quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

JINGLES



Há 90 anos, os comerciais ganhavam versões cantaroladas, os jingles

Thais Oliveira - Hoje em Dia




 
Titi Walter e o cantor e locutor Bruno Retes – a produtora conta, ainda, com o músico André Baptista

“Pipoca e guaraná/Que programa legal/Só eu e você/E sem piruá!/Que tal?”. Vai dizer que não cantarolou esses versinhos ao passo que os lia? Criado há 25 anos, “Pipoca e Guaraná”, da Antarctica, é um dos jingles mais famosos da publicidade brasileira. “Além de forte, criou o hábito de comer pipoca tomando guaraná”, recorda o escritor mineiro Alberto Villas.
Mas o jingle está longe de ter sido o primeiro a ter sido composto. Em terras tupiniquins, o pioneirismo, na verdade, pertence a “Pão Bragança”, de1932 – ainda que o marco inicial da história dos jingles localize-se em 1926, nos Estados Unidos, mais precisamente, na publicidade do cereal matinal Wheaties. Isso mesmo! Há 90 anos as propagandas ganhavam melodias capazes de emergirem do nosso inconsciente só de ouvirmos as notas iniciais.
Forma de publicidade, os jingles têm a missão de “grudar” na cabeça do consumidor a ponto de despertar o interesse dele pela compra. Não é à toa que a expressão em inglês soa como algo parecido com “tilintar”. “Os jingles fizeram a festa na era do rádio e no início da televisão. Quase todo produto tinha o seu. Quem não se lembra dos cobertores Parahyba? ‘Já é hora de dormir, não espere a mamãe mandar...’”, relembra Villas.
O jingle citado também marcou uma das sócias da produtora de som Aeromúsica, a cantora Titi Walter. “Ainda era criança quando o jingle dos cobertores Parahyba passava na TV. Ele tocava por volta das 19h e a gente já sabia que era hora de dormir e desligar a TV”, relembra.
Processo de criação
Alberto Villas é o autor do livro “A Alma do Negócio” (Editora Globo). A publicação, com prefácio do consagrado publicitário Washington Olivetto e do jornalista Geneton Moraes Neto, traz um recorte das propagandas veiculadas dos anos 50, 60 e 70.
“Um fato histórico que gosto de lembrar é o jingle da Shell, cantado pelos Mutantes, no final dos anos 1960. Ficou tão famoso que eles registraram no segundo disco. Está lá a música ‘Algo Mais’, que era um jingle da Shell”, destaca.
Responsável pela área de criação de jingles da Aeromúsica, Titi acredita que o mais interessante é quando a música extrapola a barreira da propaganda. “A gente procura fugir totalmente da coisa comercial, de usar expressões como ‘preço baixo’, ‘qualidade’ e ‘confiança’. Muitas vezes a gente nem cita o nome do cliente. Colocar conceitos funciona e fica mais bonito”, pondera.
Os jingles, frutos da parceria entre a produtora e as agências de publicidade, as vezes parecem ter sido criados num estalar de dedos. Mas Titi avisa: “às vezes, fazemos duas, três versões, porque é algo muito subjetivo”.
Entre os jingles que marcaram a Aeromúsica, Titi destaca o que fez para a Wickbold. Usando a sequência de notas da 5ª Sinfonia, de Beethoven, o “tchan, tchan, tchan, tchan” instrumental foi transformado em “pão, pão, pão, pão”. “Esse foi no começo da carreira. Me lembro que um concorrente, após escutar o jingle no rádio, me ligou para dar os parabéns”.
Já o jingle feito para a Itambé rendeu um prêmio em 2013 dado pela revista About. “Nosso amor começou numa festa de São João, no céu, a lua branca parecia um requeijão. Quando vi você, morena, cor de doce de leite, meu coração de manteiga quase derreteu”, diz um trecho.
Humor no Jingle inspira banda
Há 23 anos, um grupo de estudantes de Comunicação Social da UFMG resolveu tirar sarro da linguagem publicitária, dando origem à banda de humor The Jingles. “A gente começou a fazer jingles sérios demais ou muito politicamente incorretos e 90% do repertório é original”, afirma o tecladista e o zabumbeiro João Basílio.
Segundo ele, devido à autenticidade das letras, a banda chegou a ser solicitada para criar jingles reais para empresas. O motivo? “O mercado de jingles apresenta muitas soluções iguais, porque há pessoas que estão atuando há tempos e tornam-se previsíveis. Como não éramos do mercado, fazíamos um caminho diferente, fugindo do lugar comum”.
Hoje, nem todos integrantes são da formação original, mas, à exceção do baterista Gustavo Chuck, são ainda da área da Comunicação. O grupo continua na ativa, apesar de não receber tantos convites como em outros tempos. “The Jingles é uma banda pré-redes sociais. Se, naquela época existissem (redes sociais) da maneira presente, podíamos ter alcançado uma progressão maior”, lamenta Basílio.
Para todas as idades
O ator e cantor Pedro Henrique é um dos nomes que atuam na área. O trabalho dele, porém, é colocar a voz a serviço das músicas. Ele conta que tudo aconteceu por acaso, mas, desde então, não parou mais. “Uma amiga minha fazia jingles e estava precisando de um menino que cantava. Aí, fui (risos)”, diz o garoto.
Entre os trabalhos, ele tem na bagagem as campanhas do Itaú (“Isso Muda o Mundo”) e da HSBC Gestão de Patrimônio (“Sinos”). Com 13 anos de idade, o garoto é prova de que jingles não é coisa só para adulto. “É um universo que me atrai bastante, pois amo cantar e interpretar”, frisa.
Mercado
Fundador do Clube do Jingle, Fábio Dias reúne nada menos do que 5 mil gravações em seu acervo – desde em fitas cassetes aos formatos digitais.
Devido à paixão por este universo, Dias, que é publicitário, passou anos trabalhando na criação de jingles. Agora, prepara um livro sobre o assunto, a ser lançado em julho, sob o título de “Música é a Alma do Negócio”. “Na obra, comento 183 jingles brasileiros dos últimos 70 anos”.
Dias entrevistou 36 compositores para a obra. Uma das perguntas é justamente a mesma feita pela reportagem do Hoje em Dia: “os jingles ainda têm a mesma força de antigamente?”. “Os jingles diminuíram em quantidade e qualidade. Uma série de fatores provocou isso. Um deles foi a mudança da mentalidade, pois há agências que começaram a preferir trabalhar com músicas já conhecidas, usando-as como trilha sonora num comercial. Outra coisa é que, com o acesso à tecnologia, muita gente entrou no mercado de composição sem o conhecimento necessário, o que resultou numa qualidade duvidosa”.
‘Quando bem feito, cumpre muito bem o seu papel’
Com o trabalho de pesquisa para embasar o livro, Fábio Dias percebeu uma grande queda na produção de jingles após os anos 2000 e, especialmente a partir de 2010. “Espero que seja uma fase e que voltem com força total. O jingle é uma obra imortal, pois, quando bem feito, cumpre muito bem o seu papel”.
O diretor de criação da agência de Publicidade LZ, Flávio Vilela, concorda que trata-se de um artifício eficaz. Porém, ele acredita que nem sempre deve ser empregado. “Pelo fato de o jingle ter um apelo mais popular, é necessário fazer um estudo se cabe ou não fazê-lo. Vai depender muito da demanda do cliente”, explica.
Carnaval
Juntamente com a agência Árvore Gestão e Relacionamento, a LZ criou um bloco carnavalesco, o “Aprova que eu quero sambar”, que estreou em 30 de janeiro. E adivinha o que tocou no desfile? Marchinhas, pagodes e axé e... jingles! Entre eles, “Lojas Lua de Mel”, “Arapuã”, “Hoje a Festa é Sua” e “Guaraná Antarctica”.
“A ideia foi caracterizar o bloco com o que a gente faz, por isto, colocamos os jingles nos intervalos do desfile”, diz Vilela, que emenda: “pretendemos repetir a dose no ano que vem”.
“Acorda Maria! Levanta Manoel! Vamos comprar louças na Lua de Mel”. Esse é super clássico dos jingles. Outro que fez história é das Casas Pernambucanas: “Quem bate? É o frio. Não adianta bater. Eu não deixo você entrar”... O comercial foi criado no início da década de 60, por Heitor Carreiro e produzido pela Magi Som.
As crianças também não podem reclamar. Há uma infinidade de jingles criados para produtos infantis. Quem é que não se lembra do: “Me dá, me dá, me dá / Me dá Danoninho, Danoninho já / Me dá Danoninho, Danoninho dá / Cálcio e vitamina pra gente brincar/ Me dá”? A propaganda foi veiculada em 1988. A letra é de José Mário e Luiz Orquestra e a música foi tocada no piano.
O xampu Johnson’s Baby também caiu na boca dos telespectadores com o jingle criado em 1998 por Hélio Ziskind: “Gostoso pra chuchu/Chuá chuá uh uh/Lavar a cabeleira com Johnson’s Baby Shampoo/Uh uh uáááá”. E como não citar os da US Top (“Liberdade é uma calça velha”) ou do Arroz Paranaíba (“valoriza a refeição”)?
Nem todo jingle, porém, é utilizado para vender necessariamente um produto. Durante as eleições, por exemplo, uma chuva de músicas promovendo candidatos cai nos ouvidos do eleitor. Um dos clássicos é o de Eymael ou “Ey, Ey, Eumael”, como diz o criado para o candidato a presidente das eleições de 1985.



PUNIÇÃO PARA OS CRIMES DE COLARINHO BRANCO




Jornal Hoje em Dia 




O Supremo errou? Não. O Supremo acertou ao decidir um habeas corpus determinando a execução imediata da pena, é histórica e o torna digno do respeito e admiração do povo. O Judiciário tem três instâncias. É assim desde o século 18 na Europa. A primeira decide a matéria de fato e de direito. Aplica a lei ao caso concreto. A segunda revê o que foi decidido. Se tiver havido erro, ela o corrige.
Finalmente, há a terceira instância que julga exclusivamente matéria de direito: interpretação da lei e unificação da jurisprudência. A matéria de fato já foi decidida duas vezes e assim ficará. Este terceiro julgamento interessa ao Estado e à sociedade, porque uniformiza o Direito, permitindo aos juízes que tratem todos no mesmo pé de igualdade.
Acontece que estava havendo abuso na recorribilidade da segunda para a terceira instância, e desta para o STF. Portanto, o Judiciário brasileiro passou a ter quatro instâncias para julgar um só caso, fato inédito em todo o mundo. Por isto é que nosso Judiciário está abarrotado de processos e nada chega ao fim. Pode-se dizer que o direito de acesso à Justiça está hoje deformado e praticamente inexiste. O Supremo nada mais fez do que restabelecer a ordem.
Esta decisão não é nova e muito menos original. Corre no senado a PEC Peluso, que prevê o seguinte: a admissibilidade do recurso extraordinário e do recurso especial não obsta o trânsito em julgado da decisão que os comporte. E complementa: a nenhum título será concedido efeito suspensivo aos recursos, podendo o relator, se for o caso, pedir preferência no julgamento.
Afirma-se em coro que foi violada a presunção de inocência porque houve condenação antes do trânsito em julgado do processo. Quem já foi condenado duas vezes tem contra si não a presunção de inocência, mas, ao contrário, a presunção de culpa. Fala-se ainda que em 20% dos casos o processo é reformado na terceira e quarta instância.
Não é esta, entretanto, a estatística mostrada pelo ex-ministro Peluso. Ele afirma que, em 64.185 recursos extraordinários em matéria penal, de 2009 a 2010, apenas em um caso o Supremo reverteu a condenação de mérito. Veja-se o livro que escrevemos sobre o assunto, “A Pec. dos Recursos e a Reforma do Judiciário”, editora RTM, na página 67, para mais detalhes.
Portanto, se há afronta, não é ao direito de liberdade, mas sim ao direito do povo de ver condenados criminosos que violam as leis jurídicas e morais da sociedade, matam, estupram, furtam, roubam, assaltam o cofre do país e não vão para a cadeia.
Se há “dano irreparável” às pessoas, é porque elas cometeram crimes e têm que pagar por eles. Além do mais, a aplicação da lei não causa dano. Pelo contrário, restabelece no plano social a violação da norma.
Não vai haver qualquer efeito no sistema prisional. O que houve foi apenas o adiantamento da ida à prisão, fato que inevitavelmente aconteceria mais tarde com a execução da pena. Cabe ao Estado reformar cadeias e não deixar de cumprir penas porque não há condições humanas nas prisões.
Não se preocupe o ilustre advogado Alberto Zacharias Toron: as ruas não estão pedindo linchamento de ninguém, mas sim punição justa, serena e oportuna pelos tribunais a fim de combater a impunidade.
Agora, é preciso que o STF complete seu trabalho e estenda o cumprimento imediato da decisão aos demais ramos do Direito: civil, trabalhista, tributário, etc. Oxalá o Congresso brasileiro arranje tempo entre suas sessões inúteis e vote imediatamente a PEC Peluso. Ela vale mais do que o novo CPC. E que o ministro Teori Zawaski não ceda aos que hoje o acusam. A razão não abandona os homens de coragem. O futuro mostrará isto a todos nós.
*Professor titular da Faculdade de Direito da UFMG


A FONTE DE ROUBO NA PETROBRAS ESTÁ SECANDO



Senado aprova projeto que desobriga Petrobras a ser operadora única do pré-sal

Ricardo Brito 





Após meses de discussões acaloradas por senadores e integrantes do governo e idas e vindas do Palácio do Planalto, o Senado aprovou há pouco o projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobriga a Petrobras de ser a operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal. O texto, que segue para a Câmara dos Deputados, recebeu 40 votos a favor, 26 contra e ainda ocorreram duas abstenções após seis horas de debates.

A proposta representa uma derrota para o Executivo na reta final que, ao durante o dia, teve de fazer um recuo sobre a orientação repassada inicialmente à bancada do PT na Casa e preferiu negociar uma proposta tida como redução de danos. Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff mandou sinais contraditórios a interlocutores diferentes, o que na avaliação dos senadores demonstrou que ela não quis se posicionar sobre a matéria.

Os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, fecharam um acordo com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator da matéria, para garantir que a estatal tenha ao menos o direito de preferência na participação de futuras licitações. Essa era a mesma linha defendida pelo ministro de Minas e Energia, o senador licenciado pelo PMDB Eduardo Braga, que participou das negociações.

Até o início da tarde, Wagner e Berzoini atuaram para tentar rejeitar o projeto de Serra e manter a atual legislação de dezembro de 2010. Defenderam essa orientação, inclusive, ao líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), que foi indicado pelo Planalto hoje para a liderança do governo na Casa. Mas foram premidos a recuar diante da possibilidade de derrota e preferiram discutir um texto alternativo com o próprio relator. E passaram a disparar telefonemas para senadores pedindo apoio à solução negociada.

O texto acordado prevê que Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), considerando o interesse nacional, "oferecerá à Petrobras a preferência para ser o operador dos blocos a serem contratados sob o regime de partilha de produção". A versão anterior do parecer de Jucá - questionada por senadores do PT - não garantia o direito de preferência, uma vez que dizia que o CNPE "poderá oferecer" à estatal o direito de preferência.

A Petrobras terá 30 dias para se pronunciar após ser notificada pelo conselho. Outra alteração feita por Jucá, acordada com os ministros do Planalto, diz que após a manifestação da empresa, o CNPE vai propor à Presidência da República quais blocos deverão ser operados pela empresa, indicando a participação mínima do consórcio de 30%.

Banana

A bancada do PT e outros senadores da base aliada independentes tentaram barrar qualquer alteração. Entre os argumentos usados, estavam o de que o baixo preço do barril de petróleo atualmente não é o ideal para se mudar as regras de exploração e retirar a obrigatoriedade da estatal na exploração e que a mudança representaria a "entrega" de uma riqueza brasileira. "Nós estamos querendo entregar o pré-sal a preço de banana para as multinacionais do petróleo", criticou Lindbergh Farias (PT-RJ)

Os defensores da mudança, por sua vez, defenderam que a Petrobras está sem recursos suficientes para fazer a exploração na camada do pré-sal. Não existe, afirmam, qualquer tipo de entreguismo na mudança legal em discussão. Para Serra, disse haver uma ignorância grande por parte de quem o ataca em relação ao projeto.

"Ninguém está entregando nada. Ninguém está levando nada embora. Tudo continua nas mãos do poder público. Apenas a Petrobras não é obrigada a investir. Apenas isso. Se ela quiser, em um mês, ela manifesta sua intenção e ela que controlará o posto", afirmou. Para o tucano, o projeto "ajuda" a estatal petrolífera.

O relator do projeto disse que houve um avanço, uma vez que a proposta foi fruto de um acordo que permitirá a estatal se reerguer. "O que nós estamos fazendo aqui é tirar a obrigatoriedade de a Petrobras participar de todos os campos, todas as operações e todas as sociedades", afirmou Jucá. "Abrimos o mercado, mas resguardamos o filé para a Petrobras, não estamos enfraquecendo-a, pelo contrário, dando condições para que ela efetivamente escolha o que é mais rentável", completou.

Após a votação, Lindbergh Farias - que recebeu a orientação inicial do governo de ser contra - disse ter se sentido abandonado pelo governo "numa matéria que era estratégica". Em solidariedade, a senadora Simone Tebet (PMDB-MS), que tinha uma proposta de emenda à Constituição para manter as atuais regras, fez coro ao petista: "O governo não tinha meu voto, agora não tem o meu respeito".



AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

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