DO ANO DE TERROR E
ESPERANÇA
Stefan Salej
Escrever no fim deste ano, e ainda por cima um artigo a ser publicado
sobre os eventos do ano que passou, no domingo de Natal, é sem dúvida uma
tarefa das mais complexas para o colunista. O ano não foi atípico só no Brasil,
onde saiu a presidenta por impeachment e entrou um vice com chance de sair. A
economia que no mundo inteiro se recupera, no Brasil continua com esperança de
recuperação, com sorrisos marotos nos prometendo com micro medidas macro
resultados. É a política econômica band-aid, de olho nas delações premiadas dos
políticos e empresários que pagam qualquer preço para sair do emaranhado de
corrupção em que se meteram. E sem falar no Congresso, cujo ex-presidente
também está preso, que cada noite nos surpreende com mais atos contra o cidadão
e o país do que a favor. Em resumo, um ano que no Brasil nem de longe terminou
e que vai se arrastar como a sujeira do Rio Doce, provocada pela queda da
barragem da Samarco.
Mas esse retrato desastroso do Brasil, quando colocado no mundo, a não
ser no campo do campeonato da corrupção, da limpeza jurídica e da economia, tem
um outro componente diferente, que abre uma janela de tranquilidade.
Fizemos os Jogos Olímpicos com tranquilidade e com perfeição. E se olharmos o
balanço do mundo, onde só nesta última semana houve um atentado em Berlin, a
morte do terrorista que provocou o atentado, na Itália, o assassinato do
embaixador da Rússia na Turquia, a reconquista da cidade de Allepo na Síria
pelas forcas governamentais, com êxodo de milhares de pessoas, e o sequestro de
um avião que acabou na Malta, ainda podemos dizer que por aqui está tranquilo.
Sem mencionar os atentados na Bélgica, Estados Unidos, e França, os
conflitos na Líbia, Iraque, Afeganistão, Ucrânia e Síria, a queda do avião no
Egito e mais e mais, podemos dizer que efetivamente o mundo está sem paz. Dizer
que estamos em guerra, talvez seja forte demais, mas que hoje quando se viaja
tem que tomar cuidado, não há duvida alguma. O mundo esta conturbado. A
segurança interna vai exigir uma nova postura e o caso do ataque em Berlin
mostrou claramente isso. As sociedades democráticas terão que se reorganizar para
proteger melhor seus cidadãos contra os extremistas e terroristas. Aliás, a
Europa sempre teve seus extremistas: vamos lembrar que a Primeira Guerra
Mundial começou com o terrorismo nacionalista sérvio.
O novo retrato do horror no Oriente Médio e na Europa não está pronto
para ser pintado. Só vai ficar pronto com as eleições na França e Alemanha no
próximo ano, quando o tema do combate ao terrorismo será um divisor de águas.
E a esperança? Bem, fora dos assaltos, sequestros, "Lava
Jato", expansão do narcotráfico, pelo menos o Brasil está livre de
terrorismo. Mas, está mesmo? Vale a pena acreditar na paz, mas vale a pena
ainda mais lutar para que tenhamos uma sociedade em paz.
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