segunda-feira, 22 de junho de 2015

DEVERIAM PRESTAR SERVIÇOS DE GRAÇA



  

Jornal Hoje em Dia


No país dos contrastes - o Brasil - os pobres pagam mais caro para ter um deputado do que os mais ricos. Por mais paradoxal que seja essa afirmação, ela ficou comprovada em um estudo realizado pela organização não governamental Transparência Brasil. Essa instituição, que é independente e autônoma, foi fundada em 2000 e é sustentada por pessoas e instituições comprometidas com o combate à corrupção e ao mau uso do dinheiro público.

Em plena época de aperto no cinto devido à crise econômica persistente, os Legislativos nos estados parecem viver em ilhas da fantasia. E a principal constatação do estudo foi que o custo dos deputados é maior nos estados do Norte e do Centro-Oeste do país, que não são os mais ricos.

Viu-se, por exemplo, que um deputado do Pará custa 30% mais caro que o mesmo parlamentar de São Paulo, Estado mais rico e que tem o PIB per capita três vezes maior que o do Estado nortista.

Outra excrescência: um deputado de Roraima – o campeão nos gastos com a casa legislativa – custa a cada cidadão do Estado R$ 352, enquanto o de São Paulo, apenas R$ 24.

No caso de vereadores a situação é a mesma. Em Natal, no Rio Grande do Norte, o vereador custa o dobro do de Curitiba, no Paraná. Já o PIB na capital potiguar é a metade. No cômputo geral, o relatório da Transparência apontou que nas capitais mais pobres os vereadores custam até 16% mais caro do que nas mais ricas.

Uma legislação perversa, incluída na Constituição Federal, colabora para que essa situação distorcida se perpetue. O salário do deputado estadual corresponde a 75% dos proventos do parlamentar federal; o do vereador das capitais representa até 75% do salário do estadual.

Como hoje os deputados federais estão recebendo a fabulosa quantia de R$ 33,8 mil por mês, os estaduais podem chegar a R$ 25,3 mil e os vereadores, a R$ 15.032. Mas há outros mecanismos que ajudam a ampliar esse desatino. São os auxílios, verbas indenizatórias e verbas de gabinete, cujos valores são estabelecidos pelas próprias casas legislativas.

É mais um retrato do Brasil, onde
parece que os homens públicos não pensam no bem público, mas apenas em seu próprio benefício.

POLÍTICOS COM MEDO



  

Amália Goulart

“Sabe qual o pior pesadelo de um político ou empreiteiro hoje no Brasil?”
A resposta óbvia: “A crise econômica”.




“Não. Ser preso, ficar cara a cara com Sergio Moro. Porque você, digo, quem tem motivo, pode ser preso em qualquer operação da Polícia Federal. Mas o que esse juiz fez, não é brincadeira. O Luiz Argôlo reza o dia inteiro. Só fica com um terço na mão. E o André Vargas pediu ajuda de um psiquiatra”. A afirmação e a pergunta que a antecede são de um parlamentar federal que faz parte da CPI da Petrobras. Ele relatou o caso dos dois ex-deputados presos em uma das fases da operação policial. Ambos estariam desestabilizados, emocionalmente. “Se fora pego na ‘Lava Jato’, meu amigo, a pessoa confessa mesmo”, disse o parlamentar.

Ele retrata muito bem o que é a operação “Lava Jato”. “Se Marcos Valério fosse preso hoje, com certeza faria uma delação premiada”. Se fizesse uma delação premiada, conforme a fonte, o “Mensalão” seria muito maior, e alçaria voos mais distantes que apenas a capital federal. Em tempo, o parlamentar em questão defende a atuação da Polícia Federal e do juiz, de 1ª instância, diga-se de passagem, que comandam o maior caso de desvio de recurso público da história do país.

Corre amiúde a insatisfação de políticos e alguns empresários, somente aqueles que, conforme o parlamentar, tem motivo, com a presidente Dilma Rousseff. Como se fosse republicano uma ingerência da chefe do Executivo em uma operação policial e em decisões judiciais. Se há um bom motivo nesse episódio, e temos que registrar é a liberdade com que policiais, procuradores e juízes atuam. Porque, de resto, tudo é, no mínimo, lamentável.

Recondução

A pressão daqueles que surrupiaram com o nosso dinheiro não pode fazer com que a presidente altere o julgamento a respeito da recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Em agosto, a Associação Nacional dos Procuradores da República enviará à presidente uma lista com o nome de três candidatos que concorrerão ao cargo. E já existe pressão para que Dilma vete o nome de Janot. Afinal, além de Sergio Moro e dos policiais federais, Janot é peça central nas ações desencadeadas pela “Lava Jato”. Foi ele quem apresentou denúncia contra o núcleo político, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Delação

O que mais se espera nos próximos dias são os depoimentos dos presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez na “Lava Jato”. E a pergunta que não perde a oportunidade é: farão delação premiada?”. Se fizerem, prometem derrubar muita gente graúda...A delação será ofertada aos executivos nos próximos dias.

Investigado

O deputado federal Marcos Montes (PSD) é o mais novo mineiro investigado pelo Ministério Público Federal.

A procuradoria pediu ao Supremo Tribunal Federal que autorize a abertura de inquérito contra o parlamentar. Ele é acusado de irregularidades na contratação de pessoas para a campanha eleitoral que culminou na conquista de uma cadeira na Câmara Federal. O Supremo Tribunal acatou o pedido e já determinou diligências.

sábado, 20 de junho de 2015

SERÁ VERDADE?



  

Manoel Hygino





O fim do mundo sempre preocupou o homem, o único animal que raciocina (ou deveria). A coisa que habitamos teve início, e cientistas e curiosos sempre se interessaram pelo tema e admitem também o fim, havendo muitas versões para vaticinar como seria o end, evidentemente não happy. Há milênios aguardamos, confiando que isso não aconteça conosco ou que somente ocorra em época remota do futuro, quando já sepultados. Em verdade, a Terra permanece em mutação incessante. Os sucessivos registros de sinistros, no Chile, no Haiti, no Japão, no Sudeste asiático e no Nepal lançam o homem em perspectivas extremamente sombrias. Só no Nepal, em abril, o terremoto, de 7,8 graus da escala Richter, com seus mais de oito mil mortos, assustou os terráqueos. 


Mas, o terremoto não era fenômeno isolado, como depois se constatou. O monte Everest, o mais alto do mundo, se moveu 3 centímetros para Sudeste, segundo estudo chinês. O curioso é em que ele “andava”, nas últimas décadas sempre, para o Nordeste, mas mudou de direção, provocando gigantesca avalanche na região. Ainda bem que o Brasil não sofre de tremores catastróficos, embora uma criança tenha falecido em consequência de um cismo no Norte de Minas.


O asteróide, Ícaro, que passou de raspão pela Terra no dia 16, não afetou o planeta. Quando digo “de raspão”, refiro-me a oito milhões de quilômetros de distância. Ainda bem, porque se a pedra gigantesca nos atingisse, poderia destruir o mundo em que estamos ou parte dele. 


Poderosos telescópios acompanharam a passagem do tenebroso objeto, mas não vi as imagens, detalhe tão pouco significativo. O essencial é que passou bem longe, não representando perigo ou risco. O que agora gera inquietação é um outro, programado para setembro, quando a primavera chegar. 


Difícil imaginar qual mês seria melhor (?) ou pior para arrasar este pedaço de universo em que nos achamos. Verdadeiramente sobreviver se tornou um imenso desafio, com nações guerreando entre si, grupos étnicos em luta na África, Europa ou Estados Unidos, enquanto traficantes de drogas e usuários do poder ainda se ajeitam, como aliás sempre aconteceu.


Até o nono mês de 2015, certamente persistirá o conflito entre as ideias e previsões de religiosos e cientistas da NASA. Aqueles crêem que, entre 22 e 28 de setembro, a Terra será destruída por um asteróide como forma de “castigo divino”, o que até certo ponto seria compreensível.


Para a NASA, “em centenas de anos não existem objetos tão grandes se aproximando da Terra”. Seus técnicos lembram que esses corpos sísmicos quando entram em contato com nossa atmosfera, geralmente se destroem em decorrência do forte aquecimento.


De todo modo, os fanáticos acreditam que em setembro ocorrerá o início de sete anos de angústias para o ser humano. Haveria, contudo, ainda uma expectativa. Alguns entes sobreviveriam como parte da metade que se salvará, para testemunhar os fatos e descrevê-los. Até setembro. 

A MORTE COTIDIANA



A Morte Devagar, de Martha Medeiros



Morre lentamente quem não troca de ideias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.
Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.
Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

AS ARMADILHAS DA INTERNET E OS FOTÓGRAFOS NÃO NOS DEIXAM TRABALHAR

  Brasil e Mundo ...