Quer
entender o que acontece na Petrobras? Veja este resumo
Com
investigação sobre corrupção, renúncia de diretores, processos, sobe e desce de
ações, queda do preço do petróleo no mercado internacional, a Petrobras passa por uma fase turbulenta. O UOL separou
nove perguntas e respostas que podem ajudar a entender melhor a situação da
estatal.
1- Entenda o que é a operação Lava Jato
A
operação Lava Jato, conduzida
pela Polícia Federal (PF), teve início em março do ano passado, para apurar
suposto esquema de corrupção na Petrobras, relativo a desvio e lavagem de
dinheiro envolvendo diretores da estatal, grandes empreiteiras e políticos. O
esquema pode ter desviado mais de R$ 10 bilhões. A operação recebeu este nome,
pois um dos grupos envolvidos no esquema fazia uso de uma rede de lavanderias e
postos de combustíveis para movimentar o dinheiro ilícito.
2- Esquema de corrupção pode ter desviado R$ 10 bi
Segundo a
PF, a Petrobras contratava empreiteiras por licitações fraudadas. As
empreiteiras combinariam entre si qual delas seria a vencedora da licitação e
superfaturavam o valor da obra. Parte desse dinheiro "a mais" era
desviada para pagar propinas a diretores da estatal, que, em troca, aprovariam
os contratos superfaturados. O desvio é estimado em mais de R$ 10 bilhões pela
PF.
O repasse
era feito pelas empreiteiras ao doleiro Alberto Youssef, que distribuiria o suborno.
De acordo com a investigação, políticos dos partidos PMDB, PP e
PT também se beneficiariam do esquema, recebendo de 1% a 3% do
valor dos contratos. Os políticos negam o envolvimento.
3- Entre os suspeitos, estão ex-diretores da
Petrobras
Da
esquerda para a direita, Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Alberto Youssef
Paulo
Roberto Costa: ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras (2004-2012). É suspeito de chefiar o esquema de
desvio de dinheiro, superfaturando contratos e recebendo propinas. Fez acordo
de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), que prevê a redução
de pena em troca de informações sobre os crimes. Foi o principal delator do
esquema.
Nestor
Cerveró:
ex-diretor da área Internacional da Petrobras (2003-2008) e diretor financeiro
da BR Distribuidora (2008-2014). O ex-diretor é acusado de receber US$ 40
milhões em propina para favorecer
a contratação da empresa Samsung Heavy Industries para fornecimento de
navios-sonda.
Alberto
Youssef: era o
doleiro responsável pela "lavagem do dinheiro". Recebia o dinheiro
das empreiteiras e ajudava a fazer a distribuição das propinas.
4- Balanço atrasou e não foi aprovado por
especialistas independentes
O balanço
do terceiro trimestre de 2014, que deveria ser divulgado em novembro, foi adiado duas vezes
devido às investigações. No dia 28 de janeiro, a Petrobras divulgou os resultados,
mas sem revisão e aprovação dos auditores independentes. O balanço também não
incluiu nenhuma perda relacionada às denúncias, decepcionando o
mercado. As ações desabaram,
5- Petrobras é processada por investidores no
Brasil e nos EUA
Investidores
processam a Petrobras sofre processos no
Brasil e nos Estados Unidos. Aqui, a ação é contra o presidente e os membros do
conselho de administração da empresa à época das denúncias, que respondem com
seu patrimônio pessoal. Nos EUA, a Petrobras tem processo movido pela
Prefeitura de Providence, capital do Estado de Rhode lsland, e também sofre
outras três ações coletivas iniciadas por fundos de investimentos e grupos de
investidores.
6- Perdas totais da Petrobras chegariam a R$ 90 bi?
A
estimativa da PF é que o desvio pode ter passado de R$ 10 bilhões, mas o
prejuízo total da empresa, incluindo investimentos errados por causa da
corrupção, pode ser bem maior. A estatal não chegou a uma conclusão. No
entanto, contas apresentadas inicialmente pela ex-presidente da Petrobras Graça
Foster ao conselho de administração apontavam perdas de
R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia, de acordo com o jornal "Folha de
S.Paulo". A metodologia dos cálculos, no entanto, foi considerada
indevida, e os dados foram descartados.
7- Presidente Graça Foster e diretores renunciam
Graça Foster renunciou
ao cargo de presidente, junto com diretores da estatal. Ela foi a primeira
mulher a ocupar o posto, assumindo em fevereiro de 2012,
substituindo José Sergio Gabrielli. O nome da executiva foi diretamente envolvido
nas denúncias de corrupção na estatal em dezembro, quando a ex-gerente de
Abastecimento da Petrobras Venina Velosa da Fonseca disse, em entrevista, que
alertou pessoalmente a presidente da empresa sobre irregularidades de que teve
conhecimento.
8- Ações da empresa tiveram fortes quedas
A imagem
da Petrobras foi muito prejudicada e as ações despencaram.
Com a renúncia de Graça Foster, analistas esperam melhora. Para Pedro Paulo
Silveira, economista-chefe da TOV Corretora, são muito grandes os desafios que
nova diretoria irá encontrar, mas a mudança já representa um passo positivo.
"Ainda que seja um fato modesto para o tamanho do problema, já é alguma
coisa", diz.
Leandro
Martins, analista-chefe da Walpires Corretora, também diz que a mudança foi
positiva. "A expectativa é de alta nos papéis, pois a ação caiu muito e a
mudança mostra que os rumos da companhia devem mudar", afirma.
9- A exploração do pré-sal pode ser afetada?
Além das
dificuldades causada por prejuízos com a corrupção,o pré-sal enfrenta o atual
preço baixo do petróleo no mercado internacional. O valor do barril vem
sofrendo fortes quedas. De acordo com Leandro Martins, analista-chefe da
Walpires Corretora, o petróleo mais barato pode ser um bom negócio para a
Petrobras por um lado, mas, por outro, poderia até inviabilizar a exploração do
pré-sal.
No ano
passado, a estatal chegou a ter prejuízos, pois
comprava petróleo e derivados do exterior e revendia-os no Brasil por um valor
mais baixo. Isso porque o preço é controlado pelo governo, na tentativa de
segurar a inflação. Por isso, a queda do preço do barril no exterior pode ser
boa no curto prazo, pois reduziria os gastos com importação.
No longo
prazo, no entanto, a queda poderia prejudicar a estatal. "O petróleo é o
produto principal da empresa; se o preço cai, o ganho da Petrobras vai
junto", diz Martins. O barril abaixo de US$ 45 poderia, inclusive, tornar
a exploração do pré-sal inviável, já que o ganho não compensaria o custo de
produção.