Aumento em péssima hora
Editorial Jornal
Hoje em Dia
O consumidor brasileiro mau se acostumou a absorver o aumento nos preços
dos alimentos e tarifas públicas nos últimos meses, e já terá que se acostumar
a pagar mais pela conta de luz a partir de setembro. A bandeira amarela será
acionada com o objetivo de cobrir os custos das geradoras de energia devido à
baixa nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
Na prática, o aumento mensal poderá ser de R$ 4,50 para uma família que
consome 300 kwh, composta por quatro pessoas. Pode parecer pouco, mas se
multiplicarmos por milhões de residências é um aporte financeiro considerável
para as empresas do setor. Além disso, para empresas que possuem um consumo
muito acima da média é mais um custo que vai para a planilha de gastos no fim
do mês, ajudando a agravar ainda mais a situação em plena crise.
Mas, por outro lado, a justificativa para o aumento é que chama mais a
atenção. A redução dos níveis de reservatórios devido às chuvas é esperada para
o inverno, tempo mais seco do ano. Mas, segundo dados do Operador Nacional do
Sistema, houve um aumento no consumo de energia elétrica. Ou seja, esse é mais
um sinal de que pode sim estar havendo uma retomada da atividade econômica,
como já mostramos aqui nos números de vendas da indústria de base.
Naturalmente, as confirmações só virão nos balanços trimestrais do Produto
Interno Bruto (PIB).
Mas o aumento poderia ser sim evitado neste momento, ou pelo menos,
adiado por mais alguns meses. Os reservatórios estão baixos, mas longe do nível
crítico do ano passado, quando houve até racionamento de água para consumo
humano.
Além de evitar alta nos custos de produção para as empresas que estão se
virando para se manter, esperar um pouco mais para acionar a bandeira amarela
ajudaria a consolidar o clima de confiança na recuperação da economia interna –
ou pelo menos um reforço na expectativa de retomada –, e o que o Brasil precisa
hoje é justamente um clima de otimismo para que os investimentos voltem a ser
aplicados no país, principalmente os estrangeiros.
Não que um reajuste desse vá fechar alguma empresa, mas pode ameaçar
alguns postos de trabalho ou fazer com que investimentos futuros não sejam
concretizados. Afinal de contas, uma bandeira amarela é meio caminho para uma
vermelha, e o empresário já acumula muitas perdas.
Vamos torcer para que o acréscimo na conta de luz não afete tanto as empresas
e que a bandeira amarela passe bem rápido com as chuvas de outubro.
Especialistas dizem que aumento da conta de luz é inevitável
Tatiana Moraes
A retomada da confiança do
consumidor deverá ser punida com o encarecimento da conta de luz. Com o aumento
do consumo residencial de energia elétrica[/TEXTO], segundo a Empresa de
Energia Elétrica (EPE), e a redução do ritmo de geração pelas usinas
hidrelétricas, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS),
especialistas acreditam que será inevitável o anúncio da bandeira amarela já em
agosto. Isso significa que, a partir de setembro, para cada 100 quilowatts-hora
(KWh) consumidos será pago um adicional de R$ 1,50.
A título de comparação, um
apartamento com dois moradores em que ambos passam parte do dia fora consome,
em média, 300 KWh ao mês. Estima-se, portanto, um aumento de R$ 4,50 na conta
com o hasteamento da bandeira amarela.
Caso haja uma recuperação da
economia, o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, vai
além. Nesse caso, ele projeta o acionamento da bandeira vermelha ainda neste
ano. Afinal, imersas na crise, as indústrias ainda estão produzindo e
consumindo energia em ritmo bem menor do que o do ano passado. Se retomarem a
produção, pressionarão o sistema elétrico.
Utilizando o exemplo
anterior, a conta de luz da casa com dois moradores ficaria R$ 9 mais cara com
a bandeira vermelha.
Em junho, segundo dados da
EPE, o consumo nacional de eletricidade bateu em 37.174 gigabites/hora (GWh).
Embora menor do que o registrado em maio, devido às férias escolares, o
montante ficou estável na comparação com igual período de 2015. Em maio, o
consumo foi 0,8% maior do que no mesmo mês de 2015 e, em abril, 1,4% maior.
As residências foram as
maiores responsáveis pelo crescimento do consumo. Em junho, as residências
utilizaram 4,6% mais energia na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em
maio, o consumo foi 3,5% maior e, em abril, 7,5%. Na contramão, as indústrias
registraram queda de consumo de 3,3%, 3,2% e 4,8%, respectivamente.
Menos chuvas
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.
O PLD é o preço médio pelo
qual os agentes balizam a energia no mercado livre. Quando o PLD passa de R$
211 é necessário ligar as térmicas. Como estas utilizam combustível, produzem
uma energia mais cara do que a das hidrelétricas. As bandeiras são, então,
acionadas, e a diferença é paga pelo consumidor.
O aumento do consumo e a
redução das chuvas reflete em alta do PLD, que é um balizador do preço da
energia no Mercado Livre. Quando o PLD passa de R$ 211, é necessário ligar as
térmicas. Como o combustível dessas usinas é mais caro do que o utilizado nas
hidrelétricas, as bandeiras amarela e vermelha são acionadas, transferindo a
conta para o consumidor
Endividada e com
queda de 62% no lucro, Cemig vende ativos
Mesmo com uma injeção de R$
561 milhões por parte da União no caixa da Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig), referente a uma das oito parcelas que a empresa receberá por ter
renovado a concessão das Cemig Transmissora, a receita líquida da estatal
despencou 11,8% no segundo trimestre de 2016 na comparação com igual período do
ano passado, fechando em R$ 4,7 bilhões. O desempenho do lucro líquido foi
ainda pior, com queda de 62,2%, fechando em R$ 202 milhões no mesmo período.
Enquanto os números da
estatal derretem, o endividamento vai às alturas. Segundo apresentação
realizada à imprensa ontem, a dívida líquida total somou R$ 7,4 bilhões.
Somente para este ano, a companhia tem R$ 3,092 bilhões a pagar. A relação
dívida líquida sobre geração de caixa (Ebitda), que reflete a capacidade da
companhia de honrar seus compromissos financeiros, em junho era de 3,3 vezes. O
número é melhor que o do trimestre anterior, quando ultrapassou 4 vezes, mas
ainda está acima do que é permitido pelo estatuto da empresa, de uma dívida no
máximo duas vezes maior que a geração de caixa.
No caso da Cemig, os juros
também são altos. De acordo com o mesmo relatório, o custo médio da dívida já
batem 15,7% ao ano.
A solução encontrada para
reduzir a dívida é fazer o inverso do trabalho realizado pela administração
anterior, baseado na compra de ativos e ampliação da empresa. Agora, a estatal
está focada na venda das subsidiárias que não fazem parte do core business. Ou
seja, tudo o que não for distribuição, geração e transmissão. Entre elas, a
menina dos olhos Taesa e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
O grande negócio da Gasmig,
teoricamente, seria a extração do gás natural na bacia do São Francisco. A
Cemig participou de consórcios de prospecção, mas a viabilidade da exploração
comercial ainda não foi declarada. A retomada da confiança do consumidor deverá
ser punida com o encarecimento da conta de luz. Com o aumento do consumo
residencial de energia elétrica[/TEXTO], segundo a Empresa de Energia Elétrica
(EPE), e a redução do ritmo de geração pelas usinas hidrelétricas, conforme
dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), especialistas acreditam que será
inevitável o anúncio da bandeira amarela já em agosto. Isso significa que, a
partir de setembro, para cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos será pago um
adicional de R$ 1,50.
A título de comparação, um
apartamento com dois moradores em que ambos passam parte do dia fora consome,
em média, 300 KWh ao mês. Estima-se, portanto, um aumento de R$ 4,50 na conta
com o hasteamento da bandeira amarela.
Caso haja uma recuperação da
economia, o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, vai
além. Nesse caso, ele projeta o acionamento da bandeira vermelha ainda neste
ano. Afinal, imersas na crise, as indústrias ainda estão produzindo e
consumindo energia em ritmo bem menor do que o do ano passado. Se retomarem a
produção, pressionarão o sistema elétrico.
Utilizando o exemplo
anterior, a conta de luz da casa com dois moradores ficaria R$ 9 mais cara com
a bandeira vermelha.
Em junho, segundo dados da
EPE, o consumo nacional de eletricidade bateu em 37.174 gigabites/hora (GWh).
Embora menor do que o registrado em maio, devido às férias escolares, o
montante ficou estável na comparação com igual período de 2015. Em maio, o
consumo foi 0,8% maior do que no mesmo mês de 2015 e, em abril, 1,4% maior.
As residências foram as
maiores responsáveis pelo crescimento do consumo. Em junho, as residências
utilizaram 4,6% mais energia na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em
maio, o consumo foi 3,5% maior e, em abril, 7,5%. Na contramão, as indústrias
registraram queda de consumo de 3,3%, 3,2% e 4,8%, respectivamente.
Menos chuvas
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.
O PLD é o preço médio pelo
qual os agentes balizam a energia no mercado livre. Quando o PLD passa de R$
211 é necessário ligar as térmicas. Como estas utilizam combustível, produzem
uma energia mais cara do que a das hidrelétricas. As bandeiras são, então,
acionadas, e a diferença é paga pelo consumidor.
O aumento do consumo e a
redução das chuvas reflete em alta do PLD, que é um balizador do preço da
energia no Mercado Livre. Quando o PLD passa de R$ 211, é necessário ligar as
térmicas. Como o combustível dessas usinas é mais caro do que o utilizado nas
hidrelétricas, as bandeiras amarela e vermelha são acionadas, transferindo a
conta para o consumidor
Endividada e com
queda de 62% no lucro, Cemig vende ativos
Mesmo com uma injeção de R$
561 milhões por parte da União no caixa da Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig), referente a uma das oito parcelas que a empresa receberá por ter
renovado a concessão das Cemig Transmissora, a receita líquida da estatal
despencou 11,8% no segundo trimestre de 2016 na comparação com igual período do
ano passado, fechando em R$ 4,7 bilhões. O desempenho do lucro líquido foi
ainda pior, com queda de 62,2%, fechando em R$ 202 milhões no mesmo período.
Enquanto os números da
estatal derretem, o endividamento vai às alturas. Segundo apresentação
realizada à imprensa ontem, a dívida líquida total somou R$ 7,4 bilhões.
Somente para este ano, a companhia tem R$ 3,092 bilhões a pagar. A relação
dívida líquida sobre geração de caixa (Ebitda), que reflete a capacidade da
companhia de honrar seus compromissos financeiros, em junho era de 3,3 vezes. O
número é melhor que o do trimestre anterior, quando ultrapassou 4 vezes, mas
ainda está acima do que é permitido pelo estatuto da empresa, de uma dívida no
máximo duas vezes maior que a geração de caixa.
No caso da Cemig, os juros
também são altos. De acordo com o mesmo relatório, o custo médio da dívida já
batem 15,7% ao ano.
A solução encontrada para
reduzir a dívida é fazer o inverso do trabalho realizado pela administração
anterior, baseado na compra de ativos e ampliação da empresa. Agora, a estatal
está focada na venda das subsidiárias que não fazem parte do core business. Ou
seja, tudo o que não for distribuição, geração e transmissão. Entre elas, a
menina dos olhos Taesa e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
O grande negócio da Gasmig,
teoricamente, seria a extração do gás natural na bacia do São Francisco. A
Cemig participou de consórcios de prospecção, mas a viabilidade da exploração
comercial ainda não foi declarada.




