Márcio Doti
O Brasil amadureceu com facilidade o
seu lado mau, tanto no que diz respeito à criminalidade, à violência, o crime
organizado, quanto no que se refere aos métodos e fórmulas de corrupção, os
desvios da política, transformada em instrumento de conquistas pessoais e de
grupo. Tudo isso, quase sempre em prejuízo do interesse publico, do interesse
comum, transformando em privado o que é público, desviando de seus nobres
objetivos os recursos do povo que são abundantes para render muito dinheiro em
desvio, enquanto falta condição para equipar e manter funcionando a máquina
pública que seja capaz de oferecer aos cidadãos a escola, o hospital, a segurança,
indispensáveis à qualidade de vida de uma população.
A pergunta mais viva no interior de
cada cidadão certamente diz respeito ao tanto que vai durar toda essa confusão,
até que se tenha o Brasil nos trilhos, a economia estável, o país produzindo e
os cidadãos vivendo com dignidade, ainda que em diferentes faixas sociais.
Todavia, não há quem tenha a resposta. Nem sabemos se, de fato, as coisas vão
melhorar nos próximos anos ou se vamos passar um longo tempo esperando o
crescimento do brasileiro para, então, chegar a esse estágio de amadurecimento
da sociedade. De uma coisa devemos nos convencer: dependemos da maturidade dos
nossos cidadãos para ganhar de presente esse Brasil. É com a consciência de
poder pressionar, cobrar, influir, rejeitar ou aceitar, aplaudir ou vaiar que
assumiremos as rédeas da nação e caminharemos para esse outro Brasil que hoje
nos parece tão distante.
Se não fosse a coragem de um juiz
federal, o trabalho sério e dedicado de procuradores federais, a dedicação e a
firmeza da Polícia Federal baseada no Paraná, se não fossem essas pequenas e
modestas células, em comparação com o que existe no Brasil em matéria de
justiça, polícia e ministério público, não fossem essas estruturas localizadas
no Sul do país e provavelmente os bilhões continuariam sendo drenados e
consumidos da Petrobras, continuariam alimentando falcatruas, distorcendo
processos eleitorais, destruindo o que pode ser considerado como o maior
patrimônio em matéria de empresa estatal brasileira. Isto chega a ser tenebroso,
mas absolutamente verdadeiro.
Ainda agora estamos vendo o Senado
Federal se esmerar para passar lei que obrigue a polícia a submeter detenções a
um juiz no prazo de 24 horas para saber se o detido vai continuar na prisão ou
se deverá ser solto. Nota-se uma grande preocupação com os criminosos,
assegurar-lhes direitos que de fato devem ter, desde que igual preocupação
viesse em socorro do cidadão de bem e sabemos que não é assim.
Vítimas continuam prestando depoimento
no mesmo ambiente em que estão os acusados de agressões, não se dá a mínima
para a intimidação que essas pessoas sofrem. Há muitas coisas para corrigir,
aperfeiçoar e que dizem respeito ao cidadão de bem, agredido toda hora, atacado
toda hora e nossos caríssimos senadores deixam tudo de lado para cuidar dos
criminosos ou suspeitos de crimes. O Brasil precisa achar seu foco e isso
somente acontecerá quando o povo aprender a cobrar de verdade daqueles que
desprezam prioridades.



