O cidadão deve ajudar
Manoel Hygino
Há, juntando as peças, uma rebelião dispersa no país. De um lado,
causada pelos irreversíveis resultados, sempre crescentes, da má utilização dos
recursos públicos, objeto de três anos de incessantes operações desenvolvidas
no âmago da administração. Muito já se descobriu, algo já se revelou, mas
imensamente falta apurar e divulgar para que não mais se aventure por caminhos
desonestos. Constitui uma quimera, mas na qual se terá de insistir para salvar
a nação, próspera e feliz, que gerações sonharam e pela qual lutaram.
Há, também, o super caso do sistema penitenciário, que recentemente
eclodiu em vários estados. É um verdadeiro desafio à autoridade e problema até
então restrito aos que verdadeiramente se interessam no sistema pela ordem no
país. Há muitos milhares de pessoas presas em infectas prisões, mas existem
cerca de seiscentas mil outras aguardando julgamento.
Grande parte dos que protestam diante de elevados impostos diante das
câmaras e microfones, entretanto, não contribuem efetivamente para o erário.
Vivemos uma época de recessão, de desemprego lastimável, de falta de
oportunidades de trabalho e, como sempre, de baixos salários. Enquanto isso,
evoluem rapidamente as demandas, principalmente no campo da saúde e da
educação, s em nos referirmos à habitação, ao saneamento básico e à segurança
pública.
Não citamos, de propósito, o transporte. Se nas regiões interioranas faltam coletivos para levar as crianças e adolescentes até as escolas, onde elas existam, nas grandes cidades se repete a destruição sistemática e criminosa de coletivos.
Não citamos, de propósito, o transporte. Se nas regiões interioranas faltam coletivos para levar as crianças e adolescentes até as escolas, onde elas existam, nas grandes cidades se repete a destruição sistemática e criminosa de coletivos.
Com pistas de rolamento degradadas nos bairros e vilas mais distantes, o
deslocamento é lento e os veículos mais padecem, e, em consequência, seus
usuários. Se os seus concessionários ganham fortunas com se apregoa, que se
cuide de manter as tarifas dentro dos limites adequados à bolsa popular,
fazendo-se conferência ou investigação nas contas dos empresários. É
perfeitamente compreensível e democrático.
Mas não se admitirá que as frotas sejam alvo da sanha de irresponsáveis
que, por múltiplos motivos, ateiam fogo aos veículos, em detrimento do cidadão
e do sistema. Trata-se, como repetidamente se demonstra, de atentados
perpetrados por vândalos que atuam à guisa de vingança por ações de agentes da
lei contras criminosos.
Esse tipo de comportamento, em alguns casos, se dá por ordem de chefões
confinados nas penitenciárias, como prova de seu poder e força, mesmo
trancafiados. Foi assim em Manaus, em Mauá, em Natal, obrigando a Polícia
Militar a restabelecer o trânsito e a paz em torno das grandes cidades, em Belo
Horizonte, por exemplo.
Os números de veículos atingidos pela fúria de malfeitores, alguns “de
menor”, impressionam e exigem atenção, embora se convenha ser dificultoso
localizar onde se registrará o próximo ato delituoso. A população terá de
denunciar, o que souber, porque afinal é a beneficiária e a sofrida vítima da
delinquência.