domingo, 8 de outubro de 2023

ATAQUES DE JAVIER MILEI A LULA

 

Neste domingo (8), acontece o segundo dos dois debates eleitorais obrigatórios no país; Argentina vai às urnas no próximo dia 22 para definir novo presidente, governadores e congressistas

O candidato presidencial de La Libertad Avanza Javier Milei fala durante um debate presidencial em 01 de outubro de 2023 em Santiago del Estero, ArgentinaO candidato presidencial de La Libertad Avanza Javier Milei fala durante um debate presidencial em 01 de outubro de 2023 em Santiago del Estero, ArgentinaTomas Cuesta/Getty Images

Da CNN

Ouvir notíciaNo próximo dia 22, os argentinos vão às urnas para definir – além de governadores e congressistas – um novo presidente, e o candidato de extrema-direita Javier Milei aparece como um dos favoritos na disputa.

Neste domingo (8), na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, os candidatos farão o segundo dos dois debates obrigatórios organizados pela Câmara Nacional Eleitoral da Argentina.

Veja também: O Grande Debate: Milei conquista eleitor argentino com ataques a Lula?

Milei conquista eleitor argentino com ataques a Lula? | O GRANDE DEBATEMilei conquista eleitor argentino com ataques a Lula? | O GRANDE DEBATE

Na maioria das pesquisas eleitorais, Milei lidera as intenções de voto com cerca de 35% e o ministro da Economia, Sergio Massa, aparece em segundo lugar, com aproximadamente 30%.

Para ganhar no primeiro turno, o candidato precisa obter 45% dos votos ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado. Se necessário, o segundo turno será em 19 de novembro.

O que Javier Milei já falou sobre Lula e o Brasil?

Em agosto, fontes do Itamaraty afirmaram à CNN ver com preocupação a possibilidade de vitória de Milei, e fontes do Palácio do Planalto afirmaram à CNN temer pelo futuro do Mercosul.

O economista e antigo comentarista político, que se apresenta como “anarcocapitalista” e antissistema, já demonstrou mais de uma vez que, se eleito, irá promover mudanças na relação entre Argentina e Brasil. Além disso, ele fez ataques públicos recorrentes contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na quarta-feira (4), Milei foi ao X (antigo Twitter) chamar Lula de “comunista nervoso” e o acusou de realizar ações diretas contra sua candidatura.

“A casta vermelha treme. Muitos comunistas nervosos e com ações diretas contra mim e meu espaço. A liberdade avança! Viva a liberdade, c******!”, escreveu Milei.

O argentino usou como base uma publicação do jornal O Estado de S. Paulo que afirmava que Lula teria influenciado a Corporação Andina de Fomento (CAF), também chamada de Banco de Desenvolvimento da América Latina, a emprestar US$ 1 bilhão à Argentina.

A iniciativa teria impacto positivo na atual gestão presidencial, do aliado de Lula, Alberto Fernández, e do candidato apoiado por ele, Sergio Massa, atual ministro da Economia argentino.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, negou interferência do presidente na tramitação. “Lula não me ligou”, disse Tebet à CNN. “Despachei com minha secretária de assuntos internacionais, que disse que os demais países votariam a favor”, completou.

Essa não é a primeira vez que Milei ataca Lula publicamente. Por exemplo, no mês passado, em entrevista à publicação inglesa The Economist, ele chamou o presidente brasileiro de “socialista com vocação totalitária”.

Veja também: Análise: As acusações de Milei a Lula por empréstimo à Argentina

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Milei alegou que o governo Lula está “usurpando a liberdade de imprensa” e “perseguindo a oposição”: “É um regime que não está de acordo com as ideias de liberdade.”

Em outro momento, a Economist questiona o argentino como ele definiria Lula, uma vez que Milei não o vê como um presidente democrático.

“No caso do Lula é mais complicado… porque ele tem uma vocação totalitária muito mais marcada. Em outras palavras, ele não é apenas um socialista. Ele é alguém que tem vocação totalitária”, afirmou.

Ele demonstrou opinião oposta quando questionado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Bolsonaro travou uma luta digna contra o socialismo. Depois, a urna não foi com ele, mas é uma pessoa que travou uma luta digna de reconhecimento”, disse Milei.

Relação com o Brasil e o Mercosul

Durante a entrevista à Economist, Milei demonstrou que poderia mudar a forma com que a Argentina se relaciona com a China e o Brasil.

Questionado sobre como seria sua relação com os chineses, Milei disse que não gosta de “lidar com comunistas porque esse não é um sistema que conduz à melhoria dos bens”.

“Nenhum sistema comunista conduz à liberdade. Na verdade, destrói-a, por isso, não posso ter relações com comunistas”, acrescentou.

Em seguida, respondendo sobre como seria sua relação com Lula, o candidato argentino declarou: “Olhe as aberrações que ele está cometendo em seu governo. Não posso apoiar tais assuntos.”

Diante de sua posição ideológica, o candidato foi questionado se ele não avançaria em acordos de livre comércio pelo Mercosul por conta do envolvimento do Brasil.

Milei disse que, em sua visão, “livre comércio não inclui o Estado”. “É uma decisão privada, então você pode fazer comércio com quem você quiser”, continuou.

Veja também: Ataque a Lula é estratégia eleitoral de Javier Milei?

Ataque a Lula é estratégia eleitoral de Javier Milei? | CNN ARENAAtaque a Lula é estratégia eleitoral de Javier Milei? | CNN ARENA

“O livre comércio não inclui a interferência do governo nas decisões privadas. Aquilo em que terei influência é na geopolítica, na estratégia em termos de geopolítica”, acrescentou.

Em resposta sobre o que pensa do Mercosul, Milei afirmou que o bloco econômico “é um fracasso comercial que não ultrapassou a categoria de uma união aduaneira que só gera desvios comerciais e danos para todos aqueles que vivem na região”.

“Estou alinhado com [o presidente uruguaio Luis] Lacalle Pou, na medida em que acredito que o Mercosul é um fracasso. Não serviu ao povo, serviu apenas para negócios entre políticos e empresários”, continuou.

Questionado se, caso eleito, tentaria retirar a Argentina do Mercosul, respondeu: “Parece que o Mercosul não funciona e vou a favor de uma agenda de abertura unilateral. Uma vez concluídas as reformas associadas a esta abertura unilateral, não acredito que o governo administre o comércio.”

Sobre o acordo em negociação entre Mercosul e União Europeia, o candidato argentino disse que “a Argentina seguiria seu próprio caminho”.

Especialistas consultados pela CNN afirmam que a possibilidade de Javier Milei ser eleito presidente da Argentina é um risco real à estrutura do Mercosul. Mas indicam que uma “reforma” do bloco é mais provável que a saída do vizinho.

CNN entrou em contato com o Palácio do Planalto e aguarda retorno.

Publicado por Léo Lopes, da CNN

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