Governo Temer
completa um ano; relembre alguns fatos
Agência Brasil
Michel Temer
completa um ano na presidência da República
Michel Temer assumiu
a Presidência da República em 12 de maio de 2016, após os senadores aprovarem a
abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o que resultou
no afastamento dela do cargo. Em agosto, o Senado aprovou
o impeachment de Dilma e Temer assumiu a presidência efetivamente.
Nesses 12 meses, a
gestão do presidente Michel Temer foi marcada pela adoção do ajuste fiscal na
economia, com a definição de um teto para os gastos públicos, e pelo envio das
reformas da Previdência, trabalhista e do Ensino Médio para o Congresso
Nacional. Relembre alguns fatos.
Economia
O ajuste nas contas
públicas foi a principal meta do governo na economia. O ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, afirmou, assim que assumiu o cargo, que apenas o equilíbrio
fiscal poderá fazer com que os investimentos voltem ao Brasil e gerem empregos.
Uma das medidas dentro do ajuste foi a aprovação, pelo Congresso, em dezembro
do ano passado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos,
limitando, por 20 anos, os gastos públicos à inflação do ano anterior.
A medida sofreu críticas segundo as quais retiraria investimentos da saúde
e educação, que têm percentuais mínimos de investimento previstos na
Constituição. De acordo com a Fazenda, os valores mínimos dos
gastos com tais áreas passarão a ser corrigidos pela variação da inflação do
ano anterior.
Outra medida
anunciada foi o saque dos valores das contas inativas do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), como forma de estimular a economia e com
potencial de injetar R$ 30 bilhões.
Em relação à
inflação, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou, no
início do ano, que a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2016 em 6,29%, abaixo do teto da meta do
Conselho Monetário Nacional (CMN). O governo atribuiu a queda da inflação à
firmeza mantida no ajuste fiscal. Com os preços sinalizando queda, o Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou uma trajetória de
redução da Selic, a taxa básica de juros da economia, que, ao final de 2016
estava em 14,25%; e agora está em 11,25%.
Política
Em vários discursos,
Temer tem dito que o Congresso Nacional é peça-chave para ajudar o país a
superar a crise econômica. Em um ano, o Executivo enviou ao Parlamento 83
propostas, entre elas as reformas do ensino médio, da Previdência e a
trabalhista, além da PEC que limita os gastos públicos. Segundo
levantamento do Centro de Documentação e Pesquisa da Câmara, deste total, mais
da metade das propostas (54) são medidas provisórias, que tramitam em regime de
urgência.
A aprovação ou não
das propostas foi o termômetro da relação do governo com os
parlamentares. A primeira vitória foi a aprovação da PEC do Teto dos
Gastos Públicos, considerada fundamental pelo governo para o ajuste fiscal e
para retomada da credibilidade da economia.
A primeira
dificuldade foi em relação ao projeto de lei que trata da renegociação das
dívidas dos estados. Após longa negociação com governadores, o projeto do
Senado, que tinha o apoio do Executivo, foi desfigurado na Câmara no final do
ano passado, com a retirada das contrapartidas previstas pelo governo federal
para os estados. O presidente Michel Temer vetou parte do projeto. E
as alterações feitas pelos deputados federais levaram-o a enviar em janeiro uma
nova proposição de recuperação fiscal para os estados endividados. Depois de um
trabalho de convencimento por parte do governo, os deputados aprovaram esta
semana a proposta, que ainda tramitará no Senado.
Neste momento, os
maiores desafios são a aprovação das reformas da Previdência, que deve
chegar ao plenário da Câmara na próxima semana, e trabalhista, que foi
aprovada pelos deputados e está em fase de discussão no Senado. As propostas
têm movimentado o Parlamento e também são alvo de críticas, por exemplo, das
centrais sindicais, que convocaram uma greve geral, em abril em protesto.
Social
Pouco mais de um mês
após assumir definitivamente a presidência, Temer lançou o programa
Criança Feliz, coordenado pela primeira-dama Marcela Temer. A proposta é
potencializar o desenvolvimento de crianças com até 3 anos de famílias
beneficiárias do Bolsa Família e as de até 6 anos que recebem o Benefício de
Prestação Continuada. As gestantes também estão fazem parte do público-alvo.
Outro programa lançado pelo governo Temer foi o Cartão-Reforma, que dá
crédito a pessoas de baixa renda para reforma, ampliação e finalização de obras
da casa própria. A meta é atender entre 85 mil e 100 mil casas em 2017.
Uma medida na área
social que teve repercussão foi a revisão nas concessões dos
benefícios do auxílio-doença do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que
resultou no cancelamento de milhares de benefícios. De acordo com o governo, o
objetivo é direcionar os recursos previdenciários para quem realmente precisa e
aprimorar a gestão, contribuindo para equilibrar as contas públicas.
O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo,
teve reajuste de 12,5% no valor do benefício quando Michel Temer estava
interino na presidência. Na ocasião, chegaram a circular boatos na internet de
que, ao assumir a Presidência, Temer acabaria com o programa, criado na
administração do PT.
Educação
Com apoio
do Congresso Nacional, foi aprovada a reforma do Ensino Médio, pela
qual os estudantes poderão escolher formação em uma das cinco áreas:
linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e sociais
aplicadas e formação técnica e profissional. De acordo com o
governo, a reforma modernizará e irá melhorar o ensino.
A reforma sofreu
resistência de movimentos educacionais, por ter sido votada em forma de medida
provisória, e estudantes chegaram a ocupar mais de mil escolas e
universidades, o que levou ao adiamento das provas do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) em determinados locais. As provas
foram aplicadas em duas datas em 2016.
Nesse período,
voltaram ao ministério as discussões sobre a Base Nacional Comum
Curricular, que havia sido entregue na gestão passada ao Conselho
Nacional de Educação (CNE). A pasta dividiu o documento da Base, que antes
tratava de todo o ensino básico, entre ensino infantil e fundamental e ensino
médio. Este ano foi entregue novamente ao CNE a parte que diz
respeito ao ensino fundamental e infantil. A BNCC define o mínimo que deve
ser ensinado e desenvolvido nas escolas de todo o país. A expectativa é
que seja aprovada pelo CNE até o final do ano. Também nesse prazo, deve
ser entregue ao CNE a parte referente ao ensino médio, que deverá ser
adequada à reforma.
A proposta para a
Base prevê que as crianças, em todo o país, deverão ter acesso desde cedo a
conteúdos de português e matemática. Até o 2º ano do ensino fundamental,
geralmente aos 7 anos, os estudantes deverão ser capazes de ler e escrever.
Tanto a Base, quanto
a reforma do ensino médio, ainda levarão um tempo para ser implantadas nas
escolas e demandarão a adequação das redes de ensino. A expectativa é que
cheguem às escolas públicas a partir de 2019.
Lava Jato
A operação que
investiga esquemas de corrupção em diversas estatais atingiu integrantes do
governo.
Romero Jucá, que
ocupava o Ministério do Planejamento e um dos principais articuladores
políticos de Temer, deixou o cargo após o vazamento de uma conversa
que teve com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, sobre a Lava Jato.
Na conversa, Jucá teria sugerido um “pacto” para tentar barrar as
investigações. O senador negou essa intenção. Ele voltou ao Senado, onde
continua trabalhando na articulação política do governo.
Outro ministro que
deixou o governo após seu nome aparecer no contexto da Lava Jato foi Henrique
Eduardo Alves. O então ministro do Turismo foi citado na delação premiada de
Sérgio Machado e pediu demissão do cargo. Segundo a delação, Alves
teria recebido R$ 1,55 milhão em doações eleitorais com recursos ilícitos. Além
disso, Fabiano Silveira deixou o Ministério da Transparência,
Fiscalização e Controle, depois da revelação de conversas gravadas em que ele
critica a operação e orienta a defesa de investigados.
Em fevereiro deste
ano, o presidente Michel Temer anunciou que os ministros que se tornarem réus
na Operação Lava Jato serão afastados do cargo. Caso sejam apenas
denunciados, eles serão afastados provisoriamente, desde que as denúncias
reúnam provas que possam ser acolhidas. “Faço essa declaração para dizer que o
governo não quer e não vai blindar ninguém”, disse o presidente na
ocasião. Em abril, oito ministros do governo Temer foram citados em
delações de ex-diretores da empreiteira Odebrecht.
Política externa
No primeiro ano de
governo, Temer deu prioridade à política interna, por causa da aprovação das
reformas, e fez poucas viagens internacionais. A partir do mês que vem, o
presidente deve intensificar o ritmo de viagens. O próximo compromisso
confirmado será o encontro do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta),
nos dias 7 e 8 de julho, na Alemanha.
Em um ano de
governo, destaca-se uma ida de Temer à China, em setembro, para encontrar-se
com empresários e participar de eventos relativos ao G-20. No mesmo mês, o
presidente foi a Nova York, nos Estados Unidos, para participar da sessão de
abertura e de diversos encontros promovidos durante a 71ª Assembleia Geral das
Nações Unidas.
Nos Estados Unidos,
ele também participou de reuniões para discutir temas como os movimentos de
refugiados e sobre a mudança do clima. Foram feitas também reuniões bilaterais
com presidentes e chefes de Estado de diversos países. Temer ainda foi a Goa,
na Índia, para se reunir com os chefes de Estado e de governo dos Brics - grupo
formado por Brasil, Russia, Índia China e África do Sul. Da Índia, Temer seguiu
para o Japão, onde se reuniu com o imperador Akihito e com empresários
japoneses.