segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

PRECISAMOS RENOVAR O QUADRO POLÍTICO DO BRASIL



Partidos aguardam fim da 'Lava Jato' para fechar acordos, de olho em 2018

Tatiana Moraes 









De acordo com pesquisas, Marina Silva pode derrotar Lula em um possível 2º turno

Dois mil e dezessete ainda não começou, mas o foco da classe política já está no pleito presidencial de 2018. Ao contrário dos anos anteriores, as negociações entre os partidos para compor chapa ainda estão turvas. Afinal, com a Operação “Lava Jato” a todo o vapor, as legendas devem deixar a formalização dos apoios para a última hora.
Entre os mais cotados para a corrida presidencial estão Lula (PT), que lidera as pesquisas em primeiro turno; o atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT); o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB); o senador Aécio Neves (PSDB), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), a ex-senadora Marina Silva (Rede), o empresário e apresentador de TV Roberto Justus, e Jair Bolsonaro (PSC).
O PMDB, menina dos olhos da política por possuir a maior bancada e, consequentemente, por arrastar um maior número de aliados, aguarda decisão da “Lava Jato” para decidir qual lado tomar.
“Não tem nada de significativo costurado. O partido está esperando acabar a ‘Lava Jato’ para saber, inclusive, quem poderá se candidatar”, afirma uma fonte que não quis se identificar. Atualmente aliado do PSDB, o relacionamento do presidente Michel Temer (PMDB) com o partido está bambo.
Ainda é cedo
Bruno Reis, professor de Ciências Políticas da UFMG, ressalta que, com o cenário político conturbado, ainda é cedo para falar em uma polarização nas próximas eleições.
“Não podemos descartar Lula nem Alckmin como candidatos, o cenário é de extrema fragmentação e, por isso, outros atores têm chances reais de serem eleitos”, analisa.
Como exemplo, ele cita Marina Silva, que, segundo pesquisas eleitorais, é capaz de vencer Lula em um segundo turno. Ciro Gomes (PDT) é outro nome forte que tem se destacado tanto nos bastidores políticos quanto nos meios de comunicação, com opiniões vorazes.
Há, ainda, candidatos impulsionados pela descrença da população nos políticos de longa data. O empresário e apresentador de TV Roberto Justus é um deles.
“O Justus é a prova de que ricos e influentes não podem ser descartados como candidatos no atual cenário político. Afinal, é necessário dinheiro para bancar a campanha e um bom programa de marketing para se destacar com as mudanças na legislação eleitoral”, justifica.
Outro nome que tem se fortalecido é o de Bolsonaro. “Não acredito na viabilidade dele se eleger. Mas a crescente visibilidade de Bolsonaro também é sintoma da fragilidade do sistema político”, ressalta.



VAMOS CRESCER ECONOMICAMENTE EM 2017?



2017: Há espaço para crescer?

Paulo Haddad 





Torna-se cada vez mais evidente que a recessão econômica, com suas taxas negativas de crescimento do PIB, é um fenômeno socioeconômico tentacular que espalha as suas mazelas por todas as diferentes dimensões da sociedade. Ela atinge o bem-estar social das famílias que perdem a sua renda por causa do desemprego e do subemprego de seus membros. Ela atinge a autoestima dos micro e pequenos empresários que veem os seus negócios desmoronarem diante da falta de demanda e das taxas de juros escorchantes que pesam sobre seu endividamento involuntário. Ela atemoriza psicologicamente os jovens quando cerceia as suas oportunidades de exercitar o conhecimento e o aprendizado que adquiriram durante anos de estudos e de sacrifício.
O Brasil precisa voltar a crescer. Sem dúvida, o país voltando a crescer entre 3 e 4 por cento em média durante um lustro tornará relativamente mais fácil realizar uma gestão eficaz e justa dos conflitos sociais e das tensões políticas que estão tomando conta do atual contexto histórico. Com um ciclo de expansão em andamento, cresce a renda das famílias e também os níveis de emprego, aumenta a base tributável que permite financiar as políticas sociais compensatórias e avançam as oportunidades para os jovens entrantes nos mercados de trabalho.
Há pelo menos três plataformas de apoio à retomada do crescimento que independem relativamente do cronograma de concepção e de implementação das reformas institucionais e microeconômicas já projetadas. Uma retomada que poderá resgatar a confiança de consumidores e de empreendedores quanto ao futuro da economia. Essa confiança surgirá para os trabalhadores quando o emprego despontar no horizonte de curto prazo e para os empresários quando a demanda se ativar, e não apenas quando se realizarem as ações da austeridade fiscal.
Keynes dizia em 1923 que, em momentos de turbulências fiscais e financeiras como está vivendo o Brasil nos dias de hoje, há pouca sensibilidade política para soluções que somente são eficazes no longo prazo, quando então estaremos todos mortos. Ora, as principais medidas tomadas pelo governo federal em matéria de política econômica terão os seus benefícios diluídos no longo prazo.
Assim, é preciso analisar as três plataformas de apoio a uma retomada do crescimento mais rápida e mais segura e que não se caracterize como uma bolha especulativa ou como um evento de vida curta. A primeira plataforma de grande alcance é uma queda significativa nas taxas nominais de juros. Uma queda consistente com a desaceleração do ritmo inflacionário, estrangulado pela própria recessão. A taxa de inflação está convergindo para menos de cinco por cento em 2017. Se admitirmos uma taxa real de juros de quatro a cinco por cento, ainda absurdamente elevada para a atual conjuntura econômica mundial, podemos trazer a taxa nominal de juros do nível de quase quatorze por cento para menos de dez por cento, ainda no primeiro semestre de 2017.
A segunda plataforma está na negociação que precisa ser realizada com alguns setores da economia brasileira que apresentam grande capacidade de resposta produtiva (as atividades do agronegócio tendem a liderar qualquer lista por qualquer critério) ou estão empoçados numa inusitada capacidade ociosa. O processo de negociação visa a eliminar pontos de estrangulamento setorial, geralmente de natureza regulatória, numa via rápida (fast track).
Finalmente, é preciso acelerar os processos de privatização, de concessões, de parcerias público-privada, transformando os investimentos de infraestrutura econômica em áreas de negócios para a iniciativa privada. Acelerar, nesse caso, significa desde quebrar as resistências ideológicas aos processos de mudanças até estimular a revitalização das grandes empresas de engenharia construtiva do país após o nihil obstat do Ministério Público e da Justiça quanto à sua atuação em anéis burocráticos no passado recente.
Tudo indica que o panorama da economia internacional virá, em 2017, impregnado de riscos e incertezas. Riscos e incertezas que estão impregnando também as perspectivas da economia brasileira. Que 2017 seja, pois, um ano de renovação de ideias e de reconstrução da esperança do povo brasileiro no futuro do nosso país.

domingo, 25 de dezembro de 2016

O TERRORISMO - PREOCUPAÇÃO MUNDIAL



DO ANO DE TERROR E ESPERANÇA

Stefan Salej 





Escrever no fim deste ano, e ainda por cima um artigo a ser publicado sobre os eventos do ano que passou, no domingo de Natal, é sem dúvida uma tarefa das mais complexas para o colunista. O ano não foi atípico só no Brasil, onde saiu a presidenta por impeachment e entrou um vice com chance de sair. A economia que no mundo inteiro se recupera, no Brasil continua com esperança de recuperação, com sorrisos marotos nos prometendo com micro medidas macro resultados. É a política econômica band-aid, de olho nas delações premiadas dos políticos e empresários que pagam qualquer preço para sair do emaranhado de corrupção em que se meteram. E sem falar no Congresso, cujo ex-presidente também está preso, que cada noite nos surpreende com mais atos contra o cidadão e o país do que a favor. Em resumo, um ano que no Brasil nem de longe terminou e que vai se arrastar como a sujeira do Rio Doce, provocada pela queda da barragem da Samarco.

Mas esse retrato desastroso do Brasil, quando colocado no mundo, a não ser no campo do campeonato da corrupção, da limpeza jurídica e da economia, tem um outro componente diferente, que abre uma janela de tranquilidade. Fizemos os Jogos Olímpicos com tranquilidade e com perfeição. E se olharmos o balanço do mundo, onde só nesta última semana houve um atentado em Berlin, a morte do terrorista que provocou o atentado, na Itália, o assassinato do embaixador da Rússia na Turquia, a reconquista da cidade de Allepo na Síria pelas forcas governamentais, com êxodo de milhares de pessoas, e o sequestro de um avião que acabou na Malta, ainda podemos dizer que por aqui está tranquilo.

Sem mencionar os atentados na Bélgica, Estados Unidos, e França, os conflitos na Líbia, Iraque, Afeganistão, Ucrânia e Síria, a queda do avião no Egito e mais e mais, podemos dizer que efetivamente o mundo está sem paz. Dizer que estamos em guerra, talvez seja forte demais, mas que hoje quando se viaja tem que tomar cuidado, não há duvida alguma. O mundo esta conturbado. A segurança interna vai exigir uma nova postura e o caso do ataque em Berlin mostrou claramente isso. As sociedades democráticas terão que se reorganizar para proteger melhor seus cidadãos contra os extremistas e terroristas. Aliás, a Europa sempre teve seus extremistas: vamos lembrar que a Primeira Guerra Mundial começou com o terrorismo nacionalista sérvio.
O novo retrato do horror no Oriente Médio e na Europa não está pronto para ser pintado. Só vai ficar pronto com as eleições na França e Alemanha no próximo ano, quando o tema do combate ao terrorismo será um divisor de águas.

E a esperança? Bem, fora dos assaltos, sequestros, "Lava Jato", expansão do narcotráfico, pelo menos o Brasil está livre de terrorismo. Mas, está mesmo? Vale a pena acreditar na paz, mas vale a pena ainda mais lutar para que tenhamos uma sociedade em paz.