Estatais
Por
Alexandre Garcia
Anúncio de redução dos três combustíveis ocorre no mesmo dia em
que a Petrobras anunciou nova política de preços.| Foto: Bigstock
A grande novidade hoje é o novo preço da gasolina e do diesel, que devem cair 12%, e do gás de cozinha, que pode cair 21%. Vamos ver se as contas da Petrobras resistem a isso. Claro que, como pagador de combustível, eu estou satisfeito, mas não sei se isso mantém a nossa estatal, que passou a dar lucro depois que entrou na avaliação técnica, sem interferência política do governo. Agora, parece que a autonomia da Petrobras foi para as cucuias. Para começar, um senador do PT cujo mandato havia acabado foi nomeado para a presidência da Petrobras; portanto, está lá para exercer a política do governo do PT dentro da estatal. Que perigo! E não digo isso inventando história, porque eu vi, todos nós vimos o que aconteceu durante as investigações da Lava Jato. Mas Jean-Paul Prates, o presidente da Petrobras, já foi chamado pelo senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) para explicar como é que vai funcionar isso.
Desligamo-nos da paridade internacional. Os compradores de ações da Petrobras gostaram, foram atrás, a procura forçou uma alta de 5%. É bom lembrar que 36% das ações estão com o governo; 21%, com aqueles fundos americanos, e existem uns 750 mil acionistas brasileiros. O que estamos vendo é que foi embora a autonomia da Petrobras. No governo Bolsonaro havia a maior discussão sobre manter a autonomia da Petrobras, e foi o que aconteceu. Agora, ela se foi. Como no tempo de Dilma, quando os preços eram políticos, demagógicos, de política populista. E este também pode ser um artifício para forçar o Banco Central a baixar a Selic, pois, com o combustível mais barato, a inflação vai cair, e aí o que o Banco Central vai dizer? E também temos os que investiram em renda fixa. Se os juros mudarem, muda a expectativa da renda fixa, então tudo isso está em jogo.
TRF4 reverte decisão de novo juiz da Lava Jato
O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, em Porto Alegre, que é um tribunal revisor de segunda instância, cancelou uma decisão do juiz Eduardo Appio, de Curitiba, que substituiu Sergio Moro e aliviou Sérgio Cabral em 14 anos e dois meses, alegando que Moro havia dado a sentença e que ele era suspeito. Qual é a suspeita de Sergio Moro? Ter conversado com Deltan Dallagnol? Vocês já viram algum juiz não conversar com o Ministério Público e com advogados de defesa? Aqui todo juiz conversa, e há necessidade disso, é óbvio. Esse é que foi o “pecado” de Moro e Dallagnol. Mas o desembargador Thompson Flores não caiu nessa. Afinal, Cabral está condenado a 400 anos, mas está solto – está mais livre que Anderson Torres, que está condenado a zero anos, não tem nenhuma condenação. Esse é o Brasil de hoje, muito, muito esquisito.
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Outra
esquisitice é discutir esses R$ 8,6 mil em contas de Bolsonaro e da
mulher dele, pagos em dinheiro, no banco, pelo ajudante de ordens. É a
obrigação de todo ajudante de ordens do mundo; o cargo existe para isso,
resolver os problemas pessoais do presidente. O cartão de crédito, o
cartão pessoal de Bolsonaro, não foi sequer liberado, ele nunca
desbloqueou o cartão; o cartão corporativo sim, da Presidência da
República, que paga combustível de avião, a comida nas viagens ao
exterior – aliás, a comida de Bolsonaro é pizza e Coca-Cola. Para
reduzia a conta de luz, ele cortou o aquecimento da piscina, mandava
apagar as luzes do palácio. Vida de caserna, com parcimônia, e ainda
assim estão fazendo barulho.
Já o cartão corporativo do presidente Lula, só em quatro meses, já chegou a R$ 12 milhões. No primeiro governo dele, foram R$ 59 milhões; no segundo, R$ 48 milhões. No primeiro governo Dilma, mais R$ 42 milhões. Então, é tudo propaganda. Estão todos falando em fake news, querendo acabar com fake news. Pois fake news é a propaganda enganosa que conhecemos desde sempre, feita escolhendo você como vítima, como ingênuo, contando que você vai acreditar.
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