O plano da China que envolve construir mais de 6 mil quilômetros de trilhos de trem na África em busca de um recurso natural
História de Viny Mathias – IGN Brasil
A China começou a construir uma linha ferroviária muito longa que liga uma das minas de ferro mais importantes do planeta. Localizada na Argélia, em pleno deserto do Saara, a mina está no meio do nada. Assim, a parceria entre chineses e argelinos fará uma ferrovia de 575 km para ligá-la a outros lugares.
A história entre China e ferrovia em outros países é muito curiosa. A CRCC (ou China Railway Construction Corporation) é uma empresa estatal que assina acordos com diversos países. Um deles bem conhecido é o assinado com a Argentina por um valor superior a US$ 4,5 bilhões, mas este investimento na Argélia parece superar tudo.
O plano da China que envolve construir mais de 6 mil quilômetros de trilhos de trem na África em busca de um recurso natural© Fornecido por IGN Brasil(Imagem: jbdodane/Flickr) Mais de 6 mil quilômetros de trilhos
No meio do ano passado, a Argélia e a China assinaram vários acordos de cooperação no valor total de US$ 36 bilhões. Entre eles, já estava prevista a construção de mais de seis mil quilômetros de vias ferroviárias. Desse total, 575 km serão dedicados para a ligação da mina Gâra Djebilet com o resto da rede.
A exploração desta mina seria algo conjunto entre a Argélia e Marrocos, mas tudo correu mal com o conflito no Saara Ocidental. A mina tem uma reserva de cerca de 3,5 bilhões de toneladas e ajudará a Argélia a deixar de ser tão dependente da sua indústria de petróleo e gás – diversificando assim suas fontes de rendimento. Também será de grande ajuda para a China.
O plano da China que envolve construir mais de 6 mil quilômetros de trilhos de trem na África em busca de um recurso natural© Fornecido por IGN BrasilLocalização da mina Gâra Djebilet no deserto do Saara, perto das fronteiras com Marrocos, Saara Ocidental e Mauritânia (Imagem: Google Maps via GCR) A China precisa de ferro
O interesse da China na mina de ferro se deve ao fato de o país ser um dos principais produtores de aço, mas que importa praticamente todo o ferro que utiliza e 70% dessas importações vêm de um único país: a Austrália. O problema é que as relações entre os dois países não eram as melhores há alguns anos (embora tenha melhorado recentemente) e a China tem procurado diversificar as suas fontes.
Em 2017, a ideia de explorar a mina Gâra Djebilet começou a ser explorada, mas foi um desafio por dois motivos: o primeiro foi que ela fica no meio do nada, então algo como uma linha de trem muito longa teria que ser implantada. A segunda é que o ferro da mina contém grande quantidade de fósforo, algo que pode prejudicar o aço em certos níveis. Agora eles podem ter encontrado a chave para separar os dois minerais.
O plano da China que envolve construir mais de 6 mil quilômetros de trilhos de trem na África em busca de um recurso natural© Fornecido por IGN BrasilMina fica na província de Tindouf que possui densidade demográfica de 0,65 habitante por km² , segundo o GCR (Imagem: Habib Kaki) Argélia precisa da China e vice-versa
O gigante asiático tem muita experiência trabalhando nestas condições de temperaturas extremas, já que durante 16 anos construiu mais de 1.200 quilômetros de rodovias na própria Argélia. Para além das infra-estruturas e embora a China traga especialistas para a área, estes acordos representam uma lufada de ar fresco para a sociedade argelina.
Além de ligar regiões isoladas da Argélia, serão criados milhares de empregos diretos e indiretos, algo que irá “aumentar os padrões de vida e criar oportunidades econômicas para indivíduos e comunidades”, segundo Mohamed Machkak, membro da Comissão Argelina de Transportes, informa o Xataka.
A China é tão importante para a Argélia que agora se estima que seja a maior fonte de importações do país, importando US$ 7 bilhões em bens dos chineses. No caminho inverso, os argelinos exportam bens no valor de US$ 2 bilhões para a China, algo que deverá aumentar muito quando a ferrovia ficar pronta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário