terça-feira, 22 de setembro de 2015

O BRASIL NÃO JEITO



Pode ser o fim da Lava Jato, diz procurador sobre decisão do STF




O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que investiga esquema de corrupção na Petrobras

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA 

Integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima manifestou preocupação de que a recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o caso ameace o futuro da investigação.
"Pode significar o fim da Lava Jato tal qual conhecemos", disse Lima à Folha. Na semana passada, o ministro Teori Zavascki dividiu parte da investigação no STF.
Responsável pelos inquéritos do caso no tribunal, Zavascki entendeu que os fatos da última etapa da Lava Jato, que envolvem suspeitas contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) por desvios no Ministério do Planejamento, não têm conexão com o resto da operação, que trata de corrupção na Petrobras. Por isso, podem ser julgados por outro ministro –o caso foi redistribuído para Dias Toffoli.
O temor de Lima é que, a partir daí, a investigação sobre essa etapa (e inclusive outras, que não tratem da Petrobras) seja remetida para outra vara federal, até mesmo fora do Paraná, e deixe de ser conduzida pela força-tarefa e pelos policiais federais da operação.
Para o procurador, o momento é um "turning point" (ponto de virada), e vai definir o escopo da investigação: se ela tratará apenas da corrupção na Petrobras, como entendeu Teori, ou se vai abranger desvios em qualquer estatal.
"O que queremos mostrar é que não estamos investigando a Petrobras. Nós nem começamos a investigação por ela", afirma Lima. "Estamos desvelando a compra de apoio político-partidário pelo governo federal, por meio de propina institucionalizada nos órgãos públicos. Se não reconhecerem isso, vai ser um problema."
O assunto virou a primeira divergência entre o ministro do STF e a Procuradoria Geral da República.
PRESSÃO
Nos bastidores, alguns investigadores temem que a decisão do STF tenha tido influência política, com o objetivo de refrear a operação.
Lima afirma que a força-tarefa está em compasso de espera desde então. Fazia mais de um mês que os policiais da Lava Jato não saíam em nova operação. Nesta segunda-feira (21), foi deflagrada nova fase, mas num "rescaldo" de etapas anteriores.
Além de retardar novas etapas, os integrantes da Lava Jato receiam que a medida do STF levante questionamentos sobre a competência da força-tarefa e do juiz federal Sergio Moro, em relação aos desvios que não tenham ocorrido na Petrobras.
As suspeitas contra o ex-deputado André Vargas, por exemplo, envolvem contratos do Ministério da Saúde e da CEF (Caixa Econômica Federal). Também há inquéritos sobre propinas da Eletronuclear e da BR Distribuidora.
"Eu não vejo por que restringir. A conexão é probatória e evolui conforme as provas são apresentadas. Se um operador atuou na Petrobras e em outra estatal, não tem por que eu não investigar", diz Lima.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) recorreu da decisão, mas ainda não conseguiu revertê-la. O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, negou um primeiro recurso, na semana passada.
A intenção da Procuradoria é que o caso permaneça sob os cuidados do ministro Teori, como parte integrante da Lava Jato.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

SITUAÇÃO DO BRASIL


COMO SOBREVIVER À CRISE FINANCEIRA



 (*) Reinaldo Domingos



As projeções econômicas para as famílias brasileiras nos próximos meses são preocupantes, uma vez que já se projeta um agravamento da crise, com reflexos diretos nas finanças pessoais, com alta de juros, tributos e preços.

Isso é reflexo tanto do mercado interno, com clara estagnação e alto índice de inadimplência da população, quanto do externo, no qual as grandes economias se mostram recessivas há tempos, e países em ascensão, como a China, vêm reduzindo seu crescimento.

Enfim, o macro com certeza vai refletir no micro, nas contas e investimentos das famílias. Mas, mesmo com um cenário pouco animador, não há motivos para desespero, e sim para planejamentos e adequação, buscando sair fortalecido deste período. Elaborei algumas orientações pertinentes:

Livre-se das dívidas – Pode parecer impossível, mas é exatamente nesses momentos que os credores também oferecem as melhores condições para negociações. O primeiro passo é resolver o problema que levou ao endividamento, isto é, a causa. É fundamental observar que não se pode viver em uma realidade que não é a sua. Cortas gastos para ganhar fôlego e, assim, poder assumir o compromisso de pagar as dívidas é a melhor opção agora. Se não se livrar desse problema de forma emergencial, pode ter certeza que a alta dos juros prejudicará a sua saúde financeira no futuro.

Faça uma faxina financeira – Sabia que, em média, 25% dos nossos gastos são supérfluos? As pessoas sempre dizem que não têm mais aonde reduzir os gastos, mas, quando fazem uma análise, observam que é possível. É preciso realizar um diagnóstico de sua vida financeira por 30 dias, anotando tudo o que gasta por tipo de despesa, até mesmo cafezinhos e gorjetas. Assim, verá uma realidade muito diferente do que imagina. Mas ressalto que não se deve virar escravo dessa anotação, pois, quando vira rotina, perde a eficácia.

Chegou a hora de sonhar – Por mais que o cenário para muitos seja de pesadelo, nessa hora é de grande importância sonhar, ou seja, definir os objetivos materiais, pois eles é que farão com que se tenha foco para evitar o descontrole ou mesmo o desespero. Reúna a família e converse sobre o tema. Divida os sonhos em três tipos: a curto (até um ano), médio (até dez anos) e longo (acima de dez anos) prazos, definindo também quanto custam e quanto poderão poupar por mês para realizá-los.

Mude o formato de seu orçamento – Um erro comum é pensar que orçamento financeiro familiar consiste em registrar o que se ganha e subtrair o que se gasta; caso sobre dinheiro, será lucro, se faltar, é prejuízo. A forma correta, no entanto, consiste em primeiramente elaborar o registro de todas as receitas mensais. Posteriormente, separe os valores pré-definidos para os projetos da família, e somente com o restante você vai adequar os gastos da família. Isso forçará um ajuste do padrão de vida familiar para conquistas financeiras.

Chegou a hora de saber investir – Com a alta de juros, agora é um bom momento para investir. Contudo, o grande erro que observo é a ideia de poupar sem motivo e buscar sempre o melhor rendimento. No mercado financeiro existem diversas opções de aplicação em ativos financeiros com riscos diferentes. A orientação é procurar variar o investimento de acordo com o tempo que utilizará o dinheiro. De forma geral, o risco de uma aplicação financeira é diretamente proporcional à rentabilidade desejada, ou seja, quanto maior o retorno estimado pelo tipo de aplicação escolhida, maior será o risco. Então, cautela.

(*) Presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abefin)

O ENDIVIDADO SE SUBMETE A QUALQUER VALOR DE JUROS PARA ANGARIAR DINHEIRO



  

José Antônio Bicalho


Ao comentar a coluna de sexta-feira, sobre a possibilidade de fuga de capitais do país em caso de elevação dos juros nos Estados Unidos, o colega de redação Bruno Moreno levantou uma série de dúvidas pertinentes: Quem são esses investidores, afinal de contas? Qual a participação deles na economia nacional? Dependemos deles tanto assim? Trata-se de capital especulativo? Em que contribuem para a economia do país?

Nem todas as perguntas encontram respostas precisas, mas a tentativa de respondê-las já pode ser bastante esclarecedora. Vamos a elas, então. Mas antes uma pequena explicação sobre a ameaça da alta dos juros nos EUA.

O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, mantém os juros entre zero e 0,25% ao ano desde 2008, início da ‘crise dos subprimes’, gerada pelo estouro da bolha do crédito imobiliário de alto risco. O objetivo da política de juros é combater a crise incentivando o consumo das famílias e o investimento das empresas por meio de crédito barato e farto. Vem dando certo e a economia já cresce acima dos 2% ao ano.

Diante dos sinais de recuperação estruturada da economia, o Fed passou a sinalizar que está próximo o momento em que voltará a elevar os juros. Não aconteceu na reunião da semana passada do Comitê Federal de Política Monetária (Fomc), do Fed, mas pode acontecer nas reuniões agendadas para outubro e dezembro. Para o Brasil, um aumento dos juros nos EUA gera o risco de fuga do capital estrangeiro investido na bolsa e nos títulos do governo. Vamos, então, tentar chegar à real dimensão desse risco.

Na Bovespa, neste mês até o dia 16, os investidores estrangeiros compraram R$ 41,607 bilhões em ações e venderam R$ 42,049 bilhões. Isso é pouco menos do que movimentaram todas as demais categorias de investidores somadas (pessoa física, empresas, instituições financeiras e outros) no mesmo período (R$ 45,323 bilhões em compras e R$ 45,412 bilhões em vendas).

O investimento estrangeiro é, portanto, muito significativo e tem capacidade de abalar a bolsa brasileira se desaparecer. Mas o perfil médio do investidor estrangeiro na bolsa é o do especulador clássico, ou seja, aquele que busca ganhar muito dinheiro em pouco tempo.

Não sairia do Brasil por conta de um aumento mínimo do juro nos Estados Unidos. Somente fariam isso frente a uma deterioração acentuada das perspectivas do mercado brasileiro de capitais e da falta de oportunidades de investimento entre as empresas nacionais.

O problema maior está no financiamento da dívida pública. No último Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, do Tesouro Nacional, referente a julho, a participação de estrangeiros entre detentores de títulos públicos era de 19,6%, com R$ 484,07 bilhões. O perfil desses investidores é menos claro que o dos que estão na Bovespa, mas é nitidamente mais conservador.

Entre eles estão fundos de previdência privada de todo o mundo e fundos de investimentos geridos por grandes bancos, que mantém estatutos e modelos rígidos de controle. Caso os EUA, que são o país mais seguro do mundo, volte a pagar juros que satisfaçam as metas de ganho desses investidores, que são pouco pretensiosas, esse dinheiro sairia do Brasil.

O problema se dará paulatinamente, já que o governo brasileiro não precisa se preocupar com os papéis que já foram vendidos até as respectivas datas de vencimento. Ao vencerem é que as dificuldades aparecerão. O governo rola sua dívida emitindo e vendendo mais papéis e perder os quase 20% dos compradores de seus títulos não seria nada bom.

Para garantir a atratividade dos papéis, seria obrigado a pagar prêmios (ou seja, aumentar os juros) e reduzir os prazos de vencimento. Uma situação que iria contrariamente aos esforços do ajuste fiscal, já que com os juros atuais, de 14,25%, o governo já está gastando quase 8% do PIB só com pagamento de juros.

domingo, 20 de setembro de 2015

O QUE VOCÊ PODE FAZER PELO SEU PAÍS



  

Márcio Doti

Mouco = ouve pouco ou mal, surdo.


Na contramão do jornalismo fui buscar em palavra pouco utilizada a força que pretendo dar à surdez da política nacional. O país está surdo. Ou, quando nada, está surda aquela parte que vai bem obrigado. Há um pedaço do Brasil que não quer mudar nada porque do jeito em que está vai muito bem, o que é uma terrível ilusão. Isto se relaciona com o fato de que no Brasil, quem tem poder de decisão sobre o dinheiro público se acha no direito de ficar com um pouco. A corrupção está enraizada e também o corporativismo. Sobre esse último, tem a ver com categorias do serviço público, no Executivo, Legislativo, Judiciário, nos planos federal, estadual e municipal, e em determinados níveis de funcionalismo, para os quais não existe crise, nem miséria na aposentadoria e muito menos o risco de uma demissão. Eles ganham demais? Não. São os outros níveis do próprio serviço público e o trabalhador da iniciativa privada que ganham mal e são submetidos a regimes de trabalho e aposentadoria muito diferentes daqueles praticados no serviço público.

Há exageros obtidos por algumas categorias do serviço público que não cabem nos orçamentos públicos, pelo menos neste momento que estamos vivendo. Foram conquistados por força do corporativismo, sobretudo num clima em que sabedores de tantos erros cometidos, governantes se dobram na esperança de obter complacência quando apanhados em erro. Muitas vezes dá certo, mas de um modo geral, a estratégia falha porque esbarra na consciência profissional de ocupantes de cargos que pleitearam vantagens, mas não pelo preço de um desvio, uma omissão ou mesmo uma cumplicidade. Reivindicaram porque trabalham e acham legítimo como legítimo é que busquem melhores condições de vida. Cabe, como caberia ao governante, conceder ou negar, na medida em que os pleitos se encaixem ou não nos orçamentos públicos. Se isto não é feito é porque tem faltado aos nossos líderes governistas a força política ou a visão pública do que é possível e o que não é.

A SOLUÇÃO É CONHECIDA

Há, portanto, dois países chamados Brasil coexistindo no conflito entre o Brasil que cabe nos bolsos nacionais e o que não cabe. O que vive o ambiente ideal de remuneração e condição de trabalho e o que amarga as agruras do salário baixo, da aposentadoria miserável e de uma dependência cruel dos serviços públicos de educação e saúde. Houve um tempo em que pouco era dispensado ao social. Em outro, o exagero e grandes escândalos nos trouxeram aqui e enfatizaram ainda mais o desequilíbrio. Mas o que pode mudar isto? A já sugerida pauta agregadora de partidos capaz de sustentar as mudanças que vão doer aqui e ali, mas produzirão um ambiente para que se instale o desenvolvimento, o aquecimento da economia, a justiça acima de tudo e a igualdade social buscada a todo custo.

Aí, então, estaremos vivendo todos num mesmo país, gastaremos só o que tivermos e o faremos com a consciência de saber que o dinheiro é público, pertence a todos e por isso deve ser tratado com mais respeito do que aquele que é de cada um de nós. Este parece ser o único caminho já pregado por muitas mentes sensatas deste país. Do contrário, continuaremos surdos, ouvidos moucos, a bater cabeça e deixar que continuem vivendo juntos, separados e em conflito esses dois países chamados Brasil.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...