Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
Lula e deputados do PT buscam atribuir a Bolsonaro e Damares
Alves a responsabilidade pela crise sanitária na etnia Yanomami em
Roraima.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar se houve um genocídio na área Yanomami. Já abriram Comissão Parlamentar de Inquérito em 2007 pelo mesmo motivo. Era já o segundo mandato Lula e tudo continua igual. Eu tenho os números. Faz 40 anos que o problema existe. Em primeiro lugar, acusa-se o garimpo desde sempre – e é proibido haver garimpo em área indígena.
Mas os garimpeiros fazem acordo com os detentores da área indígena e dão uma parte para eles. Às vezes é troca de comida, troca de qualquer coisa. Tem até populações indígenas que exploram diamante, exploram ouro e a gente sabe disso, todo mundo sabe.
Problema antigo
Em 2010, foram 92 crianças mortas por desnutrição
durante o governo Dilma. Agora foram 99. Segundo a Veja publicou, entre
oitenta e noventa, 1600 yanomamis morreram de malária, que eu acho
também uma coisa esquisita, porque a gente não sabe o que existe antes,
se é o mosquito da malária ou o Yanomami, eles vivem juntos. Em 2003,
900 crianças estavam com desnutrição. Entre 2008 e 2014, 490 morreram de
subnutrição. O último escândalo 99 crianças. Dizem que são 20 mil
índios num território do tamanho de Pernambuco e 20 mil garimpeiros
convivendo lá. Aí fica a grande pergunta: o governo anterior entregou 30
mil toneladas de alimentos e um milhão e trezentas mil cestas básicas
pra todas as comunidades indígenas.
Aí eu fico pensando, mas não é o que dizem os ambientalistas, que o índio vive da floresta e vive na floresta e lá protege a floresta e se alimenta. Isolar, manter isolado ou integrar? Eles são brasileiros ou pertencem a uma nação que não é brasileira? Tudo que nós ocupamos hoje era indígena, que se integraram. Hoje se perderam no tempo as raízes étnicas do Brasil, que é uma grande mistura de raças. Fica essa reflexão para a gente pensar a respeito.
Lula “Más Verde”
Interessante que nesta quarta, em Montevidéu, a
prefeita – a alcaide – deu um prêmio para Lula, Más Verde, um prêmio
ambiental. Que ironia! Lula, um dia antes na Argentina, tinha prometido
dinheiro do BNDES para financiar um gasoduto que estimula a retirada de
gás de xisto no território indígena, o que está revoltando os indígenas.
Porque o sistema de retirada do gás é altamente poluidor do solo, das
águas e da atmosfera. E no dia seguinte ele recebe o prêmio.
Temer golpista
Aliás, lá em Montevidéu resolveu falar mal. Ele
sempre fala mal de Bolsonaro, e aí resolveu falar mal também de Temer.
Chamou Temer de golpista. Temer, como se sabe, é o presidente de um dos
maiores partidos desse país. Presidente de honra, que tem dez senadores,
a terceira bancada, e tem 42 deputados no novo Congresso.
Resolveu brigar com o MDB, disse também que Temer destruiu tudo o que o PT tinha construído. Temer deu uma resposta, que está no Twitter, dizendo que o que ele destruiu foi o desemprego da Dilma, o PIB negativo da Dilma de 5%, que ele converteu em PIB positivo, as contas públicas, o teto de gastos, as reformas, a reforma trabalhista que ele fez, e disse que se Lula está chamando Temer de golpista, ele está chamando o Congresso Nacional de golpista, porque foi o Congresso Nacional que votou em impeachment de Dilma.
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E a pacificação?
Engraçado, o presidente Lula, num momento em que o
país está dividido e dividido com radicais dos dois lados, ele não faz
pacificação, parece que fica fazendo provocações. O MDB é um parceiro,
uma pedra importante no xadrez da política. E resolve chamar o
presidente de honra do partido de, um ex-presidente da República de
golpista. E mais, no exterior, uma questão de uma roupa suja que se lava
em casa, ele vai falar lá no exterior, num país amigo, na cara de um
presidente amigo, Lacalle Pou, o presidente do Uruguai. Uma coisa
completamente fora da razoabilidade.
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