quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O GOVERNO BAGUNÇA A ECONOMIA



Aumento em péssima hora

Editorial Jornal Hoje em Dia 



O consumidor brasileiro mau se acostumou a absorver o aumento nos preços dos alimentos e tarifas públicas nos últimos meses, e já terá que se acostumar a pagar mais pela conta de luz a partir de setembro. A bandeira amarela será acionada com o objetivo de cobrir os custos das geradoras de energia devido à baixa nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
Na prática, o aumento mensal poderá ser de R$ 4,50 para uma família que consome 300 kwh, composta por quatro pessoas. Pode parecer pouco, mas se multiplicarmos por milhões de residências é um aporte financeiro considerável para as empresas do setor. Além disso, para empresas que possuem um consumo muito acima da média é mais um custo que vai para a planilha de gastos no fim do mês, ajudando a agravar ainda mais a situação em plena crise.
Mas, por outro lado, a justificativa para o aumento é que chama mais a atenção. A redução dos níveis de reservatórios devido às chuvas é esperada para o inverno, tempo mais seco do ano. Mas, segundo dados do Operador Nacional do Sistema, houve um aumento no consumo de energia elétrica. Ou seja, esse é mais um sinal de que pode sim estar havendo uma retomada da atividade econômica, como já mostramos aqui nos números de vendas da indústria de base. Naturalmente, as confirmações só virão nos balanços trimestrais do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas o aumento poderia ser sim evitado neste momento, ou pelo menos, adiado por mais alguns meses. Os reservatórios estão baixos, mas longe do nível crítico do ano passado, quando houve até racionamento de água para consumo humano.
Além de evitar alta nos custos de produção para as empresas que estão se virando para se manter, esperar um pouco mais para acionar a bandeira amarela ajudaria a consolidar o clima de confiança na recuperação da economia interna – ou pelo menos um reforço na expectativa de retomada –, e o que o Brasil precisa hoje é justamente um clima de otimismo para que os investimentos voltem a ser aplicados no país, principalmente os estrangeiros.
Não que um reajuste desse vá fechar alguma empresa, mas pode ameaçar alguns postos de trabalho ou fazer com que investimentos futuros não sejam concretizados. Afinal de contas, uma bandeira amarela é meio caminho para uma vermelha, e o empresário já acumula muitas perdas.
Vamos torcer para que o acréscimo na conta de luz não afete tanto as empresas e que a bandeira amarela passe bem rápido com as chuvas de outubro. 


Especialistas dizem que aumento da conta de luz é inevitável

Tatiana Moraes
A retomada da confiança do consumidor deverá ser punida com o encarecimento da conta de luz. Com o aumento do consumo residencial de energia elétrica[/TEXTO], segundo a Empresa de Energia Elétrica (EPE), e a redução do ritmo de geração pelas usinas hidrelétricas, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), especialistas acreditam que será inevitável o anúncio da bandeira amarela já em agosto. Isso significa que, a partir de setembro, para cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos será pago um adicional de R$ 1,50.
A título de comparação, um apartamento com dois moradores em que ambos passam parte do dia fora consome, em média, 300 KWh ao mês. Estima-se, portanto, um aumento de R$ 4,50 na conta com o hasteamento da bandeira amarela.
Caso haja uma recuperação da economia, o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, vai além. Nesse caso, ele projeta o acionamento da bandeira vermelha ainda neste ano. Afinal, imersas na crise, as indústrias ainda estão produzindo e consumindo energia em ritmo bem menor do que o do ano passado. Se retomarem a produção, pressionarão o sistema elétrico.
Utilizando o exemplo anterior, a conta de luz da casa com dois moradores ficaria R$ 9 mais cara com a bandeira vermelha.
Em junho, segundo dados da EPE, o consumo nacional de eletricidade bateu em 37.174 gigabites/hora (GWh). Embora menor do que o registrado em maio, devido às férias escolares, o montante ficou estável na comparação com igual período de 2015. Em maio, o consumo foi 0,8% maior do que no mesmo mês de 2015 e, em abril, 1,4% maior.
As residências foram as maiores responsáveis pelo crescimento do consumo. Em junho, as residências utilizaram 4,6% mais energia na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em maio, o consumo foi 3,5% maior e, em abril, 7,5%. Na contramão, as indústrias registraram queda de consumo de 3,3%, 3,2% e 4,8%, respectivamente.
Menos chuvas
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.
O PLD é o preço médio pelo qual os agentes balizam a energia no mercado livre. Quando o PLD passa de R$ 211 é necessário ligar as térmicas. Como estas utilizam combustível, produzem uma energia mais cara do que a das hidrelétricas. As bandeiras são, então, acionadas, e a diferença é paga pelo consumidor.
O aumento do consumo e a redução das chuvas reflete em alta do PLD, que é um balizador do preço da energia no Mercado Livre. Quando o PLD passa de R$ 211, é necessário ligar as térmicas. Como o combustível dessas usinas é mais caro do que o utilizado nas hidrelétricas, as bandeiras amarela e vermelha são acionadas, transferindo a conta para o consumidor

Endividada e com queda de 62% no lucro, Cemig vende ativos
Mesmo com uma injeção de R$ 561 milhões por parte da União no caixa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), referente a uma das oito parcelas que a empresa receberá por ter renovado a concessão das Cemig Transmissora, a receita líquida da estatal despencou 11,8% no segundo trimestre de 2016 na comparação com igual período do ano passado, fechando em R$ 4,7 bilhões. O desempenho do lucro líquido foi ainda pior, com queda de 62,2%, fechando em R$ 202 milhões no mesmo período.
Enquanto os números da estatal derretem, o endividamento vai às alturas. Segundo apresentação realizada à imprensa ontem, a dívida líquida total somou R$ 7,4 bilhões. Somente para este ano, a companhia tem R$ 3,092 bilhões a pagar. A relação dívida líquida sobre geração de caixa (Ebitda), que reflete a capacidade da companhia de honrar seus compromissos financeiros, em junho era de 3,3 vezes. O número é melhor que o do trimestre anterior, quando ultrapassou 4 vezes, mas ainda está acima do que é permitido pelo estatuto da empresa, de uma dívida no máximo duas vezes maior que a geração de caixa.
No caso da Cemig, os juros também são altos. De acordo com o mesmo relatório, o custo médio da dívida já batem 15,7% ao ano.
A solução encontrada para reduzir a dívida é fazer o inverso do trabalho realizado pela administração anterior, baseado na compra de ativos e ampliação da empresa. Agora, a estatal está focada na venda das subsidiárias que não fazem parte do core business. Ou seja, tudo o que não for distribuição, geração e transmissão. Entre elas, a menina dos olhos Taesa e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
O grande negócio da Gasmig, teoricamente, seria a extração do gás natural na bacia do São Francisco. A Cemig participou de consórcios de prospecção, mas a viabilidade da exploração comercial ainda não foi declarada. A retomada da confiança do consumidor deverá ser punida com o encarecimento da conta de luz. Com o aumento do consumo residencial de energia elétrica[/TEXTO], segundo a Empresa de Energia Elétrica (EPE), e a redução do ritmo de geração pelas usinas hidrelétricas, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), especialistas acreditam que será inevitável o anúncio da bandeira amarela já em agosto. Isso significa que, a partir de setembro, para cada 100 quilowatts-hora (KWh) consumidos será pago um adicional de R$ 1,50.
A título de comparação, um apartamento com dois moradores em que ambos passam parte do dia fora consome, em média, 300 KWh ao mês. Estima-se, portanto, um aumento de R$ 4,50 na conta com o hasteamento da bandeira amarela.
Caso haja uma recuperação da economia, o presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, vai além. Nesse caso, ele projeta o acionamento da bandeira vermelha ainda neste ano. Afinal, imersas na crise, as indústrias ainda estão produzindo e consumindo energia em ritmo bem menor do que o do ano passado. Se retomarem a produção, pressionarão o sistema elétrico.
Utilizando o exemplo anterior, a conta de luz da casa com dois moradores ficaria R$ 9 mais cara com a bandeira vermelha.
Em junho, segundo dados da EPE, o consumo nacional de eletricidade bateu em 37.174 gigabites/hora (GWh). Embora menor do que o registrado em maio, devido às férias escolares, o montante ficou estável na comparação com igual período de 2015. Em maio, o consumo foi 0,8% maior do que no mesmo mês de 2015 e, em abril, 1,4% maior.
As residências foram as maiores responsáveis pelo crescimento do consumo. Em junho, as residências utilizaram 4,6% mais energia na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em maio, o consumo foi 3,5% maior e, em abril, 7,5%. Na contramão, as indústrias registraram queda de consumo de 3,3%, 3,2% e 4,8%, respectivamente.
Menos chuvas
Enquanto a população aciona mais o interruptor, o[/TEXTO]s volumes dos reservatórios das hidrelétricas caem. Em janeiro, as represas da região Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade hidrelétrica do país, estava em 44,5% do limite máximo, montante 164% superior ao registrado em igual mês de 2015. Em julho, após a temporada de chuvas, o nível subiu para 51,5%, mas a diferença em relação a julho do ano passado caiu para 37,6%.
“O PLD (Preço de Liquidação das Diferenças) certamente será revisado para cima, sendo necessário acionar as térmicas”, diz o presidente da CMU.
O PLD é o preço médio pelo qual os agentes balizam a energia no mercado livre. Quando o PLD passa de R$ 211 é necessário ligar as térmicas. Como estas utilizam combustível, produzem uma energia mais cara do que a das hidrelétricas. As bandeiras são, então, acionadas, e a diferença é paga pelo consumidor.
O aumento do consumo e a redução das chuvas reflete em alta do PLD, que é um balizador do preço da energia no Mercado Livre. Quando o PLD passa de R$ 211, é necessário ligar as térmicas. Como o combustível dessas usinas é mais caro do que o utilizado nas hidrelétricas, as bandeiras amarela e vermelha são acionadas, transferindo a conta para o consumidor

Endividada e com queda de 62% no lucro, Cemig vende ativos
Mesmo com uma injeção de R$ 561 milhões por parte da União no caixa da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), referente a uma das oito parcelas que a empresa receberá por ter renovado a concessão das Cemig Transmissora, a receita líquida da estatal despencou 11,8% no segundo trimestre de 2016 na comparação com igual período do ano passado, fechando em R$ 4,7 bilhões. O desempenho do lucro líquido foi ainda pior, com queda de 62,2%, fechando em R$ 202 milhões no mesmo período.
Enquanto os números da estatal derretem, o endividamento vai às alturas. Segundo apresentação realizada à imprensa ontem, a dívida líquida total somou R$ 7,4 bilhões. Somente para este ano, a companhia tem R$ 3,092 bilhões a pagar. A relação dívida líquida sobre geração de caixa (Ebitda), que reflete a capacidade da companhia de honrar seus compromissos financeiros, em junho era de 3,3 vezes. O número é melhor que o do trimestre anterior, quando ultrapassou 4 vezes, mas ainda está acima do que é permitido pelo estatuto da empresa, de uma dívida no máximo duas vezes maior que a geração de caixa.
No caso da Cemig, os juros também são altos. De acordo com o mesmo relatório, o custo médio da dívida já batem 15,7% ao ano.
A solução encontrada para reduzir a dívida é fazer o inverso do trabalho realizado pela administração anterior, baseado na compra de ativos e ampliação da empresa. Agora, a estatal está focada na venda das subsidiárias que não fazem parte do core business. Ou seja, tudo o que não for distribuição, geração e transmissão. Entre elas, a menina dos olhos Taesa e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig).
O grande negócio da Gasmig, teoricamente, seria a extração do gás natural na bacia do São Francisco. A Cemig participou de consórcios de prospecção, mas a viabilidade da exploração comercial ainda não foi declarada.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

QUEM VENCERÁ ESSA BATALHA?



Moro decide que tem competência para julgar Lula

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte



O juiz federal Sérgio Moro não cedeu à ofensiva da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e decidiu, nesta terça-feira (16), que é de sua competência julgar o petista. Em decisão de seis páginas, Moro reputou "inadmissíveis" as exceções de incompetência por meio das quais os advogados de Lula pretendiam tirar de suas mãos os inquéritos da Polícia Federal que investigam se o petista "seria o arquiteto do esquema criminoso que vitimou a Petrobras".

O embate entre Lula e Moro vem se acirrando desde a deflagração da Operação Aletheia, desdobramento da "Lava Jato" que, em 4 de março deste ano, conduziu coercitivamente o ex-presidente para depor. Na sequência, Moro deu publicidade aos grampos que pegaram Lula com ministros e até com a presidente afastada Dilma Rousseff.

Segundo Moro, as exceções de incompetência foram prematuras porque não há denúncia contra o petista na "Lava Jato", em Curitiba. "A hipótese investigatória que levou à instauração dos inquéritos, de que o ex-presidente seria o arquiteto do esquema criminoso que vitimou a Petrobras e que, nessa condição, teria recebido, dissimuladamente, vantagem indevida, define a competência deste Juízo, sendo a correção ou incorreção desta hipótese dependente das provas ainda em apuração nos inquéritos. Portanto, ainda que a exceção fosse admissível, deveria ser julgada improcedente pois as hipóteses investigatórias em apuração relacionam os fatos ao esquema criminoso que vitimou a Petrobras", afirmou Moro.


O juiz resumiu a linha de investigação da Procuradoria da República. "Se o Ministério Público Federal trabalha com a hipótese de investigação de que o ex-presidente seria responsável por esses crimes, por deliberadamente ter autorizado que fossem pagas e divididas propinas em contratos da Petrobras com agentes da estatal, agentes políticos e partidos políticos, a competência para o processo e julgamento é deste Juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, prevento para o caso."

"A hipótese investigatória com a qual trabalha o Ministério Público Federal, pelo que se depreende de suas anteriores manifestações e da resposta à exceção, é a de que o ex-presidente teria responsabilidade criminal direta pelo esquema criminoso que vitimou a Petrobras e que as supostas benesses por ele recebidas, doação simulada de apartamento, benfeitorias no sítio e no apartamento e remuneração extraordinária das palestras, estariam vinculadas a ele, representando vantagem indevida auferida pelo ex-presidente."

Moro é taxativo. "Se essa hipótese é correta ou não, é uma questão de prova e que não pode ser definida antes do julgamento da eventual ação penal e muito menos antes sequer do encerramento das investigações e do eventual oferecimento da denúncia. Mas essa hipótese investigatória, que atribui ao ex-presidente responsabilidade criminal pelo ocorrido na Petrobras e vincula às benesses aos crimes cometidos contra a estatal, é suficiente, nessa fase, para determinar a competência deste Juízo, igualmente responsável, conforme jurisprudência já consolidada, inclusive das Cortes Superiores, para o processo e julgamento dos crimes praticados no esquema criminoso que vitimou a Petrobras."


CORPO-A-CORPO FAZ UM CANDIDATO SE ELEGER?



Eleição no corpo-a-corpo

Editorial 



A maior parte dos principais candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte nessas eleições iniciou as campanhas fazendo o tradicional corpo-a-corpo com cidadãos pelas ruas da capital mineira ou em encontros com associações de classe e organizações. Levando em consideração os primeiros movimentos dos concorrentes, essa sem dúvida será uma eleição bem diferente das últimas, que foram marcadas pela polarização e o grande investimento em propaganda eleitoral.

Além de reduzir drasticamente os gastos com as campanhas, buscando maior equilíbrio na disputa, e promover maior controle das doações, as novas regras eleitorais podem ter provocado algo que nem os juízes eleitorais e especialistas na área esperavam: uma aproximação do candidato com o eleitor.

Sem o dinheiro das grandes empresas, as chances, em princípio, ficaram maiores para líderes de partidos menores. As coligações foram reduzidas o que distribuiu melhor o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Claro que, com menos tempo, o candidato terá que abordar propostas mais gerais nas produções publicitárias. As demandas específicas de cada região terão que ser tratadas pessoalmente, de frente ao eleitor.

Além disso, a expectativa é que o primeiro turno seja bastante equilibrado, com a diferença entre os concorrentes sendo muito pequena. Por isso, as áreas mais populosas do município deverão ser priorizadas pelas campanhas. Votos dos eleitores de regiões como a do Barreiro, maior colégio eleitoral, e Venda Nova poderão ser decisivos para o pleito.

Um novo modelo também pode propiciar uma mudança do eleitor em relação aos candidatos e suas propostas. Nada de ficar sentado no sofá, aguardando a propaganda eleitoral para se decidir entre dois nomes, no máximo três. Quem quiser saber das propostas dos concorrentes também terá que se mexer também e buscá-las.

Um dos canais poderá ser os perfis das campanhas nas redes sociais, que deverão tomar o lugar da TV como principal veículo de apresentação de propostas e visibilidade dos concorrentes, embora esse meio de divulgação esteja praticamente engatinhando em termos de campanha política no país.

Mas os encontros e os debates entre os candidatos nas associações de bairros e de classe devem se intensificar e serão também uma boa oportunidade do eleitor conferir pessoalmente o perfil dos postulantes à PBH.

Enfim, quem quiser conhecer a fundo os nomes também terá que demonstrar maior interesse pela eleição e procurar por si as propostas. Caso contrário, o eleitor poderá que votar sem analisar todas as candidaturas. E sem direito a reclamar depois.

EVENTO BONITO CONTRASTA COM A FEIURA DA CONTABILIDADE



O prejuízo da Olimpíada

Manoel Hygino 



Não demora e terminam os Jogos Olímpicos de 2016, algo realmente fantástico diante das dificuldades que passa o mundo e, particularmente, o país que os sedia. Coubertin, o nobre francês que teve a ideia de recomeçar as disputas da época do apogeu helênico, poderia julgar-se feliz e realizado com o espetáculo de abertura das competições, que a televisão mostrou, em vivo e em cores, como dizem os portugueses.
No entanto, em contraponto à beleza a que se assistiu, não passou ignorada a sucessão de problemas que, à margem, houve. Refiro-me à demonstração de pobreza, de miséria, até de violência, que, no período, estigmatizou a bem elaborada programação. Não foi invenção da Imprensa o registro de que se revelou ao planeta. Há um outro Brasil: o das enormes favelas e dos grupos criminosos e dos oportunistas, organizados para ilicitamente explorar o evento.
Afirmava-se que a Olimpíada não resultaria em prejuízo para o Brasil, consequentemente para os brasileiros. De antemão, conhecia-se que não se tratava rigorosamente de verdade, porque se tinha muito recente e viva a experiência desastrosa da Copa do Mundo. Nela, houve muito mais do que elevados prejuízos para os cofres públicos, apagando a esperança de, em contrapartida, cumprir-se um programa de obras públicas reclamadas há décadas. O dinheiro tomou outra destinação.
Com os olhos grudados nas televisões, nas quais os escândalos da Lava Jato passaram a plano inferior à Olimpíada, não se tomou conhecimento de uma decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro. Ela proibia que a União e o município fizessem qualquer repasse de verba pública para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos, até que “seja dada ampla publicidade de todas as receitas e despesas”.
E ainda: caso algum repasse tenha sido feito, o Comitê Rio 2016 fica impedido de usar a verba para pagamento a fornecedores. O Comitê está também obrigado a justificar a necessidade de uso dessas verbas para organização e realização dos jogos.
A grave decisão foi de uma juíza – Márcia Maria Nunes de Barros, de plantão no Rio de Janeiro, e decorreu de pedido do Ministério Público Federal, em 2 de julho –, que exigia transparência nas contas das Olimpíadas. O MPF formalizou a solicitação ao Comitê, dando-lhe 20 dias para a abertura da caixa preta. A Comissão Organizadora se negou fazê-lo, todavia, sob alegação de que, sendo ente privado, não havia obrigação legal de atender.
A sua vez, a Procuradoria argumenta que a exposição da contabilidade é imprescindível, até porque estabelecida no contrato da Rio 2016 com o COI. No final da novela, quem terá de assumir o déficit do evento serão a União e os poderes públicos.
A juíza observa que dificilmente o prejuízo dos Jogos será recuperado “por quaisquer dos órgãos públicos, que se encontram em difícil situação financeira, como é de conhecimento geral”.
A belezura da Olimpíada, como se vê, contrasta com a feiura da contabilidade. No final, mais uma vez, o cidadão ficará coagido a quitar o déficit, como se não estivéssemos na crista de uma imensa crise. Este, sim, será um grande golpe contra a bolsa do brasileiro, que por sinal sequer mais bolsa tem.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

MORRE DIRIGENTE DA FIFA SUSPEITO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA



Morre no Rio João Havelange, ex-presidente da Fifa

Estadão Conteúdo 




João Havelange, um dos maiores dirigentes da história do esporte, morreu nesta terça-feira no Rio de Janeiro. O ex-atleta e ex-presidente da Fifa faleceu aos 100 anos, após enfrentar recentes problemas de saúde - em julho, ele passou um período internado em um hospital por causa de uma pneumonia.
Havelange foi presidente da Fifa por 24 anos. Depois, ainda exerceu a função de presidente de honra da entidade, função que deixou em 2013, em meio a eclosão das revelações de um escândalo de corrupção envolvendo a ISL, antiga empresa de marketing que foi parceira da entidade máxima do futebol mundial. Antes, em 2011, também deixou o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Além disso, Havelange foi atleta de diversas modalidades antes de começar a sua carreira de dirigente, primeiramente à frente da CBD e depois na Fifa, para a qual foi eleito presidente em 1974, permanecendo no cargo por 24 anos. Já no COI, permaneceu entre 1963 e 2011.
Nos últimos anos, estava afastado dos holofotes e enfrentou vários problemas de saúde. Em 2012, Havelange ficou em estado grave, com uma infecção bacteriana, mas depois se recuperou. Em junho de 2014, foi internado em função de uma infecção respiratória.
Ex-atleta, Havelange competiu nas provas de natação na Olimpíada de 1936, em Berlim, e na disputa do polo aquático nos Jogos de 1952, em Helsinque. Agora, nesta terça-feira, faleceu no Rio, exatamente durante o período em que está sendo realizada a primeira edição da Olimpíada no Brasil.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...