Justiça Eleitoral
Por
Alexandre Garcia – Gazeta do Povo
Simulação do teste de integridade das urnas eletrônicas.| Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Desde as eleições anteriores a Justiça Eleitoral vem fazendo testes de urna, mas eram muito poucos, em cinco estados. Agora, pela insistência das Forças Armadas e do ministro da Defesa, o teste será feito em 19 estados. Não sei por que ainda ficaram de fora Roraima, Acre, Piauí, Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Amapá. No total, 641 urnas vão ser testadas; ainda acho pouco, já que há quase meio milhão de urnas, mas já é alguma coisa. E, dessas 641, apenas 56 vão ter, aleatoriamente, eleitores reais para o teste, oferecendo a sua biometria, como voluntários, além da participação da seção.
Tudo bem, melhorou, mas continuo querendo eleição auditável. O PSDB não conseguiu isso em 2014, no segundo turno entre Aécio e Dilma; passou 100 dias tentando, estava tudo aberto, mas não conseguiu porque, como vocês sabem, não fica rastro. Eu estava vendo agora a insistência do doutor Felipe Gimenez, que é promotor no Mato Grosso do Sul, dizendo que a contagem tem de ser pública e que deveria haver um comprovante para ela também ser auditável. Como agora não há mais tempo para mudanças, fica o desejo de que haja lisura, vamos torcer para que o acaso nos brinde com algo bom, que é uma eleição limpa, sem nenhuma fraude.
Tribunal sem voto mais uma vez atropela os representantes eleitos do povo
Má
notícia para os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem: o
Supremo confirmou a decisão do ministro Barroso que impede a entrada em
vigor de uma lei aprovada pelo Congresso, que institui um piso salarial
para esses profissionais. É muito interessante que os legisladores, que
foram eleitos para fazer leis, ficam meses discutindo o projeto,
analisam os recursos disponíveis para instituir o piso, e fazem a lei,
aprovada na Câmara e no Senado. Os congressistas receberam um voto
popular para fazer isso, mas aí o caso vai para um tribunal em que
ninguém tem voto popular, e o tribunal suspende a lei.
A lei foi sancionada pelo presidente, foi publicada no Diário
Oficial, mas os hospitais reclamaram. Os prefeitos dizem que o piso –
que é de R$ 4.750 para o enfermeiro, que tem curso superior; 70% disso
para o técnico de enfermagem e 50% para o auxiliar em enfermagem – vai
dar uma despesa adicional de R$ 10,5 bilhões para as 5.570 prefeituras.
Dividindo R$ 10,5 bilhões por 5.570, até que não fica tanto. Mas
ameaçaram com demissões maciças e pouco atendimento para os hospitais.
No fundo, ainda há outra coisa que precisa ser corrigida: o Estado não
tem de se meter na iniciativa privada. O hospital privado, a clínica
privada que se acertem com os seus funcionários, enfermeiros, técnicos e
auxiliares.
Estado se intromete até em venda de carregador de celular
Agora
mesmo, o Estado está se intrometendo também na venda do iPhone 14,
porque não veio com carregador. Isso é uma decisão de mercado; não se
metam no mercado! Doutor Paulo Guedes deve estar sem dormir ao ver isso.
Como se não estivesse todo mundo cheio de carregadores dos celulares
antigos nas gavetas de casa. Essa é uma decisão entre vendedor e
comprador. Se o comprador está irritado, faz questão do carregador, ele
não paga, compra de oura marca ou outra plataforma, e pronto. Isso é
mercado, não se metam no mercado.
A piada de Alexandre de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes
desbloqueou as contas bancárias dos oito empresários investigados,
justificando que o Sete de Setembro já passou e as contas tinham sido
bloqueadas para eles não financiarem manifestações “antidemocráticas”.
Eles iriam provavelmente financiar desordeiros, esses que pisam na
bandeira, botam fogo na bandeira, quebram vitrines, entram na
manifestação com barra de ferro… talvez sejam esses. Os empresários
devem ter essa característica, eu nunca os vi fazerem nada isso, mas
nunca se sabe… E eles ficaram sem crédito porque, com a conta bancária
bloqueada, eles não podiam mais comprar nada. É o tipo de coisa que
caberia bem naqueles programas de antigamente, programas humorísticos no
rádio que eu ouvia quando era jovem. Ali faziam esse tipo de narrativa,
e ríamos muito.
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