Logo, em nível internacional
Manoel Hygino
Estamos no fundo do
poço, se é que alguém mediu sua profundidade? Eis a questão. Quem toma
conhecimento dos fatos divulgados pelos meios de comunicação se assusta – não
mais se surpreende – com o que aconteceu nos tempos mais recentes de nossa
pobre/rica República. Ninguém, em sã consciência, admitiria que chegássemos ao
ponto da vulnerabilidade que atingimos, acompanhados com preocupação pelas
nações de todo o mundo, com as quais convivemos.
O que perdemos em
credibilidade é inimaginável, embora haja muito a percorrer nesta quase
incrível descida pelo plano inclinado em que nos achamos. Não se permitirá mais
ignorar que se trata de fatos reais, não de um pesadelo em inquietante noite. A
partir de agora serão investigadas as denúncias já formalizadas judicialmente,
ou que venham a sê-lo, sendo imprescindível que elas se façam de maneira clara
e lúcida, com espírito público e patriotismo.
Não se trata apenas
do que aconteceu em âmbito estritamente interno, se é que, no conserto das
nações globalizadas, há algo que foge à atenção do mundo civilizado. Dentro em
pouco, e já há prenúncios, as manchetes alcançarão o âmago dos noticiários
internacionais, de maneira crua e cristalina.
Estamos ingressando
rapidamente no rol dos acontecimentos em escala extra-nacional. Lembro que
houve numerosas negociações, como não poderia deixar de ser, com outros países,
ainda não de inteiro conhecimento do cidadão. Há dúvidas e inquirições. Em
Angola, por exemplo, o presidente José Eduardo dos Santos, é acusado de
banditismo, com ajuda de grandes empresas, inclusive a brasileira Odebrecht. O
chefe do Executivo do país africano, há 37 anos no poder, é criticado
reiteradamente. Ponderável parcela das obras de infraestrutura ali executadas
ou em execução poderá ser investigada.
Angola é apenas um
no extenso rol das nações que exigem apuração de negociações, executadas por
Luanda com apoio de Brasília.
Um blog angolano, um
dos principais críticos às práticas políticas do presidente daquele país, considera
que devem ser investigadas nossas construtoras. Rafael Marques, fundador do
blog, é peremptório: “O Brasil sempre foi visto entre nós como um poder
legitimador da corrupção em Angola, isto é, do regime totalitário de José
Eduardo dos Santos”.
Disse mais: “O
comportamento da diplomacia brasileira sempre foi o mesmo nos diferentes
governos no Brasil, da ditadura até agora. Houve certamente um crescimento das
linhas de crédito desde o governo Lula, mas foi o período de maior crescimento
econômico no Brasil e do aumento da riqueza em Angola por causa do petróleo”.
A ONG se achou no
dever de justificar-se: “Temos que criar uma relação melhor, que não seja
monopólio da Odebrecht e de um poder ditatorial. Há muito que o Brasil pode
contribuir com Angola e vice-versa. Esses laços devem ser reforçados com
benefícios mútuos, deixando de ser apenas uma relação de saque dos recursos
angolanos por parte das empresas brasileiras que servem apenas para legitimar
os crimes de um governo autoritário”.

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