Amazônia
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
Ações de segurança na terra indígena yanomami, com desmonte de acampamentos de garimpeiros.| Foto: Leo Otero/MPI
Os corpos de oito garimpeiros foram encontrados na região yanomami. Foi morto um agente de saúde de etnia indígena, num confronto com garimpeiros; há dois feridos que, segundo a informação oficial, estavam perseguindo uma canoa de garimpeiros que estavam em fuga e revidaram com tiros de espingarda. Agora aparecem garimpeiros mortos, jogados na água, inclusive a flechadas. Houve também mais quatro garimpeiros mortos em confronto com a Polícia Federal. Quem fez isso, o que está acontecendo por lá?
Vou usar a informação oficial: destruíram os acampamentos dos garimpeiros, uma destruição muito grande, de 327 acampamentos. Depois, impediram que os garimpeiros saíssem de lá: destruíram 18 aviões, dois helicópteros, centenas de motores, bombas, barcos, escavadeiras. Seriam 20 mil garimpeiros sem chance de sair. Os garimpeiros alegam que os indígenas também estão passando fome e atacam os garimpeiros por causa de comida, já amarraram garimpeiros.
Está havendo um confronto lá dentro. Quem é o responsável por isso? Muitas vezes há uma espécie de união: índio se torna garimpeiro, índio é sócio de garimpeiro, explorando na própria reserva, isso acontece em toda a Amazônia. Mas parece que o governo quis se promover, fazer publicidade, e estão aí as consequências: mortes. Não houve uma logística de retirada dos garimpeiros, e temos de pensar a respeito.
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que os governistas que queriam censurar as redes sociais perceberam que
não teriam voto para isso e adiaram a votação, estão falando agora em
resolver o impasse recorrendo ao Supremo. Mas não existe impasse;
existiria se fosse algo que tivesse de ser solucionado imediatamente.
Mas não foi o povo que inventou esse projeto; ele é obviamente apoiado
pelo tradicional monopólio da informação, que não quer que o povo tenha
voz, quer continuar dominando o povo; e apoiado pela ideologia que quer
que o Estado domine a opinião pública, e que a opinião pública não seja
dominada pelo público. Só para eles há impasse; para o povo brasileiro,
não.
Além disso, Supremo não é órgão legislativo, não tem a procuração para fazer leis dada pelo voto popular a deputados e senadores, muito menos para mexer em assuntos que a Constituição (da qual o Supremo é o guardião) já baniu em 1988. Está lá escrito, no artigo 220, parágrafo 2.º: “É vedado todo e qualquer tipo de censura”. Então, esse é assunto que nem sequer se possa discutir, porque está banido pela Constituição.
Supremo agora adota o julgamento no atacado
Falando em Supremo,
temos agora julgamentos por lote, julgamentos coletivos. Foram 100,
depois 200 de uma vez só, agora está julgando 250. Julgamento por
atacado, coisa que já vimos na parte mais triste da história da
humanidade. Só os ministros André Mendonça e Nunes Marques têm
divergido; todos os outros estão confirmando as denúncias, uma parte
como “executores” e outra parte como “incitadores” de uma tomada
violenta do poder que não aconteceu, e nem aconteceria. Ficaram todos lá
se olhando, coisa que a CPI mista vai esclarecer, ouvindo todos os
personagens desse 8 de janeiro. O interessante é que este nem sequer é
um julgamento presencial, é via digital, é pelo voto eletrônico, que
converte em réus um grupo de 250 pessoas de uma vez só, sem aquela
personalização do réu, como aconteceu, por exemplo, no julgamento de
Nuremberg.
ESPECIAL
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