terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O ANDAR DE BAIXO OBRIGA O ANDAR DE CIMA A SE MEXER CONTRA A SUA VONTADE POLÍTICA




Márcio Doti




É no andar de baixo das estruturas brasileiras que residem verdadeiras trincheiras de luta em favor do povo brasileiro. No andar de cima tudo para, tudo encroa quando se trata de medidas contra pessoas que têm direito a foro especial, se entendendo o STF (Supremo Tribunal Federal) e o STJ (Superior Tribunal de Justiça). A opinião pública brasileira está espantada com as atitudes e com a falta delas nas altas cortes da Justiça Brasileira. O que tem funcionado sob aplausos e torcida dos brasileiros é o que atua no andar de baixo das esferas de poder, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Vara da Justiça Federal de Curitiba, comandada pelo juiz Sérgio Moro. Nesses níveis têm ocorrido investigações, denúncias e ordens de prisão sob a competência das autoridades que atuam nesses patamares. O que depende de decisão das altas cortes sobre pessoas com direito a foro especial, nada anda em favor da correção e da moralização da vida nacional. Nossas cortes foram loteadas por pessoas escolhidas pelo governo petista e isto tem deixado forte impressão de tendência nas decisões ou na ausência de decisões.
A 23ª etapa da Operação Lava Jato movimentou mais de 300 agentes e pessoal especializado que ocuparam prédios e exigiram que profissionais específicos da Odebrecht decifrassem documentos que haviam sido encontrados cifrados em computadores trazidos de volta para os esclarecimentos. As autoridades buscam saber sobre os U$4,5 milhões repassados por um lobista à Offshore Panamenha Shellbill Finance, de propriedade do publicitário petista João Santana e sua mulher e sócia Mônica Moura, ambos com prisão decretada. E a referida empresa não foi declarada às autoridades brasileiras. Os investigadores da Lava Jato acreditam que os pagamentos têm origem no esquema de corrupção da Petrobras na forma de propina.
Segundo a revista Veja, após reunião em palácio, o senador petista Delcídio do Amaral se aproximou da presidente e disse que a prisão do empresário Marcelo Odebrecht também era problema dela porque a empresa pagou no exterior pelos serviços de João Santana à sua campanha. Uma das descobertas a chamar a atenção dos policiais federais e membros do Ministério Público Federal foi a anotação encontrada no celular de Marcelo Odebrecht com lembrete provavelmente dirigido a seus advogados nos seguintes termos: “dizer do risco cta suíça chegar na campanha dela”. Para quem sabe ler um pingo é letra; agora, imagina uma frase.
O que se percebe com muita exatidão é que policiais federais, membros do Ministério Público e o juiz Sérgio Moro se cercam de muitos cuidados e se armam de detalhes cada vez colhidos com maior zelo para instruir processos e fundamentar situações que serão julgadas em última instância, ou melhor dizendo, nas cortes superiores. E por falar em cortes superiores, a revista Veja afirma que nos próximos dias a Procuradoria da República deve apresentar no Superior Tribunal de Justiça, denúncia contra o governador de Minas, Fernando Pimentel, e sua esposa, Carolina de Oliveira.

O DINHEIRO DA PETROBRAS É CAIXA 2




Leandro Mazzini




Não bastasse a prisão temporária que brecou uma carreira brilhante de marqueteiro político, João Santana pode estar assistindo apenas ao início do seu inferno judicial e policial. Político da oposição ao presidente da República Dominicana, Danilo Medina, a quem Santana atendia até nessa segunda, Humberto Salazar soltou o verbo e denunciou que o brasileiro usou empresa de fachada, a Polis-Caribe, para repatriar de Angola US$ 16 milhões, que passaram por bancos dominicanos e foram destinados ao Brasil. Se ouvir Salazar, a Justiça Federal brasileira terá um pote de ouro nas mãos.
O apartamento
Salazar revelou para amigos que há fortes indícios de que a Polis-Caribe é fachada, e sua sede é num apartamento na Calle Helios, na Bella Vista, em Santo Domingo.
Mi$tério
Não por acaso, é em Angola que a Odebrecht, envolta nesta denúncia que pegou Santana, tem grandes obras bancadas desde o governo Lula.
Conexões
Ao saber da prisão cedo nessa segunda, a presidente Dilma correu para o Planalto e reuniu-se com o ministro Edinho (Secom), que foi seu tesoureiro na campanha. Quis saber tudo.
Tá na mala?
João Santana tomou gosto e hábito por trazer de lá para Brasília caixas de charutos para a presidente Dilma. Ela é fã dos robustos dominicanos, os melhores do mundo.
Na fila
Especulou-se nessa segunda que João Santana e a esposa já estariam na lista vermelha da Interpol para prisão. Mas até o fim do dia o único brasileiro procurado internacionalmente com sobrenome Santana era Ricardo Ribeiro, 37 anos.
Os 200 do Brasil
Aliás, no site da Interpol neste momento há exatamente 200 brasileiros na lista vermelha. Adivinhe quem foi retirado da lista? Paulo Maluf, deputado federal. Talvez tenham descoberto que ele bate ponto no Congresso de terça a quinta-feira.
Cegueira camarada
Em lua de mel com o governador Flávio Dino (PCdoB), o Ministério Público do Maranhão fecha os olhos para o contrato de assessoria de imprensa e gestão de imagem de R$ 6 milhões, para um ano de serviços, contratado do Grupo Informe, de Brasília, via licitação. Daí? Daí que a então governadora Roseana Sarney pagou R$ 1,32 milhão pelo mesmo serviço e período para a CDN Comunicação.
Bunkers
O contrato de Roseana com a CDN – agência maior e mais conhecida nacionalmente que a atual – foi divulgado no Diário Oficial do Maranhão de 8 de agosto de 2014. Detalhe: Roseana dispunha e Dino mantém equipe de assessores no Palácio dos Leões.
Voz da caserna
O deputado Cabo Daciolo (PSOL-RJ) apresentou projeto de lei que exclui artigo do Código Penal Militar de punição a militares da reserva, com risco de prisão, por manifestações públicas. A proposta é comemorada na caserna e fora dela.
É que...
Hoje, se um ex-cabo ou ‘general de pijama’ participar de protesto nas ruas, dar entrevistas ou postar algo na internet (um direito constitucional) corre risco de prisão.
Já deu!
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não aguenta mais o governo. A cada fase da Lava Jato, ele é bombardeado por Dilma, Lula e pelo PT, por não ‘controlar a PF’ – e nem pode. Cardozo garante a amigos que sua “jornada chegou ao fim”.
Contagem regressiva
Um parlamentar petista, que já prepara o anúncio de saída da legenda, definiu assim a prisão do marqueteiro João Santana e a expectativa em torno do preocupante retorno do colega Delcídio do Amaral ao Senado: “São duas granadas sem pino”.
Toga Quente
Ferve a Corte em tititi desde semana passada. Em apenas dois dias, o STF tirou de pauta o processo de Renan Calheiros, incluiu o de Eduardo Cunha, livrou Aécio Neves da Lava Jato e soltou Delcídio do Amaral. Tudo conectado. Ou não.
Ponto Final
“Eu, medo? Olha aqui, rapaz, não tenho medo de nada, de nada! Ou melhor, tenho medo de mulher. Só tenho medo de mágoa de mulher. Mulher magoada é capaz de coisas terríveis”.
Do então senador ACM, nos anos 90, em entrevista a um repórter, quando aliado forte do presidente FHC.
*Com Walmor Parente e Equipe DF, SP e Nordeste

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O TEMPO E OS COSTUMES




Eduardo Costa




Está circulando na internet texto sobre como a questão ambiental tem tratamento diferenciado dependendo das gerações. A senhora perguntou ao caixa de supermercado por que não havia sacolas plásticas e levou uma bronca, com o argumento de que, se hoje há sofrimento é graças aos contemporâneos dela, que não se preocuparam o bastante. Ao que ela respondeu:
“Você está certo; nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reúso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes. Realmente, não nos preocupamos com o ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois quarteirões. Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas. Mas é verdade: não havia preocupação com o ambiente, naqueles dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um pouco frágil para o correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos, não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos.
O exercício era extraordinário, e não precisava ir a uma academia e usar esteiras que também funcionam à eletricidade. Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet, que agora lotam os oceanos.
Canetas: recarregávamos com tinta tantas vezes ao invés de comprar outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora todos os aparelhos ‘descartáveis’ e poluentes, só porque a lâmina ficou sem corte. Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi, 24 horas. Tínhamos só uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos... E nós não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima. Então, não é risível que a atual geração fale tanto em “meio ambiente”, mas não queira abrir mão de nada, e não pense em viver um pouco como antes?”.
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HÁ PROVAS CONTUNDENTES CONTRA O CHEFÃO




Ricardo Galuppo





No curto período em que a Hungria viveu sob o domínio do comunista Béla Kun, no início do século passado, um agrônomo recebeu a missão de plantar laranjais às margens do lago Balaton. O rapaz tentou se esquivar da tarefa. Argumentou que o clima frio da região era inadequado e que laranjais morreriam tão logo os ventos frios do inverno começassem a soprar. Como resposta, ouviu que o partido já havia tomado a decisão e tudo o que ele tinha que fazer era obedecer. As árvores foram, então, plantadas. Mas morreram antes que a primeira nevasca caísse. Os comunistas, então, prenderam e mandaram enforcar o agrônomo. Afinal, ele havia se oposto desde o início à ordem do partido. E se as plantas tropicais não suportaram o frio, certamente foi porque ele boicotou a ideia.
Essa história, por absurda que pareça, é real. Ela foi contada na abertura do livro Os Laranjais do Lago Balaton, do cientista político francês Maurice Duverger. E, muito embora não exista no Brasil um partido com força suficiente para mandar para a forca os que se recusam a contrariar sua lógica, com certeza tem companheiro por aí que adoraria estar no lugar dos que mandaram executar o agrônomo. Essa é a ideia que se tem quando se acompanha os destemperos praticados em nome da tentativa de preservar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das denúncias de têm caído sobre ele.
Triplex no Guarujá
É ingenuidade do PT imaginar que pode livrar seu grande líder do chumbo grosso que, com base em manifestações como a que se viu na porta do Fórum da Barra Funda, em São Paulo. Como se sabe, o ex-presidente deveria ter estado lá na quarta-feira passada para explicar a história mal contada de um triplex cuja propriedade é atribuída a ele, no balneário do Guarujá. Lula não foi. Os chicaneiros contratados por ele agiram e o ex-presidente não precisou depor. Mas, ao se recusar a falar do assunto, deixou no ar a sensação de não ter como se defender da acusação. E olha que a história do apartamento é bem menos cabeluda do que a do tal sítio, cuja propriedade também é atribuída a ele, no município de Atibaia.
Vinhos caros
O mais intrigante nesse enredo que está muito longe de chegar ao fim é a súbita revelação de detalhes que só podiam ser conhecidos ou por quem recebeu ou por quem fez os favores. Nem os jornalistas, nem o Ministério Público nem os vizinhos do sítio saberiam, por exemplo, que o engenheiro que tocou a reforma do sítio é funcionário da Odebrecht se alguém, ou pelo lado de Lula ou pelo lado da empreiteira, não tivesse providenciado o vazamento da informação. Será que a origem da informação é dona Marise Letícia ou algum amigo de Lula? Pouco provável.
Embora os companheiros petistas não tenham, como tinham os asseclas de Béla Kun, o poder de mandar matar os que participaram de seus projetos fracassados, eles estão cometendo erros colossais. Antes de acusar a oposição, deveriam verificar a origem dos vazamentos. Se conseguirem recolher o fio do novelo, provavelmente encontrarão, na outra ponta, gente com quem, até outro dia, se sentavam na mesa para tratar de negócios  e degustar vinhos caros.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...