA CONTURBADA ELEIÇÃO - O ESSENCIAL PERMANECE


O essencial permanece

Manoel Hygino 










Eis-nos depois de procelosa tempestade, correspondente ao período da campanha eleitoral, a mais acirrada de quantas se fizeram no Brasil desde o fim do regime militar. Bem verdade que, apesar de já estarmos na fase pós, é possível não estarem amainados de vez os ânimos. Diante de tamanho e tão farto volume de divergências entre os contendores, somente o tempo se encarregará de aparar arestas ou de eliminá-las e manter o objetivo essencial que desejamos para as futuras gerações. Alguns modelos de prática política estão estigmatizadas indelevelmente ou resultaram em ferimentos graves.
Sem embargo, para o interesse nacional, de todos os brasileiros, para a sociedade que pretendemos construir sob o símbolo do progresso, interessa a paz, um porvir melhor, mais feliz, facilitando a convivência fraterna sem a qual todas as perspectivas ruirão.
Observou-se por aqui, por motivos sobejamente de conhecimento público, uma perigosa debacle. Estremeceram-se fundamente sentimentos de dignidade e honestidade, ao contrário do que deveria ter acontecido. Estabeleceram-se o desalinho em esferas de governo e o incremento de atos ilícitos, envolvendo figurões da República e grandes empresas.
Entraremos em novo quatriênio administrativo e em novo ano com a República devendo muito a seus cidadãos. Inclusive no que se refere ao equilíbrio já tênue entre os três poderes, que conduz à preocupação com o elevado risco de integral desequilíbrio. Neste momento delicadíssimo, quando termina 2018, cabem, deste modo, serenas reflexões para conseguirmos promover a reinserção nos princípios de honestidade, nos sonhos desfeitos, para não nos sujeitarmos a morrer civicamente.
Ao contrário do que se pensa, o tempo não é outro, apenas sofreu os naturais efeitos de decisões humanas. Tem-se de estar atento ao fato de que muitos protagonistas são os mesmos, preparando-se para novos embates, ainda sem saber o que está à frente, se teremos melhores tempos ou mais borrascas.
Recordo o falecido jornalista Carlos Chagas, da Universidade de Brasília e que foi porta-voz de Costa e Silva. Ele, quatro anos atrás, lembrava que, em março de 1964, os ânimos estavam exaltados. De um lado, as esquerdas que imaginavam mudar tudo por meio de reformas pelo uso de teorias marxistas, ao menos se aproximando do modelo socialista, ou ainda pela ruptura das instituições vigentes. Do outro, empedernidos defensores de privilégios, infensos a mudanças, mas que, sem coragem de opor-se às reformas, levantavam a bandeira do combate ao comunismo. A maioria, todavia, desprezava os dois extremos, até o momento em que se acirraram os ânimos.
Tem-se, contudo, de convir com Carlos Chagas: o mundo não está dividido entre mocinhos e bandidos. Os militares cometeram erros até execráveis, mas contribuíram para a manutenção da unidade nacional. Eles, e quantos existiram antes e quantos vieram e virão depois dela, usufruirão desse privilégio.


COLUNA ESPLANADA DO DIA 09/11/2018


Peso do Coturno

Coluna Esplanada – Leandro Mazzini 










O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), contornou uma situação que poderia lhe render a primeira crise no Governo, a partir de janeiro, e no setor que mais admira: as Forças Armadas. Querido por muitos na Marinha, Aeronáutica e, em especial, no Exército (de onde é egresso), o general Augusto Heleno não é, no entanto, uma unanimidade no Estado Maior como indicado para ministro da Defesa. Em agenda de emergência, oficialmente mostrando prestígio com as Forças, mas nos bastidores apagando incêndio, Bolsonaro visitou os três comandantes e solicitou que indicassem, então, um nome de consenso para o Ministério da Defesa. Apesar de uma pasta civil, o cargo é controlado pela turma do quepe.
Perto do homem
Para driblar a situação delicada, coube ao General Heleno se antecipar e soltar à mídia que prefere ser nomeado para o comando do Gabinete de Segurança Institucional.

Tropa de Elite
É o COT - Comando de Operações Táticas da Polícia Federal quem escoltou em Brasília o presidente eleito. O COT é a SWAT brasileira.
Em baixa
José Sarney e Eunício Oliveira sentiram, no Congresso, o que vem de tratamento a eles: Bolsonaro não os citou. Olhou para a dupla, pensou e soltou “autoridades presentes”.

Direto da cadeia
O PT vai iniciar uma campanha nacional de valorização dos movimentos sociais e estudantis, nas redes sociais e nas ruas, contra a criminalização dos mesmos. O plano será a pauta do encontro, hoje, da senadora Gleisi Hoffmann (eleita deputada federal) e do candidato derrotado à Presidência, Fernando Haddad, em reunião com Lula na cela.

Maioridade
Pauta de Bolsonaro, a tramitação da PEC 33/2012, que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, só deve avançar na próxima Legislatura. A previsão é do presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Edison Lobão (MDB). O senador afirma à Coluna ser “pouco provável” a possibilidade de a discussão neste ano.

Memorial
A PEC da Maioridade tramita no Congresso há seis anos e está parada há mais de um ano na CCJ do Senado.
Recado..
Bolsonaro ouviu do ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, e dos comandantes das Forças Armadas alertas sobre o orçamento “insuficiente” para investimentos necessários em vários setores. Para 2019, conforme Orçamento em discussão no Congresso, os recursos da Defesa terão redução de 23%.

.da caserna
Com o orçamento enxuto, vêm alertando o ministro e os comandantes, as atividades de fronteira e na Antártica poderão ser reduzidas. Também se queixaram ao presidente eleito sobre a defasagem do salário dos militares.

Elétricos
É geral o dedo na tomada na regulação do setor elétrico. O que se diz entre correntes internas (elétricas, claro) é que os empresários Paulo Pedrosa e Nelson Leite, que não emplacaram apadrinhados na Agência Nacional de Energia Elétrica, resolveram soltar choques verbais contra o diretor-presidente André Pepitone, recém-empossado .
Êpa, êpa!     
Algo muito estranho ocorre em Brasília. O INAZ do Pará apresentou proposta de taxa de inscrição a R$ 7 (para nível superior) e R$ 6 (para nível médio), bem abaixo do mercado, para fazer o concurso da Novacap. O valor da praça fica em torno de R$ 12.
Corre-corre
A empresa alegou à Novacap que os valores eram baixo porque não gastariam com aluguéis de escolas e faculdades para as provas. Apresentou termos de cessão não onerosa. Mas a UNIP vai alugar seu espaço para eles, o que causou estranheza e desconfiança para todo lado no Governo do DF. A Unip e a Inaz não se pronunciaram.
Esplanadeira

.A PaulOOctavio[/ESPLA_BOLD] inaugura no sábado o residencial Ministro Carlos Fernando Mathias, na Quadra 110 Norte em Brasília
. A Casa de Laranjeiras da Sérgio Castro ( Petit Palais ) recebe, hoje a exposição “]Rio, Amor e Paixão de Bayard Boiteux e Sebastião Marinho”. O anfitrião é Cláudio Castro, presidente da Associação dos Embaixadores do Rio.


quinta-feira, 8 de novembro de 2018

O MOSQUITO QUE TRANSMITE A LEISHMANIOSE (PHLEBOTOMINAE) TEM COMO ALIMENTAÇÃO PREFERENCIAL A MACONHA


Mosquito transmissor da leishmaniose tem como alimentação preferencial a maconha

Estadão Conteúdo









Mosquitos transmissores da leishmaniose preferem maconha a qualquer outra planta na hora de se alimentar, revela estudo publicado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Conduzida no Brasil, Israel, Palestina, Etiópia e Cazaquistão, a pesquisa mostra que a predileção foi unânime entre todas as populações do inseto analisadas. O trabalho mostrou ainda que, uma vez encontrada planta, o consumo é em grandes proporções.

Mais do que uma curiosidade sobre hábitos desses mosquitos, a constatação representa um trunfo para se traçar estratégias de combate a essa população. "A partir desse dado podemos pensar em criar armadilhas. Outra medida possível seria colocar atrativos em áreas longes da residências, justamente para evitar a presença do mosquito nas casas", afirmou o pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fundação Oswaldo Cruz da Bahia, Artur Queiroz, responsável pelo estudo no País.

Leishmaniose é uma doença grave. Não há vacina para prevenir a infecção, que ocorre com a picada de mosquito contaminado. O tratamento disponível controla, mas não é capaz de eliminar o parasita. Pacientes com a doença têm febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular e anemia. Quando não tratada, a leishmaniose pode levar à morte em 90% dos casos.

No Brasil, os insetos analisados na pesquisa foram coletados em Camaçari, na Bahia. "Identificamos vestígios da planta da maconha tanto na área rural quanto urbana", conta Queiroz. Uma das possibilidades é de que, na área urbana, mosquitos tenham se alimentado de plantas cultivadas em água.

As coletas foram feitas também em cinco pontos do Oriente Médio e África. "A preferência pela folha da maconha ocorreu em todos locais", conta o pesquisador brasileiro. Mesmo onde havia uma oferta abundante de outros vegetais. "Não sabemos ainda a razão para tal preferência", afirma Queiroz, biomédico, doutor em Bioinformática e responsável pela pesquisa no Brasil.

Para fazer o estudo, pesquisadores analisaram o sistema digestivo dos insetos. Os mosquitos com maior concentração da erva no organismo foram encontrados na região de Tubas, território sobre autoridade da Palestina. Além de Tubas e Camaçari, as regiões observadas no estudo são o Deserto da Judeia, na região da Cisjordânia, a cidade de Bura no Cazaquistão, a região de Sde Eliyahu em Israel e de Sheraro, na Etiópia.

No estudo, foram analisados tanto mosquitos infectados quanto não infectados. Fêmeas de insetos transmissores de leishmaniose se alimentam tanto de sangue quanto de seiva. Os machos, por sua vez, alimentam-se exclusivamente de seiva.

O protozoário que provoca leishmaniose se hospeda em vários mosquitos, conhecidos no Brasil como mosquito-palha (Phlebotominae). Existem dois tipos de leishmaniose: a tegumentar (com manifestações na pele) e a visceral, mais grave. Entre 2010 e 2014 foram registrados cerca de 17 mil novos casos de Leishmania Visceral e mais de 1.100 óbitos, já os casos de tegumentar são estimados em 22 mil por ano, segundo o Ministério da Saúde.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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