Novo governo
Por
Alexandre Garcia
| Foto: EFE/Joédson Alves
A equipe de transição do novo governo começou muito animada com a vitória na eleição, pensando que ia tratorar sobre o Congresso essa mudança na Constituição para arrombar o teto de gastos, a regra de ouro do equilíbrio das contas públicas que evita a inflação, esse mal que destrói o dinheiro no bolso do povo. Mas felizmente estão percebendo que não vai ser fácil. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deu sua palavra a Lula de que ia ajudar, e o presidente da Câmara também deu, mas ele está indo para a Copa.
A enorme lista de retrocessos que Lula pode promover
Lula será o
mais idoso presidente do Brasil, com quase 80 anos – hoje tem 77 – e com
vários problemas de saúde. Mas parece que a idade não lhe deu a
percepção dos erros cometidos no passado, como disse a economista Elena
Landau. E quem não aprendeu com os erros os repete. Na Gazeta do Povo,
Paulo Uebel, que já foi o secretário de Desburocratização de Paulo
Guedes, escreveu elencando os erros que podem ser repetidos. O primeiro,
contra a liberdade de expressão, regulando o noticiário da imprensa.
Depois, vai trazer de novo a arrecadação para os sindicatos e centrais
sindicais; alterar leis trabalhistas, inclusive a lei que permite o
acordo entre patrão e empregado, incluindo os autônomos, o pessoal que
trabalha no Uber, no iFood; o BNDES pode voltar a dar dinheiro para
ditador; o partido vai colocar a mão nas estatais; privatizações e
desestatizações serão suspensas; e talvez mudem todos aqueles marcos
legais, liberdade econômica, telecomunicações e saneamento, governança
digital, Lei das Falências, internet das coisas, assinatura digital,
autonomia do Banco Central, a lei básica de gás, compras públicas,
startups, o ambiente de negócios, da propriedade industrial, ferrovias,
cabotagem, cartórios, garantias, securitização, todos os avanços que
aconteceram estão sob risco.
Transição para baixo
O teto de gastos na mira do governo Lula
Há
uma tremenda preocupação por causa disso; o real está se desvalorizando
em relação ao dólar, enquanto as moedas do Paraguai, do Peru, da África
do Sul, do México estão se valorizando. As ações, que são uma fração do
capital das empresas brasileiras, estão perdendo valor, enquanto ganham
valor na China, no México e na Índia. O que é isso? É a desconfiança.
Não sai o nome do próximo ministro da Fazenda, fala-se em Fernando
Haddad, mas ele próprio disse que teve só dois meses de aula de
Economia; deve ser o bode que estão colocando na sala para depois
indicar outro.
Urnas antigas, não auditáveis, são alvo de recurso do PL
O outro
assunto de hoje é o recurso do PL na Justiça Eleitoral, alegando que as
urnas antigas, as que não são de 2020, não se conseguem auditar e não se
consegue ter certeza do resultado. Nessas urnas antigas, que são mais
ou menos metade do total, Lula ganhou por pouco. Nas urnas de 2020, por
sua vez, Bolsonaro ganhou. Então, o recurso é para ver se isso pode ser
desvendado. Se os oito do Supremo tivessem baixado a cabeça para os 418
congressistas que aprovaram o comprovante impresso do voto, agora não
haveria nenhum problema. Mas o Supremo achou que tinha de se impor aos
representantes do povo que têm voto. E agora ficamos todos com essa
dúvida no ar por causa disso.
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