Kanji Maeda – Quora
O blindado Guarani é versátil, pode ser equipado em versões militares e também na versão ambulância blindada, o que é necessário em situações de guerra. No caso da guerra da Ucrânia, as ambulâncias precisam ser blindadas porque os russos não respeitam alvos civis nem humanitários, e bombardeiam escolas, creches, hospitais e ambulâncias.
Reproduzo a seguir trechos de uma reportagem (link para a reportagem completa aqui [1]) da revista Tecnologia e Defesa:
No dia 27 de abril, o Governo da Ucrânia, através de seu Gabinete de Defesa junto à Embaixada da Ucrânia, protocolou junto ao Ministério da Defesa do Brasil, uma solicitação de exportação das viaturas blindadas 6X6 Guarani para emergência humanitária.
No documento, endereçado ao ministro da Defesa José Múcio Monteiro, é solicitada a aquisição de até 450 viaturas Guarani, na versão ambulância, destinados ao Serviço de Emergência do Estado da Ucrânia (Derzhavna sluzhba Ukrayiny z nadzvychaynykh sytuatsi), pintados nas cores laranja e amarelo e destinados a evacuação de civis das zonas de conflito e transporte de feridos das zonas de combate até os hospitais.
As viaturas seriam pagas por aliados do Brasil e da Ucrânia, à vista, e teriam a garantia que não seriam utilizadas diretamente nas tarefas de combate, mas para questões humanitárias.
Uma negativa do Brasil pode comprometer ainda mais a imagem do país perante a opinião pública mundial, pois não se trata da venda de um sistema de armas, mas de um equipamento para proteger a vida da população ucraniana, que é indiscriminadamente bombardeada por forças russas que não respeitam os protocolos internacionais de evacuação de civis das zonas de conflito.
Aprovado os requisitos da versão ambulância do Exército
Tecnologia & Defesa
Coincidentemente, durante toda esta cadeia de eventos, foi publicada a portaria Nº 287 COTER/C Ex, de 30 de maio de 2023, aprovando os requisitos operacionais da VBTE Amb 6X6 Guarani (EB70-RO-10.001) para o Exército Brasileiro, que possui uma demanda de 80 unidades.
Os principais requisitos aprovados são para manter a proteção balística e mobilidade, com peso de combate, compatível com as viaturas da mesma família, nas diversas situações de emprego operacional previstas, com uma guarnição de quatro militares (motorista, chefe de viatura, médico/auxiliar de saúde e atendente) e configuração, como ambulância básica ou avançada, transportando dois pacientes deitados e três sentados, além da guarnição e do equipamento de saúde.
Deverá possuir, no compartimento de transporte, estrutura para a fixação com travas de duas macas, tipo OTAN, removíveis, para transporte de dois pacientes deitados, em um mesmo lado, com fixação em, no mínimo quatro pontos, com sistema de oxigenoterapia, que possibilitem aos militares de saúde a realização dos trabalhos de atendimento previstos para serem realizados no interior da viatura, provendo suporte básico e avançado de vida, e barraca de atendimento retrátil, a ser disposta na parte externa, devidamente protegida por estrutura metálica, assim como as armações necessárias para sua montagem, e capacidade para abrigar trabalho de triagem e atendimento médico para até quatro pacientes.
Também deverá possuir capacidade de fornecimento de energia elétrica, a partir da própria viatura, para alimentar os equipamentos classe VIII internos e da barraca, e capacidade de utilização de fonte externa.
Os trabalhos de desenvolvimento continuarão a cargo do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), da Comissão de Absorção de Conhecimentos e de Transferência de Tecnologia na Iveco (CACTTIV), da Diretoria de Fabricação (DF) e da empresa IDV, mas lembrando que os custos de seu desenvolvimento, assim como das outras versões, poderiam ser amortizados com os royalties da venda para a Ucrânia.
A notícia da solicitação, que foi dada com exclusividade por T&D e repercutida amplamente pela imprensa nacional e internacional, foi chamada pelo presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, de “fakenews”, mas desmentida “diplomaticamente” pelo primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, durante uma coletiva de imprensa em Brasília.
Esta negativa coloca o governo brasileiro em uma situação complicada perante a comunidade internacional, principalmente da União Europeia, que poderá começar a impor dificuldades para a importação e exportação de produtos nacionais, como, por exemplo, na demora da assinatura da venda das aeronaves Embraer KC-390 Millennium aos Países Baixos.
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