quinta-feira, 17 de outubro de 2024

REQUALIFICAÇÃO DAS REDES ELÉTRICAS VÃO CUSTAR BILHÕES E QUEM VAI PAGAR?

 

Cyro Bocuzzi – Diretor da ECOee Energia eficiente

A requalificação das redes de transmissão e de distribuição necessita de investimentos de R$ 350 bilhões em até 5 anos, estima Cyro Boccuzzi

Organizador da 16ª edição do Fórum Latino-Americano de Smart Grid informa que novos investimentos de infraestrutura no setor elétrico só serão viáveis com um grande Plano Nacional, com a coordenação do governo; eventos climáticos extremos como tempestades, secas, queimadas e enchentes e exigem o reforço de estruturas, enquanto as crescentes variações de carga das energias renováveis pressupõem a necessidade de recursos de flexibilidade operativa e um gerenciamento automatizado e inteligente do sistema.

São Paulo, 16 de outubro de 2024 – O momento é de mudança de paradigmas. Com as enchentes do Rio Grande do Sul, as secas e queimadas no Pantanal, as tempestades em São Paulo e a falta de água nos reservatórios na região amazônica, manter a resiliência e a estabilidade do fornecimento de energia elétrica tem sido um desafio crítico – e que só tende a piorar. Da mesma forma, sistemas inteligentes de gestão de distribuição se tornam ainda mais necessários ante à crescente participação de energias renováveis não despacháveis na matriz, como a solar e a eólica, e de geração distribuída, sendo injetadas no Sistema Interligado Nacional (SIN) e diretamente nas redes de distribuição de energia.

“É nesse cenário que se faz necessário investir R$ 350 bilhões em até cinco anos para podermos contar com redes de transmissão e de distribuição resilientes e estáveis, que deem conta do consumo de eletricidade do País”, afirma o organizador da 16ª edição do Fórum Latino-Americano de Smart Grid e diretor da ECOee Energia Eficiente, Cyro Boccuzzi. O tema será discutido neste que se tornou o principal encontro do setor desde 2008, em suas várias edições. O evento, que ocorre entre 28 e 29 de outubro, em São Paulo, reúne autoridades e os principais players e fornecedores do setor elétrico de vários países.

“Os valores para equacionarmos as redes elétricas são, de fato, significativos. No entanto, a pergunta que precisa ser feita é: qual será o custo de não realizar estes investimentos?”, questiona Boccuzzi.

Renovação com inteligência

Entre os números, a serem apresentados e discutidos no evento, estão R$ 40 bilhões para a otimização e renovação do gerenciamento das redes, levando-se em conta o sensoriamento para identificar a energia faltante e a energia excedente, principalmente ante as variações de injeção das energias renováveis; R$ 130 bilhões para proteção, adaptação e reforço da infraestrutura de redes a fim de fazer frente aos eventos climáticos extremos; cerca de R$ 100 bilhões para garantir a flexibilidade do sistema com armazenamento de energia, baterias e outras tecnologias; R$ 60 bilhões para programas de troca de medidores antigos por outros inteligentes e implementação de opções de tarifas que melhor espelhem os custos de fornecimento; e R$ 20 bilhões para instalar programas de resposta da demanda, premiando consumidores que deixam de consumir eletricidade nos horários de pico ou em situações de emergência sistêmica.

Pacto nacional

“Precisamos de um pacto nacional, no qual a presença do governo como coordenador dos esforços públicos e privados é fundamental. O seu papel será definidor do futuro do País”, defende Boccuzzi. “Não investir agora é, simplesmente comprometer qualquer modicidade tarifária no longo prazo ou a sustentabilidade do sistema. É preciso garantir o longo prazo de forma planejada e com tecnologia”, resume o organizador do Fórum. E continua, “o Ministério de Energia lançou recentemente o Plano de nacional de Transição Energética – PLANTE que deverá aprofundar, detalhar e objetivar estes investimentos nas redes de T&D”.

As respostas aos desafios que se colocam ao setor estão bem à mão, garante Boccuzzi: tecnologias inovadoras estão disponíveis para redesenhar o cenário das redes de transmissão e de distribuição de eletricidade, assim como a realidade das edificações que se conectam a elas. “Queremos discutir com todos os agentes do setor o que significam essas transformações, seus impactos efetivos e os caminhos que se colocam nesse momento em que eventos climáticos e o desafio das renováveis se apresentam com toda a sua complexidade”, afirma.

Este ano, o Fórum Latino-Americano de Smart Grid traz, mais uma vez, pesos pesados dos setores de energia e de tecnologia tanto do Brasil, quanto da América Latina e de países como Índia, Espanha, Canadá e Estados Unidos.

Entre os demais temas a serem tratados, o fórum de 2024 ressaltará os investimentos para a reformulação da infraestrutura existente no país, levando-se em conta, por exemplo, a renovação antecipada das concessões que se encerram nos próximos anos e a transição energética. Também será realçada a nova fronteira de oferta de serviços que se abre, permitindo políticas de tarifas diferenciadas, tendo em vista as variadas classes de uso e os diferentes perfis de clientes.

Já estão confirmadas as seguintes autoridades:

* Alexandre Ramos, presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)

* Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)

* Carlos Alberto Mattar, Superintendente de Regulação dos Serviços de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (STD) da ANEEL

* Marisa Maia de Barros, subsecretaria de Energia e Mineração do Estado de São Paulo

* Thiago Ivanoski, diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da Empresa de Pesquisa Energética (EPE)

* Vinicius Guimarães, superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)

Estarão presentes presidentes, diretores e altos executivos dos principais players do setor elétrico e dos principais provedores de tecnologias para o setor. O Fórum conta com o apoio da Anatel, Aneel, CCEE e EPE, no Brasil, e da Adelat, da Ariae, da Cier, da Colombia Inteligente, da GSEF, da International Electrotechnical Commission e do India Smartgrid Forum, no exterior. Conta também com o apoio institucional de várias entidades e associação setorial.

Sobre o Fórum Latino-Americano de Smart Grid

Criado e promovido pela ECOee Energia Eficiente há 17 anos, o evento desenvolve a colaboração global entre diversas entidades, sempre com o foco de modernização dos serviços de eletricidade e energia, considerando aspectos técnicos, econômicos, ambientais, políticos, legais e sociais. Abrange temas sobre as tecnologias avançadas de integração e gestão de energia, conectividade e demais serviços nas redes elétricas e nas edificações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário