quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O CHÃO QUE PISAMOS NÃO É NADA ANIMADOR



O chão que pisamos

Manoel Hygino 





Sem ser pessimista, vislumbro horizontes não muito animadores. Quem acompanha estas observações diárias, verifica que o passar dos dias os confirmam. Por isso, quando leio que a expectativa de vida do brasileiro segue crescendo, pergunto-me: que culpa têm as novas gerações? Não basta viver mais tempo, fundamental é a qualidade de vida que se tem. O IBGE informa que os nascidos viverão em média 75,5 em 2015. Bom ou ruim?
Depende de uma gama imensa de fatores. Mas, o presidente do próprio IBGE, Paulo Castro, antecipa: o Brasil enfrentará um período de estagnação em vez de recuperação, mesmo que a previsão de crescimento para a economia em 2017 se concretize. Ainda que o país saia da recessão, o avanço será insuficiente para vencer a crise (substantivo mais comumente empregado presentemente por estas bandas).
Castro declarou que o momento atual ainda é de piora nas projeções. Um dos fatores é o desarranjo no setor produtivo: “Algo há de errado na disposição desse time. As empresas entram mal em campo, as pessoas são desempregadas. Todos ficam desesperançados, a produtividade geral cai e o governo gasta demais, cobrando de todos para coibir a gastança”. Sem falar na alta taxa de juros, medida útil para período curto, mas que persiste há décadas.
O governo Temer decidiu mexer numa caixa de marimbondos, antes incluídos em pauta como temas permanentes, embora mais para manter as aparências. Entre eles, porque duradouros, os salários no serviço público e a reforma da Previdência, que interessam profundamente a todos.
Em meio ao torvelinho de enormes dificuldades, acirram-se os ânimos entre Legislativo e Judiciário, aflorando arestas, talvez ressentimentos.
Chegou-se, assim, ao clima de quase uma crise institucional, que não interessa a quem quer que seja, em tempo algum, a não ser aos pregoeiros, incentivadores e soldados da baderna.
Quando se aprovou o limite dos salários dos servidores públicos da União, considerando o que percebem os ministros do Supremo Tribunal Federal, pareceu-se classificar suas excelências do Judiciário como privilegiados com uma espécie de supersalário da República. No entanto, há muita gente ganhando acima do teto e Renan está no encalço dos felizardos. Aliás, não será difícil identificá-los e não só na máquina federal, nem só no Judiciário.
Como consequência, o noticiário da imprensa revela que todos os funcionários querem agora subir na escala salarial para chegar à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Já é bom em um país em que as remunerações, de modo geral, são tão baixas. Aliás, seria por isso mesmo que se apela a múltiplos artifícios para alcançar patamares mais altos, mesmo através de propinas e outros meios criminosos.
No fundo, o que o brasileiro quer é apenas sobreviver – o que não anda nada fácil. O homem de rua acha que quem trabalha não tem tempo de ganhar dinheiro. Este o Brasil em que estamos e em que vivemos, que exige mudanças – difíceis – para melhorar-se e às condições de existir de sua população.

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