Coreia do Sul,
campeã em Educação
Quinto lugar no PISA 2012, o país mostra que o seu
método de Educação veio para ficar. Conheça os segredos do sistema que trata
professores como reis
Texto Cynthia Costa
Foto: Mauricio Melo
Pais sul-coreanos
participam ativamente da Educação de seus filhos
Social, econômica, culturalmente:
a Coreia do Sul explodiu nessa última década em todos os
sentidos. Antes mais conhecido por seus conflitos com o vizinho do norte e por
sua precária situação pós-Segunda Guerra, hoje o país é exemplo de
desenvolvimento sustentável e admirado mundialmente por sua Educação de
qualidade. Mais uma vez, ocupou lugar de destaque no PISA (Programme
for International Student Assessment, ou Programa de Avaliação Internacional de
Alunos) em sua última edição, recém-divulgada: 5º lugar nas categorias Leitura
e Matemática e 7º lugar em Ciências, conquistando o 5ª posição na classificação
geral - já o Brasil ficou em 58º entre as 65 economias avaliadas.
A Coreia do Sul
compartilha os primeiros lugares desse ranking internacional, considerado o
mais importante na área de Educação, com outras regiões asiáticas, como Xangai
e Singapura. Um resultado desses é fruto de muito esforço por parte do governo,
dos pais, dos estudantes e, principalmente, dos professores: selecionados entre
os 5% melhores alunos do Ensino Médio, os futuros mestres enfrentam uma
formação exigente e provas difíceis para ingressar na carreira. Ser professor na Coreia do Sul é uma honra.
Conheça melhor esse
e outros segredos da Educação desse país asiático pequeno, mas com grandes
potencialidades para o futuro.
A Coreia do Sul em números
|
- 50 milhões de
habitantes em 2012
- Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em 2012: 0,909 (12º mais elevado do mundo) - 98% da população alfabetizados - 220 dias letivos ao ano - 1º país do mundo a equipar todas as escolas com internet banda larga - 80% de crianças e adolescentes sul-coreanos passam ao menos 10 horas estudando por dia - 97% dos alunos concluem o Ensino Médio - 60% dos cidadãos entre 25 e 34 anos cursaram a universidade Vossa Excelência o Professor |
Ser professor na Coreia do Sul é digno de orgulho e
de admiração. A carreira docente está entre as mais disputadas, graças aos bons
salários (um professor sul-coreano do Ensino Fundamental chega a ganhar seis
vezes mais do que um brasileiro e está entre os 10 mais bem pagos do mundo, com
um mínimo de 4 mil dólares por mês) e às boas perspectivas de futuros (o
prestígio e o salário só aumentam). Após quatro anos árduos de graduação, todos
os futuros docentes têm de cursar um mestrado - o nível mínimo de formação para
se dar aulas. Além disso, não sobram professores sem lugar no mercado: como os
que conseguem terminar a formação são extremamente bem preparados, todos são
absorvidos pelas escolas.
Obsessão pelos estudos
É preciso muito esforço para chegar à perfeição, e
a Educação sul-coreana é prova dessa máxima. Seus alunos estudam muito, muito
mesmo: uma média de 10 horas por dia. Estudam na escola, em casa e em cursos
extracurriculares. Não raro, fazem cursos de inglês e outras línguas à noite.
E, em seu tempo "livre", costumam brincar de resolver equações
difíceis, dominar as funções de câmeras digitais e se dedicar a outros
passatempos instigantes para o cérebro. Pode parecer chocante para a nossa
cultura, mas, para eles, quanto mais disciplina e devoção, melhor.
Educação fora da escola
Um derivado da "obsessão pelos estudos":
os sul-coreanos não se contentam em aprender apenas na escola. Os pais costumam
gastar muito com professores particulares e cursos extracurriculares. Na maior
parte dos casos, 50% da Educação da criança - e, em alguns, 70%! - como um todo
vem de fora da escola. Impressionante, não?
Escolas Ultra-Equipadas
Escolas Ultra-Equipadas
A Coreia do Sul foi o primeiro país do mundo a
colocar internet em todas as suas escolas. Boa parte da burocracia educacional
é resolvida com um clique, para a alegria de pais e professores. Todo tipo de
tecnologia é valorizado em sala de aula, como computadores, tablets, e-books,
robôs e afins. Depois da aula, os alunos grandinhos em geral seguem para um
cybercafé. O instituto governamental KERIS dedica-se quase que exclusivamente à
aquisição e à manutenção de equipamentos tecnológicos nas escolas, além de ter
criado um programa que facilita o estudo sem supervisão em casa. Acredita-se
que, em 2015, todos os alunos sul-coreanos aprenderão por meio de livros
didáticos digitais. Assim, desde cedo, a Coreia do Sul garante que as crianças entrem
em contato com o grande ganha-pão de seu país: a tecnologia de ponta.
Foco no Ensino Básico
O Brasil apresenta excelência em algumas áreas do
Ensino Superior. No Ensino Básico, porém, as coisas não vão bem. Essa
disparidade, claro, prejudica a Educação como um todo. Na Coreia do Sul, a
relação é bem mais equilibrada: gasta-se apenas o dobro com um aluno da
universidade em relação ao que se gasta com uma criança do Ensino Fundamental.
No Brasil, acredite ou não, chega-se a gastar 17 vezes mais com um aluno do
Ensino Superior.
Pais presentes
Enquanto a OCDE (Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico) coloca os pais brasileiros entre os menos
interessados na educação de seus filhos, os pais sul-coreanos destacam-se pelo
alto grau de participação. Pais de crianças pequenas costumam gastar, por
exemplo, 25% da renda familiar com a Educação. Lembrando-se: participar da vida
escolar dos filhos não significa apenas ir à festa de fim de ano e conversar de
vez em quando com algum professor. Seguir de perto a lição de casa, informar-se
sobre o que a criança está aprendendo e incentivar a leitura de livros estão
entre os pilares de uma família realmente interessada.
Sem medo de competir
Pense no espírito competitivo do futebol. O
brasileiro entende bem disso, não é verdade? Pois o sul-coreano entende bem de
competição quando o assunto são os estudos. A meritocracia não é mal vista,
muito pelo contrário: há sempre alguma instituição (pública ou privada) de olho
nos melhores estudantes, que ocuparão, um dia, os disputados cargos de CEO em
multinacionais e outros postos de destaque. Os bons alunos são premiados com
bolsas de estudo, cursos extras e, sobretudo, com a admiração de todos: ser
excelente é motivo de aplauso, não de inveja, muito menos de bullying.
Iniciativa privada é bem-vinda
Já imaginou uma universidade patrocinada por uma
multinacional? Pois isso não é de se espantar na Coreia do Sul, onde há
instituições incrementadas com dinheiro da iniciativa privada - a Korea
University, por exemplo, recebe apoio da Samsung. O Ensino Superior sul-coreano
e, principalmente, privado: mais de 80% das universidades são particulares. Já
as escolas, tanto públicas quanto particulares, recebem ajuda governamental,
embora esta seja menor no caso das particulares.
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/indicadores/coreia-do-sul-pisa-762270.shtml