José Marcio Camarco – Jornal Estadão
A Genial e a Quaest divulgaram mais uma pesquisa com o objetivo de conhecer como o mercado financeiro, ou seja, os investidores, está avaliando o governo do presidente Lula da Silva. Foi a quarta pesquisa com participantes do mercado financeiro divulgada pelas duas instituições em 2023. A avaliação positiva do governo voltou a cair, saindo de 20% em julho para 12% em setembro, enquanto a avaliação negativa, que havia caído de 86% para 44% entre maio e julho, subiu para 47% em setembro. Ao mesmo tempo, a avaliação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, caiu de 65% em julho para 46% em setembro, enquanto a negativa subiu de 11% para 23%. O descolamento entre a avaliação positiva do ministro da Fazenda e a do governo observado em julho desapareceu.
A política fiscal dominou o sentimento negativo. “A falta de uma política fiscal que funcione” é, segundo 57% dos investidores, o principal problema da economia brasileira, 95% dos entrevistados não acreditam que o governo vai conseguir zerar o déficit fiscal em 2024 e, para 86% deles, não será possível zerar o déficit mesmo que todas as medidas enviadas pelo governo ao Congresso forem aprovadas. Caso as medidas não sejam aprovadas, 37% dos investidores avaliam que as metas serão abandonadas. O novo PAC é considerado uma medida negativa por 71% dos entrevistados, 85% consideram o total de investimentos projetado como inadequado e 86% consideram que esses investimentos não serão eficientes para fazer o País crescer.
O único dado positivo é que 42% dos investidores avaliam que o governo está preocupado com o controle da inflação, um aumento significativo em relação a 34% de julho e 20% de maio, provavelmente devido à decisão de manter a meta para a inflação de 2026 em 3,0% ao ano. Porém, mais de 50% dos investidores ainda acreditam que o governo continua não preocupado com a inflação. A atuação do presidente do Banco Central (BC) é positivamente avaliada por 85% dos investidores, mas 68% se declararam muito preocupados em relação à futura indicação do presidente Lula para a presidência do BC.
O cenário é claro. O fiscal já preocupa seriamente os investidores. O comportamento dos preços dos ativos financeiros ao longo do mês de agosto, a desvalorização do real, a queda dos preços das ações e o aumento das taxas de juros já antecipavam esse resultado. Os investidores estão “caindo na real”.
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