quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

NO BRASIL OS POLÍTICOS NEGAM A PROPINA - DIZEM QUE FOI DOAÇÃO EXPONTÂNEA



Odebrecht admite ter pago mais de R$ 3,3 bilhões em propina em 12 países

Agência Brasil 








Em acordo de delação premiada firmado com autoridades norte-americanas, a Odebrecht e uma de suas subsidiárias, a Braskem, admitiram ter pago mais de US$ 1 bilhão, cerca de R$ 3,3 bilhões, em propina a funcionários do governo em 12 países, entre eles o Brasil, seus representantes e partidos políticos. De acordo com documentos divulgados nesta quarta (21) pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, representantes da Odebrecht confessaram o pagamento de propina de US$ 788 milhões, desde 2001, enquanto a Braskem admitiu ter pago aproximadamente US$ 250 milhões, entre 2016 e 2014.
Em acordo firmado com autoridades brasileiras, norte-americanas e suíças, a Odebrecht e a Braskem, braço da empreiteira que atua no setor petroquímico, se declararam culpadas por várias fraudes e concordaram em pagar uma multa total de pelo menos US$ 3,5 bilhões em penas globais para resolver o que é considerado o maior caso de suborno estrangeiro na história.
Segundo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Odebrecht criou um departamento exclusivo para gerenciar o pagamento de propina. Na Divisão de Operações Estruturadas, executivos da empresa gerenciavam o “orçamento sombra", usado para pagar propinas e subornos no Brasil, Angola, Argentina, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Perú e Venezuela.
"A Odebrecht e a Braskem usaram uma unidade de negócios da Odebrecht - um Departamento de Suborno, por assim dizer - que sistematicamente pagou centenas de milhões de dólares para corrupção de funcionários governamentais em países de três continentes", o disse vice-procurador-geral adjunto do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Sung-Hee Suh.

Nos termos do acordo de culpabilidade divulgado pelos Estados Unidos, em 2006 o esquema de pagamento de propinas dentro da empreiteira evoluiu de tal forma que a Odebrecht criou a "Divisão de Operações Estruturadas". Até 2009, o chefe do departamento reportou-se aos mais altos níveis da Odebrecht, inclusive para obter autorização para aprovar pagamentos de suborno. Depois de 2009, a responsabilidade foi delegada a outras empresas de negócios no Brasil e nas demais jurisdições.
Para ocultar as atividades fraudulentas, a Divisão de Operações Estruturadas utilizava um sistema de comunicações “completamente separado” e “off-book”, que permitia aos membros da divisão comunicarem-se uns com os outros e com operadores financeiros externos com segurança, por e-mails e mensagens instantâneas, usando nomes de código e senhas.
Já a Braskem, usando o sistema Odebrecht, autorizou o pagamento de subornos a políticos e partidos políticos no Brasil, bem como a funcionários da Petrobras. Em troca, a Braskem tinha benefícios, como tarifas preferenciais da Petrobras pela compra de matérias-primas utilizadas pela empresa e legislação favorável.

Odebrecht pagou R$ 1,1 bilhão em propina no Brasil, segundo EUA

A Odebrecht pagou US$ 349 milhões (R$ 1,16 bilhão em câmbio atual) em propina a agente políticos brasileiros, incluindo partidos e membros do governo, para conseguir vantagens em negócios da empreiteira no país.
A informação consta de documentos tornados públicos pelo DOJ (Departamento de Justiça) dos Estados Unidos, que assinou nesta quarta-feira (21) acordo de leniência com o grupo baiano. Deste montante, US$ 40 milhões (R$ 133 milhões) foram destinados a partidos por meio do departamento de Operações Estruturadas, área da empresa responsável por operacionalizar o pagamento de propina.
Segundo os investigadores americanos, o montante foi pago entre 2003 e 2016 e gerou benefícios à empreiteira em mais de US$ 1,9 bilhão (R$ 6,3 bilhões em câmbio atual).
Esse montante faz parte dos cerca de US$ 788 milhões (R$ 2,6 bilhões, ao câmbio atual) de propinas pagas pela Odebrecht em 11 países, além do Brasil.
Os documentos foram tornados públicos nesta quarta-feira, após a Odebrecht assinar em Washington, nos EUA, o acordo em que a empreiteira e a Braskem se comprometem a pagar uma multa total de R$ 6,9 bilhões.

VOCÊ FAZ A SUA AUTOCRÍTICA?



O difícil exercício da autocrítica

Simone Demolinari 





O final do ano nos convida à reflexão. Mas será que conseguimos olhar para dentro de nós com isenção narcísica e fazer um bom exame de consciência sobre nossas condutas? Mergulhar dentro de si não é uma tarefa fácil. Geralmente tendemos a enxergar melhor os erros nos outros e atenuá-los em nós.
No final de 2014, o papa Francisco fez um interessante discurso à Cúria Romana convidando-os a uma autocrítica. Ele se ateve a alguns comportamentos que chamou de “doenças”, que ao meu ver são reflexões muito pertinentes à vida de qualquer pessoa. Vejamos algumas de forma resumida:
- A doença do sentir-se “imortal”, “imune” ou até mesmo “indispensável”. Esta é a enfermidade daqueles que se sentem superiores a todos. Muitas vezes deriva da patologia do poder, do “complexo dos eleitos”, do narcisismo que fixa apaixonadamente a sua imagem. A estes, uma visita ordinária aos cemitérios poderia ajudar. Ver os nomes de tantas pessoas que já partiram, algumas das quais pensassem talvez ser imortais, imunes e indispensáveis.
- A doença da má coordenação. Quando os membros do corpo perdem a comunhão entre si, o corpo perde a sua funcionalidade harmoniosa. É como uma orquestra que só produz barulho, pois seus membros não cooperam uns com os outros. É quando o pé diz ao braço: “não preciso de ti para nada”, ou a mão à cabeça: “quem manda sou eu”, causando, assim, desarmonia e mal-estar.
- A doença da esquizofrenia existencial. É a doença dos que vivem uma vida dupla, fruto da hipocrisia típica do medíocre e do vazio espiritual, onde nível social ou títulos acadêmicos não podem preencher. Criam, assim, um mundo paralelo, onde colocam à parte tudo aquilo que ensinam severamente aos outros e começam a viver uma vida oculta e muitas vezes dissoluta.
- A doença das bisbilhotices, das murmurações e da fofoca. É uma doença grave, que começa simplesmente, quem sabe, para trocar poucas palavras e se apoderar da pessoa, transformando-a em semeadora de intrigas e homicidas da fama dos colegas. É a doença das pessoas covardes que, não tendo a coragem de falar diretamente, falam pelas costas.
- A doença de “endeusamento” dos chefes. É a doença daqueles que cortejam seus superiores, esperando daí obter vantagens. São vítimas do oportunismo. Esta doença também pode ocorrer inversamente, quando os chefes cortejam alguns colaboradores para obter deles submissão, lealdade e dependência psicológica.
- A doença da indiferença para com os outros. Quando alguém pensa somente em si, perdendo a sinceridade e o calor das relações humanas. Quando se chega ao conhecimento de algo e o esconde para si, ao invés de partilhar positivamente com os outros. Quando, por ciúme ou por astúcia, se sente alegria ao ver o outro cair, ao invés de erguê-lo e encorajá-lo.
Talvez uma boa sugestão para essa época do ano seja a confraternização interior, substituindo mensagens natalinas e presentes comemorativos por um profundo mergulho em nós mesmos, tentando, com humildade, ser pessoas melhores.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

TERROR VANGLORIA DE TER FEITO MAIS VÍTIMAS



Estado Islâmico reivindica ataque com caminhão que matou 12 em Berlim

Folhapress 








Carreta invadiu mercado em Berlim

A organização terrorista Estado Islâmico reivindicou nesta terça-feira (20) o ataque com um caminhão que deixou 12 mortos em Berlim na noite anterior. Um dos canais oficiais da milícia divulgou uma nota afirmando que o autor do atropelamento era um de seus "soldados" respondendo às chamadas por ataques contra a coalizão internacional inimiga da organização.
A reivindicação não prova, no entanto, o envolvimento direto do Estado Islâmico nem de que maneira pode ter contribuído para o ataque. A ação pode ter sido realizada por um militante solitário, sem laços reais. As autoridades alemães ainda não têm informações concretas sobre o atentado.
Sem evidências, a polícia soltou durante o dia um suspeito que estava sendo interrogado. Tratava-se de um refugiado paquistanês de 23 anos, detido próximo ao mercado natalino. Ele havia chegado à Alemanha em 31 de dezembro de 2015. O responsável pelas mortes ainda pode estar, segundo autoridades locais, à solta e possivelmente armado.
Mesmo antes da reivindicação do Estado Islâmico, o governo alemão vinha tratando esse caso, que deixou 48 feridos, como atentado. A chanceler Angela Merkel visitou o local das mortes e afirmou que "ainda há muito que não sabemos com certeza o suficiente, mas precisamos supor que se trate de um ataque terrorista".
"Seria especialmente difícil lidarmos com isso se for confirmado que a pessoa que cometeu este ato era alguém que buscou proteção e asilo", disse. Merkel defendeu, no ano passado, a entrada de refugiados na Alemanha.
Sua fala coincidiu com aquela da polícia e de Thomas de Maizière, ministro do Interior. A imprensa local, porém, relatava não haver pistas para a investigação, uma sensação reforçada pela soltura do jovem refugiado.
MOTORISTA
Um caminhão atropelou o público de um tradicional mercado natalino de Berlim na segunda-feira (19) por volta das 20h do horário alemão (às 17h em Brasília). O suposto ataque ocorreu entre barracas servindo vinho quente e salsichas, diante da igreja Kaiser Villhelm.
A polícia encontrou o cidadão polonês Lukasz Urban, 37, morto dentro do veículo, com evidências de facadas e tiros. Ele seria o motorista original do caminhão. A empresa polonesa responsável pelo veiculo diz que Urban desapareceu durante a tarde de segunda-feira. O veículo teria sido roubado e utilizado no atentado.
Segundo Ariel Zurawski, primo do motorista, ele havia chegado a Berlim quatro horas antes do incidente e conversado com a mulher. O GPS do veículo mostrava movimentos para frente e para trás, diz Zurawski, que também é dono da firma.
MERCADOS
Investigadores removeram o caminhão durante a manhã de terça-feira e o encaminharam para análise forense. Havia flores e recados no local do atropelamento. O mercado foi fechado durante o dia, mas outras feiras semelhantes continuavam a funcionar no restante do país. As autoridades afirmaram não ter intenção de abandonar a prática, tradicional no país. A segurança foi reforçada, no ínterim.
A polícia conduziu uma busca em um hangar abandonado no aeroporto Tempelhof, no sul de Berlim, onde refugiados estão abrigados.

O CHÃO QUE PISAMOS NÃO É NADA ANIMADOR



O chão que pisamos

Manoel Hygino 





Sem ser pessimista, vislumbro horizontes não muito animadores. Quem acompanha estas observações diárias, verifica que o passar dos dias os confirmam. Por isso, quando leio que a expectativa de vida do brasileiro segue crescendo, pergunto-me: que culpa têm as novas gerações? Não basta viver mais tempo, fundamental é a qualidade de vida que se tem. O IBGE informa que os nascidos viverão em média 75,5 em 2015. Bom ou ruim?
Depende de uma gama imensa de fatores. Mas, o presidente do próprio IBGE, Paulo Castro, antecipa: o Brasil enfrentará um período de estagnação em vez de recuperação, mesmo que a previsão de crescimento para a economia em 2017 se concretize. Ainda que o país saia da recessão, o avanço será insuficiente para vencer a crise (substantivo mais comumente empregado presentemente por estas bandas).
Castro declarou que o momento atual ainda é de piora nas projeções. Um dos fatores é o desarranjo no setor produtivo: “Algo há de errado na disposição desse time. As empresas entram mal em campo, as pessoas são desempregadas. Todos ficam desesperançados, a produtividade geral cai e o governo gasta demais, cobrando de todos para coibir a gastança”. Sem falar na alta taxa de juros, medida útil para período curto, mas que persiste há décadas.
O governo Temer decidiu mexer numa caixa de marimbondos, antes incluídos em pauta como temas permanentes, embora mais para manter as aparências. Entre eles, porque duradouros, os salários no serviço público e a reforma da Previdência, que interessam profundamente a todos.
Em meio ao torvelinho de enormes dificuldades, acirram-se os ânimos entre Legislativo e Judiciário, aflorando arestas, talvez ressentimentos.
Chegou-se, assim, ao clima de quase uma crise institucional, que não interessa a quem quer que seja, em tempo algum, a não ser aos pregoeiros, incentivadores e soldados da baderna.
Quando se aprovou o limite dos salários dos servidores públicos da União, considerando o que percebem os ministros do Supremo Tribunal Federal, pareceu-se classificar suas excelências do Judiciário como privilegiados com uma espécie de supersalário da República. No entanto, há muita gente ganhando acima do teto e Renan está no encalço dos felizardos. Aliás, não será difícil identificá-los e não só na máquina federal, nem só no Judiciário.
Como consequência, o noticiário da imprensa revela que todos os funcionários querem agora subir na escala salarial para chegar à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Já é bom em um país em que as remunerações, de modo geral, são tão baixas. Aliás, seria por isso mesmo que se apela a múltiplos artifícios para alcançar patamares mais altos, mesmo através de propinas e outros meios criminosos.
No fundo, o que o brasileiro quer é apenas sobreviver – o que não anda nada fácil. O homem de rua acha que quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. Este o Brasil em que estamos e em que vivemos, que exige mudanças – difíceis – para melhorar-se e às condições de existir de sua população.