domingo, 5 de maio de 2024

O VÍCIO NO TRABALHO PRODUZ STRESS E PERDADE HABILIDADES COGNITIVAS

 

História de Vitor Augusto Conceição – IGN Brasil

O filósofo chinês Confúcio é responsável por dizer “Escolha um trabalho que você goste e você nunca mais trabalhará um dia na sua vida”. No entanto, nos últimos anos, foi demonstrado que um final alternativo poderia ser adicionado à frase: “Escolha um trabalho que você goste e você nunca descansará um único dia na sua vida”. Spoiler: esse não é o caminho.

Bill Gates teve dificuldade em aprender essa lição, mas desde que descobriu os efeitos adversos para a saúde de não descansar, tornou-se um defensor ferrenho.

Foi difícil para Bill Gates, mas ele aprendeu: a ciência sabe há anos que o vício no trabalho diminui a produtividade

Foi difícil para Bill Gates, mas ele aprendeu: a ciência sabe há anos que o vício no trabalho diminui a produtividade© Fornecido por IGN BrasilCréditos: Netflix/Reprodução

Não chame isso de amor, se for vício. Existe uma linha tênue entre um trabalho pelo qual você é apaixonado e o vício no trabalho. Existem muitos estudos, como este da Universidade de Brasília, que relacionam o estresse e a falta de descanso com a perda de habilidades cognitivas. Portanto, converter o comprometimento com o trabalho ou uma cultura de esforço pouco compreendida em dias de maratona é, na realidade, um sintoma de produtividade tóxica que só prejudica o desempenho de quem sofre com o excesso de horas de trabalho.

Estudos da Universidade Ariel, em Israel, confirmam que o vício no trabalho é um problema real, cheio de mitos e tabus que dão uma aparência de heroísmo ao trabalho interminável. Na verdade, um estudo da Universidade ELTE Eötvös Loránd de Budapeste relaciona este tipo de dependência a pessoas com características como perseverança ou perfeccionismo, que não souberam estabelecer limites adequados.

Se você precisa de tanta dedicação, algo está errado. Um dos sintomas mais imediatos do vício no trabalho são as horas em excesso, algo que, paradoxalmente, as experiências com a semana de trabalho de quatro dias demonstraram colidir frontalmente com a produtividade.

Se você precisa de 12 horas por dia para fazer o trabalho que deveria fazer em uma jornada de oito horas, é sinal de que ou você não está organizando bem suas tarefas ou não está calculando corretamente o tempo que cada tarefa exige. Gastar mais horas por dia não o torna mais apaixonado pelo seu trabalho, mas sim menos eficiente.

Não é só trabalho, é a sua saúde. Segundo um estudo do Hospital Universitário Clermont-Ferrand (França), a dependência do trabalho afeta a saúde a médio e longo prazo, aumentando o risco de sofrer de depressão, ansiedade, distúrbios do sono, estresse e problemas de saúde cardíaca. Na verdade, os japoneses até têm um nome para isso: karōshi, que significa literalmente morte por excesso de trabalho.

Nesse sentido, estabelecer limites claros é fundamental para manter um equilíbrio saudável. Desligar-se do trabalho permite-lhe recuperar energias e melhorar a sua capacidade de gerir o stress diário. É importante aprender a ouvir o seu corpo e fazer pausas, em vez de mascarar a exaustão com soluções temporárias como o café. Às vezes, uma pausa é mais produtiva do que tentar continuar a todo custo.

As férias não são apenas um direito, são uma necessidade. O direito à desconexão digital e ao descanso não é só dos funcionários, mas também se você for o patrão. Nem é hora de dormir, como defendem defensores da produtividade como Jeff Bezos ou Bill Gates, que não perdem um mínimo de sete horas de sono devido às suas implicações para a saúde do cérebro.

Férias e dias de descanso são essenciais para a recuperação física e mental, além de uma oportunidade para analisar o que você está fazendo bem e o que não está. José Mendiola e Ana González contam no seu livro ‘A arte de viver mais devagar’, a importância de enfrentar a produtividade a partir de uma “abordagem lenta” e a necessidade de parar e como alcançá-lo.

Tempo pessoal como tarefa. É muito fácil deixar-se levar pela cultura agitada, tal como definida pelo The New York Times, quando na realidade podemos desfrutar de mais tempo livre do que nunca graças à tecnologia. A busca pelo equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é um dos grandes desafios para evitar o esgotamento entre os trabalhadores.

O tempo pessoal é tão importante que mesmo os sistemas de priorização de tarefas, como a estratégia POSEC, consideram o lazer e o tempo pessoal apenas como mais uma tarefa a ser concluída. Portanto, você pode tentar implementá-lo em seu dia usando truques para gerar hábitos como a regra das cinco horas usada por Bill Gates ou Elon Musk.*Texto traduzido e adaptado do site parceiro Xataka

(Créditos da imagem de capa: Gates Notes)

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