Márcio Doti
É no andar de baixo das estruturas
brasileiras que residem verdadeiras trincheiras de luta em favor do povo
brasileiro. No andar de cima tudo para, tudo encroa quando se trata de medidas
contra pessoas que têm direito a foro especial, se entendendo o STF (Supremo
Tribunal Federal) e o STJ (Superior Tribunal de Justiça). A opinião pública
brasileira está espantada com as atitudes e com a falta delas nas altas cortes
da Justiça Brasileira. O que tem funcionado sob aplausos e torcida dos
brasileiros é o que atua no andar de baixo das esferas de poder, a Polícia
Federal, o Ministério Público e a Vara da Justiça Federal de Curitiba,
comandada pelo juiz Sérgio Moro. Nesses níveis têm ocorrido investigações,
denúncias e ordens de prisão sob a competência das autoridades que atuam nesses
patamares. O que depende de decisão das altas cortes sobre pessoas com direito
a foro especial, nada anda em favor da correção e da moralização da vida
nacional. Nossas cortes foram loteadas por pessoas escolhidas pelo governo
petista e isto tem deixado forte impressão de tendência nas decisões ou na
ausência de decisões.
A 23ª etapa da Operação Lava Jato
movimentou mais de 300 agentes e pessoal especializado que ocuparam prédios e
exigiram que profissionais específicos da Odebrecht decifrassem documentos que
haviam sido encontrados cifrados em computadores trazidos de volta para os
esclarecimentos. As autoridades buscam saber sobre os U$4,5 milhões repassados
por um lobista à Offshore Panamenha Shellbill Finance, de propriedade do
publicitário petista João Santana e sua mulher e sócia Mônica Moura, ambos com
prisão decretada. E a referida empresa não foi declarada às autoridades
brasileiras. Os investigadores da Lava Jato acreditam que os pagamentos têm
origem no esquema de corrupção da Petrobras na forma de propina.
Segundo a revista Veja, após reunião
em palácio, o senador petista Delcídio do Amaral se aproximou da presidente e
disse que a prisão do empresário Marcelo Odebrecht também era problema dela
porque a empresa pagou no exterior pelos serviços de João Santana à sua
campanha. Uma das descobertas a chamar a atenção dos policiais federais e
membros do Ministério Público Federal foi a anotação encontrada no celular de
Marcelo Odebrecht com lembrete provavelmente dirigido a seus advogados nos
seguintes termos: “dizer do risco cta suíça chegar na campanha dela”. Para quem
sabe ler um pingo é letra; agora, imagina uma frase.
O que se percebe com muita exatidão é
que policiais federais, membros do Ministério Público e o juiz Sérgio Moro se
cercam de muitos cuidados e se armam de detalhes cada vez colhidos com maior
zelo para instruir processos e fundamentar situações que serão julgadas em
última instância, ou melhor dizendo, nas cortes superiores. E por falar em
cortes superiores, a revista Veja afirma que nos próximos dias a Procuradoria
da República deve apresentar no Superior Tribunal de Justiça, denúncia contra o
governador de Minas, Fernando Pimentel, e sua esposa, Carolina de Oliveira.



