Obra milenar, A Arte da
Guerra dá lições de empreendedorismo
Escrito pelo general chinês Sun Tzu há mais de 2500
anos, livro de estratégia militar se tornou um guia para executivos e
empresários
Se pudesse viajar 25 séculos no futuro, o general, estrategista e
filósofo chinês Sun Tzu provavelmente ficaria surpreso ao ver homens de terno e
gravata, sentados dentro de um jatinho, lendo e relendo “A Arte da Guerra” para
se preparar para uma reunião especialmente difícil. O livro de 513 a.C. nunca
deixou de ser referência no meio militar. Mas há décadas continua sendo um dos
mais lidos e mais influentes do mundo dos negócios.
A obra foi escrita em 13 capítulos concisos e diretos, com dicas
preciosas para qualquer exército sair vitorioso de uma batalha. Ao longo da
história, existiram outras dezenas de livros deste estilo, mas nenhum se
mostrou tão popular, primeiro no Oriente e, muito tempo depois, no Ocidente.
Desde que foi traduzido para o francês, em 1772, ele se tornou leitura de
cabeceira de comandantes tão diferentes quanto o francês Napoleão Bonaparte, o britânico
Everard Calthrop e o americano Douglas MacArthur. A novidade, em décadas mais
recentes, é o uso da obra como base para comparar os ambientes militar e
empresarial.
“A Arte da Guerra é um clássico, e como tal pode ser lido sob diversas
perspectivas”, diz o administrador Leonardo Secchi, professor da Universidade
do Estado de Santa Catarina. “Pode-se fazer a metáfora da guerra para o
ambiente de mercado competitivo, dentro do qual a empresa precisa ter
conhecimento de três elementos essenciais”. Nesta comparação, o exército seria
a própria empresa, o inimigo seriam os competidores, e o terreno seriam o
mercado, os fornecedores e os acionistas.
Semelhanças entre os ambientes militar e corporativo transformaram o
clássico de Sun Tzu em um best-seller no meio empresarial
Foto: Elnur / Shutterstock
A obra contém lições que podem ser extrapoladas para o ambiente
corporativo:
Conheça a si e ao concorrente – Uma das máximas mais famosas de Sun
Tzu afirma: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer
o resultado de cem batalhas”.
Reconheça sua inferioridade – Diante de um concorrente mais
tradicional ou mais poderoso, não ataque de maneira frontal nem mostre seus
trunfos abertamente. Prefira agir de surpresa.
Aja com firmeza – A cautela é válida, até que chega o momento certo
de agir. Neste caso, seja para um lançamento de produto ou a abertura de uma
filial, o importante é ser decidido.
Valorize a criatividade – O general chinês diz que a força de um
exército não depende de seu tamanho. Agir de maneira inovadora, com
criatividade, é sempre mais valioso.
Mantenha a equipe motivada – Não há estratégia bem pensada e
capacidade de inovação que funcione se o time está disperso, desmotivado ou com
problemas graves de hierarquia.
O professor Secchi alerta, no entanto, que não é possível pautar toda a
política da empresa em uma única obra. “Como toda metáfora, a da guerra possui
limitações. Uma delas é o desenho organizacional: empresas modernas, intensivas
em conhecimento, buscam desenhos mais horizontais, de autonomia gerencial, de
criatividade e desenvolvimento holístico dos funcionários”, afirma.
“Outra limitação é relativa ao ambiente externo competitivo”, continua
Secchi. “Nos dias atuais as empresas buscam estabelecer relacionamentos
cooperativos e de longo prazo com clientes, fornecedores e até competidores, no
sentido de posicionar-se estrategicamente no mercado e entregar produtos e
serviços mais úteis à sociedade”, conclui o professor.

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