MPF pede
prisão imediata de Lula após julgamento de recurso
Agência Brasil
Em nota, a defesa de
Lula afirmou que a manifestação do MPF não conseguiu rebater as "inúmeras
contradições" da condenação
O Ministério Público
Federal (MPF) se manifestou nesta segunda-feira (5) contra o último recurso
protocolado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre, para rever a condenação
a 12 anos e um mês na ação penal envolvendo o tríplex no Guarujá (SP). Além de
pedir a rejeição do recurso, o MPF pediu a prisão de Lula após o julgamento
para cumprimento da pena.
No parecer, o
procurador responsável pelo caso se manifestou a favor da defesa de Lula para
dar parcial provimento aos embargos de declaração e corrigir somente alguns
termos do acórdão, a sentença do colegiado, proferido em janeiro. Apesar de
pedir a correção das palavras Grupo OAS, empresa OAS Empreendimentos e
funcionamento ou não do Instituto Lula, a procuradoria entende que as correções
não alteram a essência da condenação.
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“O acórdão entende
haver provas suficientes de que a unidade tríplex do Condomínio Solaris estava
destinada a Luiz Inácio Lula da Silva como vantagem, apesar de não formalmente
transferida porque sobreveio a Operação Lava-Jato e a prisão de empreiteiros
envolvidos, dentre eles, José Adelmário Pinheiro Filho [conhecido como Leo
Pinheiro, ex-executivo da OAS]”, sustenta o MPF.
No dia 24 de
janeiro, o TRF4 confirmou a condenação de Lula na ação penal envolvendo o
tríplex no Guarujá (SP) e aumentou a pena do ex-presidente para 12 anos e um
mês de prisão. Na decisão, seguindo entendimento do STF, os desembargadores
entenderam que a execução da pena do ex-presidente deve ocorrer após o
esgotamento dos recursos pela segunda instância da Justiça Federal.
Com o placar unânime
de três votos, cabem somente os chamados embargos de declaração, tipo de
recurso que não tem o poder de reformar a decisão, e, dessa forma, se os
embargos forem rejeitados, Lula poderia ser preso.
A previsão é de que
o recurso seja julgado até o final de abril.
Em nota, a defesa de
Lula afirmou que a manifestação do MPF não conseguiu rebater as "inúmeras
contradições" da condenação. Segundo os advogados, as inúmeras omissões
devem ser corrigidas para absolver o ex-presidente.
"O MPF tenta
ainda corrigir extemporaneamente o fato de o TRF4 haver determinado de ofício –
sem pedido dos procuradores – a antecipação do cumprimento da pena, o que
é ilegal", diz a nota.
Habeas corpus
de Lula será julgado nesta terça-feira no STJ
Estadão Conteúdo
Esse habeas corpus
de Lula no STJ já teve o pedido liminar negado pelo vice-presidente da Superior
Tribunal de Justiça
O Superior Tribunal
de Justiça (STJ) julga nesta terça-feira, 6, a partir das 13h, o pedido do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para impedir a prisão após esgotarem os
recursos no Tribunal Regional Federal da 4° Região (TRF-4), que condenou Lula
no âmbito da Operação Lava Jato. O julgamento acontece no prédio sede do STJ,
em Brasília, na sala de sessões da Quinta Turma. A sessão será transmitida pelo
canal do tribunal no YouTube.
Cinco ministros, que compõem a Quinta Turma do STJ, analisarão o mérito do
habeas corpus preventivo do ex-presidente. O colegiado é formado pelos
ministros Jorge Mussi, Reynaldo Soares, Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik e
Felix Fischer - que é o relator do pedido de Lula e dos outros processos da
Lava Jato que chegam ao Superior Tribunal de Justiça. A Quinta Turma é
responsável pelas matérias de direito penal no STJ, junto da Sexta Turma.
O julgamento do habeas corpus se inicia com a leitura do relatório da ação,
elaborado e lido pelo ministro Felix Fischer. Esse procedimento pode ser
dispensado se a defesa do petista e a Procuradoria-Geral da República (PGR)
concordarem. Em seguida, o representante da PGR terá 15 minutos para apresentar
os argumentos do órgão, que é contrário ao pedido de Lula. Quem fará a
sustentação é o subprocurador Geral da República Francisco de Assis Vieira
Sanseverino - que normalmente fala em nome da PGR nos processos relativos a
Lava Jato no STJ.
Logo após, o advogado do ex-presidente terá 15 minutos para fazer a defesa do
pedido do Lula. Quem fará a sustentação oral é o ex-ministro do Supremo
Tribunal Federal (STF) e advogado criminalista Sepúlveda Pertence. Ele passou a
integrar a equipe de defesa do petista no início de fevereiro.
Em seguida, o relator do caso, ministro Fischer, apresenta o seu voto. Depois,
os votos são proferidos na ordem do ministro mais antigo do colegiado para o
mais novo: Jorge Mussi, Reynaldo Soares - presidente da Quinta Turma -, Ribeiro
Dantas e, por último, Joel Paciornik.
Esse habeas corpus de Lula no STJ já teve o pedido liminar negado pelo
vice-presidente da Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins, no
dia 30 de janeiro. Martins estava no exercício da presidência durante o recesso
judiciário, e por isso foi o responsável pela análise do pedido, em vez de
Fischer.
Assim que negou a liminar, submeteu a análise de mérito do caso para o
colegiado. Isso ocorreu porque, desde o princípio, o relator designado para o
habeas corpus era Felix Fischer, integrante da Quinta Turma.
Na ocasião, o ministro Humberto Martins afirmou que o STF já firmou o
entendimento de que é possível a execução provisória de acórdão penal após
condenação em segunda instância, "mesmo que sujeito a recurso especial ou
extraordinário, não havendo falar-se em violação do princípio constitucional da
presunção de inocência".
Depois - Para conseguir vetar através do STJ a execução provisória da pena após
esgotados os recursos no TRF-4, Lula precisa de três votos favoráveis ao habeas
corpus.
Se o pedido for negado, ele pode tentar reverter o resultado no STF. Já há um
habeas corpus do ex-presidente que espera para ser analisado no mérito pela
Corte Suprema. Cabe à presidente do STF, Cármen Lúcia, pautar a ação.
Assim como o habeas corpus no STJ, o pedido liminar para evitar a prisão após
condenação pela segunda instância já foi negado no Supremo, pelo ministro Edson
Fachin.
Caso os ministros do STJ neguem o pedido de Lula, a defesa do ex-presidente
também pode entrar com um recurso no STF contra a decisão do STJ, o chamado
recurso em habeas corpus.
Caso
O ex-presidente foi sentenciado a 9 anos e 6 meses pelo juiz federal Sérgio
Moro, que entendeu serem o triplex 164-A, no condomínio Solaris, e suas
respectivas reformas, propinas de R$ 2,2 milhões da construtora OAS. A pena não
apenas foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, como também
aumentada pelos desembargadores para 12 anos e 1 mês.
Ao condenar Lula, os desembargadores ainda pediram para que, após esgotado seu
último recurso ao TRF-4, a pena de prisão, em regime fechado, seja executada.
Estão em análise no TRF-4 os embargos declaratórios interpostos pela defesa de
Lula contra a decisão dada no dia 24 de janeiro pelo tribunal. Esse é o último
recurso disponível para ex-presidente na segunda instância.