O desânimo e a preguiça
Simone Demolinari
É cada vez maior o número de pessoas que se queixam de sentir preguiça.
Incomodam-se com o fato de não conseguirem colocar em prática planos que
gostariam. Sentem-se vencidas pelo desânimo.
No intuito encontrar uma justificativa para tal comportamento, muitas
depositam na conta do cansaço físico. Mas será que a preguiça deriva da fadiga
ou é uma característica inerente ao ser humano?
Christopher Hsee, cientista da Universidade de Chicago, afirma que não
há nada de errado em sentir preguiça, visto que esta é uma condição natural do
homem. Algo que ele vê até como positivo, uma vez que ajuda a poupar energia.
Para fundamentar a tese, o estudioso comandou um experimento com 98 estudantes.
No experimento, os estudantes deveriam preencher um questionário,
esperar 15 minutos e preencher outro. Cumprida a tarefa, o material deveria ser
entregue a um dos fiscais presentes em sala de aula. Um deles ficava bem
próximo aos alunos. Já o outro, a alguns metros de distância dos participantes.
Ao concluírem a tarefa, 68% dos voluntários entregaram os papéis ao fiscal mais
próximo.
Podemos também verificar a manifestação da preguiça em vários momentos
no nosso dia a dia: quando usamos o celular ao invés de telefone fixo pela
simples facilidade de tê-lo à mão; quando optamos por comer algo prejudicial à
saúde por estar mais perto; quando substituímos uma palavra por outra por
preguiça de saber como conjugá-la; quando desistimos dos nossos objetivos –
dieta, academia, estudos etc.
O desânimo e a preguiça são condutas autodestrutivas que, além de
atrasar o desenvolvimento dos planos de vida, ainda deixam o indivíduo com
baixa autoestima. O sujeito preguiçoso está sempre insatisfeito consigo. Não
tem admiração pelo próprio jeito de ser; ao contrário, se envergonha dele. Até
hoje não conheci ninguém que tivesse orgulho de ser preguiçoso.
Mas o que fazer diante dessa condição?
Penso que nos tornarmos competentes para lidar com a nossa limitação
seja uma boa forma de lutar contra algo tão grandioso. Essa competência inclui:
– Saber lidar com a frustração: pessoas intolerantes à frustração tendem a desistir dos objetivos no primeiro obstáculo. Desanimam do que almejavam e se rendem à preguiça de tentar novamente.
– Saber lidar com a frustração: pessoas intolerantes à frustração tendem a desistir dos objetivos no primeiro obstáculo. Desanimam do que almejavam e se rendem à preguiça de tentar novamente.
– Desenvolvimento da disciplina: desenvolvemos essa habilidade o quanto
mais conseguirmos colocá-la em prática. Por exemplo: se eu me propuser a fazer
determinada atividade e a cumprir, além de aumentar minha autoestima, ainda
consolidarei um padrão de comportamento.
– Controle das emoções: pessoas mais evoluídas emocionalmente tendem a
controlar melhor as emoções. Isso vale para qualquer emoção: raiva, ciúmes,
inveja e, claro, a preguiça. Controlar não significa eliminar e muito menos
deixar de sentir. Significa apenas que estas emoções, antes de se manifestarem,
passam pelo crivo da razão, e só se manifestarão se avalizadas por ela.
Adotar essas posturas não é fácil, mas é possível. Dependerá basicamente
da maturidade emocional e do amor próprio.