POSTURA DE PRESIDENTE
Márcio Coimbra
Garrett
Walker, presidente dos Estados Unidos na série “House of Cards”, olha para
Frank Underwood e diz: “Minha aprovação
é de 8%. Mesmo que eu escape de uma condenação, eu não tenho mais um mandato
para liderar. É melhor que eu saia de cena com dignidade e a nação inicie seu
processo de cura”.
Walker enfrentava
uma série de acusações sobre dinheiro ilícito em sua campanha presidencial.
Fez aquilo
que se espera de um estadista: decidiu sair de cena, colocando sua nação em
primeiro lugar.
Nenhum
presidente americano na história recente teve indicações de popularidade como
as sugeridas na ficção. Trumman andou no patamar de 22% e George W. Bush
esbarrou nos 25%. Até Nixon, que acabou renunciando, tinha 24%. Atualmente, a
de Obama vive em torno de 47%.
Tudo isso
preocupa quando olhamos para os números do Ibope. Dilma anda disputando com
Garrett Walker patamares baixos de aprovação. A presidente tem 9% de avaliação positiva.
É uma situação preocupante.
Aristoteles Atheniense - Advogado
e conselheiro nato da OAB, diretor do IAB e do IAMG, presidente da AMLJ.
As declarações que Dilma Rousseff fez
em sua viagem aos Estados Unidos revelam a sua disposição permanente em
distorcer os fatos, correndo o risco de ser desmentida. Foi o que ocorreu em
várias oportunidades, sem medir a credibilidade que devia ter como presidente
brasileira no exercício da elevada função que cumpria naquela visita.
A sua crítica à manifestação do
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC, reputando irrelevante o resultado de
sua delação, importou no desconhecimento do que seja este instituto, cuja
eficácia ela própria sancionou em 2013.
Assim procedeu, desmerecendo o Supremo
Tribunal Federal, responsável pela homologação dos acordos feitos nas delações
sem qualquer constrangimento físico que pudesse comprometê-los.
Também não perdeu a oportunidade de
reportar-se ao seu passado, como se esse registrasse somente episódios heroicos
que a credenciassem ao respeito do país onde se encontrava. A versão de que
fora sempre alvo de tortura impiedosa, omitindo os assaltos e práticas
terroristas de que participou, não correspondem à realidade dos fatos,
comportando desmentidos, inclusive pelos que a acompanharam nas suas arrojadas
aventuras.
A delação, ao contrário do que
afirmou, está sujeita a aprovação da autoridade judiciária, não valendo por si
só. A propina que prevaleceu no esquema da Petrobras, inclusive na campanha da
reeleição presidencial, não resultou somente do depoimento daquele empresário,
sendo conhecidos outros pronunciamentos no mesmo sentido.
A contribuição dada por Ricardo Pessoa
à campanha de Dilma Rousseff não constitui fato isolado, pois atingiu, também,
auxiliares diretos da presidente. Os pronunciamentos dos ministros Aloizio
Mercadante e Edinho Silva, igualmente mencionados naquela revelação, tornam
certo que a prática foi generalizada.
O lobista Milton Pascowitch, ouvido
pelos procuradores que atuam no inquérito da Lava Jato, revelou a intermediação
cumprida no pagamento de propina a José Dirceu, com a finalidade de garantir
contratos da empreiteira Engevix com a Petrobras.
Como se vê, a história contada por
Dilma Rousseff é bem diferente da realidade. Não se acanhou em negar a
possibilidade de exoneração de Mercadante e Edinho, simplesmente pelo fato de
que esses “não têm como se defender”, porque “não sabem do que são acusados”.
Adotando o mesmo sistema de seu
antecessor e criador, o ex-presidente Lula, não se envergonhou em dizer que ela
também ignora os fatos sobejamente veiculados na mídia, inobstante tudo quanto
foi apurado de concreto pelo Ministério Público e Polícia Federal.
Nas entrevistas concedidas, ainda
cometeu o desplante de afirmar que a Petrobras “não está ‘sub judice’”, apesar
da existência de processos a que a estatal responde perante a Justiça
norte-americana. Esta afirmativa desmereceu, implicitamente, a eficácia de
futura condenação da Petrobras naquele país, onde o respeito à lei constitui a
sua principal característica.
Assim, a ida de Dilma Rousseff ao
encontro de Obama serviu apenas para mistificar o que vem ocorrendo no Brasil.
Tudo não passaria de mero artifício criado pelos seus opositores, com o
propósito de abalar o seu crédito político que, na verdade, mostra-se a cada
dia mais cambaleante.





