Análise de revista
britânica prevê estabilização da economia brasileira em 2017
Agência Brasil*
A Economist Intelligence Unit (EIU) estima que, devido à crise política,
a economia brasileira registre queda de 3,7% neste ano, alcance a estabilização
em 2017 e eleve o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços
produzidos no país) acima de 2% até 2020.
"O ambiente desafiante para a economia do Brasil deve continuar
este ano, com uma retração esperada pelo menos até o terceiro trimestre,
chegando ao final do ano com uma contração de 3,7%, o que representa uma
revisão ante os 3,1% de recessão esperados no mês passado, devido às
implicações da crise política cada vez mais profunda", afirmam os
especialistas da unidade de análise econômica da revista britânica The
Economist.
Na análise econômica que fazem sobre o Brasil, os técnicos da revista
confirmam a conclusão do mês passado, de que deveriam rever o prognóstico de
recessão no país, de 3,1% para, pelo menos, mais 0,5 ponto percentual.
"As repercussões do escândalo da Petrobras afetam não só
investimento em petróleo e gás, mas também em infraestrutura, como resultado do
envolvimento das principais empresas de construção civil", diz o
relatório, lembrando que a taxa de investimentos no Brasil caiu para 18%, e a
de poupança, para 14,4%.
"Partindo do princípio de que a inflação e o orçamento melhorem,
isto vai abrir caminho para uma estabilização do PIB em 2017 e uma recuperação
gradual, pouco acima de 2%, em 2018 a 2020, mas ainda assim bem abaixo da média
anual de 4,5% registada durante a expansão das matérias-primas, e o crescimento
do PIB terá de ser alicerçado mais em reformas estruturais e ganhos de
produtividade", afirmam os analistas.
Os especialistas acrescentam que a inflação "deverá abrandar ao
longo do período em análise, depois de ter chegado a 10,8% em fevereiro".
Os técnicos esperam que a taxa anual caia para 7,5% no final deste ano, o que é
abaixo da expectativa anterior, "por causa da recente depreciação da moeda
e do movimento das forças inflacionárias”.
Focus
A projeção da EIU está próxima da expectativa dos analistas e
investidores do mercado brasileiro, que este ano já fizeram o décimo ajuste
consecutivo nas estimativas. No último levantamento publicado pelo Banco
Central, a estimativa para a queda do PIB, a soma de todos os bens e serviços
produzidos no país, foi alterada de 3,60% para 3,66%. O próximo levantamento
será divulga nesta segunda-feira (4).
Para 2017, a expectativa de crescimento foi reduzida de 0,44% para
0,35%, no segundo ajuste seguido. As instituições financeiras também projetam
que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), vai fechar este ano em 7,31%, no terceiro ajuste seguido. Na semana
passada, a estimativa era 7,43%. Para 2017, a estimativa segue em 6%, há sete
semanas consecutivas.