Demandas
Após reunião com Haddad, MST promete desocupar áreas da Embrapa e Suzano nesta semana
PorGazeta do Povo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad.| Foto: Washington Costa/MF.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu nesta
quinta-feira (20) com representantes do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST). O coordenador nacional do grupo, João Paulo
Rodrigues, afirmou que o ministro fez um apelo para que o MST desocupe
as áreas invadidas da empresa Suzano, no Espírito Santo, e da Embrapa,
em Pernambuco. A informação foi divulgada pelo jornal Valor Econômico.
“Vamos sair o quanto antes”, disse Rodrigues. Ele afirmou que a retirada deve ocorrer ainda nesta semana. O coordenador do movimento afirmou ainda que Haddad teria prometido ampliar de cerca de R$ 250 milhões para R$ 400 milhões os recursos para o assentamento das famílias que estão acampadas. Além disso, o ministro teria dito que pretende buscar terras de devedores da União para assentamentos.
Rodrigues disse que o MST não quer criar problemas para o governo Lula. “Não tem nenhum motivo para o MST criar conflito nem constrangimento para o governo Lula. O MST é parceiro deste governo, está com uma agenda de produção de alimentos”, afirmou. O coordenador nacional do movimento reivindicou também subsídios para agricultura familiar e a inclusão da reforma agrária na agenda do governo.
As invasões de terras têm anuência presidencial
Eduardo Allgayer Osorio – Diário Popular
Engenheiro agrônomo, professor titular da UFPel, aposentado
A invasão de terras recebeu do presidente da República um
inequívoco aval ao oferecer ao líder do MST um privilegiado espaço na
comitiva que visitou a China. Em Xangai, na posse de Dilma Rousseff, o
presidente Lula abriu o seu discurso com a saudação: “Quero cumprimentar
os companheiros dirigentes sindicais que vieram comigo nesta delegação
(…) e o João Pedro Stédile, líder do MST”, confirmando publicamente o
seu endosso às invasões e depredações de propriedades rurais no País.
Indignado, o deputado Evair Melo, da Frente Parlamentar da Agricultura,
mostrou-se “horrorizado ao saber que Lula é sócio desses bandidos
invasores de terra. É uma vergonha a insistência do presidente em andar
com criminosos e seus comparsas”, tendo a senadora Tereza Cristina
sentenciado: “Cenas surreais do Lula 3. Stédile viaja para a China na
comitiva presidencial e na volta invade nove propriedades”.
Antes
de viajar com Lula, esse líder do MST gravou um vídeo ameaçando
“promover invasões em todo o País, não só em abril. É a forma das
mobilizações pressionarem para que se aplique a reforma agrária.
Ocupações de terras fazem parte da existência do MST”, desconsiderando
ser errado cometer crimes em busca de uma pretensa justiça social; que
violar o direito de propriedade mediante violência não constitui uma
forma legítima de pressionar pela reforma agrária (onde impera a lei e a
ordem, os fins não justificam os meios). Em nenhum parágrafo a
Constituição Federal autoriza a invasão de terras, prevendo apenas a
possibilidade de ocorrer desapropriação em áreas que deixem de cumprir
com a sua função social, obedecido o devido processo legal. Mas o que
está presentemente ocorrendo é a invasão de propriedades produtivas, de
campos de pesquisa da Embrapa e de áreas de preservação ambiental,
ameaçando espécies silvestres em risco de extinção, sob o silêncio
“ensurdecedor” da ministra do meio ambiente e dos supremos ministros que
combatem os atos antidemocráticos.
Sobre tais acontecimentos, o
presidente da Frente Parlamentar da Agricultura manifestou “ser um
movimento orquestrado, que teve aviso prévio dos crimes a cometer. É
absurda a leniência do governo federal. O que está esperando, uma nova
guerra no campo?”. Tendo em conta “que o líder do MST anunciou
publicamente a iminência de uma onda de crimes no País, preocupado com
as graves ameaças e a incitação ao crime, acionamos o STF pedindo uma
liminar que barre as invasões de propriedades rurais, como as prometidas
pelo MST, com a prisão preventiva das lideranças e dos envolvidos”.
Preocupa
ver o governo que se inicia insistir em projetos que fracassaram
rotundamente nas iniciativas anteriores. Segundo o Incra, somadas todas
as áreas hoje ocupadas por assentados, elas perfazem quase 90 milhões de
hectares, superando a área de 77 milhões de hectares hoje cobertos no
País por todas as lavouras do agronegócio, onde são colhidos os
alimentos que abastecem a mesa dos brasileiros e todos os excedentes
exportados, que alimentam mais de um bilhão de pessoas em outros países.
Já os assentados, ainda dependentes de programas assistenciais e de
cestas básicas para sobreviver, para vender o pouco que produzem
recorrem aos programas governamentais de aquisição de alimentos,
comprados a preços superiores aos de mercado, usando para isso o
dinheiro dos contribuintes.
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